Mato Grosso: Morre Pé Quebrado da facção PCC 1533

Morre Pé Quebrado, mas quem são esses integrantes do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) e o que ele estaria fazendo na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia?

Morre Pé Quebrado: os últimos acontecimentos envolvendo o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) e a guerra entre essa facção e o Comando Vermelho (CV) no estado do Mato Grosso.

O assassino do PCC em Mirassol D’Oeste

Inicialmente, é importante entender que a sintonia do “Pé Quebrado” do PCC é responsável por eliminar inimigos da facção e manter a disciplina, conforme o Dicionário do PCC e o Estatuto do PCC. Recentemente, um homem identificado como Davi, integrante do PCC, foi morto em confronto com a Polícia Militar em Mirassol D’Oeste, Mato Grosso.

A pequena cidade de Mirassol D’Oeste não é rota do tráfico internacional, no entanto, fica há 79 quilômetros de Cáceres, a última cidade brasileira antes de acessar a BR-70 para chegar a fronteira com a Bolívia, tornando assim, Mirassol como um refúgio estratégico para o Primeiro Comando da Capital.

Acredita-se que ele estava na região para matar integrantes da facção inimiga Comando Vermelho. Segundo informações, Davi e um comparsa de 19 anos estavam efetuando disparos em uma área rural quando foram surpreendidos pelos policiais. Armado, Davi atirou contra os militares e acabou alvejado.

Antes desse episódio, Davi já havia tentado matar sua ex-namorada e o atual companheiro dela em um bar na avenida Tancredo Neves em Mirassol D’Oeste. Entretanto, o revólver falhou, e Davi fugiu após agredir a ex com socos e chutes na cabeça. Ele também tentou atirar no namorado da ex, mas a arma falhou novamente. (veja o vídeo)

O assassinato do CV em Cuverlândia

Além disso, Davi, seu comparsa de 19 anos e um terceiro criminoso, são suspeitos de assassinar Denilson, suspeito de integrar a organização criminosa rival, em Curvelândia à apenas 24 quilômetros de Mirassol D’Oeste. O comparsa de 19 anos que foi preso afirmou que Davi esta na região para combater o Comando Vermelho.

O homem foi morto com diversos disparos na mesma noite na qual Davi tentou matar sua ex-mulher e seu companheiro. Testemunhas relatam que os assassinos chegaram em uma moto vermelha e ordenaram que as vítimas entrassem na casa. Em seguida, efetuaram vários disparos contra elas.

Ademais, Davi e seu comparsa teriam roubado uma espingarda em São José dos Quatro Marcos, a 13 quilometros de Mirassol, o que demonstra que o criminoso atuava não apenas no município, mas em toda a região.

texto base: Morto em confronto seria do PCC e estava matando membros do CV

PCC e a Grilagem Urbana: Crise Habitacional e um Bom Negócio

PCC e a grilagem urbana: descubra a conexão entre o crime organizado e a crise habitacional em São Paulo neste artigo revelador do Al Jazeera.

PCC e a grilagem urbana: o papel do crime organizado

A longa crise habitacional de São Paulo foi agravada pela pandemia e pelo aumento do custo de vida, resultando em assentamentos precários. Devido a isso, áreas protegidas de Mata Atlântica têm sido desmatadas, provocando preocupação entre ambientalistas. Além disso, a facção PCC 1533 tem explorado a situação em benefício próprio.

O Primeiro Comando da Capital lucra com a grilagem urbana. Esse negócio imobiliário ilegal cresce em áreas de proteção ambiental de São Paulo, onde ocorrem mais de 160 casos de ocupações irregulares. A corrupção e a falta de recursos da prefeitura contribuem para esse problema.

Além disso, as ocupações ilegais diferem dos movimentos organizados de moradia, que visam pressionar por moradias mais acessíveis. O PCC, juntamente com fiscais corruptos e fraudadores, tem se especializado em grilagem, falsificando escrituras de terras públicas. Essa prática criminosa não seria possível sem a participação da corrupção.

Em uma ocupação ilegal ligada ao Primeiro Comando da Capital está localizada na zona leste de São Paulo, onde houve uso de motosserra e fogo para desobstruir a área. O poder público lento permite que o crime organizado ocupe o lugar do Estado, que se mostra ausente.

A especulação imobiliária criminosa é o problema mais grave enfrentado pelas áreas de proteção ambiental de São Paulo. Há ocupações com infraestrutura urbana e investimento de capital. No ano passado, mais de 30 operações especializadas foram realizadas nessas áreas protegidas.

O PCC e a grilagem urbana andam juntas e têm se aproveitado agravamento da crise habitacional de São Paulo e pelo aumento do custo de vida. O desmatamento de áreas protegidas e a corrupção são desafios significativos a serem enfrentados.

A organização criminosa paulista aproveita da lentidão do poder público, para tornar-se um substituto para o Estado ausente e tornando esse um negócio atraente para seus integrantes.

texto base: Illegal forest occupations have also been leveraged to generate profits and launder money for the First Capital Command

Colaborar com o PCC ou morrer: o “Caso Aeroporto de Guarulhos”

O sombrio relato de um servidor que ousou negar-se à colaborar com o PCC desvela a batalha contra a corrupção e o domínio do crime organizado no Aeroporto Internacional de São Paulo, bem como a escassez de amparo por parte das autoridades aos indivíduos assediados.

Colaborar com o PCC ou morrer, essa é a realidade macabra quando olhamos o reino sombrio da facção PCC 1533:

Os irmãos e companheiros da organização criminosa não são obrigados a qualquer missão, sendo livres para aceitar ou não uma responsabilidade, enquanto funcionários do governo e das esferas privadas, bem como os agentes da lei e da justiça, podem encontrar seu fim caso não se submetam às ordens recebidas.

Se colaboram são regiamente pagos, se não colaboram podem morrer. Tal foi o destino de Arisson, que, desafiou o Primeiro Comando da Capital, e pagou o mais alto tributo por sua valentia.

Convido os leitores do site a comentar aqui ou nos grupos de Zap, para contradigam minha certeza que diz que, enquanto algumas autoridades tecem enredos inacreditáveis, tal qual o Senador Sergio Moro, e asseguram para si uma legião de seguranças, aqueles funcionários condenados a lidar diretamente com os interesses do Primeiro Comando da Capital são abandonados à mercê de seu próprio destino cruel e incerto.

Colaborar com o PCC não é uma escolha

Venho para compartilhar com os leitores deste site uma história perturbadora e trágica que ocorreu recentemente no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

Como você bem sabe e eu já citei inúmeras vezes neste site, a corrupção e a influência da organização criminosa Primeiro Comando da Capital, são problemas generalizados na américa do Sul. Mas, meu amigo, essa história em particular ressalta o quão profunda é a luta de alguns indivíduos para resistir a essa corrupção e sobreviver em meio à violência e ao medo.

Arisson, um operador de esteira no aeroporto, teve a coragem e a integridade de cumprir seu dever, barrando duas malas suspeitas que continham 60 kg de cocaína. Essa ação heroica impediu que uma quantia considerável de drogas chegasse à Europa, privando a facção PCC de lucros estimados em até R$ 30 milhões. Contudo, sua honestidade teve um preço terrível.

O trágico destino de um homem corajoso e íntegro

O medo de colaborar com o PCC é uma realidade diária para muitos servidores públicos e funcionários de empresas privadas. Essas pessoas frequentemente se veem coagidas a colaborar com atividades criminosas, não por ganância, mas como uma forma desesperada de garantir a sobrevivência de si mesmas e de suas famílias. No caso de Arisson, ele enfrentou esse medo e se recusou a colaborar com a facção criminosa, um ato de bravura que, infelizmente, resultou em sua morte.

Após sua recusa em entregar as malas, Arisson foi abordado e ameaçado por Márcio do PCC. Poucos dias depois, em um ato brutal de vingança, Arisson foi assassinado a tiros em seu carro.

Dois dias após a apreensão da droga, Márcio abordou Arisson em um ponto de ônibus e lhe afirmado: “Você, eu já passei para os caras”, referindo-se ao fato de ter relatado ao PCC sobre a apreensão das malas, decorrente da ação da vítima.

Por volta das 18h50 do dia 13 de janeiro, Arisson voltava para casa, em seu carro, quando foi interceptado no bairro São João, em Guarulhos, por um Ford Ranger, ocupado por três criminosos. O aeroportuário foi fuzilado e morreu ainda no local.

Os assassinos abandonaram o carro, com placas adulteradas, alguns quarteirões adiante. Foi constatado que o veículo era roubado, do Rio de Janeiro, um outro funcionário do aeroporto foi preso por envolvimento no homicídio, e três criminosos permanecem foragidos.

Sua morte é uma lembrança sombria do poder e da influência do PCC e da corrupção que assola nosso país e a forma como o estado atua em defesa de seus cidadãos.

esquema no AEROPORTO DE GUARULHOS

Um dos esquemas, tinha como base as esteiras do Terminal do Aeroporto de Guarulhos:

…as bolsas seguiam pelas esteiras rolantes até a área restrita, onde funcionários aliciados pelo Primeiro Comando da Capital recebiam dos comparsas as fotos com as imagens das malas recheadas com drogas, e as embarcavam para Portugal, França e Holanda, na Europa, e também para Johannesburgo, na África do Sul.

A expansão do PCC inclui incursões na Bolívia, onde o grupo pode comprar cocaína diretamente dos produtores daquele país, segundo a Americas Quarterly.

Tentanto segurar o tsuname com as mãos

Uma vasta rede criminosa operava, e Arisson tentou, solitariamente, obstruir seu avanço. Quiçá tenha buscado auxílio ou relatado a situação a seus superiores ou autoridades, mas somente ele encontrou seu fim. Apenas ele, sinceramente, acreditou que poderia impedir que os criminosos paulistas atendessem seus clientes na Europa, onde equipes se preparavam e investiam para descarregar e distribuir a droga sem retaliações.

Ao chegarem os carregamentos, a ‘Ndrangheta colabora com traficantes italianos, que transportam os entorpecentes para distribuição abrangente por todo o território europeu, auxiliados por grupos da máfia sérvia e inúmeras facções independentes.

