O Anjo da Guarda no Clube Comerciários de Itu e a facção PCC

“Anjo da Guarda” traz uma narrativa surpreendente, misturando elementos do sobrenatural com a dura realidade das ruas. O conto explora o papel protetor dessas entidades espirituais durante uma noite turbulenta que se desenrola em um clube noturno e nas ruas da cidade, envolvendo até o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533).

“Anjo da guarda” não é apenas um conceito religioso, mas uma força que pode atuar de maneiras inesperadas. Nesta narrativa, acompanhe um anjo em uma noite cheia de desafios, em um ambiente pouco comum para estas criaturas celestiais. No Clube Comerciários de Itu, nosso anjo precisa intervir em uma briga entre mulheres.

A complexidade da situação aumenta quando se torna aparente que o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) tem interesse na resolução rápida da confusão. Este relato traz à tona como forças divinas e humanas podem se intercalar, e como o inesperado pode ser um instrumento de paz e resolução.

Esta história, originalmente escrita em dezembro de 2011, nos lembra da importância de buscar compreender o incomum e o sobrenatural. Convidamos todos os nossos leitores a compartilhar suas opiniões e reflexões sobre a narrativa no site, em nosso grupo de leitores ou através de mensagens privadas.

Anjo da Guarda pede ajuda ao Disciplina Primeiro Comando da Capital

Dizem aos anjos-da-guarda para nunca escolherem suas missões, e naquele instante, ele entendia o porquê.

A mãe daquela menina sempre ensinara que a noite era para repouso, um momento para recuperar as forças após um longo dia de labuta e estudo. Que os anjos cuidavam dos que descansavam em seus lares, mantendo-os em paz. Mas ela estava errada. A noite era um campo aberto para aventuras e paixões, para a dança, para os encontros e desencontros. Era quando os anjos tinham que estar mais vigilantes, protegendo aqueles que buscavam diversão nas ruas, pontos de encontro e clubes.

O anjo-da-guarda que tinha a missão de proteger a jovem estava exausto. Apesar disso, ele a tinha escolhido. Depois de inúmeras gerações protegendo homens que frequentemente se metiam em confusões mortais por motivos banais, ele desejou uma mudança. As mulheres pareciam mais sensatas, pensou ele, que era por evitar conflitos desnecessários.

Agora, no entanto, ele questionava sua escolha. Talvez seu superior tivesse feito uma brincadeira de mau gosto ao designar sua protegida. Ela estava no Clube Comerciários em Itu, um local onde ele já havia testemunhado uma briga que acabou com uma alma enviada ao inferno. Agora, ele via sua protegida envolvida em uma confusão semelhante…

Anjo da Guarda e a briga de mulheres no clube

Lauren Cristiane acabara de levar um soco. Ela afirmou que estava apenas passando perto de um trio de mulheres quando alguém esbarrou em suas bebidas, desencadeando uma reação violenta. Elaine Cristiane, que estava por perto, testemunhou que Lauren levou a culpa sem merecer. A verdadeira culpada foi uma mulher com cabelos kanekalon que havia causado o acidente. Mas em meio à confusão, Lauren foi a primeira a ser agarrada.

Os seguranças do Clube Comerciários, Valdemar e Edilson, intervieram. Eram parte da equipe comandada pelo temido e respeitado investigador Moacir Cova, uma figura cuja reputação sempre precedia seu nome. Rapidamente, eles agiram para interromper a confusão, colocando as duas mulheres para fora do clube. De alguma forma, o anjo da guarda sussurrou em seus ouvidos, alertando-os do perigo de haver um derramamento de sangue.

No entanto, a raiva não se dissipou. Os grupos de mulheres, longe de se acalmarem, continuaram a se agredir em frente ao clube. No entanto, o lugar era conhecido por outro tipo de atividade noturna – o comércio de drogas. Era um dos pontos mais lucrativos de Itu, gerenciado pelos traficantes do Primeiro Comando da Capital. Eles observavam as mulheres, preocupados que a atenção indesejada que a briga estava atraindo pudesse prejudicar seus negócios.

Nesse momento, o anjo-da-guarda interveio novamente. Dessa vez, ele alertou os traficantes sobre os riscos que a continuação do conflito poderia acarretar. Eles entenderam o recado e agiram, colocando um fim à briga para evitar atrair mais atenção para o local. Assim, mesmo que de maneira inusitada, o anjo conseguiu proteger sua protegida. Mas a lição estava aprendida – nunca mais escolheria uma missão.

O desfecho se dá na Justiça dos homens

Após a tempestade, Lauren, a protegida do anjo, tomou uma decisão. Inconformada com a injustiça, ela foi à Delegacia da Mulher DDM de Itu durante a semana, determinada a dar seu depoimento. Encontrou a Guarda Civil Municipal Doralice de plantão naquele dia. A história foi contada em detalhes, com Lauren descrevendo a agressora: uma garota de 1,70m, cabelos castanhos escuros presos em rabo de cavalo, magra, de rosto fino e branco, com uma tatuagem na barriga. A mulher foi identificada como Camila.

Uma testemunha que estava presente corroborou a história de Lauren. Ela afirmou que Camila havia se gabado de sua suposta imunidade, dizendo que todos deveriam saber com quem estavam mexendo. No entanto, essa arrogância não foi bem recebida pelo juiz de direito, Dr. Hélio Villaça Furukawa, que não estava impressionado com tais ameaças.

De acordo com a sentença do Dr. Furukawa, Camila foi condenada a pagar ao Instituto Formando Gente a quantia de R$ 800,00. A justiça havia sido feita, graças à coragem de Lauren, ao trabalho diligente da GCM Doralice e à intervenção oportuna do anjo-da-guarda. Mas a lição ainda ressoava – os anjos-da-guarda nunca devem escolher suas missões.

texto publicado originalmente em dezembro de 2011 no site: aconteceuemitu.org

Armas do Paquistão nas Mãos do Primeiro Comando da Capital

Neste artigo, exploramos a intrigante transação entre o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) do Brasil e a máfia ‘Ndrangheta da Itália. Em um trama que desafia a imaginação, estas entidades trocam “Armas do Paquistão” por cocaína, criando uma rede de crime internacional que desafia a lei e a ordem.


“Armas do Paquistão” – duas palavras simples, mas capazes de abrir um labirinto de sombras e segredos. Adentre neste emaranhado onde o perigo se esconde a cada esquina. Nesta trama, o Primeiro Comando da Capital (Facção PCC 1533), uma facção brasileira, une-se ao obscuro mundo da ‘Ndrangheta italiana, em uma aliança envolta em mistério.

A revelação dessa parceria, uma inquietante descoberta, é o convite para uma jornada que promete te transportar para o submundo da criminalidade internacional. Prepare-se para mergulhar na trama que une Brasil e Itália de uma maneira nunca antes imaginada.

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Armas do Paquistão via ‘Ndrangueta

As armas do Paquistão encontraram seu caminho até o Brasil, adquiridas de forma sinistra pelo Primeiro Comando da Capital. A poderosa facção criminosa conseguiu essa façanha em troca de cocaína, um acordo fechado com a ‘Ndrangheta, uma organização mafiosa sediada na Calábria, Itália. A surpreendente revelação foi feita pelos incansáveis oficiais da Direção Antimáfia Italiana (DIA), culminando na prisão de 132 suspeitos.

Longe de serem apenas organizações criminosas, a ‘Ndrangheta e o PCC agem como epicentros de vastas federações criminosas. Uma colcha de retalhos de culturas, base e origem, estão enraizadas em nações diferentes, permeando diversos continentes. Enquanto a ‘Ndrangheta mantém sua fortaleza na Calábria italiana, o PCC opera predominantemente no sudeste do Brasil.

O envolvimento da ‘Ndrangheta no tráfico de armas internacional foi desmascarado. Uma operação que revelou o envio de armas do Paquistão ao PCC em troca de remessas de cocaína. Nessa sinistra rede de crime, um padrão de lavagem de dinheiro foi revelado, com “investimentos massivos na Bélgica, Alemanha, Itália, Portugal, Argentina, Uruguai e Brasil”.

Conexões Insólitas, a Estrada para o Velho Continente

Embora distintas, essas organizações estabeleceram laços perturbadores. O tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro são apenas algumas de suas atividades conjuntas. A parceria sinistra levou toneladas de cocaína da América do Sul para a Europa.

Os primeiros indícios dessa aliança sombria surgiram em 2014, revelados durante a Operação Overseas da Polícia Federal brasileira. Este projeto expôs uma rede que incluía a ‘Ndrangheta italiana, criminosos colombianos e a máfia sérvia, todos unidos na tarefa de transportar cocaína para a Europa.

A maior parte da cocaína entrava pelos portos da Antuérpia, na Bélgica, Roterdã, na Holanda e de Gioia Tauro, na Calábria, sul da Itália.

Ao desembarcar na Europa, a droga passava para as mãos habilidosas da máfia sérvia. Conhecidos por operar discretamente ao redor do mundo, eles garantiam a distribuição final da mercadoria, tecendo uma complexa rede de contatos e intermediários.

Uma Antiga Ligação, Clã Šarić e o Porto de Santos

Embora a união entre a máfia sérvia e a facção PCC seja conhecida apenas desde 2014, Bozidar Kapetanovic já operava como o elo entre elas. Este homem, integrante do clã sérvio de ex-militares liderados por Darko Šarić, facilitava o envio de drogas para a Europa, provenientes da Colômbia, Bolívia e Paraguai.

Apesar da Operação Brabo ter desmantelado o esquema em 2009, há indícios de que o grupo possivelmente já utilizava a infraestrutura logística do PCC no Brasil, mais especificamente o porto de Santos. Em 2016, quando o Clã Šarić foi novamente alvo de uma ação policial, foi confirmada a parceria com a facção PCC no transporte de drogas até a boca de embarque.

Desde então, várias operações visaram a aliança entre o PCC e a ‘Ndrangheta. Surpreendentemente, o método de pagamento e a rede de lavagem de dinheiro desses criminosos veio à luz. Suspeita-se do uso de bitcoins e do sistema “dólar-cabo”, como revelado na Operação Echelon em São Paulo.

O Reino da Máfia Calabresa e suas Perigosas Ligações

Responsável por extorsão, lavagem de dinheiro, assassinatos e tráfico de drogas, a máfia calabresa controla o mercado de drogas na Europa e na Austrália, em colaboração com o Cartel do Golfo colombiano e outras organizações atuantes no Equador.

Desvendando as teias de Nápoles, encontramos a Camorra. Este grupo sinistro do crime organizado supostamente tem laços profundos com a Al-Qaeda e com o grupo separtista basco ETA Euskadi Ta Askatasuna (Euskadi Pátria e Liberdade). Abundam rumores de uma troca inquietante – a Camorra fornecendo abrigos seguros, documentos falsificados e armas de fogo para a Al-Qaeda em troca de narcóticos.

Ademais, murmúrios falam de um pacto com o ETA. Aparentemente, a Camorra oferta armas pesadas como lançadores de mísseis ao ETA, recebendo em troca montanhas de cocaína e haxixe. Todavia, nada é definitivo nesta dança de sombras e segredos.

Al-Qaeda: Tecendo Trilhas de Contrabando

A Al-Qaeda, por sua vez, está envolvida em rotas de contrabando de armas. Estas trilhas serpenteantes cruzam com a notória Cosa Nostra siciliana, a escura ‘Ndrangheta calabresa e um misterioso traficante de pessoas egípcio com supostos vínculos à Al-Qaeda.

As armas apreendidas, inicialmente vendidas legalmente, mas desativadas, estão à beira de um despertar sinistro. Portanto, é crucial desvendar esse emaranhado antes que se tornem ferramentas de destruição novamente.

Laços Ocultos, levantando o véu

No entanto, a busca incessante para desvelar a conexão direta entre a máfia italiana e os grupos terroristas paquistaneses na névoa densa do tráfico de armas é um labirinto intricado apenas começando a ser iluminado.

A volatilidade de grupos criminosos organizados e redes terroristas tem o efeito sinistro de camuflar essas conexões. Alianças efêmeras e métodos operacionais que mudam como areias movediças tornam as informações fugazes, como a luz cintilante de uma vela no escuro.

Em meio a esse universo escondido, onde sombras e silêncio são os habitantes mais fiéis, a verdade é tão rara quanto um oásis no deserto. A despeito disso, a necessidade de desvendar os mistérios enigmáticos dessas organizações torna-se mais imperiosa, como um clamor silencioso, um eco no vazio, ansioso para compreender a iminente tempestade que se avizinha para o mundo exterior.

Disputas de Poder: Primeiro Comando da Capital de 2001 a 2006

A jornada deste texto percorre a história da facção PCC 1533 de 2001 a 2006, um período marcado por intensas disputas de poder e contradições, revelando uma faceta complexa da criminalidade em São Paulo.

“Disputas de poder” delineiam a essência deste relato. No coração desse emaranhado, o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), prevalece. Testemunhe sua ascensão entre 2001 a 2006.

Em meio ao caos, desenrola-se uma dança do poder, onde a política de segurança pública, paradoxalmente, fortalece a facção PCC. Nossa jornada começa aqui, dentro do intricado universo do PCC.

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2001 a 2006 – Disputas de Poder com a sociedade

Em 1997, um grito audaz ressoou do submundo criminoso, desafiando a sociedade como um fantasma emergindo das sombras. O Primeiro Comando da Capital, ousadamente, forçou o reconhecimento de sua existência, garantindo a publicação de seu estatuto e selando sua imagem como uma organização criminosa.

Essa atitude, talvez impulsionada por uma busca de satisfação do ego, talvez pelo desejo de derrubar o estigma do criminoso comum, tido como “inferior e ignorante”, surgiu como um movimento ousado e estratégico.

No jogo xadrez das “Disputas de Poder”, esta manobra se revelou mais do que uma simples busca por reconhecimento. Foi uma jogada tática astuta, um lançamento calculado de um dado que traçaria o caminho para o crescimento iminente da organização nos anos que viriam.

Medo, Repulsa e a Imprensa como Alto-falante

As entranhas da cidade escondiam mais do que apenas o medo e a repulsa – elas abrigavam uma força emergente, prestes a deixar sua marca indelével no tecido da sociedade. Esta era a ascensão silenciosa, porém inconfundível, do Primeiro Comando da Capital.

Em meio a um cenário que desafiava qualquer lógica convencional, a mídia assumiu o papel de alto-falante para as atividades do PCC, aumentando exponencialmente a sua notoriedade. Em uma tentativa de projetar uma imagem de eficácia e ação à população, várias correntes ideológicas implementaram políticas de Segurança Pública. No entanto, ao invés de subjugar a influência do PCC, elas fortaleciam inadvertidamente a organização criminosa. Como um fogo alimentado pelo vento, a estrutura do PCC parecia apenas se fortalecer frente a estes esforços.

O período de 2001 a 2006 marcou a entrada do Primeiro Comando da Capital numa nova fase, uma era definida por intensas disputas de poder. Este tempo, preenchido com dilemas e conflitos tanto internos quanto externos, escancarou a complexidade do ambiente no qual a facção PCC estava imersa.

No palco externo, a intenção das políticas governamentais colidiu com sua eficácia na prática. Ao invés de conter a influência da PCC, as medidas adotadas pela segurança pública paulista deram um impulso inesperado à organização criminosa. As transferências de presos, pensadas para diluir a força da PCC, acabaram por criar uma rede de influência mais extensa e consolidada, tanto dentro quanto fora das prisões.

Sede fecundos, disse-lhes ele, multiplicai-vos e enchei as trancas.
Vós sereis objeto de temor e de espanto para todo aquele que pensar em se opor a vós.
Tudo o que se move e vive vos servirá de alimento; eu vos dou tudo isto, como vos dei a erva e o pó.
Somente comereis carne com a sua alma, com seu sangue.
Todo aquele que trair a nós terá seu sangue derramado pelos irmãos, porque faço de vós a nossa imagem.
Sede, pois, fecundos e multiplicai-vos, e espalhai-vos sobre a terra abundantemente.

Operação Dictum PCC 15.3.3

Disputas de Poder dentro da Facção

No cenário interno, as disputas de poder intensificaram-se. Os líderes, outrora respeitados e inquestionáveis, agora enfrentavam um panorama de incerteza e instabilidade. Sombra, um dos generais mais admirados, fora brutalmente assassinado em 2001, durante seu banho de sol na prisão de Taubaté. Os motivos do assassinato de Sombra nunca foram confirmados oficialmente, mas diversas teorias circulavam entre os membros da PCC. Talvez fosse uma jogada de uma facção rival, talvez uma rixa pessoal, ou ainda uma tentativa de outro líder da PCC para aumentar seu poder. A verdade permaneceu nebulosa.

O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), já estabelecido, encontrou forte resistência entre os detentos. No entanto, as lideranças do PCC incessantemente buscavam meios para se evadir deste castigo institucional, agitando o ambiente penitenciário. Paralelamente, a PCC logrou eliminar diversas organizações rivais em São Paulo, isolando as que apresentavam mais resistência. Curiosamente, ao concentrar todas as lideranças no presídio P2 de Presidente Venceslau, o estado inadvertidamente forjou um Quartel General para o Primeiro Comando da Capital, facilitando a coordenação entre os diferentes líderes do estado.

[…] o RDD acabou por contribuir para a consolidação de lideranças dentro do sistema prisional. A construção da autoridade das lideranças no interior de organizações tais como o PCC se dá a partir da valorização de alguns atributos do indivíduo, especialmente ligados à autonomia e independência frente a qualquer poder ou autoridade formal de modo que o preso que recebe como punição a alguma falta a remoção para o RDD acaba encarnando a imagem exemplar da insubmissão às regras oficiais do Estado.

Bruno Lacerda Bezerra Fernandes

Da disputas de poder à pacificação

A hegemonia da PCC nas prisões estava em plena expansão, com a organização ocupando o vácuo de poder deixado pelas facções extintas.

No implacável jogo de poder do submundo, o PCC mostrou-se eficiente ao enfrentar seus rivais. Ao eliminar muitas organizações adversárias em São Paulo, orquestrando uma verdadeira guerra estratégica, cujo objetivo era estabilizar sua influência e conquistar o poder e a hegemonia nas prisões. Organizações contrárias como o Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade CBRC, a Seita Satânica SS, o Serpentes Negras e Comando Democrático da Liberdade CDL, de fato, desapareceram após 2001.

Este cenário gerou um vácuo de poder, um espaço vazio que ansiava por domínio. A habilidade do PCC em preencher essa lacuna tornou-se evidente à medida que expandiam gradualmente seu controle, utilizando a violência como um instrumento para reforçar seu poder e recrutando novos membros para suas fileiras. A cada passo, o Primeiro Comando da Capital foi tomando as rédeas, crescendo não apenas em influência, mas também em número, com o aumento constante de seus afiliados. Nesse tabuleiro de xadrez do crime, a cada movimento, a facção PCC consolidava sua supremacia.

Apesar das circunstâncias adversas, a Primeiro Comando da Capital conseguiu estabelecer uma espécie de “pacificação” nos presídios entre 2002 e 2004. Este termo, contudo, não significava uma verdadeira paz, mas o fim das violentas disputas de poder entre as facções. No entanto, os crimes fora das prisões, como fugas, assaltos e sequestros, continuaram a ocorrer.

A pacificação dependeu da capacidade do PCC em construir um discurso de união do crime e organizar o interesse dos empreendedores de drogas numa mesma direção. Em São Paulo, a facção conseguiu funcionar como agência reguladora.

A Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil

As Sombras de São Paulo: o sonho de mizael

Mergulhando ainda mais fundo nos corações das sombras de São Paulo, em nossa narrativa do período entre 2001 e 2006, palco das “Disputas de poder” do notório Primeiro Comando da Capital. Vidas tecidas na violência, corações pulsando contra a corrente de seus destinos prescritos – é neste cenário que Mizael, um líder na trama da facção, encontra seu fim abrupto em fevereiro de 2002.

Mizael, uma figura emblemática do PCC, se destacou por sua visão que ia além do cotidiano criminoso. Ele sonhava com um diálogo direto com o governo brasileiro e organizações de direitos humanos, enxergando na denúncia de abusos do governo paulista, uma chance de mudança. Essa aspiração foi abruptamente interrompida por uma trama interna.

Te convido a enxergar além da brutalidade dos atos do criminoso condenado. Tente ver em Mizael um homem com um plano, um estrategista almejando mudanças para além das grades. Seus desejos ecoavam em um manifesto, onde fazia menção a figuras políticas e intelectuais relevantes, numa tentativa de criar diálogo no âmbito político-jurídico.

Entretanto, dentro do universo fechado do Primeiro Comando da Capital, os sonhos costumam ser encurtados. Cesinha, antigo aliado de Mizael e um dos generais do PCC, baseado em boatos, determinou o fim de Mizael. O líder foi assassinado em um ato simbolicamente cruel, tendo seus olhos arrancados, uma forma de suplício que ecoa a brutalidade deste universo.

Jogos de Poder

Neste jogo de xadrez humano, Mizael e Sombra, outro líder do PCC, se destacaram por suas visões inovadoras. Viu-se em Mizael o potencial de um líder político, ainda que dentro da estrutura de uma organização criminosa. Sua visão, entretanto, foi impedida por uma disputa de poder, comprovando a velha máxima de que em uma guerra interna, não há vencedores, apenas sobreviventes.

Para além dos atos violentos, percebemos os homens por trás da facção PCC, suas ambições e desejos, frustrações e medos. Em um mundo onde a luta pelo poder pode custar a vida, cada decisão tem um peso imenso e os erros, consequências fatais. Entre as sombras das disputas de poder, encontramos seres humanos em sua mais crua essência, lutando pela sobrevivência em um ambiente hostil.

A Reconfiguração do Poder: Traição e Reformulação

Durante esse período de 2001 a 2006, encontramos um cenário volátil nas entranhas do emblemático Primeiro Comando da Capital. As perdas de lideranças chave levaram a uma reestruturação significativa do poder dentro do grupo, dando início a uma fase de intensa reconfiguração interna.

Neste período, presenciamos o assassinato de Ana Maria Olivatto Camacho, ex-esposa de Marcola, perpetrado por Natália, esposa de Geleião. Este evento acendeu o estopim para uma onda de vingança dentro do PCC, com parentes de Natália sendo eliminados por seguidores de Marcola.

A trama de nosso relato se adensa com a delação de Geleião à polícia, num esforço desesperado para proteger sua esposa e a si mesmo. Esta traição foi repudiada pela facção, levando à expulsão de Geleião e Cesinha, líderes renomados do PCC.

O vácuo de poder deixado por estas convulsões internas foi preenchido por Marcola, que ascendeu à liderança do Primeiro Comando da Capital em 2003. Implementou uma reformulação radical, mudando a forma de atuação financeira, política e estratégica da organização.

O PCC Evolui e se estrutura como empresa

A nova fase do PCC foi marcada por uma reorganização, passando de uma estrutura piramidal centralizada para uma organização complexa e descentralizada. Esta mudança democratizou as formas de atuação do grupo, concedendo voz e voto na estrutura interna da facção.

Marcola introduziu o conceito de “Sintonias”, comissões ou setores compostos por vários “irmãos” que reportavam a uma “sintonia final”. Além disso, a facção incluiu os termos “Igualdade e União” no seu lema, evitando problemas internos de poder e melhorando a divisão do trabalho.

No seio desta remodelação, o tráfico de drogas surgiu como uma atividade lucrativa e segura, reduzindo a perda de membros em assaltos e sequestros. Esta mudança levou a facção PCC a se tornar uma organização de caráter empresarial, embora mantendo sua luta contra as opressões e injustiças.

Neste contexto, o PCC, que começou como um partido, continua a existir, agora também como uma empresa. Uma dualidade que produziu uma ruptura singular na história da facção, transformando-a numa entidade complexa e multifacetada.

Baseado no trabalho do pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna: “As faces da mesma moeda: uma análise sobre as dimensões do Primeiro Comando da Capital (PCC)”

Policiais Mortos no Litoral: na Visão de um integrante do PCC 1533

Neste texto, o leitor é imerso na tensa atmosfera que envolve a morte de dois policiais aposentados no litoral paulista e as repercussões disso dentro do Primeiro Comando da Capital (Facçã PCC 1533).

“Policiais mortos no litoral” são palavras que chamam a atenção. Mergulhe neste relato, vivenciando a tensão do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533). Em meio a adrenalina, você se tornará uma testemunha ocular.

Este texto aborda os desafios e os medos, além do fascínio que envolve a realidade do PCC. Uma narrativa arrebatadora que trará luz a um mundo sombrio, mas profundamente humano.

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Policiais assassinados no litoral: Tempo de caça

Policiais mortos no litoral. Esse era o grito dos noticiários. O cenário era real: uma caçada estava em andamento. A adrenalina dominava cada célula, cada pensamento. A tensão era palpável.

Estava aberta a temporada de caça. Não me refiro àquele caçador que esconde-se atrás da mira, apontando para seres desprotegidos na natureza. Falo de uma caçada mais temerosa, onde as presas têm armas que podem atirar de volta e estão em tocaias que só elas sabem onde são, onde o risco de morte é uma constante e onde a possibilidade de matar é uma escolha consciente, mesmo quando há consequências a enfrentar.

O sabor do perigo é indescritível. Enquanto escrevo este texto, recordo a força cega que me impulsionava, a liberdade e vida que se tornavam não importava. Mas a sede de vingança é um veneno que intoxica até os mais sensatos. O sangue chama por sangue, e o ódio alimenta o ódio. Esse é o ciclo vicioso que parece estar se repetindo agora no litoral.

A Mensagem do Jovem Integrante da Facção

Um jovem guerreiro, integrante do Primeiro Comando da Capital, sente agora essa pressão. Não vou julgar aqui a ele ou a quem quer que seja, só digo que sei o que sentia naquele momento. E vou descrever aqui como ele deve ter se sentido quando me mandou aquela mensagem. Ele encarou a mensagem em seu telefone com um arrepio de medo e excitação. Seu coração batia como acelerado, a adrenalina corria livre por suas veias.

“O bagulho tá molhado aqui no litoral, Choque, ROTA, BAEP, tamo tudo entocado na mata aqui. Tá daquele jeito, é só Taliban!” Ele prosseguiu, “O bagulho tá molhado, tá molhado mesmo, os verdinho tá mata, tá na mata daquele jeito! O bagulho tá frenético! Fogo no Parquinho! Todo litoral tá molhado,, todas, em Cubatão, São Vicente, Bertioga… todas as quebradas tá molhadas.”

E, em seguida, um silêncio. Um silêncio carregado de antecipação, um silêncio que pesava no ar como uma cortina de chumbo. Ele estava nas matas que sobem pela serra para o planalto, no meio do caos, assim como deve ter sido para tantos fugitivos por toda a história, de povos nativos caçados pelos primeiros colonizadores portugueses, escravos fugidos de seus senhores, e agora ele, caçado pela polícia. E ainda assim, de alguma maneira, ele estava mais vivo do que nunca.

Policiais Assassinados no Litoral: a Razão da Caça aos PCCs

Ao ser surpreendido pela mensagem de Cria do 15 no sábado, a percepção de que algo de muito significativo tinha ocorrido logo se instalou em mim. O fervor que a mensagem continha era indicativo de um enxame que deixou o ninho em um estado de fervor anormal. Mesmo em ações especializadas, raramente se vê uma mobilização tão estrondosa.

Logo, a névoa esclareceu-se, desvendando o estopim dessa turbulência. Foi em Guarujá, no litoral paulista, onde dois policiais aposentados encontraram seu fim trágico na tarde de sexta-feira, 19 de maio, por volta das 17 horas. Nelson da Silva, subtenente, e Clóvis Oliveira Barbosa, 3º sargento do Corpo de Bombeiros, guardavam um comércio na cidade quando foram mortalmente surpreendidos.

Após o assassinato, os criminosos fugiram em um Fiat Stilo, que foi localizado abandonado há uns dois quilômetros no bairro Vila Zilda, tendo no seu interior uma das armas roubadas dos policiais, uma pistola calibre 380.

A Realidade do “Bico”

Vivemos num mundo onde, paradoxalmente, um policial paulista, mesmo ganhando em média 81% mais do que um trabalhador formal – cerca de R$ 3.495 comparado a R$ 1.926 – não resiste à tentação de engordar a carteira com um ‘bico’ comercial. Um retrato que revela uma sociedade acentuadamente desigual.

No caso dos nossos protagonistas, um subtenente e um sargento, os seus vencimentos na ativa seriam, respectivamente, R$ 5.359 e R$ 4.518. No entanto, na aposentadoria, optaram por complementar seus rendimentos com um ‘bico’. Trabalhando 44 horas semanais num comércio não voltado ao luxo, estimamos que cada um poderia amealhar um extra de cerca de R$ 5.940 (à razão de R$ 30 por hora).

Os policiais, mesmo ganhando substancialmente mais que a maioria dos brasileiros, optam por arriscar suas vidas em trabalhos extras que, estatisticamente, matam 60% mais que os confrontos durante o horário de trabalho. Justificam tal escolha alegando a necessidade de complementar seus baixos salários.

Dois lados da mesma moeda

Do lado de cá, Nelson da Silva e Clóvis Oliveira Barbosa, dois homens mais velhos, trabalhadores incansáveis da segurança pública. Do lado de lá, jovens seduzidos pelo mundo do crime, arremessados por circunstâncias nem sempre claras em um universo onde a morte e a violência são apenas mais uma parte do cotidiano. Em um jogo que não escolheram jogar, esses homens se encontraram.