A facção paulista teve de explicar aos seus parceiros europeus a falha no processo e indenizá-los pelos prejuízos, além de dar uma resposta à altura. Por isso, Arisson pagou com sua vida; contudo, mesmo assim, a organização brasileira perdeu parte da confiança de seus clientes.

Arisson foi um herói, inegavelmente, e presto aqui minha homenagem. Entretanto, tratava-se de um herói solitário, abandonado pelo sistema que tentou defender. Assim como ele, centenas, senão milhares de funcionários e agentes públicos e privados são ameaçados pelo Primeiro Comando da Capital, enquanto as autoridades não se empenham minimamente em protegê-los.

A logística do crime deste esquema no Aeroporto Internacional de São Paulo

Deixa eu te contar como tudo está funcionando por lá. O esquema já tem uns oito anos, então mudou muita coisa desde o começo até aqui, cada pouco evolui um pouco, e cada pouco muda um pouco para dificultar que a Polícia Federal que investiga um esquema derrube tudo.

O Primeiro Comando da Capital, percebeu que dava pra mandar malas cheias de cocaína pro outro lado do oceano quando a fiscalização de remessas em pacotes apertou. Em 2015, foi a primeira vez que um lance assim foi descoberto pelas autoridades, quando um casal de idosos teve as malas trocadas por outras cheias de droga, mas por um acaso tudo foi descoberto.

Pontualidade e motoristas de aplicativos

Então, tudo começa com os motoristas de aplicativo, que são contratados pra não dar bandeira, mas eles sabem muito bem o que tão fazendo e quem tão levando pro aeroporto. Eles levam os criminosos, que geralmente usam uniformes de companhias aéreas pra disfarçar, e deixam eles em horários e locais combinados por mensagem.

A pontualidade é chave, porque, segundo a PF, isso faz com que as malas com drogas sejam despachadas bem rápido, sem que os funcionários que não tão no esquema percebam a movimentação suspeita.

O esquema geralmente usa os mesmos carros e motoristas pra levar as malas com cocaína até o aeroporto. As bagagens são entregues na área de embarque pra funcionários do aeroporto uniformizados ou pessoas disfarçadas como se fossem eles. As malas vão direto pras esteiras de voos nacionais, sem passar por fiscalização, porque as bagagens de voos domésticos não precisam passar pelo raio-X. Só quando rola uma suspeita.

Na maioria das vezes, as malas já chegam com etiquetas preenchidas à mão. Essas identificações são chamadas de “rush” e, na moral, servem pra enviar bagagens perdidas ou extraviadas para os donos reais. Os criminosos aproveitam essa brecha pra colocar as malas com drogas nos embarques, sem precisar de um passageiro pra fazer o check-in.

Aí, dentro da área restrita, os funcionários que foram cooptados pelo PCC manuseiam as malas pra driblar a fiscalização e colocam elas em voos internacionais que já tão combinados. As bagagens geralmente vão pra Lisboa e Porto, em Portugal, ou pra Amsterdã, na Holanda. Sacou?

Comunicação e tecnologia no crime: celular

A galera do crime se comunica o tempo todo por mensagens e ligações no celular. Segundo a PF, os celulares são fornecidos pela própria facção criminosa, que recolhe os aparelhos logo depois que as operações ilegais acabam, pra dificultar a vida da polícia.

A atuação do PCC na Europa e o risco de apreensão da droga

Mesmo com a droga embarcada no Brasil rumo à Europa, ainda rola o risco de ser pega pelas polícias de lá, sacou?

Pra não deixar isso acontecer, o PCC tem gente nos países pra onde eles mandam a cocaína, responsáveis por cooptar funcionários nos aeroportos locais.

A reportagem descobriu que os aliciadores lá de fora recebem, em média, cinco mil euros (uns R$ 27 mil) por quilo de droga que chega ao destino. Parte dessa grana é usada pra corromper funcionários dos aeroportos, principalmente os que ganham pouco.

Aqui no Brasil é a mesma fita: os funcionários do Aeroporto de Guarulhos levam mais de um ano de salário por cada mala com droga embarcada, como mostrou o Metrópoles. É muita grana envolvida, meu irmão!

A Ética do Crime: Análise do Estatuto da Facção PCC – 6ª parte

Ética do Crime: investigando a conexão entre os valores do Primeiro Comando da Capital e filosofias como liberalismo e existencialismo, destacando a relevância da liberdade, justiça e igualdade no âmbito do crime.

Ética do Crime: explorando a relação entre os valores do Primeiro Comando da Capital e filosofias como liberalismo e existencialismo revelando a importância da liberdade, justiça e igualdade no contexto do crime.

A ética do crime no Estatuto do PCC

Membros do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) costumam dizer que “correr pelo certo pelo lado errado da vida”. A ética no mundo do crime pode parecer estranha para quem está de fora, mas é algo real e presente no estatuto dessa facção.

Nesta fase da análise do Estatuto do PCC, destaco a questão ética presente no documento, tendo como base a ética da teoria utilitarista que garante que “a ação correta é aquela que maximiza a felicidade ou o bem-estar geral”.

Importante frisar que, nem os pensadores e nem eu, fazemos juízo de valor ao analisar o fenômeno, apenas o documentamos. Ao examinar o Estatuto da organização criminosa paulista, percebo vários aspectos utilitaristas em algumas de suas disposições.

O Estatuto do PCC mostra preocupação com o bem-estar geral, especialmente no sistema prisional. Com valores como paz, justiça, liberdade e igualdade, a ética do crime é respeitada. Curiosamente, algumas disposições têm aspectos utilitaristas, mesmo que não tenham sido baseadas em teorias filosóficas.

A liberdade como um valor central no PCC

Eu percebi que a liberdade é um valor importante no PCC. Ninguém é forçado a entrar na facção ou participar de missões. O estatuto defende a liberdade de pensamento, expressão e ação, algo que pode ser relacionado ao liberalismo e ao existencialismo.

  • No item 2, o Estatuto aborda a luta por paz, justiça, liberdade, igualdade e união, sempre buscando o crescimento da organização e respeitando a ética do crime. A preocupação com o bem-estar geral, especialmente no contexto prisional, se manifesta na busca por melhorias nas condições de encarceramento e na denúncia de abusos e opressão por parte das autoridades.
  • No item 5, o Estatuto ressalta a importância de todos os integrantes se dedicarem ao Comando e, quando possível, participarem de projetos que apoiem os membros desamparados, seja em aspectos sociais ou financeiros. Essa preocupação com o bem-estar dos membros da organização indica uma abordagem utilitarista.
  • No item 7, o Estatuto enfatiza que todos os integrantes da facção devem colaborar e participar dos “progressos” do comando, incluindo pagamentos de despesas com defensores, advogados, ajuda para trancas, cesta básica e ajuda financeira aos familiares. Essa disposição demonstra o compromisso com a promoção do bem-estar geral dos membros e suas famílias.

O “debate” é comum na facção para resolver disputas, respeitando a opinião de todos. Essa valorização da liberdade de expressão e responsabilidade pessoal também é um aspecto do existencialismo. Além disso, o estatuto luta contra a opressão e a injustiça, mesmo sendo uma organização criminosa.

A relação entre o PCC e as filosofias do liberalismo e existencialismo

A ética do crime no PCC possui aspectos ligados ao liberalismo e ao existencialismo, como liberdade, justiça e igualdade. Fica claro que os fundadores da organização criminosa não se basearam em teorias filosóficas ou éticas para elaborar o documento.

Porém, o resultado foi um texto que gerou um ambiente bastante positivo, começando com a população carcerária, depois se estendendo à população periférica e, por fim, alcançando diversos grupos sociais que se identificaram com a proposta da “ética do crime”.

Embora o Estatuto do PCC apresente valores relacionados ao liberalismo e ao existencialismo, é importante lembrar que as atividades da facção são ilícitas e violentas. Portanto, há diferenças significativas entre os objetivos do PCC e as intenções originais dessas filosofias.

Contrato Social: Análise do Estatuto da Facção PCC – 5ª parte

O Estatuto do Primeiro Comando da Capital é o primeiro documento registrado de um contrato social do mundo do crime no Brasil. Ele teve seu registro no Diário Oficial da Assembléia do Estado de São Paulo em 20 de maio de 1997.

Contrato Social no PCC: o estatuto do Primeiro Comando da Capital propõe um pacto entre ladrões, destacando princípios como justiça, igualdade e solidariedade entre os irmãos do mundo do crime.

Explorando Ideais e Princípios

Neste estudo, foco apenas no Estatuto do PCC, não na facção criminosa em si. Já discuti em outros artigos: aspectos administrativos e militares, a visão do especialista Eduardo Armando Medina Dyna, e seus resultados práticos após 26 anos.

Contrato Social: a visão pioneira dos fundadores

Nesta fase, analiso as posições dos fundadores do PCC, expressas no documento de fundação da facção, em relação aos seus ideais e como disso se chegou a um contrato social no mundo do crime. Sem julgar a realidade, analiso apenas o documento de fundação – o Estatuto do Primeiro Comando da Capital.

Este documento apresenta temas como justiça, igualdade, liberdade, solidariedade, responsabilidade coletiva, ética, moralidade, conflito e resistência. Examinando esses temas, fica fácil entender as motivações e valores que guiaram os fundadores e como conseguiram cooptar membros para a irmandade.

Já aviso que alguns conceitos se repetem em diferentes capítulos, demonstrando sua relevância em várias perspectivas analisadas.

Contrato Social: um acordo entre partes

Entendendo o Estatuto do PCC

Ao ler o Estatuto do Primeiro Comando da Capital, percebi que ele contém várias diretrizes sobre justiça, igualdade, ética e solidariedade entre seus membros. Analisando o documento, me lembrei do conceito de contratualismo e como ele se relaciona com o estatuto, estabelecendo regras e promovendo cooperação entre os integrantes.

O contratualismo sugere que sociedade e governo são criados por um contrato social. Nesse acordo, as pessoas seguem regras em troca de proteção e benefícios. O estatuto do PCC pode ser visto como um contrato entre os membros, criando normas a serem seguidas em troca de apoio mútuo.