Ambos, os policiais aposentados, possivelmente tinham famílias para sustentar, sonhos a cumprir, uma vida para viver. O trabalho extra, o “bico”, não era só uma maneira de complementar a renda, era também uma forma de ocupação, uma maneira de continuar servindo e protegendo, algo que nunca deixou de ser parte de sua essência. A sensação de utilidade e de cumprir um papel, de não se entregar à ociosidade, era certamente uma força motriz. A certeza do dever cumprido acompanhava-os. Havia medo? Sim, sempre há. Mas havia também coragem e determinação.

Do outro lado, os jovens do Primeiro Comando da Capital encaravam a morte desses dois homens com uma excitação juvenil, misturada com um sentimento estranho e amargo de triunfo. Era como se, naquele ato, eles se colocassem contra a opressão de um mundo injusto, um mundo que parecia não ter lugar para eles. Não foi uma escolha feita de ânimo leve, mas uma resposta a um sentimento de desesperança e revolta. Estavam eles certos? Certamente não. Mas a vida raramente é definida por linhas claras de certo e errado.

Confronto de Realidades

A morte desses dois homens é lamentável, um triste lembrete da realidade violenta e incerta que muitos vivem. Mas é preciso tentar entender, entender que tanto os policiais aposentados quanto os jovens do PCC são produtos de uma sociedade que, de formas diferentes, falhou com todos eles.

Essa história não tem um final feliz, não tem heróis nem vilões. Há apenas pessoas, cada uma com seus próprios sonhos, esperanças e medos, navegando da melhor maneira que podem em um mundo que é muitas vezes hostil e inóspito. Há apenas pessoas tentando sobreviver, tentando encontrar alguma alegria e sentido em suas vidas.

E talvez, se pudermos aprender alguma coisa com essa história, seja que a verdadeira batalha não é contra o outro, mas contra a injustiça, a exclusão e a falta de oportunidades que leva tantos a caminhos violentos e desesperados. E que, no fim das contas, todos nós, independente de onde viemos ou do caminho que escolhemos, queremos o mesmo: ser felizes, ser livres, ser respeitados e amados. É um sonho simples, mas um que, para muitos, continua sendo apenas isso: um sonho. E é aí que reside a verdadeira tragédia.

Turma do Apito: vermes do Distrito de Cavaleiro em Pernambuco

Este texto oferece uma análise perspicaz do submundo criminoso em Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco. Ambientado no contexto atual, descortina o controle e influência do grupo “Turma do Apito” na região, através de um narrador peculiar que observa a dinâmica da cidade a partir da perspectiva de uma ave, um macuco, e um integrante da facção PCC.

“Turma do Apito” – um nome de tom quase inocente para um grupo que é tudo, menos isso. Descubra neste relato sombrio o poder invisível que regula o crime em Pernambuco.

Tendo como pano de fundo o sinistro Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), a história desvela a face de um distrito preso nas garras de uma milícia cruel. Aceite o convite à leitura e mergulhe neste universo desconcertante.

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Turma do apito, os vermes da sociedade

Estava sentado em uma rocha, isolado em um canto da Reserva Ecológica do Paiva. Me disseram que não havia macucos por aqui, mas ali estava um, um emblema da imprevisibilidade da natureza. Vindo de São Paulo, eu era um estranho naquelas terras, mas o macuco parecia ainda mais deslocado, um espectador quieto em um palco estrangeiro.

Era um belo pássaro, de presença solitária, que capturou minha atenção naquele instante. Assim como eu, o macuco estava distante de sua terra natal, parecendo estar à procura de algo, ou alguém. Este pássaro me lembrava de mim mesmo – observador, cauteloso, e, talvez, à procura de um novo começo.

Há alguns meses, desde que pisei em Recife, me aninhei silenciosamente em uma casa pouco visível no bairro Bomba do Hemetério. Minha vizinhança inclui um irmão do PCC, este, da terra, vive na moita, ambos observando, ambos sem levantar suspeitas. Nossa existência ali, como fantasmas invisíveis, é uma metáfora perfeita para o controle discreto e nefasto das facções criminosas na região. E foi ali, nesse silencioso reduto, que ouvi a história que mexeu com os nervos de todos nós.

Em Cabo, o domínio é do Comando Litoral Sul, a facção conhecida como CLS. Em outros lugares, eles não detêm o mesmo poder, exceto talvez em Ibura, onde a disputa sangrenta entre o Comando Vermelho e o PCC continua a ser travada. Camaragibe é outro local que vale a pena mencionar. Lá, a presença do PCC é tão forte quanto um vendaval. Orlando de Camaragibe é um nome que ressoa com intensidade. Ainda é incerto se ele é apenas um simpatizante do PCC ou se é um membro batizado, mas ele e seus crias proclamam abertamente sua lealdade ao PCC.

Aqui no nosso canto, as notícias da repressão que seguiu a morte de um policial, cujo erro fatal foi tentar denunciar as bocas de fumo do grupo, circularam com velocidade. O ocorrido enfraqueceu a quadrilha momentaneamente, mas já está claro que isso apenas a aguçou. A consequência direta foram execuções sumárias, com muitas pessoas se encontrando no alvo – desafetos, e surpreendentemente, até aliados. O líder, agora desconfiado de todos e de tudo, lançou um clima de pânico e tensão que é quase palpável. Em Camaragibe, o medo é a nova moeda, e está sendo gasto livremente.

Macuco: Coloca seu Ninho onde há Fartura de Alimento

Fui aconselhado por conhecidos a me instalar no Distrito de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes. Disseram-me que seria um bom lugar para passar despercebido, perto o suficiente do Recife para não perder contato com a metrópole, mas distante o suficiente para viver na obscuridade. Um lugar perfeito para alguém como eu, alguém que precisava se esconder à vista de todos.

O macuco se alimentava de vermes, e isso me levou a uma reflexão mórbida. Aqueles vermes, desprezíveis e repulsivos, me lembravam dos grupos criminosos que infestam o distrito de Cavaleiro, os milicianos chamados de “Turma do Apito” ou simplesmente de Cavaleiro.

Na minha cabeça, esses criminosos da “Turma do Apito” eram os vermes da sociedade, se alimentando da decadência e do medo, criando um clima de terror. Haveria um macuco para acabar com essa praga também?

Agora, aqui, observando a ave em seu ambiente tranquilo, percebi uma irônica semelhança entre nós dois. Ambos éramos observadores, ambos éramos estranhos em uma terra que não nos pertencia, e ambos éramos sobreviventes em nosso próprio caminho.

Estava perdido em meus pensamentos quando um ruído suave chamou minha atenção. Meu contato finalmente havia chegado. Olhei uma última vez para o macuco, ainda apanhando vermes com seu bico afiado, e pensei no que estava por vir. Como o macuco, eu também teria que me alimentar dos “vermes” da sociedade para sobreviver.

Dominância Oculta: A Força do PCC em Pernambuco

Com um aceno de cabeça, levantei-me e caminhei até a figura à distância. Ele era um homem de porte médio, com traços marcantes e uma expressão dura no rosto, fruto de anos de convivência com uma realidade cruel e implacável.

Estendemos a mão ao mesmo tempo, nosso aperto de mão foi firme, seco. Seus olhos, profundos e intensos, encontraram os meus, e em um instante silencioso, selamos o nosso entendimento. Nenhuma palavra foi dita, mas a mensagem era clara. Ele era um homem com uma história para contar, e eu estava lá para ouvi-la.

Ele começou a descrever a praga que assolava o distrito de Cavaleiro, um problema que se espalhava silenciosamente, como uma sombra, cobrindo a região com um véu de insegurança e medo. Com a voz grave e severa, falou sobre os “vermes” que eu já havia observado, a “Turma do Apito”, como eles eram conhecidos, e a ameaça que representavam para a ordem local.

Enquanto ouvia suas palavras, senti o peso das realidades que ele descrevia. A gravidade da situação que eu tinha pela frente era inegável, uma verdade dura que eu teria que enfrentar em minha nova vida em Cavaleiro.

Ele confirmou algumas coisas que eu tinha ouvido falar em São Paulo. O Primeiro Comando da Capital, tinha seus tentáculos estendidos por todo o interior de Pernambuco, e estavam ancorados firmemente em Caruaru.

No centro de Recife, a presença dos “crias do 15” também era sentida de maneira significativa. Os presídios, nesses locais, tornaram-se fortalezas para o PCC, especialmente os de Igarassu e Caruaru, mas os “Crias do 15” também ganhavam espaço em Itaquitinga e Palmares.

Uma situação cabulosa: PCCs cercados de oposição

No entanto, a situação se tornava nebulosa quando o olhar se voltava para o complexo do Curado. Este era um caldeirão fervente de várias facções e os chamados “chaveiros”, em geral eram milicianos.

Apesar do que aquele homem disse, eu me lembrava bem do depoimento que recebi de dentro de um presídio pernambucano.

Um forte abraço aí, uma boa noite aí prá nóis. Quem tá na voz aqui é …

Veja só, que a gente numa situação difícil, que aqui está descabelado, sem aparelho para fazer a conexão, tamo fora da sintonía por isso aí.

Estou dizendo a você, aqui tem o Comando Vermelho, a CLS, tudo inimigos nossos, entendeu? Tem o Comando Litoral Sul e tem FDN também misturado aqui. Aqui é cheio de lixo mesmo.

Aqui na cadeia que estou, não está favorável não! É pouca quantidade dos irmãos nossos, é mais Comando Vermelho, entendeu? É mais tumulto, não é qualidade não, é mais tumulto.

Muita guerra eu tive em … através da facção, faz … anos que sou da facção, eu era Geral do Sistema, eu fechei como Geral do Sistema e Geral de Estados e Países, eu fechei nessas duas responsas aí.

Pronto irmão, você faz a anotação aí, pedindo uma ajuda irmão, porque altas cadeias de Pernambuco aqui a gente está sendo oprimidos.

Porque tem muito lixo e os irmão do PCC tem pouco aqui. Em todas as cadeias de Pernambuco está tá expandindo o lixo. Eu queria que você fizesse um relatório aí dizendo o que está acontecendo nas cadeias de pernambuco, entendeu?

É isso aí que estou dizendo a você, um forte abraço aí uma boa noite para nós aí tamo junto aí viu irmão…

Recado PCC das trancas de Pernambuco: “tamo sendo oprimidos”

Um grito e uma resposta

O que ocorre em Pernambuco está ocorrendo em todo o Norte e Nodeste, eu sei, e o Primeiro Comando da Capital também sabe. Pouco tempo depois que o grito desse irmão de trás das muralhas, a organização criminosa emitiu um documento:

O Primeiro Comando da Capital vem deixar a todos os criminosos do país cientes que o nosso objetivo de expansão pelos estados tem por prioridade fortalecer o crime contra a opressão, covardia e inveja imposta dentro e fora do regime prisional.

Deixamos claro que respeitamos aqueles que merecem respeito do crime e continuaremos a crescer e fortalecer os que nos respeitarem de igual.

Mostrarmos que somos capazes de fortalecer o crime e trataremos sempre com a igualdade todos criminosos que defendem a ideologia do Primeiro Comando da Capital.

Estaremos juntos para lutar contra todos opressores, somos de cobrar diretamente das forças opressoras.

Acreditamos nessa resposta. Onde estamos não importa a região e o número de integrantes, a polícia e os agentes do governo sabem que não terão paz conosco se não nos respeitarem como seres humanos, com tudo.

Primeiro Comando da Capital está progredindo e cada vez mais enxergamos o quanto estamos no caminho certo.

Carta para o Mundo do Crime

Turma do Apito, um Grupo de Extermínio e seu Poder Sombrio

Para além disso, o Nordeste era dominado por grupos de extermínio, compostos por policiais e jagunços – remanescentes de um tempo antigo, ainda carregando as práticas brutais de um passado que se recusa a morrer. As maiores milícias de Pernambuco, no entanto, tinham suas raízes cravadas ali em Cavaleiro e na Bomba do Hemetério, territórios onde o poder paralelo florescia de maneira sinistra.

Despedimo-nos com um aceno e ele se afastou, deixando-me ali, sozinho novamente com o macuco. Ele continuava sua tarefa de se alimentar dos vermes, indiferente às complexidades da vida humana, mas de alguma forma, se tornando um símbolo poético e sombrio das verdades que eu tinha acabado de ouvir.

Os vermes, criaturas rastejantes que vivem na sujeira e na decomposição, se assemelham aos criminosos que dominam as ruas daquela comunidade e outras pelo interior de Pernambuco. Sim, estou falando da Turma do Apito. Eles são como vermes, se alimentando da desgraça alheia, criando um ambiente de medo e exploração.

A Turma do Apito que domina a região de Cavaleiro, outrora era comandada por um policial reformado, preso durante a Operação Canaã, passou a ser controlada por um jovem que nunca foi policial, mas se sentia como um. Sob sua liderança, o grupo começou a se envolver com tráfico de drogas, roubos de carga, pistolagem, agiotagem e extorsões.

Uma coisa que aquele homem me disse não me saía da cabeça:

Se você mora em Cavaleiro, ou dá uma parte do roubo pra eles ou ele manda os policiais que fecham com eles para prender a pessoa, isso quando eles não mata. Policiais militares, civis e inclusive promotores têm vínculos com eles.

A Turma do Apito e o subtenente: Uma Tragédia Anunciada

O homem me contou também, o caso do subtenente, morto em uma emboscada em 2020 em Recife.

Dizem que foi morto porque ele matou um integrante da equipe de Cavaleiro, outros dizem que foi o ex-vereador que armou a cocó pra ele. O fato é que ele sabia demais e tava peitando esses milicianos. Esse subtenente estava envolvido com coisa errada também. Extorsão etc.

Aí tudo indica que ele pegou uma mala cheia de dinheiro com o ex-vereador e saiu para fazer alguma coisa, mas era uma casinha armada pelo ex-vereador que passou a informação que ele estava saindo da casa dele para determinado local para os comparsas da Turma do Apito. Aí os meninos de Cavaleiro interceptaram ele na BR entre o bairro do Curado e Cavaleiro. Mas isso é boatos.

O subtenente encontrou seu fim porque se entrelaçou demais com a milícia de Cavaleiro, absorvendo informações perigosas demais para um homem só. No momento de sua morte, uma maleta contendo 80 mil Reais estava em seu carro – uma origem misteriosa e enigmática para tal quantia.

Naturalmente, boatos circulavam, mas em tempos como esses, quem ousaria colocar sua fé na polícia, quando tantos dos seus próprios estavam comprometidos com a milícia? A credibilidade da polícia, aos olhos do público, agora carrega a mesma validade que qualquer rumor sem fundamentos.

… são investigados um perito papiloscopista da Polícia Civil, três policiais militares de Pernambuco e um de Alagoas, além de um ex-PM que foi excluído da corporação pernambucana e outras pessoas que não tiveram profissões detalhadas. Os policiais tinham papel de liderança. Facilitavam a atuação de outros indivíduos, utilizavam a questão de ser servidor público para facilitar a execução dos crimes.

delegado Ivaldo Pereira

Mais de dois anos se passaram até que em uma ação policial foram capturados alguns integrantes deste grupo criminoso, entre eles, um ex-vereador de reputação duvidosa. O saldo da operação foi significativo, com a apreensão de 64 milhões em bens oriundos de suas atividades ilícitas.