Justiça e Igualdade e a Ética no Crime

A ideia de justiça aparece várias vezes no estatuto, como no item 2, que fala sobre lutar pela paz, justiça, liberdade, igualdade e união. O item 14 enfatiza tratar todos os membros com igualdade, enquanto o item 15 defende a solidariedade do grupo para solucionar conflitos pessoais. Esses princípios mostram o compromisso do PCC com justiça e igualdade entre seus integrantes.

A ética do crime é mencionada em itens como o 6, que afirma que o PCC não aceita estupradores, pedófilos e outros crimes antiéticos. Essas restrições criam um código moral dentro da organização, mesmo em um contexto criminoso.

A solidariedade é fundamental no estatuto, como nos itens 5 e 8, que mostram a responsabilidade dos membros em ajudar uns aos outros em dificuldades financeiras ou sociais.

Analisando o estatuto como um contrato, fica fácil ver que o PCC busca estabelecer princípios de justiça, igualdade e solidariedade entre seus membros por meio de regras e normas. Apesar de ser uma organização criminosa, é interessante notar como esses princípios são aplicados no contexto do estatuto.

Em um outro artigo “A facção PCC, a polícia e o Contrato Social“, comento como o Contrato Social funciona na prática no mundo do crime: A polícia e o Primeiro Comando da Capital gerenciando as normas nas comunidades carentes paulistas.

PCC e sua estratégia militar: Análise do Estatuto do 1533 – 4ª parte

PCC e sua estratégia militar: analise do Estatuto do Primeiro Comando da Capital (PCC 1533), destacando sua estrutura hierárquica e disciplina, e comparando-os às doutrinas militares, enfatizando que o objetivo da análise é compreender o documento de fundação da organização criminosa, e não discutir a prática da facção.

PCC e sua estratégia militar: este trabalho foca no estatuto da facção, não em suas ações, analisando as táticas aplicadas desde sua criação.

Explorando o Estatuto do PCC e sua estratégia militar

No estudo do Estatuto do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), é possível identificar pontos que lembram a doutrina militar. Apesar disso, o PCC nunca teve como objetivo ser um grupo militar, mas sim um grupo civil, cujo foco inicial foi o fim da opressão no sistema carcerário.

Ressalto mais uma vez, esse artigo não se debruçou sobre a realidade na qual se tornou o Primeiro Comando da Capital, mas simplesmente está analisando o Estatuto de fundação da organização criminosa pelo prisma das doutrinas militares.

Nesta análise, foram citados os itens do Estatuto do PCC referentes ao período de 2007 a 2017, e não ao Estatuto original de 1997. Embora contenham os mesmos itens, o detalhamento nos documentos difere entre as versões.

Táticas militares no contexto do crime

Ao analisar os documentos de 1997 e de 2017, encontro em diversos ítens descrição do PCC e sua estratégia militar. Mesmo assim, elas estão adaptadas ao crime organizado. São conceitos presentes: hierarquia, disciplina, objetivos, unidades, adaptação, expansão territorial e alianças. Isso mostra que a facção soube aplicar estratégias eficientes em suas ações.

Hierarquia e disciplina

Na minha análise do Estatuto do Primeiro Comando da Capital, percebi que a organização possui regras e uma estrutura hierárquica que refletem a importância da ordem e da disciplina, assim como nas doutrinas militares convencionais:

  • Item 3: Aborda a importância da hierarquia e disciplina dentro da organização, ressaltando que todos os integrantes têm o direito de expressar suas opiniões, mas também o dever de respeitar as opiniões alheias e seguir a estrutura hierárquica estabelecida.
  • Item 9: Enfatiza a importância da lealdade e comprometimento com a organização, mencionando que aqueles que demonstrarem desinteresse pela causa após usufruírem dos benefícios do PCC podem ser considerados traidores e sofrerem consequências graves.
  • Item 10: Esclarece que a Sintonia Final é uma fase da hierarquia do PCC composta por integrantes que foram indicados e aprovados pelos membros da Sintonia Final. A Sintonia Final tem como objetivo lutar pelos ideais do PCC e pelo crescimento da organização.
  • Item 12: Estabelece que o PCC não possui limite territorial, e todos os integrantes batizados, independentemente de onde estiverem, devem seguir a disciplina e hierarquia do Estatuto.
  • Item 14: Declara que todos os integrantes serão tratados com igualdade, e seus méritos e atitudes serão avaliados, dando prioridade àqueles que merecem.
  • Item 15: Ressalta que os ideais do PCC estão acima dos conflitos pessoais e que a organização será solidária com os integrantes que estiverem em desvantagem para resolver seus problemas pessoais, desde que estejam agindo de acordo com os ideais do PCC.
  • Item 18: Determina que todos os integrantes têm o dever de agir com severidade em casos de opressões, assassinatos e covardias realizados por agentes do estado ou inimigos, demonstrando a importância da disciplina e lealdade à organização durante as missões.

Ao comparar o PCC e sua estratégia militar com as doutrinas militares convencionais, observei que ambas enfatizam a importância da hierarquia, disciplina e lealdade para o funcionamento eficiente e tomada de decisão dentro de suas respectivas organizações.

Objetivos claros e foco na missão

As doutrinas militares enfatizam a importância de estabelecer objetivos claros e manter o foco na missão. Isso garante que as operações militares sejam eficientes e eficazes, alcançando os resultados desejados com o mínimo de recursos e tempo necessários. A clareza dos objetivos e o foco na missão são fundamentais para garantir que todos os membros da força militar estejam alinhados e trabalhem em conjunto para cumprir sua missão.

Ao analisar o Estatuto do PCC, identifico alguns aspectos semelhantes relacionados ao estabelecimento de objetivos e foco na missão. O Estatuto define objetivos específicos, como lutar pela liberdade, justiça e paz (Item 2), além de melhorar as condições prisionais. Essa abordagem é semelhante ao planejamento de missões militares, onde os objetivos são claramente estabelecidos e as ações são planejadas para atingir esses objetivos.

Outros aspectos do Estatuto que demonstram foco na missão incluem:

  • Item 7: Ressalta o dever de todos os integrantes em colaborar e participar dos “progressos” do Comando, contribuindo para o sucesso das missões.
  • Item 10: Descreve o papel da Sintonia Final, que deve orientar a tropa em busca dos objetivos.
  • Item 11: Enfatiza a responsabilidade dos integrantes em cumprir missões designadas, garantindo que todos estejam alinhados e comprometidos com os objetivos da organização.
  • Item 12: Destaca a intenção do PCC de expandir suas operações e influência além das fronteiras geográficas, evidenciando a ambição de expansão territorial da organização criminosa.

PCC e sua estratégia militar apresenta aspectos semelhantes às doutrinas militares convencionais no que diz respeito ao estabelecimento de objetivos claros e foco na missão. A organização define objetivos específicos e mantém uma estrutura hierárquica e disciplinada para garantir que todos os membros trabalhem juntos para alcançar esses objetivos. Embora os contextos e as finalidades do PCC e das forças militares sejam distintos, a importância do foco na missão e dos objetivos claros é evidente em ambos os casos.

Unidade e cooperação nas doutrinas militares

Nas doutrinas militares, o conceito de unidade e cooperação é fundamental para o funcionamento eficiente e eficaz das forças armadas. A cooperação entre diferentes unidades e ramos das forças armadas é crucial para realizar operações conjuntas e alcançar os objetivos estabelecidos.

  1. O item 2 do estatuto do PCC estabelece objetivos que refletem a missão da organização e seu foco nas atividades, incluindo a luta pela paz, justiça, liberdade, igualdade e união. Embora o contexto e os objetivos sejam diferentes das doutrinas militares, o conceito de unidade e cooperação é semelhante na medida em que ambas as organizações buscam alcançar seus objetivos através da colaboração e do trabalho conjunto entre seus membros.
  1. No caso do PCC, a ênfase na união é explicitamente mencionada no item 2 e também no item 10, que descreve a Sintonia Final como uma instância que visa lutar pelos ideais do Comando e pelo crescimento da organização. A Sintonia Final é um exemplo de como a estrutura do PCC promove a unidade e a cooperação entre os membros, já que os integrantes são indicados e aprovados pelos “irmãos” que fazem parte da Sintonia Final.

Embora as doutrinas militares e o Estatuto do PCC estejam em contextos diferentes e tenham objetivos distintos, o conceito de unidade e cooperação é fundamental para o funcionamento eficiente e eficaz de ambas as organizações. A colaboração e o trabalho conjunto entre os membros são cruciais para alcançar os objetivos estabelecidos tanto nas doutrinas militares quanto no Estatuto do PCC.

Adaptação e resiliência

No Item 4, o estatuto menciona a necessidade de os integrantes manterem contato com a “Sintonia” de sua área, sempre estarem à disposição do Comando e mostrarem empenho e união. Essa disposição indica uma adaptação às diferentes situações e a capacidade de se recuperar de adversidades.

Além disso, o Item 5 destaca a importância da dedicação ao Comando e da participação em projetos que visem criar soluções para o desamparo social e financeiro dos integrantes, demonstrando resiliência e adaptação às necessidades dos membros da organização

Delimitação, expansão e consolidação e domínio territorial

Nas doutrinas militares, a expansão e o domínio territorial são frequentemente abordados no contexto de estratégias nacionais e objetivos geopolíticos. Isso envolve o emprego de forças militares para proteger os interesses nacionais, garantir a segurança das fronteiras e, em alguns casos, estender a influência política e econômica de uma nação.

As forças militares desempenham um papel fundamental na manutenção e expansão do controle territorial, seja por meio de ocupação direta ou por meio do apoio a aliados e parceiros regionais, e no caso da facção, essa ação foi prevista pelo PCC e sua estratégia militar:

O Item 12 do estatuto do PCC afirma que a organização não possui limite territorial e que todos os integrantes batizados fazem parte do PCC, independentemente de cidade, estado ou país. Essa afirmação indica a intenção da organização de expandir suas operações e influência além das fronteiras geográficas, destacando sua ambição de expansão territorial.

A ideia de expansão e domínio territorial do PCC pode ser comparada em alguns aspectos às previstas nas estratégias militares. No caso da organização criminosa, a expansão territorial se manifesta na intenção de estender sua influência e atividades criminosas além das fronteiras locais e regionais. Isso pode incluir o estabelecimento de redes de tráfico de drogas, armas e outros bens ilícitos em outras áreas geográficas e a colaboração com outros grupos criminosos fora de sua área original de atuação.

Alianças e inimigos:

As doutrinas militares tradicionais abordam os conceitos de aliados e inimigos com base em critérios geopolíticos e ideológicos, geralmente em um contexto de defesa nacional e cooperação internacional. No caso do Estatuto do Primeiro Comando da Capital (PCC), a análise dos itens apresenta alguns aspectos similares e divergentes desses conceitos.

No Item 12 do Estatuto, como mencionado em sua análise, fica claro que o PCC busca expandir suas operações e influência além das fronteiras geográficas, destacando sua ambição de expansão territorial. Essa estratégia, de alguma forma, é análoga ao conceito de alianças entre nações, embora não se trate de cooperação entre Estados, mas sim de uma organização criminosa.

Os aliados do PCC são indicados no Item 13, que estabelece que a organização não tem coligações com outras facções, mas vive em harmonia com facções de outros estados. No caso de algum integrante de outra facção chegar em uma cadeia dominada pelo PCC, este será tratado com respeito e receberá apoio, e espera-se o mesmo tratamento para os integrantes do PCC em cadeias dominadas por outras facções amigas.

Os inimigos do PCC são descritos no Item 18, que determina a ação com severidade em cima de opressões, assassinatos e covardias realizadas por Policiais Militares e a máquina opressora. A organização criminosa busca dar respostas proporcionais às ações de seus inimigos, pagando vida com vida e sangue com sangue.

Em resumo, o Estatuto do PCC aborda o conceito de aliados e inimigos de maneira diferente das doutrinas militares tradicionais, mas ainda assim apresenta uma estrutura que busca expandir a influência da organização e estabelecer relações de cooperação ou confronto com outros grupos.

Decreto: pena de morte para traidores

O Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969) estabelece em seu Capítulo II, Artigos 355 a 359, os crimes de traição em tempo de guerra, que incluem traição, favorecimento ao inimigo, espionagem, auxílio à espionagem e revelação de segredo a inimigo. A pena de morte pode ser aplicada em casos específicos de traição e favorecimento ao inimigo conforme o Art. 355 e Art. 356, algo que no Estatuto do Primeiro Comando da Capital está previsto (ítem 9) com o nome de “decreto”: “traição é morte”.

Tanto na legislação brasileira quanto no Estatuto da facção PCC 1533, as penas capitais são exceção e devem ser aplicadas em caso de guerra, a questão é que a organização criminosa paulista se vê em Estado de Guerra desde sua criação, seja contra o estado opressor ou grupos criminosos inimigos.

PCC como empresa: Análise do Estatuto da Facção 1533 – 3ª parte

Este artigo analisa o PCC como empresa, analisando o Estatuto da organização criminosa sob a perspectiva das teorias da administração. A análise busca identificar paralelos entre as práticas da facção paulista e os conceitos de administração estruturalista, neoclássica, comportamental e contingencial.

O PCC como empresa tem sido um tema intrigante para muitos estudiosos e curiosos. Ao analisar o estatuto da organização criminosa, podemos encontrar semelhanças com as teorias da administração que são aplicadas às empresas tradicionais. Neste artigo, abordaremos os paralelos entre o PCC e as diversas teorias da administração, lembrando que a análise é apenas uma interpretação e não deve ser vista como uma legitimação ou endosso das atividades ilegais do grupo.

PCC como empresa na perspectiva de um administrador

Minha formação é em Administração de Empresas, e sempre observo negócios, desde entregadores até gigantes como o Google, imaginando como funcionam. Então, é natural analisar a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC 1533) dessa maneira. Esse grupo criminoso se tornou uma das maiores e mais complexas empresas brasileiras, com administradores muito capacitados.

Desafios enfrentados pelo PCC

Se competir no mercado legal já é difícil, imagine quando sequestros, torturas e mortes estão envolvidos. Apesar disso, as lideranças do PCC lutam diretamente contra as forças públicas para manter seu negócio. A comunicação digital é rápida e global, mas o PCC precisa emitir ordens oralmente através de um sistema complicado de telefone sem fio e, mesmo assim, conquista mercados e enfrenta adversários maiores.

É impressionante ver como uma organização criminosa pode ter uma dimensão tão grande, a ponto de superar empresas legítimas em termos de faturamento.

A comparação com a Bayer, uma empresa alemã fundada em 1863 e presente no Brasil desde 1896, que é no país uma das líderes no agronegócio e com atividades em medicamentos e produtos químicos, é um exemplo que ilustra bem a magnitude das operações do PCC.

Segundo o COAF, a organização paulista movimenta aproximadamente 8 bilhões de Reais anuais apenas da parcela do dinheiro lavado nas empresas que caíram na investigação, contra 9,77 bilhões de Reais da Bayer de resultado total da subsidiária brasileira apontado pela empresa alemã, que é reconhecida e respeitada no mercado.

Reconhecer a capacidade de gestão e resiliência dos administradores do Primeiro Comando da Capital não é um elogio ou apologia a organização criminosa, mas uma analise do fenômeno e um convite ao estudo para aprender as razões que levaram ao sucesso de tão arriscado empreendimento.

Analisando a estrutura do PCC

Ao longo dos anos, várias opiniões foram dadas sobre a organização criminosa. No começo, muitos duvidavam que um grupo de negros semianalfabetos pudesse manter tal estrutura. Porém, pesquisadores sérios discutiram se a gestão era horizontal ou vertical, cada grupo defendendo seu ponto de vista com argumentos sólidos.

As diferentes perspectivas já foram debatidas exaustivamente neste site nos últimos 16 anos. No início, eu acreditava em uma estrutura vertical e piramidal, mas hoje defendo algo mais horizontal. Uma comparação interessante foi feita por Gabriel Feltran, que comparou o PCC às ordens e fraternidades maçônicas.

PCC como empresa: O sucesso do Primeiro Comando da Capital e a lealdade na facção

O estatuto do PCC e sua perspectiva administrativa

Se a maioria das empresas no Brasil fecha as portas em até 5 anos, é surpreendente ver que o Primeiro Comando da Capital, mesmo com seu estatuto cheio de erros gramaticais, está prestes a completar 30 anos — a fundação se deu em 31 de agosto de 1993 na Casa de Custódia de Taubaté.

empresas formais costumam recorrer a profissionais qualificados, como advogados e contadores, para elaborar seus estatutos sociais. Esses profissionais garantem que a documentação esteja em conformidade com as leis e regulamentações vigentes, além de garantir a correta estruturação das atividades e responsabilidades da empresa.

Por outro lado, o Estatuto do Primeiro Comando da Capital não segue os mesmos padrões formais e legais das empresas regulares; no entanto, em sua elaboração, foram utilizadas uma série de regras e códigos do mundo do crime. Essa elaboração pode ser feita por indivíduos com baixo nível de escolaridade, sem perder sua eficácia para o público a que se destina: encarcerados, egressos e moradores de comunidades periféricas.

No entanto, vale ressaltar que a organização e estruturação de grupos criminosos podem variar amplamente. Alguns grupos podem ser altamente organizados, com uma hierarquia bem definida e regras internas mais elaboradas, enquanto outros podem ter uma estrutura mais informal e menos rígida.

É importante não subestimar a capacidade de organização de grupos criminosos, uma vez que muitos deles podem ser altamente adaptáveis e resilientes às medidas de repressão. A prevenção e o combate ao crime organizado exigem uma abordagem multidisciplinar e a cooperação entre diferentes setores da sociedade e agências governamentais.

Então, o que faz o estatuto da facção PCC ser diferente e bem-sucedido?

A resposta pode estar na lealdade, respeito e solidariedade entre seus membros, algo raro em empresas comuns. Esses valores criam uma mentalidade coletiva, enfatizando a importância da unidade e da luta conjunta contra a opressão e as injustiças no sistema prisional.

A irmandade e a luta por um ideal

Ao colocar esses valores em seu documento de fundação, o PCC cria uma irmandade em prol de um ideal. Essa ideia é muito mais difícil de ser vencida ou quebrada do que um simples relacionamento econômico.

Além disso, os fundadores do PCC demonstram consciência política e social ao mencionar eventos como o massacre do Carandiru e criticar as condições desumanas nas prisões.

Essa abordagem cria a figura do inimigo comum que deve ser combatido, e as lideranças se colocam como contraponto lado ao utilizar os termos “irmãos” e “companheiros” pavimentando o caminho daquilo que em poucos anos se tornará a “Família 1533”.

O ódio como ferramenta de engajamento

Por fim, nada melhor que o ódio como ferramenta de engajamento. As redes sociais e grupos extremistas provaram isso nos últimos anos, mas essa técnica já estava expressa no Estatuto do PCC de 1997. Ao unir os membros em torno de um inimigo comum, a facção consegue fortalecer sua base e garantir sua sobrevivência.

Em resumo, o PCC se destaca como uma “empresa” bem-sucedida devido à lealdade, respeito e solidariedade entre seus membros. Seu estatuto, apesar de informal, é eficaz em promover uma mentalidade coletiva e criar uma irmandade em prol de um ideal. Esses fatores, aliados ao ódio como ferramenta de engajamento, garantem a longevidade da facção.

PCC como empresa: sob a ótica das teorias administrativas

O objetivo de qualquer sistema administrativo é criar uma estrutura e hierarquia para atingir suas metas. Vamos analisar o Estatuto do Primeiro Comando da Capital usando as principais teorias da administração.

O Estatuto do PCC definitivamente mostra uma organização preocupada em estabelecer uma estrutura e hierarquia, seguindo regras específicas e valorizando as relações humanas e o bem-estar de seus membros.