No entanto, como uma melodia desafinada em um concerto, eles voltaram às ruas pouco tempo depois, retomando suas atividades como se nada tivesse acontecido.

Um Futuro Incerto: Pernambuco nas Garras de Políticos, da Milícia e do PCC

Não dá para saber até onde o grupo de Cavaleiro é financiado, financiam ou têm vínculos com vereadores, deputados, policiais militares, civis e promotores, mas já se tem notícias que até prefeitos já pediram favores para a organização criminosa.

O grupo criminoso dos Thundercats, juntamente com o Primeiro Comando da Capital, são os únicos que se mantêm fechados em conflito com os milicianos Cavaleiro, além da disputa com as facções rivais do Bomba do Hemetério e do Vasco da Gama.

Ainda assim, Pernambuco parece definhar nas garras dessas milícias, de policiais corruptos e de políticos gananciosos. Não é uma derrocada silenciosa, ao contrário, acontece sob o olhar da imprensa e da população, que se dividem entre a complacência e o aplauso, num espetáculo grotesco de resignação.

Dizem que os deuses, quando querem punir os homens, realizam seus desejos. Este provérbio soa dolorosamente verdadeiro quando observamos o Brasil nas mãos de Bolsonaro e suas comunidades à mercê dessas milícias.

Observo o macuco apanhando outro verme com seu bico afiado. Penso em como somos parecidos, ele e eu. Observadores em um mundo dominado por vermes e predadores. O macuco e eu, nós somos apenas sobreviventes, testemunhas silenciosas do que nossa sociedade se tornou, mas assim como a ave, talvez eu não precise apenas observar passivamente o rastejar de um verme.

A exemplo do macuco, estou cercado por inimigos, aqui personificados pela Turma do Apito. Contudo, assim como a ave, persevero na vida, na observação. Nutro a esperança de que, talvez um dia, testemunhemos Cavaleiro, Recife e todo Pernambuco livres dessa praga que são as milícias, permitindo que pessoas e macucos vivam em harmonia e paz.

Rio Claro: GAECO entra na guerra entre Facção PCC e oposição

Este artigo aborda a violência e o caos em Rio Claro, onde a batalha pelo controle do tráfico de drogas entre o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) e um grupo independente culminou em 33 mortes em apenas um ano. Descubra como esta luta está transformando a pequena cidade paulista.

Rio Claro, pacata cidade paulista, abriga segredos que transcendem seu aparente sossego. Convidamos você a adentrar o labirinto obscuro do crime organizado, onde um grupo desafia a dominância do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533).

Neste intrigante relato, observe pela perspectiva da investigadora Rogéria Mota a ascensão dessa facção independente. Junte-se a nós nessa exploração, pois desvendamos a trama de poder, violência e uma coexistência surpreendente em meio ao caos.

A Batalha Invisível de Rio Claro: Uma Guerra Silenciosa pelo Controle do Tráfico

Tudo na cidade de Rio Claro causava uma sensação de inquietação. A investigadora do GAECO, Rogéria Mota, atenta à atividade de um grupo criminoso independente, se perguntava: “Como pode essa facção crescer em território dominado pelo Primeiro Comando da Capital?“.

Ela percorria as ruas de pedra de Rio Claro, buscando respostas. Observava casas simples e estabelecimentos modestos. Essa paisagem era um terreno fértil para o crime, embora parecesse desproporcional ao calibre dos armamentos desse grupo.

Entre sussurros dos habitantes de Rio Claro, Rogéria descobriu a potência dos armamentos do grupo. Eles rivalizavam com exércitos avançados e os fundos monetários, fruto de um tráfico desenfreado, competiam com o PCC. Essa realidade causava arrepios.

Surpreendeu-se, porém, com a aceitação desse novo grupo pelo PCC. Conforme sua investigação avançava, descobriu uma regra da facção PCC: ninguém é obrigado a aderir. A coexistência com outros grupos era permitida, ainda que nem sempre pacificamente.

Entretanto, a violência não era estranha nesse cenário. A lista de mortos crescia. Entre os nomes, estava o de Juliano, empresário e narcotraficante, assassinado com mais de 30 tiros. Essa situação em Rio Claro não era para os fracos de coração.

Numa Teia de Poder e Medo: A Estranha Tolerância do PCC aos Grupos Independentes

Refletindo, Rogéria percebeu a semente da destruição escondida na própria ética do PCC. A tolerância da facção PCC para com outros grupos permitiu a ascensão de um poderoso rival. Uma ironia amarga, sem dúvida.

As suspeitas de Rogéria Mota pesavam sobre as vítimas, incluindo Juliano, acreditando que poderiam ter negociado com o grupo do notório traficante Anderson. Afinal, no mundo sinistro do crime, acordos são tão voláteis quanto o rastilho de uma vela acesa, sempre ameaçando se desfazer em meio ao mais tênue sopro de desconfiança.

Por muito tempo, a organização Primeiro Comando da Capital agiu como mediador neutro, aceito por todos em São Paulo. No entanto, quando sua autoridade é questionada, as armas ditam a lei.

O isolamento dos líderes da facção PCC, promovido por ações públicas, sem dúvida contribuiu para o crescimento do grupo rival. As autoridades emitiram mandados, realizaram apreensões e sequestraram bens do grupo. Cinco foram presos, mas o líder, Anderson, escapou.

A ação foi coordenada pelo GAECO de Piracicaba. A Rogéria cabia prever e tentar se antecipar às mudanças para que São Paulo não voltasse a ser marcada pela violência pré-hegemonia do PCC. Em 2022, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes em Rio Claro atingiu 15,68, a maior da região.

Vidas perdidas em uma guerra sem fim

A batalha pelo controle do tráfico de drogas em Rio Claro tem tido um preço alto: somente no último ano, essa guerra resultou em um saldo devastador de 33 assassinatos. A escalada de violência tem um objetivo preciso: a hegemonia do tráfico de drogas . As suspeitas apontam que o grupo de Magrelo possui um arsenal bélico superior ao do próprio PCC na região, um poder de fogo desenfreado capaz de abater rivais e manter seu controle tácito.

Por ora, no entanto, o braço da Justiça agiu conforme a denúncia apresentada pelo MPSP, voltando-se contra os oito alvos marcados pelos mandados, cinco dos quais já se encontravam sob custódia policial.

Adicionalmente, um pedido de sequestro de bens foi deferido, somando um valor colossal de R$ 12.586.000,00 – uma soma que, demonstra o poder dessa organização criminosa independente.

Rogéria precisa entender a mente criminosa para reverter esse quadro de mortes. Contudo, meu papel é apenas observar e relatar as histórias. E, certamente, essa história está longe de terminar.

O que se sabe Sobre Anderson, o líder da organização criminosa

Anderson Ricardo de Menezes, um criminoso de altíssima periculosidade mais conhecido como Magrelo, é um nome que ressoa nos corredores do Gaeco de Piracicaba. E não é à toa: no auge de sua juventude impetuosa, aos vinte anos, Magrelo desferiu múltiplos golpes de canivete num desafeto, um ato que deixou cicatrizes profundas, não apenas no corpo da vítima, mas também no tecido social de Rio Claro.

O modus operandi é cruel, mas eficaz: rastreadores em carros de inimigos, emboscadas em locais desprovidos de testemunhas, veículos incendiados após os atos hediondos. O enigma da morte de Alessandro de Arruda, membro do PCC, desvendado por interceptações telefônicas, revela a mão de dois comparsas de Magrelo por trás do assassinato.

Com um histórico criminal notavelmente extenso, Anderson Ricardo de Menezes, conhecido como Magrelo, aos 48 anos, desafia a maior organização criminosa do Cone Sul, o Primeiro Comando da Capital, e seus negócios já se estendem além das fronteiras de São Paulo, alcançando as áreas limítrofes entre o Brasil e o Paraguai.

O criminoso Magrelo já contabilizava em sua ficha delitos como roubo, tentativa de homicídio, lesão corporal dolosa e tráfico de drogas, tornando-se alvo da Operação Carro Falso em 2014, uma ação organizada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo direcionada aos ladrões e receptadores de veículos furtados. No mês anterior, ele e outros oito cúmplices foram indiciados pelos promotores de justiça de Piracicaba pelos crimes de organização criminosa e associação ao tráfico de drogas.

Na última quarta-feira, Magrelo esquivou-se habilmente de um cerco policial, apesar de sua prisão preventiva ter sido decretada pela justiça. Sua fuga era mais um golpe contra a sensação de segurança, uma prova contundente de que a batalha entre a lei e o crime em Rio Claro estava longe de ser concluída.

artigo base para esse texto: Josmar Jozino – Grupo rival do PCC provoca onda de assassinatos e aterroriza Rio Claro (SP)

Fichamento do Caso Operação Oposição em Rio Claro

  1. Evento: Operação Oposição em Rio Claro (SP) no dia 17 de maio de 2023.
  2. Organizações envolvidas: GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e o 10º BAEP (Batalhão de Ações Especiais de Polícia).
  3. Objetivo da Operação: Cumprir oito mandados de prisão preventiva e nove de busca e apreensão contra integrantes de uma organização criminosa formada no município.
  4. Grupo Criminoso Alvo: Organização rival ao Primeiro Comando da Capital (PCC), formada em Rio Claro.
  5. Resultado da Operação: Cinco pessoas presas, três foragidas (incluindo o líder do grupo), apreensão de dinheiro, celulares, armas e munições.
  6. Líder do grupo: Anderson Ricardo de Menezes (Magrelo ou Patrão) conseguiu fugir.
  7. Situação do grupo: Membros tinham acesso a armamento de grosso calibre, munições, coletes balísticos e apresentavam vasta movimentação financeira devido ao tráfico de drogas.
  8. Medida Judicial: Sequestro de bens no valor de R$ 12.586.000,00.
  9. Consequências da rivalidade entre os grupos: 33 assassinatos no ano passado (2022), incluindo Juliano Gimenes Medina, morto com 30 tiros em 8 de junho de 2022.
  10. Investigação: O GAECO de Piracicaba e a Polícia Civil de Rio Claro descobriram o grupo de Magrelo através da investigação do assassinato de Medina.
  11. Assassinato de Medina: Os suspeitos são Rogério Rodrigo Graff de Oliveira (Apertadinho) e Willian Ribeiro de Lima Diez (Feio), que já se encontravam presos.

PCC nos Anos 90: das sombras para o Dominio das Ruas

Explore a trajetória da facção PCC nos anos 90, desde o nascimento nas prisões de São Paulo até a expansão para as periferias, enquanto desvenda o mistério de sua constante transformação.

“PCC nos anos 90” não é apenas um termo, mas uma época de mudanças radicais e contornos inesperados no cenário criminal de São Paulo. Mergulhe nessa narrativa onde o caos e a ordem dançam em um equilíbrio delicado, revelando uma história de evolução e adaptação que desafia a imaginação.

Venha descobrir a verdadeira essência do mistério que rodeia o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), um enigma sempre em constante transformação. Após a leitura, espero por seus comentários e reflexões. Deixe sua opinião no nosso site, compartilhe suas impressões nos grupos de leitores do WhatsApp ou envie uma mensagem privada para mim. Sua participação enriquece o debate!

Texto baseado no trabalho de Evando Cruz Silva: Molecada no Corre: Crime, geração e moral no Primeiro Comando da Capital

PCC nos anos 90: Sob a Sombra das Grades

As primeiras luzes do dia ainda não haviam riscado o horizonte quando o eco de uma década de mudanças ressoou através das paredes de concreto. O Primeiro Comando da Capital, conhecido apenas como PCC, nasceu nas sombras das prisões de São Paulo na década de 1990. Uma história de transformações e contornos inesperados, trazendo consigo um ar de mistério.

Era uma época em que o caos era a única lei, onde a selvageria humana espreitava a cada canto de cela, o PCC surgiu em 1993 como uma ordem em meio ao caos.

Mano, no dia 11 de março de 1991, as sementes do PCC foram plantadas em solo fértil durante um banho de sangue no presídio do Carandiru. O PCC não brotou em 1993 lá no Piranhão e se espalhou de uma vez só, mas na real, ele já tinha começado lá atrás, em 91, mas foi nesse ano que ele se consolidou…

Naquela tarde de chuva de 93, o Rato caiu morto pelas mãos do Geleião no Piranhão, como era chamado a Casa de Custódia de Taubaté. Zé Marcio, o Gelião, fundava o PCC, regando-o com o sangue do Rato.

O PCC existira sem o neocapitalismo? Por que isso é importante?

Eles eram a luz do fim do túnel para muitos prisioneiros, um sopro de vida em um mundo governado pela lei do mais forte ou do cada um por si. A instituição do “PCC nos anos 90” redefiniu esse pensamento, inaugurando uma nova era de “paz entre os ladrões”, na tentativa de trazer alguma harmonia à anarquia dominante.

Camila Nunes Dias conta que nos anos de 1994 e 1995 a base se solidificou graças a intensificação da repressão dentro do sistema carcerário — quanto mais dura se tornava a vida no cárcere, mais presos se aliavam à bandeira de solidariedade empunhada pelo PCC.

Camila Caldeira Nunes Dias PCC

“… as demonstrações de crueldade e de espetacularização da violência […] desempenharam uma série de funções na conquista e na manutenção do poder e do domínio do PCC sobre a população carcerária.”

A transformação da organização criminosa PCC desde 1993 aos primeiros anos dos anos 2000 é uma história de evolução e adaptação, uma narrativa que desafia a imaginação. No entanto, como seria de se esperar em qualquer história de uma organização criminosa, o verdadeiro mistério reside sempre nos detalhes, escondidos nas sutilezas da vida real.

Em 1994, quando eu era um novato, os presos falavam comigo sobre um tal “Partido do Crime”. Eu falava ‘tá bom’, fingindo que estava entendendo, pois não é bom demonstrar dúvida perto dos detentos…

Só depois, eu e o restante dos agentes fomos descobrir que o tal partido era o Primeiro Comando da Capital, que alguns também chamavam de “Sindicato do Crime”. Para nós, os agentes penitenciários, era evidente a força que o grupo estava ganhando, mas, durante muito tempo, o governo negou a sua existência…

Foi nesse caldeirão que, no início dos anos 2000, o conflito explodiu: … o PCC agora mandava no lugar…

… a história continua no The Intercept Brasil.

A Metamorfose da Hierarquia: Desafiando a Estrutura Tradicional

Muitas mudanças aconteceram naqueles loucos e tensos do PCC nos anos 90. A população carcerária, antes massacrada pelo governo de São Paulo e ao mesmo tempo subjugada por grupos criminosos brutais dentro das prisões, começou a se organizar em torno de uma ideologia que ia sendo construída enquanto era implantada.