Teoria clássica da administração

Criada por Henri Fayol, foca na estrutura organizacional, divisão de trabalho e coordenação para garantir eficiência. No Estatuto do PCC, encontramos uma hierarquia com um “Comando Central” e a divisão de funções e responsabilidades entre os membros, o que vai de encontro aos princípios dessa teoria.

Teoria da burocracia na administração

Desenvolvida por Max Weber, destaca a importância de regras, procedimentos e normas. O Estatuto do PCC apresenta várias normas, como lealdade ao grupo, proibição de atos específicos (por exemplo, estupro, assalto e extorsão) e a responsabilidade de ajudar membros presos. Essas normas buscam garantir o bom funcionamento da facção PCC e evitar conflitos internos.

Teoria das relações humanas

Proposta por Elton Mayo, ressalta a importância das relações interpessoais, motivação e bem-estar dos membros de uma organização. No Estatuto do PCC, vemos a ênfase na solidariedade, lealdade e apoio mútuo entre os membros, mostrando a relevância das relações humanas. Além disso, a busca por justiça, liberdade e paz sugere preocupação com o bem-estar e dignidade dos membros e das pessoas afetadas pelo sistema prisional.

Teoria da Administração Estruturalista

O Estatuto do PCC destaca a importância da hierarquia, disciplina e respeito à estrutura da organização (itens 3, 10, 12 e 14). Esses aspectos estão alinhados com a teoria estruturalista, que foca na estrutura organizacional e nas relações entre os diferentes componentes dessa estrutura.

Teoria Neoclássica da Administração

A teoria neoclássica se concentra na eficiência e eficácia das organizações e na importância da tomada de decisões baseada em objetivos. O Estatuto do PCC menciona a busca pela paz, justiça, liberdade, igualdade e união, além de respeitar a ética do crime (item 2). Embora os objetivos do PCC sejam ilícitos, a organização busca alcançá-los de maneira eficiente e eficaz.

Teoria da Administração Comportamental

A teoria comportamental foca no comportamento humano e nas relações interpessoais dentro de uma organização. O Estatuto do PCC enfatiza a importância do respeito mútuo entre os integrantes, lealdade à organização e a necessidade de dar bons exemplos (itens 1 e 3). Além disso, o estatuto também menciona a responsabilidade dos integrantes em ajudar uns aos outros e em solucionar conflitos pessoais (itens 5, 8, 15 e 16). Esses aspectos refletem a importância das relações interpessoais e do comportamento humano no funcionamento do PCC.

Teoria da Administração Contingencial

A teoria contingencial afirma que não existe uma abordagem única para a administração e que a melhor estratégia depende das circunstâncias específicas. O Estatuto do PCC aborda a necessidade de adaptação e flexibilidade em várias situações, como a realização de missões (item 11), a relação com outras facções (item 13) e a reação a opressões e injustiças (item 18). Esses aspectos podem ser relacionados aos princípios da teoria contingencial.

Ao longo desta semana, continuarei analisando o documento por outros ângulos. Caso tenha perdido ou se interesse, segue o link para análises anteriores.

Estatuto da Facção Primeiro Comando da Capital: análise 1ª parte

Este texto narra a descoberta e publicação do Estatuto da Facção1533, revelando como o autor se envolveu com a facção e compartilhou análises do documento em seu site.

Estatuto da Facção: descubra como um enigmático documento se revelou, levando a discussões e análises detalhadas sobre a facção criminosa Primeiro Comando da Capital.

Encontro o Manuscrito do Estatuto da Facção

Em um balcão do Fórum da Comarca de Itu, deparei-me com o Estatuto do Primeiro Comando da Capital, sem o segredo de Justiça. Com zelo e precisão, transcrevi-o à mão tal manuscrito e o apresentei no interessante site aconteceuemitu.net, onde, entre outros tópicos relevantes, explorava a facção paulista.

Com o passar do tempo, fui jogado em diversos grupos de WhatsApp da facção PCC 1533, uns com crias, outros com mais responsas. Acredito que foi por volta de 2008, época em que celulares nas mãos dos “sintonias das trancas” eram comuns nas carceragens.

Estatuto da Facção: Alterações e Consequências

Recebi pelo WhatsApp do então “Sintonía Geral das Trancas do MS” o estatuto de 2007, atualizando o que eu já havia publicado. Admito, que fiz algumas alterações – o texto estava todo em maiúsculo e com erros de ortografia que corrigi –, mas mantive o conteúdo e os erros gramaticais.

Por conta dessa publicação, fui convocado duas vezes para depor na delegacia. Entretanto, apontei como fonte primária o processo – o que era parcialmente verdade – e mencionei que órgãos de imprensa também haviam publicado o mesmo conteúdo – o que também era parcialmente verdadeiro.

Dessa forma, o tema findou-se e, hoje, o Estatuto do Primeiro Comando da Capital, composto por 18 itens e oficializado pela facção, é a versão que revelei no site, e que hoje preservo unicamente no domínio faccaopcc1533primeirocomandodacapital.org .

O Original por Mim Desconhecido e a Busca por Análises

O pesquisador Diorgeres de Assis Victorio chamou minha atenção para o fato de que eu não havia citado nem publicado o “Estatuto do PCC de 1997”. Confessei-lhe minha ignorância quanto à existência desse documento. Ele me mostrou o caminho e também o publiquei.

Por muito tempo, busquei em vão alguém que tivesse analisado o Estatuto da facção PCC, mas sem sucesso, até encontrar uma publicação do pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna, cujo conteúdo parcial compartilho na segunda parte deste artigo.

Nesta semana, compartilharei várias análises do Estatuto do Primeiro Comando da Capital, abordando diferentes aspectos.

Estatuto da Facção segundo Eduardo Armando Medina Dyna

Introdução ao Estatuto

O Primeiro Comando da Capital é uma facção criminosa que surgiu em São Paulo em 1993, com o objetivo de combater as injustiças e opressões no sistema penitenciário paulista. A elaboração do Estatuto da Facção com 17 artigos foi realizada por Mizael, Sombra e outros detentos na penitenciária, como forma de proporcionar coesão política dentro da organização.

Divulgação e Análise

Embora o Estatuto fosse conhecido nas cadeias paulistas, somente veio à tona para a opinião pública em 1997. O documento enfrentou negação por parte das autoridades do governo paulista, mas pesquisadores apontam a construção coletiva das normas e ética da organização, baseadas nas reivindicações da população carcerária.

Artigos e Ideais

O Estatuto apresenta artigos que estabelecem lealdade, respeito e solidariedade ao partido, luta pela liberdade, justiça e paz, e união na luta contra as injustiças e opressões dentro das prisões. Os ideais e bandeiras políticas do PCC incluem discurso pautado contra a desigualdade social e injustiças, e ajuda mútua entre os filiados através de contribuição financeira ou trabalho em prol da irmandade.

Disciplina e Punição

A estrutura do PCC enfatiza a importância da disciplina e punição como instrumentos sólidos para manter a estabilidade da organização. Violações como tentar obter benefícios próprios, mentir, trair ou quebrar aliança com o PCC levam a severas punições, seguindo os princípios abordados por Foucault.

Mudanças nas Prisões

Após o surgimento do PCC, houve uma redução nos homicídios e agressões entre prisioneiros, fim do consumo de crack e abusos sexuais, e proibição da venda de espaço na cela e troca de favores com agentes penitenciários. A organização também reivindicou visitas íntimas para os presos, promovendo uma nova jurisdição e ética nas prisões coordenadas pelo PCC.

Conclusão

O Estatuto da Facção é um documento fundamental para compreender a origem e o legado do Primeiro Comando da Capital. Através de seus artigos e ideais, a organização buscou enfrentar as desigualdades e opressões no sistema penitenciário, promovendo mudanças significativas e desafiando as autoridades.

Biqueira Comprada: PCC e a favela do Issac no Jardim Novo Itu

O artigo explora a expansão do PCC no Jardim Novo Itu através da estratégia de “biqueira comprada”, mostrando como o grupo criminoso consolida seu poder no tráfico de drogas e na disciplina local.

Biqueira comprada: Neste artigo, abordamos a expansão do PCC e sua estratégia de aquisição de pontos de venda de drogas. Escrito originalmente em 7 de janeiro de 2012, o texto destaca como o grupo criminoso tem aumentado sua presença e domínio em áreas como Jardim Novo, impactando a segurança e a qualidade de vida dos moradores locais.

Biqueira Comprada: A Estratégia do PCC de Domínio Territorial

O PCC, uma das maiores organizações criminosas do Brasil, tem expandido seu controle sobre o tráfico de drogas em várias comunidades. Um exemplo disso é a situação em Jardim Novo Itu, onde o “caso da biqueira comprada” revela a estratégia adotada.

A expressão “biqueira comprada” se refere à aquisição de pontos de venda de drogas, também chamados de “biqueiras”, de outros traficantes ou grupos criminosos, ou a uma transação realizada entre “irmãos, companheiros e aliados” dentro da própria facção.

Vantagens da Estratégia de Biqueira Comprada

A estratégia de compra de biqueiras permite que o PCC assuma o controle desses pontos e aumente sua participação no tráfico de drogas na região sem ter que travar uma guerra pelo controle, além de também prevenir disputas pelos pontos de venda entre os criminosos do grupo.

Antes da implementação desse método de domínio territorial, era comum haver disputas entre biqueiras, rua a rua, cidade a cidade, resultando em mortes no mundo do crime e chamando a atenção da sociedade e das forças policiais.

Esse caso do Jardim Novo Itu demonstra como se dá esse método que tem consolidado o poder do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) através da compra de biqueiras.

Impacto na Vida dos Moradores Locais e a Ascensão do Irmão Bola de Fogo

Além disso, a estratégia de biqueira comprada também tem impactos na vida dos moradores locais. Com o aumento da presença do PCC, muitos moradores se veem forçados a conviver com os roubos, furtos e tráfico, que substituíram os crimes violentos causados por confrontos entre criminosos.

A biqueira comprada na Favela do Isaac, localizada no Jardim Novo Itu, por João Carlos, conhecido como irmão Bola de Fogo, e Júlio César, apelidado de Preto do Jardim Vitória, ilustra como a organização criminosa tem expandido seu controle sobre o tráfico de drogas no Brasil.