A criação do PCC é vista por muitos presos como o fim de um tempo no qual imperava uma guerra de todos contra todos, onde a ordem vigente era “cada um por si” e “o mais forte vence”. As agressões físicas eram bastantecomuns, “qualquer banalidade era motivo para ir pra decisão na faca”.

As violências sexuais também eram bastante recorrentes; para evitá-las, muitas vezes não havia outra saída senão aniquilar o agressor e adicionar um homicídio à sua pena. Os prisioneiros se apoderavam dos bens disponíveis, desde um rolo de papel higiênico até a cela, para vendê-los àqueles que não conseguiam conquistá-los à força.

Karina Biondi

Até 1995 ou 1996, o carcereiro chegava e vendia o preso por, digamos, cinco mil reais para ser escravo sexual.

Aluguel de presos como escravos sexuais no Paraná

No ambiente abafado, impregnado de injustiças e ameaças mortais, é possível vislumbrar como o Primeiro Comando da Capital encontrou espaço para expandir e enraizar-se com impressionante facilidade. E, nesse contexto, a transição para as ruas se tornou apenas um salto lógico e inevitável.

Nas ruas das periferias introduziu de seu código moral nas “biqueiras”, se estabelecendo como uma autoridade alternativa, o Tribunal do Crime, um recurso para a resolução de conflitos. Este controle social também não estava nos planos iniciais do PCC nos anos 90, mas poucos anos após a sua formação nas prisões, este sistema paralelo de justiça já se fazia presente nas principais comunidades periféricas de São Paulo.

Um ponto de virada dramático no enredo foi quando o PCC estendeu sua influência para além das prisões. Esta extensão não era uma estratégia inicial, mas acabou por ser um movimento que poderia ter sido inspirado por um mestre em estratégia.

Impondo a paz pela violência

O PCC nos anos 90, desenhava sua identidade com traços de violência, como uma assinatura indelével. De acordo com o estudioso Dyna, a facção estabeleceu uma rígida política de punições extremas, assemelhando-se às práticas de suplício descritas por Foucault.

Os suplícios, essas punições visíveis e brutalmente violentas, desenhavam um teatro de horror cuja finalidade era reforçar a relação de poder. O soberano aqui era o próprio comando, não se restringindo a indivíduos, mas permeando a organização inteira, atingindo todos, membros ou não.

As mais chocantes manifestações desses suplícios incluíam a decapitação de membros de grupos adversários, ou a execução dos próprios irmãos por falhas graves. A meta era clara: afirmar o poder e a hegemonia do PCC em cada presídio onde tivessem presença.

A crueldade desses atos, entretanto, não era uma invenção do PCC. As raízes dessas práticas brutais já estavam fincadas no solo fértil do mundo do crime. Porém, foi com a ascensão do PCC no universo carcerário que esses suplícios foram incorporados, tornando-se um instrumento de correção e punição para aqueles julgados pelo grupo.

No entanto, outras marcas simbólicas são registradas, como olhos arrancados (dos traidores), cadeado na boca (delatores), coração arrancado (inimigos). Quando se tratava de ex-membros que ocupavam postos mais altos na hierarquia do PCC, se a situação permitisse, o condenado poderia escolher a forma de ser assassinado: como coisa ou verme (a golpes de faca), ou como homem honrado, ocasião em que o chamado kit forca, composto de lençol e banco para que se encarrega se da própria execução.

Camila Caldeira Nunes Dias

PCC nos anos 90: um fantasma oculto na sombra

A crescente organização dos encarcerados e sua exorbitante violência começaram a chamar a atenção, se tornando inescapáveis aos olhos do governo e da imprensa. Mesmo assim, havia uma espécie de cegueira deliberada por parte do Estado, que se recusava a reconhecer a existência de um grupo de detentos tão meticulosamente orquestrado.

No ano de 1995, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo desdenhou dos rumores, afirmando que a imprensa estava “vendo fantasmas” ao falar de uma tal facção criminosa chamada PCC. Contudo, era como se essas palavras servissem de estímulo silencioso, pois em 1997, a misteriosa organização criminosa emergiu das sombras, forçando a sociedade a reconhecer a sua existência e a legitimidade de seu Estatuto.

Como se desafiando o escárnio das autoridades, o PCC se movia, motivado por um ímpeto quase palpável para ser visto e entendido. Creio que Na visão essa era uma demonstração de orgulho e rebelião, características intrínsecas daqueles que se sentem marginalizados e ignorados.

O PCC dos anos 90 também sofreu uma metamorfose notável, substituindo uma hierarquia rígida e centralizada por postos mais fluidos. Neste sistema enigmático, um membro poderia assumir uma “responsa” e trocá-la de acordo com as necessidades ou conveniências, seja suas ou da facção, a qualquer momento e lugar. Talvez essa seja a verdadeira essência do mistério que rodeia o “PCC nos anos 90”, um sistema tão complexo que, quando as autoridades finalmente conseguem desvendá-lo, ele já se modificou.

A atmosfera tensa e carregada de mistério mas aparentemente contida como uma represa pelas muralhas dos presídios prevaleceu até que, nos anos 2000 , estouraram numa onda de mega rebeliões e ataques fora dos presídios. Aqui, o PCC emergiu das sombras, jogado sob os holofotes públicos como uma força a ser reconhecida. Uma reviravolta dramática que desmascarou a falsa segurança dos discursos políticos, forçando as autoridades a reconhecerem que não estavam no controle.

O Brasil e o PCC entram na era da comunicação celular

O pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna recorda um fato notável que causou um impacto significativo e revolucionou o PCC na década de 90: a introdução de telefones celulares nas prisões de São Paulo.

Na década de 90, uma mudança silenciosa começou a reconfigurar a paisagem sombria das prisões de São Paulo. Como se guiado por algum código inescrutável, o PCC encontrou uma nova forma de tecer sua teia de influência: o celular.

Era quase mágico. Aqueles pequenos aparelhos, que cabiam na palma de uma mão, começaram a zumbir nas sombras, costurando conexões onde antes existiam apenas paredes de concreto. As notícias corriam pelos corredores lúgubres como correntes elétricas, com um poder invisível que transformava em questão de horas o silêncio dos presos em um murmúrio de inquietação.

Este novo mecanismo era o resultado do trabalho de David Spencer, um homem que outrora combateu a ditadura de Pinochet no Chile. Com a paciência de um mestre relojoeiro, ele ensinou o PCC a montar uma rede de comunicação tão engenhosa quanto um mecanismo de relógio, com peças móveis que se ajustavam e se realinhavam ao mínimo sinal de perigo.

Os telefones eram introduzidos nos presídios de maneiras quase inimagináveis. Cada celular era precioso, sendo introduzido sorrateiramente nas prisões, escondido nas partes mais íntimas dos corpos humanos. Era uma operação perigosa e humilhante, mas essencial para o funcionamento da máquina do PCC.

Com essa nova ferramenta, o PCC não era mais apenas uma organização, mas uma entidade viva, pulsante. Cada membro, independente de onde estivesse, estava ligado à entidade maior, contribuindo com uma parte de seus ganhos. Os que estavam em liberdade davam 500 reais por mês, os do semiaberto, 250 reais, e até os simpatizantes nas cadeias contribuíam com 25 reais. O PCC se tornou um organismo autossustentável, uma criatura nascida do desespero e alimentada pela necessidade, sempre pronta para adaptar, evoluir e sobreviver.

A chegada da nova tecnologia desencadeou um terremoto silencioso nas entranhas do sistema prisional de São Paulo. A ressonância desta transformação reverberava nos corredores frios das prisões, ecoando nas mudanças nas políticas e estratégias de gestão prisional. Viu-se a implementação do Regime Disciplinar Diferenciado, o RDD, uma resposta desesperada para tentar isolar as lideranças e restringir a comunicação que, agora, fluía livre como um rio subterrâneo.

Os complexos prisionais começaram a se expandir, espalhando-se como manchas de óleo pelo estado. A ideia era diluir a influência do PCC, dispersar os membros para enfraquecer a organização. Mas, como as autoridades logo descobririam, era como tentar segurar água nas mãos. O PCC já não estava apenas dentro das prisões, mas também fora delas. E agora, graças à tecnologia, estava conectado de uma maneira que ninguém poderia ter previsto.

Ironia e Paradoxo: As Falsas Promessas de Controle

Por algum motivo que escapa à compreensão, políticos, policiais e uma parcela considerável da imprensa nutriam a crença de que teriam sucesso em combater uma organização criminosa que nasceu no seio do sistema prisional, um monstro gerado para combater as injustiças da própria cadeia, ao aumentar o número de detentos e perpetuar a injustiça carcerária. Essa crença, impregnada de ironia e paradoxo, serve como um lembrete sombrio das complexidades que cercam o “PCC nos anos 90”.

Incrivelmente, graças a todos esses fatores, o “PCC nos anos 90” conseguiu estabelecer uma “paz entre os ladrões” nas prisões e transportar com sucesso o conceito da “moral do crime” para as ruas das periferias. Obteve visibilidade e reconhecimento público com a divulgação do seu Estatuto em 1997, e aprimorou seu sistema de hierarquia e gestão.

Contudo, ainda sob o manto do suspense, ocorreu uma mudança surpreendente. São Paulo experimentou uma redução drástica na taxa de homicídios, com uma queda de mais de 70% nos assassinatos. Esta mudança inesperada poderia apenas ser atribuída à presença cada vez maior do PCC e à disseminação do conceito da moral do crime. As ruas, antes palco de violência incessante, pareciam se acalmar sob sua influência.

E assim, ao final da década, a empresa – um empreendimento de meros cinco anos – já exibia sinais que atuava no cenário internacional com negociações expressivas:

Em fevereiro de 1998, por menos de 1 Real foi enviada de uma agencia do Correio de Campo Grande uma carta com informações de como funcionava o esquema montado pelo Primeiro Comando da Capital no Mato Grosso do Sul.

A carta que derrubou um esquema internacional da facção PCC

Governadores de São Paulo 1990-2000

15 de março de 1987 até 15 de março de 1991
estratégia violenta e repressiva de lidar com a criminalidade, foi a primeira grande ruptura na era democrática
Massacre do 42º DP – fevereiro de 89
Orestes Quércia

15 de março de 1991 até 1 de janeiro de 1995
massacre do Carandiru – 2 de outubro de 1992
desativação e demolição do Carandiru
política de interiorização e divisão dos presídios
fundação do PCC – 31 de agosto de 1993
Luiz Antônio Fleury

1 de janeiro de 1995 até 6 de março de 2001
criticou a ausência de direitos humanos nos governos anteriores e optou por políticas de negociação e patrulhas mais brandas
criação de vagas no sistema penitenciário como uma de suas principais ações políticas
Mário Covas

Primeiro Estatuto do PCC : história, análises e significados

Este texto detalha a criação do Primeiro Estatuto do PCC 1533, suas metas e valores, e como a organização enfrenta injustiças no sistema penitenciário paulista.

Primeiro Estatuto PCC, as palavras ecoam como um raio de luz sombrio, iluminando uma história entrelaçada com a luta pela justiça e dignidade em um ambiente de prisão. Me acompanhe nessa viagem tensa e carregada de ansiedade, um passeio pelas sombras das celas superlotadas, onde este documento histórico foi meticulosamente concebido.

A cada passo, descobrimos as motivações profundas do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), a batalha silenciosa que eles travam contra a opressão e injustiça dentro do sistema penitenciário paulista. Uma narrativa que se desdobra como um romance noir, onde as palavras do estatuto se tornam personagens de um enredo em que a sobrevivência, a solidariedade e a resistência são os temas centrais.

Pode-se ouvir a batida do coração da organização, pulsando nos artigos cuidadosamente traçados, cada um um manifesto de resistência, cada palavra um sussurro de desafio. Venha, leitor, descubra os segredos do Primeiro Estatuto do PCC, deixe-se envolver nesta saga de determinação e coragem, onde a luta pelos direitos dos encarcerados se torna uma história de suspense eletrizante.

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Primeiro Estatudo do PCC: Pensado Palavra por Palavra

Era uma tarde tensa em um ambiente superlotado, quando Mizael, Sombra e outros detentos se reuniram em um espaço improvisado como escritório dentro de sua cela. O ar estava pesado, carregado de ansiedade e o barulho incessante da prisão abafava qualquer tentativa de silêncio. As paredes, desgastadas e marcadas, eram testemunhas da elaboração de um manifesto político que mudaria o destino de muitos. Com caneta e papel em mãos, delinearam 17 artigos bem definidos, meticulosamente pensados para servir de base para a coesão política de seu grupo.

O objetivo primordial era combater as mazelas do sistema penitenciário paulista, um ambiente opressivo, violento e desumano. Eles buscavam garantir os direitos básicos dos membros do PCC e suas famílias, lutando por justiça e dignidade. A cada palavra escrita, a cada linha traçada, sentiam que se aproximavam um pouco mais de seu objetivo.

No entanto, em 1997, o documento viria à tona, tornando-se público e causando alvoroço na opinião pública. As autoridades do governo paulista, encurraladas e desconfortáveis, tentaram desmentir a existência do estatuto, mas a verdade já havia escapado de suas garras, ganhando vida própria.

Primeiro Estatudo do PCC: Artigos de Solidariedade

  1. Lealdade, respeito, e solidariedade acima de tudo ao Partido
  2. A Luta pela liberdade, justiça e paz
  3. A união da Luta contra as injustiças e a opressão dentro das prisões
  4. A contribuição daqueles que estão em Liberdade com os irmãos dentro da prisão através de advogados, dinheiro, ajuda aos familiares e ação de resgate
  5. O respeito e a solidariedade a todos os membros do Partido, para que não haja conflitos internos, porque aquele que causar conflito interno dentro do Partido, tentando dividir a irmandade será excluído e repudiado do Partido.

No silêncio abafado da cela, os primeiros artigos do estatuto ganhavam vida. Traziam em suas linhas os ideais que deveriam ser a bússola de todos os membros: a luta incansável contra a desigualdade social, as injustiças e a opressão, inimigos tão presentes na realidade da população carcerária.

A solidariedade era o grito mudo que ecoava entre as palavras escritas, unindo os filiados da organização em um laço indissolúvel. Esse vínculo estendia-se além das grades enferrujadas, alcançando aqueles que, agora livres, caminhavam pelas ruas, carregando consigo o peso do passado e a esperança de um futuro melhor.

A ajuda mútua se manifestava de várias formas, sutis e diretas. Uma contribuição financeira aqui, um trabalho realizado ali, todos em prol da irmandade, formando um mosaico de tarefas econômicas e políticas que mantinham o coração da organização pulsando.

Desde o início, a centralização hierárquica era a espinha dorsal da estrutura política do PCC. Uma fortaleza edificada com o propósito de evitar fissuras internas que pudessem abalar a unidade política e a coesão do grupo. Um equilíbrio delicado, uma dança constante ao redor do abismo do conflito, onde a vigilância e a lealdade eram suas únicas defesas.

Assim, as páginas do estatuto se desdobravam, cada artigo um manifesto de resistência e determinação, um mapa para navegar nas águas turbulentas do sistema penitenciário, uma chama de esperança na escuridão opressiva da prisão.

Códigos de Ferro: Disciplina e Hierarquia na Facção PCC

  1. Jamais usar o Partido para resolver conflitos pessoais, contra pessoas de fora. Porque o ideal do Partido está acima de conflitos pessoais. Mas o Partido estará sempre Leal e solidário à todos os seus integrantes para que não venham a sofrerem nenhuma desigualdade ou injustiça em conflitos externos.
  2. Aquele que estiver em Liberdade “bem estruturado” mas esquecer de contribuir com os irmãos que estão na cadeia, serão condenados à morte sem perdão
  3. Os integrantes do Partido tem que dar bom exemplo à serem seguidos e por isso o Partido não admite que haja assalto, estupro e extorsão dentro do Sistema.
  4. O partido não admite mentiras, traição, inveja, cobiça, calúnia, egoísmo, interesse pessoal, mas sim: a verdade, a fidelidade, a hombridade, solidariedade e o interesse como ao Bem de todos, porque somos um por todos e todos por um.
  5. Todo integrante tem que respeitar a ordem e a disciplina do Partido. Cada um vai receber de acordo com aquilo que fez por merecer. A opinião de Todos será ouvida e respeitada, mas a decisão final será dos fundadores do Partido.

Nos corredores sombrios da organização, duas palavras ecoavam como um mantra: disciplina e punições. O sexto artigo do estatuto delineava com uma clareza brutal que o Primeiro Comando da Capital devia se sobrepor a qualquer forma de interesse individual que não buscasse o coletivo. Eles haviam estabelecido uma linha clara, e aqueles que ousassem cruzá-la, buscando lucrar à custa do partido ou abandonando suas funições para benefício próprio, seriam atingidos com as mais severas punições. A mentira, a traição, qualquer forma de quebra da aliança com o PCC, não seria tolerada.

A ideia de disciplina e punição não era nova, mas uma complexa técnica social, que Foucault detalhava em sua obra. A moralidade se entrelaçava com essas redes de sociabilidade, dando forma aos valores que os membros deveriam adotar em suas vidas cotidianas, ampliando essas teias sociais sob a supervisão vigilante do PCC.

O oitavo artigo era o fruto dessa intrincada rede de sociabilidade, unida pela disciplina e pela punição. A conduta exemplar que se esperava dos membros produzia uma espécie de legitimidade e aprovação moral, fortalecendo ainda mais o poder e a disciplina que permeavam a organização.

Assim, ações consideradas “imorais”, como assaltos entre os próprios presos, estupros e extorsões de presos mais poderosos, deveriam ser erradicadas. Antes da existência do grupo, tais práticas eram, infelizmente, comuns. O oitavo artigo, então, se tornou uma forte declaração contra os estupros, instaurando uma nova cultura política nos territórios dominados pelo PCC.

O décimo artigo lembrava a todos a necessidade de obediência dentro da estrutura disciplinar. A estrutura inicial do PCC, de caráter piramidal, garantia o “direito” dos componentes de falar e julgar em favor do partido, mas a decisão final e o poder sempre retornavam às mãos dos fundadores. Nessa divisão interna, havia os que mandavam, os “generais”, e os que obedeciam, os “soldados”. Uma clara divisão do trabalho, uma hierarquia incontestável.

Nesse sistema, o poder se manifestava sem disfarces, sem necessidade de mascarar a realidade. “Soldado”, “general”, os termos deixavam evidente a estrutura rígida e intransigente que governava cada membro, cada decisão, cada ação dentro do Primeiro Comando da Capital.

Lema e Legado: A Batalha Simbólica do PCC

  1. O Primeiro Comando da Capital PCC fundado no ano de 1993, numa luta descomunal e incansável contra a opressão e as injustiças do Campo de concentração “anexo” à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, tem como tema absoluto a “Liberdade, a Justiça e Paz”.
  2. O partido não admite rivalidades internas, disputa do poder na Liderança do Comando, pois cada integrante do Comando sabe a função que lhe compete de acordo com sua capacidade para exercê-la.
  3. Temos que permanecer unidos e organizados para evitarmos que ocorra novamente um massacre semelhante ou pior ao ocorrido na Casa de Detenção em 02 de outubro de 1992, onde 111 presos foram covardemente assassinados, massacre este que jamais será esquecido na consciência da sociedade brasileira. Porque nós do Comando vamos mudar a prática carcerária, desumana, cheia de injustiças, opressão, torturas, massacres nas prisões.
  4. A prioridade do Comando no montante é pressionar o Governador do Estado à desativar aquele Campo de Concentração “anexo” à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, de onde surgiu a semente e as raízes do comando, no meio de tantas lutas inglórias e a tantos sofrimentos atrozes.

O lema “Paz, Justiça e Liberdade”, outrora entoado pelo Comando Vermelho, agora ecoava nos corredores do PCC, um emblema de seus ideais e batalhas políticas. As linhas rígidas da unidade e disciplina, delineadas no estatuto inicial, foram forjadas para a preservação da organização, um escudo contra as injustiças, um grito silencioso contra novos massacres como o de 1992 no Carandiru. Eles lutavam por direitos básicos que lhes eram negados, direitos que pareciam evaporar ao cruzar as portas de ferro do sistema prisional.

Disciplina e punição, essas eram as ferramentas que mantinham o equilíbrio delicado do poder entre generais e soldados. Uma estabilidade necessária para evitar divisões dentro da organização. Se os presos não estivessem unidos por uma causa comum, o sistema prisional continuaria a triunfar, a manter seu status quo inabalado.

O décimo quarto artigo carregava um objetivo simbólico, mas ao mesmo tempo, incrivelmente palpável. A desativação da Casa de Custódia de Taubaté era um sonho, quase um mito, para os membros do PCC. Ali, onde tudo começou, onde a fama de ser uma das prisões mais violentas de São Paulo foi cimentada, eles desejavam provocar uma mudança. Expor os crimes de José Pedrosa, libertar as celas da tortura, essa era uma meta que se estendia além do simbólico, era uma meta que precisava ser alcançada.

O Juramento: Centralização e Aliança contra a Opressão do Sistema

  1. Partindo do Comando Central da Capital do QG do Estado, as diretrizes de ações organizadas simultâneas em todos os estabelecimentos penais do Estado, numa guerra sem trégua, sem fronteira, até a vitória final.
  2. O importante de tudo é que ninguém nos deterá nesta luta porque a semente do Comando se espalhou por todos os Sistemas Penitenciários do estado e conseguimos nos estruturar também do lado de fora, com muitos sacrifícios e muitas perdas irreparáveis, mas nos consolidamos à nível estadual e à médio e longo prazo nos consolidaremos à nível nacional.

    Em coligação com o Comando Vermelho – CV iremos revolucionar o país dentro das prisões e nosso braço armado será o Terror “dos Poderosos” opressores e tiranos que usam o Anexo de Taubaté e o Bangu I do Rio de Janeiro como instrumento de vingança da sociedade na fabricação de monstros.

    Conhecemos nossa força e a força de nossos inimigos Poderosos, mas estamos preparados, unidos e um povo unido jamais será vencido.

    LIBERDADE! JUSTIÇA! E PAZ!

    O Quartel General do PCC, Primeiro Comando da Capital, em coligação com Comando Vermelho CV
    UNIDOS VENCEREMOS

As sombras do cimento frio da cela pairavam sobre os homens que se reuniam, seus rostos tensos iluminados apenas pela fraca luz que se infiltrava pelas estreitas janelas. O ar estava espesso, carregado com a importância do que estava prestes a ser discutido. Os últimos dois artigos do estatuto – o coração da sua visão política – estavam em jogo.

A centralização do poder e a aliança com o Comando Vermelho eram questões cruciais, a essência que moldaria a identidade do Primeiro Comando da Capital. A figura do “bandido” estava em processo de evolução, de uma presença individual para um sujeito coletivo, uma nova forma de organização que se espalharia por todo o Brasil na década de 2000.

O PCC, desde o seu início, alimentava a visão de uma frente unida de organizações de presos contra o estado – um inimigo comum. O 17º artigo do estatuto delineou a esperança de uma coligação nacional entre o PCC e o CV, uma fortaleza que se estenderia além das fronteiras de São Paulo e Rio de Janeiro.

A desativação das penitenciárias Bangu I e Piranhão – dois ícones sinistros do sistema carcerário – era mais do que um objetivo prático; era uma declaração simbólica de intento. A mensagem era clara: unidade contra a injustiça, a desigualdade e a opressão.

O estatuto, revolucionário e inovador em sua época, representou uma rejeição coesa e organizada do falido sistema penitenciário. O PCC se tornou conhecido por seus rituais simbólicos, como o “batismo”, um rito de passagem que, apesar das mudanças ao longo dos anos, manteve seu objetivo fundamental: acolher novos membros na irmandade do Primeiro Comando da Capital.

A tensão na sala se dissipou, substituída por uma resolução silenciosa. As palavras finais do estatuto foram escritas, selando o compromisso de luta por paz, justiça e liberdade. Sob a luz fraca, esses homens haviam forjado um novo caminho, uma nova forma de resistência, cujas ondas ressoariam em todo o sistema penitenciário brasileiro.

Iniciação e Juramento: O Batismo no Submundo do PCC

Imagine-se na pele de um novato no Primeiro Comando da Capital, o temido PCC. O processo de admissão, longe de ser algo simples, requer a indicação de um padrinho, um membro já consolidado que lhe avalia e indica para a facção. A sua entrada não é uma questão de oferecer-se, mas sim de ser convidado. Uma vez convidado, a preparação para a entrada começa, sempre sob a vigilância atenta do padrinho.

E nesse universo, a interdependência entre o padrinho e o afilhado é crucial. Seu padrinho assume uma responsabilidade quase paternal por você e, caso cometa algum erro, é ele quem sofrerá as consequências até o final deste sinistro “ritual de passagem”. O laço que os une é reforçado por valores como lealdade, honestidade, confiança e a obrigação de seguir as regras da facção. Se conseguir respeitar estes princípios, você é admitido na organização.

A cerimônia de batismo é uma ocasião de gravidade sombria, onde o padrinho, o afilhado e um terceiro membro se reúnem. O novato deve proferir um juramento de lealdade, comprometendo-se a cumprir o estatuto, assumir responsabilidade e manter uma reputação respeitável no mundo do crime, para assim consolidar sua posição no universo do PCC.

O PCC tem sua própria linguagem, um código criado para reforçar o vínculo entre seus membros. Essa linguagem codificada cria novos laços de interdependência dentro e fora das prisões, e provoca uma profunda transformação do indivíduo durante o processo de batismo. Nessa transformação, um novo vocabulário nasce, um glossário do crime, se preferir, influenciado pela dura realidade do mundo do crime, conforme documentado meticulosamente por Feltran.

Uma vez admitido no PCC, o novato torna-se um “Irmão”. Não importa onde ou como ocorreu o batismo, em São Paulo ou em outra unidade federativa, dentro ou fora das prisões – uma vez batizado, será sempre um irmão. Tal como em qualquer organização, o PCC tinha a sua própria hierarquia no início, com os generais – os fundadores e líderes da organização – no topo, e os soldados – os membros da base que seguem as ordens dos generais – formando a coluna vertebral da facção.

Linguagem Codificada: A Semiótica do Submundo do PCC

Imagine-se agora imerso em um universo onde o vernáculo é tão estranho e específico quanto o ambiente em si. No mundo do PCC, os inimigos de facções rivais são denominados “Coisas”, enquanto os policiais militares, carcereiros ou qualquer outro agente de segurança pública são chamados pejorativamente de “Vermes”. Qualquer intruso que não pertence a este universo é designado como “Zé Povinho”.

Para entender melhor esta classificação peculiar, convém citar uma etnografia sobre o assunto: Segundo o sistema classificatório usado pelos presos, “irmão” é o termo usado para um membro batizado do PCC; “primo” se refere ao preso que vive em prisões do PCC, mas que não é membro batizado; “coisa” é o termo usado para os inimigos, que podem ser tanto presos de outras facções quanto funcionários da segurança pública. Aqueles que não pertencem ao mundo do crime, que não são irmãos, primos ou coisas, recebem a denominação pejorativa de Zé Povinho.

A terminologia estende-se ainda ao espaço territorial dominado pela “família” PCC. Os bairros periféricos são conhecidos como “quebradas”. Qualquer indivíduo, pertença ele ou não ao mundo do crime, reconhece o bairro de origem como “sua quebrada”. Esse local de pertencimento transcende as barreiras do espaço físico, carregando consigo costumes, hábitos, gírias e a nostalgia de suas origens. O indivíduo se orgulha de onde veio, tornando-se uma parte integral de sua identidade.

O glossário do PCC é vasto e pode ser encontrado em uma grande variedade de bibliografias. A semiótica dentro deste universo é vasta e complexa, proporcionando uma significação única que os indivíduos atribuem a determinados significados. Eles reinterpretam diversos procedimentos, normas e comportamentos, criando dialetos dentro do mundo da periferia que são incorporados ao mundo do crime e vice-versa. E assim, um novo mundo linguístico é forjado, tão complexo e fascinante quanto o próprio universo do PCC.

Baseado no trabalho do pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna: “As faces da mesma moeda: uma análise sobre as dimensões do Primeiro Comando da Capital (PCC)”

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A Virada de Jogo rápida e a Nova Geração da Facção PCC 1533

Este texto traz uma análise das mudanças na mentalidade da nova geração do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), focando no conceito da “virada de jogo” no mundo do crime.

“Virada de jogo”, mano, é o que tá rolando na mentalidade da nova geração do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533). Aquele mundo do crime que a gente conhece tá sendo reescrito por essa molecada que já tá chegando nos cargos de comando.

Não é mais só o corre das droga, a parada agora é ainda mais cabulosa. Esses moleques tão moldando o futuro do PCC e, mano, do nosso Brasil também.

Então, bora entender essa “virada de jogo”? Vem com a gente nesse papo reto e descubra como a nova geração do PCC tá mudando as regras do jogo.

A Virada de Jogo no PCC: Uma Nova Mentalidade

Cinco anos atrás, Evando Cruz Silva me mostrou a real da molecada do corre do Primeiro Comando da Capital. Naquele tempo, pré-pandemia e pré-Bolsonaro, a coisa era outra. Mas as histórias que ele trouxe ainda tão ligadas à realidade e mostram como a virada de jogo na mentalidade das novas gerações, que já tão chegando nos cargos de comando, difere da visão dos fundadores da facção.

Clareza aos nossos objetivo, que as metas ativem a consciência de todos, não queremos regalias mas sim um sistema humanizado para um futuro melhor para toda a sociedade, pois nossas famílias, nossos filhos, assim como as famílias e filhos de todos aqueles que estão fora dos muros depende do respeito aos nossos direitos.