O peculiar apelido de Bola de Fogo foi escolhido por sua esposa Aline. Em 18 de novembro de 2008, ele foi batizado no PCC, após passar pelo teste de fidelidade ao assassinar um homem conhecido como Thiago.

Pela biqueira comprada, o irmão Bola de Fogo pagou 10 mil reais para Preto do Jardim Vitória, que estava preso na Penitenciária de Avaré. Preto é um exemplo de sucesso no mundo do crime, liderando dezenas de pontos de drogas e coordenando todos os “disciplinas” e “sintonias” da cidade.

O Controle da Disciplina na Cidade e a Distribuição de Drogas

O poder que Bola de Fogo recebeu de Preto do Jardim Vitória não se limitava apenas ao comércio de drogas. Ele comprou o direito de controlar a disciplina na cidade. Uma vez, ouvi Júlio César perguntar a Bola de Fogo quem estava na sintonia da cidade, e ele respondeu:

É eu que sou o geral aqui, mano.

Bola de Fogo também assumiu a distribuição das drogas da cidade. Em um dia, ele enviou os moleques para buscar drogas que estavam em falta no estoque da Favela do Isaac, mas quando chegaram na “lojinha” do Jardim Vitória, ela estava fechada, sem ninguém para atender. Bola de Fogo não hesitou e ligou para o patrão na Penitenciária de Avaré.

O Preto do Jardim Vitória manda da prisão uma mensagem à Bola de Fogo

Se estrutura no barato aí mano é a maior satisfação pra mim mano, amanhã ou depois é ver você estruturado aí mano, se eu chegar em você e falar pô, empresta uma arma pra mim, pra eu sair fora desse inferno aqui cara e você me emprestar é a maior satisfação ver você lindo e elegante, mantendo as caminhadas e indo pra cima da situação, ter a organização mano, os moleques que tão do seu lado tem que tê bala na agulha de verdade mesmo.

No dia 21 de agosto de 2009, Preto do Jardim Vitória foi transferido para a Penitenciária de Casa Branca. Posteriormente, rumores indicam que ele teria sido enviado para a Penitenciária de Presidente Venceslau, também conhecida como P2. Contudo, a partir desse momento, eu já não acompanhava mais sua trajetória.

O Desaparecimento da Favela do Isaac no Jardim Novo Itu

A Favela do Isaac no Jardim Novo Itu, mencionada nesta história, já não existe mais. Seus habitantes, que por muitos anos “incomodaram” os “cidadãos de bem” da cidade, foram transferidos para os prédios do CDHU nos Alpes, na periferia da periferia da cidade, seguindo a política de segregação social em vigor no Brasil desde a Lei Áurea e o retorno dos soldados negros da Guerra do Paraguai.

Os Refugiados da Facção PCC 1533: Drama e Fuga

O texto aborda o drama dos refugiados da facção PCC 1533, que buscam sobrevivência e fortalecimento ao migrar para outras regiões do Brasil, fugindo da guerra entre facções criminosas.

Refugiados da Facção PCC Buscando Fortalecimento

Refugiados da facção PCC 1533, vítimas de uma guerra sombria entre facções criminosas, buscam ansiosamente uma chance de sobrevivência.

Relatos que me chegam do Norte e Nordeste do país revelam o desejo de integrantes da facção paulista em migrar para São Paulo em busca de “fortalecimento”.

Eles se lançam nessa jornada incerta, com a esperança de voltar fortalecidos para suas cidades, a fim de retomar áreas perdidas ou, pelo menos, escapar do trágico destino ligado ao Primeiro Comando da Capital e à facção PCC.

Fugitivo do Rio Grande do Norte em Várzea Paulista

Refugiados do PCC, em um sombrio 8 de abril, um indivíduo dessa facção, vindo do Rio Grande do Norte, encontrou-se encarcerado em Várzea Paulista, nas profundezas de São Paulo.

O homem, marcado para morrer pela rival Família do Norte (FDN), ansiava por um refúgio distante de sua terra.

Embora não estivesse envolvido em atividades ilícitas naquele instante, a razão de sua captura residia em um delito prévio. Ele sempre negou pertencer ao Primeiro Comando da Capital, mas tal alegação não o poupou da sentença imposta pelos membros da FDN.

Fugitivo do Espírito Santo em Itu

Refugiados do PCC, um eco da guerra entre facções no Espírito Santo, propiciou a fuga de um membro em direção a Itu, no vasto estado de São Paulo.

A contenda envolvendo Primeiro Comando da Capital e Comando Vermelho (CV), aliados a grupos locais, deu origem a uma intrincada rede de alianças e antagonismos. Com a captura de um líder, a Gangue da Pracinha fragmentou-se, gerando conflitos adicionais e lutas por territórios.

A Gangue da Pracinha de Catraca se estilhaçou após sua prisão. Marcola, alcunha de Marcos Vinicius Boaventura, braço direito de Catraca em Ulysses Guimarães, juntamente com outros que se recusaram a regressar à camisa do CV, foram expulsos de seu reduto.

O aprisionamento de Catraca ocorreu no Portal do Éden, em Itu, no estado de São Paulo. Conforme alguns, ele veio adquirir drogas para distribuição em Vila Velha, enquanto outros afirmam que buscava refúgio e fortalecimento para retomar áreas em disputa.

Refugiados do Acre na Zona Sul de São Paulo

Há anos, os soldados do PCC na região Norte do Brasil enfrentam o abandono por parte do Primeiro Comando da Capital. Muitos acabam presos, mortos, escondidos ou convertidos à religião. Os que conseguem fugir do estado buscam refúgio em outras regiões, como a Zona Sul de São Paulo. No entanto, a Bonde dos 13, facção local do Acre, permanece no estado, mostrando-se resiliente mesmo diante do avanço do PCC.

Portanto, o drama dos refugiados da facção PCC reflete a complexa e sombria realidade da guerra entre facções criminosas no Brasil. A busca por sobrevivência e fortalecimento motiva a migração desses indivíduos, que enfrentam um futuro incerto e perigoso em um cenário de violência e disputa por poder.

Comunicado Geral Estados e Países – 04/04/2023 – Região Norte

Refugiados do PCC, em tempos sombrios, presenciaram a emissão do “Comunicado Geral do PCC” sobre embates nefastos envolvendo gangues e milícias, tais como o Comando Vermelho CV, atentando contra entes queridos e inocentes.

Neste manifesto, o Primeiro Comando da Capital exprime ultraje, repudia tais atos violentos e sinaliza a disposição em reagir na defesa de sua prole e membros.

Uma milícia chamada Comando Vermelho e algumas gangues que agem igual a eles, que não têm autonomia e controle sobre seus integrantes, vêm tirando a vida de familiares nossos e também de pessoas inocentes que não têm nada a ver com a nossa guerra, com o objetivo de intimidar nossos irmãos (as) e companheiros (as) dentro dos estados, como Amazonas, entre outros.

A facção PCC 1533, assim, busca externar preocupação e solidariedade aos “irmãos” e “companheiros”, evidenciando um vigoroso senso de pertença e identificação. Adotando uma postura resoluta, defende sua “família” e enfrenta as ameaças que lhes rondam.

30 Anos Preso: O Apocalipse do Primeiro Comando da Capital

A ameaça do apocalipse do PCC, associado aos 30 anos de prisão de Marcola, desperta medo e incerteza na sociedade. O adiamento do evento catastrófico e a possível libertação de líderes notórios geram questionamentos sobre o futuro.

Um apocalipse anunciado

“30 anos preso” era a palavra-chave que ecoava pelos presídios e quebradas, alimentando a tempestade do apocalipse.

O fim do mundo planejado pelos chefes do Primeiro Comando da Capital se daria no exato momento em que Marcola, o líder maior da facção, fosse impedido de sair do encarceramento após cumprir o seu tempo normal de prisão.

Antigamente, era comum ouvir sobre o apocalipse vinculado ao Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), e a atmosfera se carregava.

Em 2015, um sobrinho relatou, em uma saidinha, os preparativos para o aniversário de 30 anos de prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola do PCC. Preso pela primeira vez em 1986, a chegada de 2016 marcaria sua detonação automática do apocalipse, caso não fosse libertado. Esse apocalipse significava uma revolta total nas ruas e presídios, uma espiral de violência e terror.

O adiamento do apocalipse

Contudo, 2016 veio e se foi.

Em 2019, Marcola foi transferido para um presídio federal, gerando apreensão e receio de retaliações por parte do PCC. Na época, Bolsonaro chegou a ligar para Moro, buscando impedir a transferência devido ao medo da reação da facção. Entretanto, a ordem judicial obtida pela promotoria de Justiça de São Paulo prevaleceu, e a transferência ocorreu sem reações por parte do PCC. Hoje, Bolsonaro afirma que a decisão de transferir Marcola foi sua, em uma tentativa de reivindicar o controle da situação e demonstrar seu posicionamento contra o crime organizado.

Mas, novamente o apocalipse não ocorreu. A liderança do PCC optou por não deflagrar a temida revolta, talvez calculando os riscos e ponderando as consequências.

30 anos de prisão como cálculo político

Há exceções em que condenados permanecem presos mesmo após cumprir 30 anos. O comportamento na prisão, a periculosidade e o acúmulo de penas são considerados na avaliação de liberação.

A questão política também pesa: Lula ficou preso sem provas, enquanto Bolsonaro, Trump e militares brasileiros permanecem impunes, apesar das evidências contra eles.

A coragem de soltar réus notórios

No caso de Marcola e Charles Bronson, outro preso famoso, qual magistrado teria a coragem de soltá-los, dentro ou não dos limites da lei?

Em suma, a sombra do apocalipse do PCC paira sobre a sociedade, impregnada de medo e incerteza.

Rogério Jeremias Simone, conhecido como Gegê do Mangue, deixou o presídio pela porta da frente em 2018, cumprindo as normas legais. No entanto, a repercussão negativa de sua soltura e a subsequente fuga para o exterior dificultaram ainda mais a possível libertação de Marcola. Diante desse cenário, a Justiça passou a buscar subterfúgios para mantê-lo detido.