Mas o nosso sacrifícios é pela consciência da nossa luta, e que tem o significado de tudo por que lutamos e acreditamos que esse significado é pela mais bela prova de amor, a liberdade, coragem e crença pela luta.

Cartilha de Conscientização da Família 15.3.3

Cinco anos, irmão, pode parecer nada, mas no mundo do crime é uma eternidade. A virada de jogo é rápida. Os líderes caem, os moleques sobem, trazendo uma nova visão pro crime organizado. Evando já tinha visto essa mudança, e agora o que ele falou faz sentido. Entender essa virada de jogo rápida é chave pra ver o presente e futuro do PCC e da sociedade brasileira.

Evando mandou o papo de como tá ligada a perifa, o corre e o mundo do crime em São Paulo. E a letra que ele soltou sobre a virada de jogo no comando da organização criminosa PCC é o que tá mantendo a facção viva e forte nas últimas três décadas. A ideia é essa: bora captar a nova fita dessa molecada no tráfico e do “proceder”, o código que dá a diretriz nas quebrada?

Virada de jogo: líderes vão, proceder fica

O mano sacou a real: PCC tá numa virada de jogo, os cria mais nova tão pegando os bagulho de comando, tá reinterpretando o “proceder”, esse é o norte moral do Comando. Essa visão ele pegou de papo reto com a molecada que passou pelo socioeducativo de São Paulo entre 2014 e 2016.

Então, as ideias de Evando ainda ecoam hoje, descrevendo a evolução do PCC e a molecada do corre. Essa virada de jogo, essa transformação, é o que vai moldar o futuro do PCC e do nosso Brasil.

No rolê dos anos 2010, o Primeiro Comando da Capital tava expandindo o domínio. Não só fechando negócios internacionais, mas também buscando poder político e burocrático. Nessa mesma época, a fala nas quebradas era de um corre desenfreado, um caos nas comunidades periféricas, ligado à molecada nova que tava entrando no crime.

Essa molecada do corre, como são conhecidos, entraram no nosso radar. Tão no front de batalha urbano do crime, vendendo drogas nas esquinas, dando canseira na polícia, sendo presos, revistados, presos e mortos.

Molecada dos corres: fundamentos e desafios

No mesmo compasso, é essa molecada do corre que faz o estado perder a mão nas quebrada, cravando a bandeira do PCC nos becos e nas mente da perifa. E agora, esses crias tão puxando uma nova virada de jogo na pegada da facção PCC, que tá expandindo o domínio, trocando a ideia, entrando em outros corres.

Por aqui, “nova geração” é mais que um número na certidão. É vivência tecida socialmente, entrelaça cor, classe, gênero, território e as oportunidades que o destino joga. Essa molecada encara dois fundamentos da vida no crime: o trampo das droga e os códigos de conduta que comandam esse rolê.

Entendendo o corre das droga e o tal “proceder” fica claro, que a vivência da nova geração tá mudando o jogo. Mira nos moleque de 12 a 21 anos, que já rodaram ou tão na contenção, lá no interior de São Paulo. Eles tão no epicentro dessa “virada de jogo” no crime, e no Primeiro Comando da Capital.

A velocidade da vida faz o jogo mudar rápido, o que a molecada fala hoje, vai ser o que precisamos pra sacar o tráfico, o crime e o “proceder” do PCC daqui pra frente.

Quando o PCC tava crescendo (anos 1990-2000), o comando virou um norte de conduta e oportunidade pros cria da periferia de São Paulo. Mas o jogo não para, nunca para. Com os irmão do PCC agora nos corres internacionais, a nova geração já pensa diferente dos fundadores.

Essa “virada de jogo”, cheia de mistério, é o que a gente tem que desenrolar pra entender o futuro dos cria e do Primeiro Comando da Capital nas quebrada e na sociedade do Brasil.

Baseado no trabalho de Evando Cruz Silva: Molecada no Corre: Crime, geração e moral no Primeiro Comando da Capital

A fundação do PCC 1533, a facção Primeiro Comando da Capital

Descubra a fundação do PCC 1533 Primeiro Comando da Capital, desde seus primeiros dias até a consolidação da maior facção criminosa do Brasil. Explore a complexidade e os detalhes dessa história significativa.

“Fundação do PCC” não é história pra quem tem coração fraco, é fita pesada, mano. Cola com a gente que vai valer a pena.

O nascimento da facção PCC 1533 não é conto de fadas, é história de resistência, sofrimento e luta. É o som das ruas e das trancas. É o grito dos excluídos.

A história do Primeiro Comando da Capital é sobre os manos e as minas que decidiram não abaixar a cabeça. É sobre a força que nasce na adversidade.

Fudação do PCC segundo o mano Dyna

Então, tamo falando da fundação do Primeiro Comando da Capital, que não nasceu assim, de repente, saca? É um processo complexo, que envolve muito sangue, sofrimento e história.

Mano, cada um tem sua versão de como foi a fundação do PCC. Tipo, cada um vivenciou a parada de um jeito diferente. Então, não dá pra saber qual é a história “verdadeira”, sacou? São visões diferentes do mesmo lance.

Um salve pro Cabelo, ex-Serpentes Negras. Tivemos nossas tretas, mas no final, a gente tava na mesma. Ele sempre tava ligado pra contar como era lá dentro do Carandiru, na época que o PCC tava começando a ferver e quando rolou o massacre de 92. Mas eu dei mole, deixei pra depois. Agora o irmão tá do outro lado, só no meu aguardo.

A fundação do PCC tá ligado diretamente com a Segurança Pública em São Paulo, saca? Não foi um bagulho que apareceu do nada. Foram várias fitas acontecendo, envolvendo os presos e até o governo estadual.

Pra entender melhor a fundação do PCC, temos que abrir a mente e deixar de lado o que a mídia e os conserva tão falando. Tem que ir além do que todo mundo fala por aí, mano.

Então, no fim das contas, o Primeiro Comando da Capital é uma parada complexa, resultado de vários acontecimentos e experiências. Cada história é uma peça do quebra-cabeça pra entender de verdade como foi.

Os 8 fundadores do Primeiro Comando da Capital

A parada começou a ficar séria no “Piranhão”, a Casa de Custódia em Taubaté, depois de um racha no campo de futebol. Tinha o time dos manos do interior, o “comando caipira”, e os da capital.

No início, uns chamavam de Partido da Capital, outros de Partido do Comando da Capital, até que firmaram como Primeiro Comando da Capital. E esse nome, mano, veio pra ficar.

Saca a escalação do time da capital, os 8 fundadores do PCC:

  • Misael Aparecido da Silva (Miza);
  • César Augusto Roriz Silva (Cesinha);
  • José Márcio Felício (Geleião);
  • Wander Eduardo Ferreira (Eduardo Cara Gorda);
  • Antônio Carlos Roberto da Paixão (Paixão);
  • Isaías Moreira do Nascimento (Isaías Esquisito);
  • Ademar dos Santos (Dafé) e
  • Antônio Carlos dos Santos (Bicho Feio)

Notou que o Marcola não tá aí, né não? Depois eu te explico, agora vamo pro jogo.

Rolou uma briga daquelas durante uma partida, dois manos caíram, e o clima pesou. Jozino e Camila contam que Geleião não aliviou pro lado do rival. Quebrou o pescoço do cara e ainda tentou arrancar a cabeça dele.

Depois disso, os manos que estavam começando o PCC se ligaram que iam levar um esculacho da repressão do presídio e decidiram resistir. Fizeram um pacto pra enfrentar a violência que vinha da direção do Piranhão e de onde viesse.

Quem ofender um de nós ofenderá a todos – somos o time do PCC, os fundadores do Primeiro Comando da Capital. Na nossa união ninguém mexe.

Nos primeiros anos, os caras tiveram que decidir quem ia mandar no pedaço. Dessa zoeira toda, quem se destacou foi o mano Geleião, José Márcio Felício. O cara ficou preso uns 40 anos, cercado de muitos inimigos, cercado de muita intriga, mas, veja só, morreu em 2021 num hospital penal em São Paulo. Se vê como o bagulho é sinistro, no fim quem matou ele foi a maldita Covid.

O nono fundador do PCC

Tá achando que o nono fundador do PCC foi o Marcola? Vai nessa. A parada é séria. O Estado, com suas políticas de cadeia, jogou a lenha pra essa fogueira arder, sacou? E quem alimentou esse fogo é o nono fundador.

Pedrosa, que em 1992, tingiu suas mãos com o sangue do terrível massacre do Carandiru, era considerado o nono espectro na macabra galeria de fundadores do comando, além dos oito aprisionados naquela horrenda cela. Este ser, governante da gaiola que se encheu com o sangue de irmãos, alguns inocentes, outros desconhecidos para o mundo do crime, foi o lago onde o ódio, que deu vida ao Primeiro Comando da Capital em 93, saciou a sua sede insaciável.

Pedrosa foi o diretor José Ismael Pedrosa quando dos 111 mortos e foi colocado como diretor da Casa de Custódia de Taubaté pelo governador de São Paulo, Fleury Filho, e estava no comando no dia do jogo de fundação do PCC

No dia do jogo, o Sombra, Idemir Ambrózio, e Marcola, Marcos Willians Herbas Camacho (também conhecido como Playboy), nem desceram pro jogo, ficaram de camarote só no sapatinho, vendo a cena toda. Mas os manos tiveram uma função chave na fita toda nesses primeiros anos, saca?

Os integrantes do Primeiro Comando da Capital, desde o início, perceberam o papel do Estado na formação de sua organização. Segundo Jozino, Sombra chamou o diretor José Pedrosa, como o nono fundador do grupo, além dos oito fundadores.

Sombra e Marcola partiram pro combate, mano, contra qualquer Pedrosa que desse as caras. Os caras disseminaram a ideia do PCC, batizaram os novos manos nas outras jaulas de SP, e traçaram os corres, as táticas, as alianças do Primeiro Comando da Capital.

Depois de um tempo no sufoco, muitos irmãos foram batizados sabendo que deviam combater a opressão do Estado, que para alimentar o ódio e o rancor que infestam o coração de cada ‘cidadão de bem’, oferece como sacrifício aos chacais os desamparados e indefesos, quer estejam nas sombrias ruas da periferia, ou nas gélidas masmorras dos presídios.

Fundação do PCC: nós contra eles

Após um período de punições, os presos, agora identificados como integrantes do PCC, começaram a estruturar sua organização de maneira concreta. É fundamental entender que a fundação do PCC foi uma resposta direta às políticas prisionais e à postura do Estado, marcando o início da maior facção criminosa do Brasil.

Pra marcar território, os manos do PCC criaram uns códigos, tipo o 15-3-3, sacou? Essa parada veio do Alfabeto Congo, usado pela galera do Comando Vermelho do Rio. Esses números são as letras P, C, C do nosso alfabeto, formando a sigla PCC. O Mizael, um dos irmãos, criou um logo com o símbolo Yin Yang, pra mostrar o equilíbrio que eles queriam no comando.

Camisetas e tatoos com os códigos 1533, Yin Yang e a cara do revolucionário Che Guevara eles fizeram, pra deixar claro a ideia do PCC. Essa organização foi a resposta dos irmãos pras condições pesadas da cadeia e as tretas do Estado, mostrando como o próprio sistema teve um papel chave na criação da maior facção do Brasil.

Aquele salve pro pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna, que é o responsa por passar essas fitas todas pra mim. Se tiver chance, dá uma conferida nos corres dele, mano, porque é de lá que vem a ideia reta.

Complexo do Carandiru: 300 policiais mudaram a história do Brasil

Mano Dyna solta a real sobre como o abandono das políticas de humanização dos presídios, especialmente no ‘Complexo do Carandiru’, deu força pro PCC e mudou a cena política do Brasil.

Complexo do Carandiru é o fio que o irmão Dyna puxou pra nós. Papo reto, cada governador de São Paulo deixou sua marca, moldando o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533).

Hoje, o mano Dyna chegou com outra ideia, tipo assim, meio doida. Mas saca só, tudo se encaixa: 300 homens fardados, mudando a história do país e da América Latina, com a morte de mais de cem manos.

A guinada à direita, com o Bolsonaro e o Tarcísio no comando, veio do abandono das políticas de humanização dos presídios. Na responsa? Franco Montoro e Mario Covas. Eles queriam trazer dignidade pros presídios, mas os que vieram depois largaram a fita. E aí, já viu.

Cola comigo nessa história, que vou desenrolar essa fita pra você.

Complexo do Carandiru: o Sistema Abandonou os Manos e Deu no que Deu

Vou te soltar a real, bora pro papo reto. Nesse corre da vida, a Segurança Pública em São Paulo sofreu um baque pesado. Os manos Montoro e Covas tinham um plano de humanização dos presídios, mas a fita mudou.

O Complexo do Carandiru foi um lugar que marcou com sangue a história do Brasil. Em 1992, a polícia desceu o aço de forma bruta e covarde, alimentando uma raiva que espalhou um clima tenso na sociedade.

O Complexo do Carandiru, com a superlotação, virou um caldeirão prestes a explodir. Projetado pra caber 3,2 mil presos, chegou a abrigar 7,2 mil. Essa fita era uma bomba-relógio, e o estopim foi a rebelião de 1992.

Quando a casa caiu, a polícia chegou de forma pesada. Mais de 300 policiais, liderados por caras como o Coronel Ubiratan Guimarães. O resultado foi um moedor de carne humana: entre 111 e 300 mortos.

Então, é isso, mano. O abandono das políticas de humanização dos presídios, a falta de direitos humanos, tudo isso contribuiu pro crescimento do Primeiro Comando da Capital e da direita. Fica ligado na segunda parte que vou mandar, onde vou fechar essa fita.

Complexo do Carandiru: símbolo do descaso e da impunidade

Os Direitos Humanos e os sobreviventes bateram de frente, acusando a polícia de querer exterminar os presos. Aí, o Complexo do Carandiru virou um exemplo sombrio do que pode rolar quando as políticas de humanização são abandonadas.

O bagulho é doido, a chapa esquentou e o Brasil inteiro levou um puxão de orelha da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. A resposta violenta à rebelião e a demora pra punir os culpados foram condenadas.

O Complexo do Carandiru virou um churrasco de gente, fez o Brasil virar a cara pra direita. Paulo Maluf, o cara do sistema, se deu bem com o sangue dos manos nas eleições municipais de São Paulo.

A parada aconteceu um dia depois do massacre, no pior estilo do sistema. E, pra quem não sabe, o mano Danilo Cymrot botou no papel, no livro “Da chacina a faxina”, que a vitória do Maluf tá ligada, sim, à essa tragédia.

Foi o primeiro eleito no sangue dos manos mortos covardemente do presídio.

Guinada à Direita: Maluf, Bolsonaro, Tarcísio e as Cicatrizes do Abandono

E quem pagou o pato? Só o Coronel Ubiratan Guimarães, condenado a 632 anos por 102 homicídios e 5 tentativas. Mas o cara recorreu em liberdade, virou deputado e morreu sem ver o sol nascer quadrado.