Por enquanto, o evento catastrófico foi adiado, mas a pergunta permanece: o que ocorrerá quando Marcola e outros líderes do PCC eventualmente deixarem a prisão? O apocalipse bíblico pode ser apenas uma metáfora, mas o medo gerado pelo apocalipse do PCC é tangível e real.

Deu chabu! Mas por quê?

Contudo, atualmente, o Primeiro Comando da Capital é uma organização mais horizontal, composta por subgrupos que não são diretamente afetados pela transferência de Marcola e outros líderes para fora do estado ou pela imposição do regime disciplinar diferenciado.

A estrutura da organização criminosa persiste, tanto dentro quanto fora dos presídios. Parece natural que ocorra uma disputa interna para ocupar o lugar das lideranças isoladas nos presídios federais. Não tenho nenhuma esperança que o PCC acabou.

afirma Lincoln Gakiya à Revista Isto É

Neste novo cenário, o Apocalipse tornou-se apenas uma opção. A decisão de colocá-lo em prática ou não será tomada levando em consideração os interesses políticos, econômicos e sociais da maioria dos membros da facção.

30 Anos Preso: A Sombra de Charles Bronson do PCC

Charles Bronson e a contagem regressiva

“30 anos preso” é uma palavra-chave que ressoa no imaginário popular, conectando-se às sombras do Primeiro Comando da Capital e ao seu líder máximo, Marcola.

Neste cenário surge a figura de Charles Bronson, cuja história se entrelaça com o temido apocalipse do PCC. Charles Bronson, condenado a 99 anos de prisão, completou recentemente 28 anos de reclusão.

Seu advogado busca abatimentos de benefícios, acreditando na possibilidade de libertação. Porém, o medo do Primeiro Comando da Capital permeia o ar, e as perspectivas de libertação trazem consigo um rastro de incertezas e terror.

A libertação de líderes notórios da facção paulista PCC

A facção PCC tem como uma de suas principais marcas a capacidade de gerar medo e um sentimento de iminente apocalipse. A possibilidade de libertação de líderes notórios, como Charles Bronson, alimenta esse sentimento e incita preocupações na sociedade.

Quando se fala em “30 anos preso”, muitos associam esse marco ao líder do PCC, Marcola. Contudo, essa marca também atinge outros personagens do mundo do crime, como Charles Bronson. A libertação de tais indivíduos pode desencadear eventos catastróficos, evocando a atmosfera de um apocalipse bíblico.

Em suma, a sombra de Charles Bronson, assim como a de Marcola, paira sobre a sociedade, trazendo consigo o medo do apocalipse do PCC. A libertação desses líderes notórios pode representar um ponto de virada na luta contra o crime organizado, e o temor de um apocalipse real cresce a cada dia.

texto base: Charles Bronson Prudentino já Cumpriu 28 dos 99 Anos a que foi condenado

Documento do PCC: análise aprofundada do Comunicado Geral

Documento do PCC: nesta segunda etapa da análise aprofundamos a investigação sobre significados ocultos, intenções e sentimentos presentes no texto, além de explorar a dinâmica por trás da criação do documento e sua relação com a disputa de controle na Região Norte.

Documento do PCC: na primeira etapa da análise, publicada ontem, abordei como o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) disputou o controle da Região Norte, enfrentando e aliando-se a Família do Norte FDN, Comando Vermelho CV e outros grupos menores e investiguei as possíveis estratégias escondidas no documento. Agora volto para aprofundar a análise, buscando entender significados e mensagens ocultas, intenções, sentimentos e pistas sobre a dinâmica por trás da criação do documento.

Documento do PCC – Análise Aprofundada

Contexto Histórico dos Grupos Criminosos

A mensagem reflete o contexto de conflitos entre grupos como PCC e CV. Surgiram em momentos distintos, mas são frutos de fatores sociais, políticos e econômicos que moldaram o crime organizado no Brasil.

Raízes do PCC no Sistema Prisional

O documento do PCC aborda a origem do PCC no sistema prisional. Políticas públicas para melhorar condições prisionais e programas de reabilitação são fundamentais para evitar a radicalização e fortalecimento de organizações criminosas.

Hierarquias e Dinâmicas Internas dos Grupos Criminosos

A mensagem evidencia diferentes grupos criminosos com suas próprias hierarquias e dinâmicas. Indica uma complexa rede de organizações no submundo do crime, com diferentes objetivos e métodos de atuação.

Impacto na Segurança Pública

Os grupos criminosos e suas ações representam ameaças à segurança pública. A violência entre grupos e contra inocentes pode aumentar a criminalidade e a insegurança na sociedade.

A violência é uma instituição tão natural como a própria vida humana. Decorre do nosso instinto de sobrevivência, sendo o grande motivo para o homem ter dominado a natureza. Mas essa afirmação não pretende trazer glamour à violência.

Talvez no último estágio da existência humana, a evolução definitiva seja exatamente vencer o instinto natural que nos propala a nos destruirmos mutuamente.

Conexão Teresina: uma crônica sobre a atuação do PCC no Piauí

Conflitos e Competições entre Grupos Criminosos

A mensagem mostra conflitos e competições entre grupos criminosos por recursos, poder e influência. Tais dinâmicas ocorrem em diversas sociedades e culturas ao longo da história.

Influência das Transformações Sociais e Políticas

Os criminosos são afetados pelas mudanças sociais e políticas. A referência a fatos investigados indica adaptação de estratégias e ações em resposta ao cenário em constante mudança.

Condenação à Violência Contra Inocentes

A mensagem condena ações violentas de outros grupos criminosos contra inocentes. Indica a existência de normas e valores que guiam o comportamento dos membros do grupo, diferenciando-os de outros grupos.

Impacto Negativo da Violência e do Crime

A mensagem realça os efeitos negativos da violência e do crime na sociedade, incluindo perda de vidas inocentes e repercussões no bem-estar social e na estabilidade das comunidades afetadas.

Violência entre Grupos e Consequências

A mensagem menciona a violência entre grupos criminosos e suas consequências para os envolvidos e inocentes, evidenciando a natureza conflituosa das relações entre esses grupos e as tensões decorrentes da disputa por territórios, recursos ou poder.

Custos Sociais Significativos

O documento menciona conflitos entre organizações criminosas e atos de violência que afetam pessoas inocentes, gerando custos sociais significativos, como aumento nos gastos públicos com segurança, saúde e justiça, e impactando negativamente a qualidade de vida da população.

Documento do PCC: Culturas e Sistemas de Valores Específicos

Grupos criminosos como o PCC possuem culturas e sistemas de valores específicos, incluindo lealdade, proteção mútua e rejeição de certas práticas violentas contra inocentes. Isso revela normas e tradições transmitidas e reforçadas entre os membros.

Preocupação e Solidariedade com Membros do Grupo

O autor mostra preocupação e apoio aos “irmãos” e “companheiros”, revelando um forte senso de pertencimento e identificação. Adota uma postura defensiva, disposto a proteger sua “família” e enfrentar ameaças.

Cultura e Identidade no PCC

A linguagem e o tom evidenciam aspectos da cultura e identidade do PCC. A associação ao grupo pode proporcionar identidade e conexão social aos indivíduos marginalizados. A solidariedade entre membros sinaliza uma identidade coletiva baseada em laços de lealdade e pertencimento.

Reflexões Filosóficas Sobre Comunidade e Identidade

O senso de identidade e comunidade no PCC levanta questionamentos filosóficos sobre o que define uma comunidade e como os indivíduos encontram propósito em um grupo específico. Isso também abre discussão sobre as noções de “bem” e “mal” e suas diferentes interpretações em diversas comunidades.

Autor com Consciência Política e Social

A menção às opressões do governo sugere que o autor vê o grupo como uma força de resistência contra a injustiça, demonstrando consciência política e social.

Narrativa de Luta e Resistência

A mensagem busca construir uma narrativa em torno da luta dos grupos, enfatizando resistência à opressão e proteção aos membros. Analisar essas narrativas ajuda a entender como o crime organizado é moldado pela memória histórica e busca legitimidade.

Relações de Poder e Dinâmica do Crime Organizado

A mensagem destaca a luta por poder e influência entre grupos, mencionando a opressão governamental como fator motivacional para o PCC. Analisar as relações de poder entre atores sociais, incluindo Estado e grupos criminosos, é crucial para entender a dinâmica do crime organizado.

Relação entre Grupos Criminosos e Instituições Estatais

O autor menciona a opressão governamental como fator motivacional, sugerindo a importância de analisar a relação entre grupos criminosos e instituições estatais, incluindo corrupção, impunidade e políticas públicas.

Influência das Condições Sociopolíticas

A mensagem sugere que condições sociopolíticas e econômicas desempenham papel importante na criação e manutenção de grupos criminosos, como resposta a percepções de injustiça e marginalização.

Documento do PCC: Pensamento Consequencialista e Responsabilidade

O autor e o PCC veem suas ações como resposta às injustiças e opressões. Isso pode ser interpretado como pensamento consequencialista, levantando questões sobre responsabilidade coletiva e individual pelos atos dos membros do grupo.

Crime Organizado, Estado e Forças Sociais

A menção à opressão governamental e a formação do PCC como resposta levantam questões sobre as relações entre crime organizado, Estado e forças sociais e políticas mais amplas.

Indignação e Raiva com Ações de Milícias e Gangues

O autor expressa indignação e raiva pelas ações das milícias e gangues, valorizando a justiça e rejeitando atitudes covardes que envolvam violência contra inocentes.

Justiça, Vingança e Proporcionalidade

O autor busca justiça e retribuição contra quem causou danos a familiares e inocentes, levantando questões filosóficas sobre justiça, vingança e proporcionalidade nas respostas às ações alheias.

Questões Éticas e Morais no Crime Organizado

A mensagem aborda questões éticas e morais ao condenar violência contra inocentes e familiares, levantando discussões sobre princípios éticos e morais que guiam as decisões dos membros do grupo, e as diferenças entre valores morais de diferentes grupos criminosos.

Linguagem Direta e Assertiva

O autor utiliza linguagem direta e assertiva, abordando questões de forma clara e sem rodeios, demonstrando valorização da honestidade e transparência na comunicação.

Simbolismo e Identidade Coletiva

A mensagem usa linguagem específica e simbólica ao se referir aos membros do grupo, sugerindo que grupos criminosos empregam rituais e símbolos para fortalecer sua identidade coletiva e coesão interna.

Tom Agressivo e Negativo

O documento do PCC possui um tom agressivo e negativo, podendo e gerar imagem negativa da organização, além disso, a estrutura do texto é confusa e falta coesão entre ideias apresentadas.

Coloquialismo e Informalidade

A linguagem do documento é coloquial e informal, com expressões e abreviações típicas do jargão usado entre membros de uma organização criminosa, dificultando a compreensão por um público externo e menos familiarizado com esse tipo de linguagem.

Documento do PCC: Complexidade do Cenário Criminal

A mensagem destaca a complexidade do cenário criminal e a necessidade de abordagens adaptadas às especificidades de cada grupo e contexto, incluindo análise de diferentes estratégias e políticas de segurança pública, além de cooperação internacional no combate ao crime organizado.

Efeitos no Investimento e Desenvolvimento Econômico

A presença de grupos criminosos e o aumento da violência podem afetar negativamente a imagem do país e a percepção de segurança, desencorajando investimentos e prejudicando o desenvolvimento econômico, já que empresas podem evitar estabelecer-se em áreas com altos índices de criminalidade.

Impacto no Mercado de Trabalho

A violência e a criminalidade podem afetar o mercado de trabalho, gerando uma parcela significativa da população desempregada ou subempregada e limitando a mobilidade e a segurança dos trabalhadores, afetando sua produtividade e o crescimento econômico.

Efeito no Turismo

A violência e a presença de grupos criminosos podem desencorajar o turismo, uma importante fonte de renda para muitas regiões, resultando em perda de receita e empregos relacionados a esse setor e afetando negativamente a economia local.

Comunicado Geral Estados e Países – 04/04/2023 – Região Norte

histórico da disputa do PCC na Região Norte e posíveis estratégias apontadas nesse comunicado geral

Análise do Comunicado Geral Estados e Países PCC Região Norte

A situação das facções criminosas na Região Norte do Brasil, explorando as alianças e rivalidades entre elas, e considerando as possíveis estratégias e táticas para lidar com essa conjuntura. A análise abrange a ascensão e queda de organizações como Família do Norte, Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital.

Participe da Análise do Comunicado

Análise do Comunicado: a gente aprende muito com a experiência de cada um! Conto com vocês pra compartilhar o que sabem e o que pensam sobre isso nos nossos grupos ou me mandando uma mensagem privada. Valeu!

Mudanças Inesperadas na Guerra entre Facções

Recentemente, postei o “Comunicado Geral Estados e Países – 04/04/2023 – Região Norte”, e agora, analisarei seu conteúdo.

A Região Norte presencia reviravoltas surpreendentes no conflito, tornando-se difícil acompanhar os eventos, mas, afinal, o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) conseguirá ameaçar a presença do Comando Vermelho (CV) na Região Norte?

O Comando Vermelho no Norte do Brasil

A poderosa Família do Norte estabeleceu uma aliança com o Comando Vermelho, proveniente do Rio de Janeiro.

A facção criminosa carioca, renomada por sua habilidade em guerrilha urbana, demonstrou também ser mestre no controle territorial e nos negócios obscuros do submundo do crime organizado.

Além disso, esse grupo possui vasto conhecimento do mercado internacional, o que lhes conferiu uma vantagem estratégica inestimável aos associados do FDN.

Esta aliança formidável entre as duas facções gerou um impacto significativo na dinâmica do crime na região, tornando-se uma força a ser reconhecida e temida por outros grupos criminosos.

Mas, utilizaram-se de inteligência e terror, investindo em jovens da região e enviando reforços do Nordeste e Sudeste, surpreendentemente, o Primeiro Comando da Capital ameaçou a hegemonia da aliança FDN e CV.

A ação de guerrilha da facção PCC deu resultado depois de muito sangue derramado pelas ruas de Manaus e por todo interior do Amazonas.

Táticas que tradicionalmente são usadas pelo Primeiro Comando da Capital e Comando Vermelho não terão resultado naquela região com tantos grupos criminosos espalhados por uma área tão extensa, no o mapeamento, ações surpresa, emboscadas e intimidação podem dar resultado.

Desestabilização gera mudança de poder

A desestabilização da FDN foi resultado de várias ações coordenadas pelas autoridades públicas, como investigações, operações policiais e transferências de lideranças.

Ao isolar as lideranças da FDN, o poder público conseguiu minar a capacidade de comando e articulação do grupo criminoso, e essas divisões internas contribuíram para o seu enfraquecimento.

Sem uma liderança unificada e com disputas internas pelo poder, a organização criminosa ficou mais vulnerável a ações do poder público e ao avanço de outras facções.

O Primeiro Comando da Capital, por sua vez, soube aproveitar a oportunidade para expandir seu território e consolidar-se como a maior facção criminosa do Brasil.

Com uma estrutura organizacional mais sólida e uma liderança mais coesa, o PCC foi capaz de preencher o vácuo deixado pela FDN e estabelecer-se na região amazônica.

A derrocada do Primeiro Comando da Capital

O poder público auxiliou a vitória do PCC ao isolar líderes da FDN, causando divisões internas. Grupos como o Cartel do Norte surgiram e se aliaram ao PCC contra a FDN e o CV.

Entretanto, algo ocorreu. Hoje, grupos nativos e do CV dizimam o que restou da facção paulista na região.

Aqui no site, acompanhei vários jovens isolados reclamando do isolamento e sendo mortos ou fugindo com suas famílias.

Análise do Comunicado: O desafio atual do Primeiro Comando da Capital

O documento da Sintonia Fina do PCC afirma que não tolerará mais ataques. Mas como transformar essa ameaça em prática?

Mas em vez de enfrentar dois grandes grupos organizados e hierárquicos como no passado, a facção de São Paulo agora lida com vários grupos fragmentados, enraizados na comunidade local e unidos somente por interesses compartilhados com o Comando Vermelho.

A abordagem de guerrilha e a promoção da divisão não serão tão eficazes quanto antes.

Tentativas anteriores de estabelecer pontos de apoio em áreas estratégicas, como a realizada em Manaus há alguns anos, não tiveram sucesso, mesmo com o suporte do aliado daquele tempo, o Cartel do Norte.

Para ter alguma chance de vitória, o PCC precisará reconstruir pontes com antigos aliados ou conquistar novos.

Por alguma razão, o CV manteve uma aliança com a FDN, enquanto o PCC não conseguiu manter ao seu lado grupos tradicionais.

Todos os lados nessa guerra buscam vitórias através do desgaste e exaustão do oponente, com ataques persistentes e prolongados, sem grandes ações de retomada de áreas.

Uma guerra de informação e desinformação

Eu diria que o Primeiro Comando da Capital só conseguirá competir na região através de um sólido trabalho de inteligência e contrainteligência, com foco em cooptar líderes-chave para causar divisões ou fazer com que grupos mudem de lado.

Empregar ataques diretos para dominar áreas e rotas em uma região tão vasta e repleta de locais de difícil acesso tornaria essas ações muito caras e ineficazes, além de provocar o descontentamento da população local, que provavelmente possui parentes envolvidos nos grupos inimigos do PCC.

Disseminar informações e desinformações aos grupos isolados por meio de agentes infiltrados pode incentivar essa divisão e facilitar acordos com líderes dispostos a cooperar, além de levar o adversário a realizar ações que resultem em baixas.

Aguardo vossos comentários e opiniões sobre esta análise do comunicado, enriquecendo o debate e expandindo nosso conhecimento.

Comunicado Geral Estados e Países – 04/04/2023 – Região Norte

Comunicado Geral do PCC a respeito de conflitos com outras gangues e milícias, como o Comando Vermelho CV, que têm atacado familiares e pessoas inocentes. O Primeiro Comando da Capital expressa indignação, condena essas ações violentas e sinaliza que irá reagir para proteger sua família e membros.

Ataque dos inimigos na Região Amazônica

Primeiramente, um abraço a todos os irmãos (as) e companheiros (as).

Vamos abordar uma questão que vem acontecendo há algum tempo e, nos últimos dias, vem ocorrendo com frequência.

Vamos direto ao ponto:

Uma milícia chamada Comando Vermelho e algumas gangues que agem igual a eles, que não têm autonomia e controle sobre seus integrantes, vêm tirando a vida de familiares nossos e também de pessoas inocentes que não têm nada a ver com a nossa guerra, com o objetivo de intimidar nossos irmãos (as) e companheiros (as) dentro dos estados, como Amazonas, entre outros.

Um recado importante

Pois bem, vamos mandar aqui um recado para vocês que compactuam com esses tipos de atitudes covardes contra pessoas inocentes.

Nós, do Primeiro Comando da Capital, fomos criados em cima de opressões por parte do governo e, até hoje, estamos firmes e fortes na luta, lutando sem parar.

Com vocês não será diferente

As atitudes desses covardes estão gerando ódio e revolta. Portanto, com toda nossa indignação perante todos os fatos que vêm sendo apurados, daremos um recado para essa milícia do CV e outras gangues que compactuam com as atitudes deles:

Aquele que vier mexer com nossa família, iremos usar de todos os recursos que temos e vamos cobrar de igual.

Não é nosso objetivo, muito menos o que queremos, mas não vamos aceitar que a vida de nossos familiares e pessoas inocentes sejam tiradas por esses animais sem cérebros.

Então, aqui está toda nossa indignação, deixando claro que não iremos mais aceitar tais fatos apurados e narrados neste comunicado.

Deixamos um abraço a todos os irmãos (as), companheiros (as) e a todo o crime do Brasil que corre com o certo, sem exceção.

Assinado: Apoio S.F, Primeiro Comando da Capital – Estados e Países.

histórico da disputa do PCC na Região Norte e posíveis estratégias apontadas nesse comunicado geral

análise aprofundada do documento: Comunicado Geral Estados e Países – 04/04/2023 – Região Norte