Os outros PMs? Não tiveram que encarar o juiz. O Carandiru, símbolo da mão pesada do sistema, fechou as portas em 2002. Os presos foram jogados pra outros lugares, resultado da política dos tucanos.

A chacina mexeu com a cabeça do povo. A luta contra o abuso policial e as desigualdades ganharam força. A música “Diário de um Detento”, dos Racionais MC’s, botou a real na roda sobre o episódio e criticou o sistema penitenciário e a desigualdade social brasileira.

Pra resumir, o Carandiru mostra a contradição da segurança pública. A violência policial alimentou o conservadorismo, levando Bolsonaro à presidência e Tarcísio ao comando de São Paulo. Tudo começou com o abandono das políticas de humanização dos presídios. O massacre de ’92, sem punição, revela a predileção pública por discursos de ordem e repressão.

Aquele salve pro pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna, que é o responsa por passar essas fitas todas pra mim. Se tiver chance, dá uma conferida nos corres dele, mano, porque é de lá que vem a ideia reta.

Governadores do Estado de São Paulo

15 de março de 1983 até 15 de março de 1987
humanizou os presídios na sua gestão, priorizando a democracia, a transparência e os direitos dos detentos
Franco Montoro

15 de março de 1987 até 15 de março de 1991
estratégia violenta e repressiva de lidar com a criminalidade, foi a primeira grande ruptura na era democrática
Massacre do 42º DP – fevereiro de 89
Orestes Quércia

15 de março de 1991 até 1 de janeiro de 1995
massacre do Carandiru – 2 de outubro de 1992
desativação e demolição do Carandiru
política de interiorização e divisão dos presídios
fundação do PCC – 31 de agosto de 1993
Luiz Antônio Fleury

1 de janeiro de 1995 até 6 de março de 2001
criticou a ausência de direitos humanos nos governos anteriores e optou por políticas de negociação e patrulhas mais brandas
criação de vagas no sistema penitenciário como uma de suas principais ações políticas
Mário Covas

6 de março de 2001 até 31 de março de 2006
política de aumento da repressão policial e mais mortes em confrontos
mega rebelião em 29 unidades prisionais – fevereiro 2001
PCC ganha visibilidade pública e demonstra eficácia em suas ações
massacre Operação Castelinho – fevereiro de 2002
Regime Disciplina Diferenciado RDD – dezembro de 2003
muitos que trabalharam na repressão ganharam fama na vida política
Geraldo Alckmin

31 de março de 2006 até 1 de janeiro de 2007
mega rebelião e ataques do PCC – maio de 2006
Cláudio Lembo

1 de janeiro de 2007 até 2 de abril de 2010
manutenção da política de Segurança Pública de Alckmin
hegemonia do PCC com queda da taxa de homicídios
Crescimento progressivo da população carcerária
Fotalecimento da ROTA e investimentos na PM
José Serra

2 de abril de 2010 até 1 de janeiro de 2011
Alberto Goldman

1 de janeiro de 2011 até 6 de abril de 2018
aumento da população carcerária
investimento em ferramentas de investigação contra as organizações criminosas
número alarmante de encarcerados durante a gestão de Alckmin, com aumento de mais de 50.000 presos em apenas 4 anos
aumento da violência e letalidade policial
Geraldo Alckmin

6 de abril de 2018 até 1 de janeiro de 2019
Márcio Franca

1 de janeiro de 2019 até 1 de abril de 2022
João Doria

1 de abril de 2022 até 1 de janeiro de 2023
População carcerária: O Brasil é o terceiro país com maior população carcerária do mundo, com mais de 773.000 presos. Só no Estado de São Paulo são 231.287 presos
Rodrigo Garcia

1 de janeiro de 2023 a
Tarcísio de Freitas

Governador de São Paulo, a política carcerária e a Facção PCC

A política de cada governador de São Paulo em relação ao sistema prisional e a facção PCC. Da política de humanização à guerra nas ruas, acompanhe essa narrativa.

“Governador de São Paulo” é o tema do nosso novo artigo, irmão. O Primeiro Comando da Capital (Facção PCC 1533) e os governantes de SP estão no foco. A quebrada quer entender como a política rolou e como o PCC nasceu daí. No final, tem um fichamento com os dados que embasaram a ideia. Cola lá!

Ah! Quem me passou toda essa visão, foi o mano Dyna. Forte e leal abraço!

Governor de São Paulo: cada um com sua gestão prisional

Governador de São Paulo: já tevivemos um Franco Montoro e um Mario Covas

Segura a visão, irmão, dos role dos governo de São Paulo. Montoro (1983-1987), chega no corre e traz uma ideia nova, de humanizar os presídios, dar chance pro preso buscar os direitos dele. Tipo, uma luz no fim do túnel, saca?

Mas aí, Quércia (1987-1991) assume o poder e muda o jogo. Troca a ideia de Montoro e chega com uma pegada mais pesada, violenta. Cê lembra, né? Foi nessa época que rolou aquele pico do 42° DP e o massacre do Carandiru, treta pesada.

Na sequência, Covas sobe no comando. Ele criticou a treta de Quércia e Fleury, e escolheu outro caminho. Ao invés de botar a PM pra bater de frente, ele preferiu o diálogo, uma patrulha mais tranquila.

Só que, no segundo mandato de Covas, o sistema prisional começou a crescer muito. O cara priorizou a criação de vagas nos presídios como uma das principais ações políticas dele. Isso afetou a relação com o Primeiro Comando da Capital, e ainda hoje sentimos os efeitos disso na quebrada.

Ninguém sabe como nós escolher o caminho mais sinistro

Na sequência do baile, mano, Carandiru já era, prisões superlotadas, aí rolou a política de interiorização. Distribuíram os irmãos pelo estado, pra dificultar a união da massa. A estratégia foi clara, os governantes decidiram espalhar os presos, fugindo da aglomeração.

Construíram novas penitenciárias, mano, pros regimes fechado e semiaberto, espalhadas pelo oeste paulista. As novas casas do sistema são diferentes, menores, compactas, modernas, evitando a treta das fugas e o descontentamento da massa.

Mas saca só, o desenho do lugar tá ligado na vigilância, fazendo o preso virar a base da própria opressão, sacou? Igual aqueles filmes loko de futuro, onde o sistema oprime a massa.

Segura a visão, que vou te mostrar como a parada desenrolou pra gente chegar onde estamos, tá ligado? Mas primeiro a lista com o nome dos governadores porque ninguém tem obrigação de lebrar de cor, né não?

Governadores do Estado de São Paulo

15 de março de 1983 até 15 de março de 1987
humanizou os presídios na sua gestão, priorizando a democracia, a transparência e os direitos dos detentos
Franco Montoro

15 de março de 1987 até 15 de março de 1991
estratégia violenta e repressiva de lidar com a criminalidade, foi a primeira grande ruptura na era democrática
Massacre do 42º DP – fevereiro de 89
Orestes Quércia

15 de março de 1991 até 1 de janeiro de 1995
massacre do Carandiru – 2 de outubro de 1992
desativação e demolição do Carandiru
política de interiorização e divisão dos presídios
fundação do PCC – 31 de agosto de 1993
Luiz Antônio Fleury

1 de janeiro de 1995 até 6 de março de 2001
criticou a ausência de direitos humanos nos governos anteriores e optou por políticas de negociação e patrulhas mais brandas
criação de vagas no sistema penitenciário como uma de suas principais ações políticas
Mário Covas

6 de março de 2001 até 31 de março de 2006
política de aumento da repressão policial e mais mortes em confrontos
mega rebelião em 29 unidades prisionais – fevereiro 2001
PCC ganha visibilidade pública e demonstra eficácia em suas ações
massacre Operação Castelinho – fevereiro de 2002
Regime Disciplina Diferenciado RDD – dezembro de 2003
muitos que trabalharam na repressão ganharam fama na vida política
Geraldo Alckmin

31 de março de 2006 até 1 de janeiro de 2007
mega rebelião e ataques do PCC – maio de 2006
Cláudio Lembo

1 de janeiro de 2007 até 2 de abril de 2010
manutenção da política de Segurança Pública de Alckmin
hegemonia do PCC com queda da taxa de homicídios
Crescimento progressivo da população carcerária
Fotalecimento da ROTA e investimentos na PM
José Serra

2 de abril de 2010 até 1 de janeiro de 2011
Alberto Goldman

1 de janeiro de 2011 até 6 de abril de 2018
aumento da população carcerária
investimento em ferramentas de investigação contra as organizações criminosas
número alarmante de encarcerados durante a gestão de Alckmin, com aumento de mais de 50.000 presos em apenas 4 anos
aumento da violência e letalidade policial
Geraldo Alckmin

6 de abril de 2018 até 1 de janeiro de 2019
Márcio Franca

1 de janeiro de 2019 até 1 de abril de 2022
João Doria

1 de abril de 2022 até 1 de janeiro de 2023
População carcerária: O Brasil é o terceiro país com maior população carcerária do mundo, com mais de 773.000 presos. Só no Estado de São Paulo são 231.287 presos
Rodrigo Garcia

1 de janeiro de 2023 a
Tarcísio de Freitas

As Heranças do Governador de São Paulo Geraldo Alckmin 1: RDD e o Estouro do Sistema Carcerário

Covas partiu dessa para uma melhor em 2001, e quem pegou o bonde foi Alckmin, de 2001 a 2006. O mano foi contra a maré, intensificando a treta com as organizações dos presídios.

Aí teve as mega rebeliões, aumento da letalidade policial e o Primeiro Comando da Capital entrou na mira da opinião pública.

Na quebrada, a violência da polícia disparou, e como toda ação tem uma reação, a facção PCC 1533, organizou a maior revolta das trancas em 2001.

Foi nessa época que Alckmin criou o RDD, o Regime Disciplinar Diferenciado, mano. Uma medida pesada, que cortou direito dos irmãos atrás das grades, trancados em solitárias, sem visita de família e advogado.

Em 2002, rolou a Operação Castelinho. PM fechou o cerco e 12 suspeitos de serem do PCC foram mortos. Apesar dos protestos, o barato continuou.

A Herança do Governador de São Paulo Cláudio: os ataques do PCC de maio de 2006

Em 2006, Alckmin saiu e Cláudio Lembo entrou. Nesse ano, rolou a maior crise de segurança, com a PCC tocando o terror em mais de 70 cadeias e nas ruas. Ficou pouco, mas foi o bastante para jogar farofa no ventilador.

No auge da treta, a mega rebelião e os ataques de maio, a cidade virou um caos, todo mundo em pânico. Depois da tempestade, José Serra assumiu o poder, manteve a linha do PSDB e os índices de violência deram uma diminuída.

As Heranças do Governador de São Paulo José Serra: Lotando as Trancas e a Violência na Periferia

No entanto, quando Serra assumiu o trono (2006-2010), a parada ficou mais tensa. O discurso era de vitória, mas o que rolou mesmo foi o aumento da população carcerária. Alckmin voltou em 2010, ficou até 2018, e o sistema só piorou. A vida na periferia seguia na mesma, enquanto as celas enchiam cada vez mais.

As Heranças do Governador de São Paulo Geraldo Alkimin 2: Mais Violência, Confronto com o PCC e Aumento do Encarceramento

Na quebrada, Alckmin chegou no poder novamente, em 2010. Daí, a coisa não mudou, irmão. A treta com o PCC continuou e a violência só aumentou. Em 2012, rolou uma fita diferente. O sistema policial passou por uma reforma. Antônio Ferreira Pinto, um ex-milico, assumiu a fita, botando a polícia pra cima do crime organizado. A PM e a ROTA, na gestão do cara, só cresciam, levando a violência às alturas.

Porém, em 2012, o bagulho ficou doido. A PM e o PCC bateram de frente, deixando São Paulo em estado de sítio. Nessa parada, Ferreira Pinto e os comandantes da PM e ROTA tiveram que sair do jogo. Eles foram pro lado da política, mas o estrago já tava feito. O número de presos aumentou demais, mais de 50.000 em 4 anos.

O Brasil é o terceiro do mundo em população carcerária, mais de 773 mil presos, mano. Em São Paulo, são mais de 231 mil. Mas tá ligado que essa treta toda, essa disputa entre as políticas dos governantes, só beneficiou quem tá no poder, os que precisam do discurso da violência pra se manter no comando.

No final, a gestão do Alckmin ficou marcada pela treta com o PCC e a violência das polícias. A quebrada sangrou, e a pergunta é: quem vai limpar essa bagunça agora, Governador de São Paulo?

Aquele salve pro pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna, que é o responsa por passar essas fitas todas pra mim. Se tiver chance, dá uma conferida nos corres dele, mano, porque é de lá que vem a ideia reta.

Fichamento com os dados que embasaram as ideias

  1. Mário Covas falece em 2001, seu vice-governador, Geraldo Alckmin assume (2001-2006).
    • Alckmin intensifica a violência policial e a repressão.
    • Fortalecimento da PM e estratégia de confronto elevam o número de mortes pela ação do Estado.
  2. Mega rebelião organizada pelo PCC em 2001.
    • Primeiro grande desafio do governo Alckmin.
    • PCC ganha visibilidade pública e demonstra eficácia em suas ações.
  3. Alckmin cria o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
    • Medida mais dura do Estado de São Paulo contra líderes do PCC.
    • RDD restringe direitos básicos dos presos, como tempo de banho de sol, visitas de familiares e advogados.
  4. Operação Castelinho em 2002.
    • 12 suspeitos de pertencerem ao PCC são assassinados pela PM em uma emboscada, gerando críticas.
  5. Cláudio Salvador Lembo assume o governo em 2006, após renúncia de Alckmin.
    • Ano marcado pela maior crise da segurança pública em São Paulo, com mega rebelião em mais de 70 unidades prisionais e ataques a prédios públicos a mando do PCC.
  6. José Serra Chirico assume o governo (2006-2010).
    • Continua as políticas de Alckmin de fortalecimento das polícias e enfrentamento ao crime.
    • Após os ataques de 2006, os índices de homicídio e violência diminuem.
    • Crescimento progressivo da população carcerária refletindo as políticas de segurança pública.
  7. Geraldo Alckmin retorna ao governo (2010-2018).
    • Neste período, a população carcerária continua a crescer além da capacidade dos presídios.
    • Alckmin vence novamente e se reelege em 2014, totalizando 8 anos de governo nesse segundo mandato.
  8. Alckmin, em sua segunda gestão (2010-2018), continuou as políticas de segurança pública do PSDB, com enfoque na repressão e confronto.
  9. Em 2012, a força policial foi reestruturada sob Antônio Ferreira Pinto, policial militar e procurador da justiça, promovido como secretário da SAP após os ataques de 2006.
  10. Ferreira Pinto utilizou força policial e instrumentos de investigação para combater grupos criminosos.
  11. Em 2009, Álvaro Batista Camilo e Paulo Adriano Lopes Lucinda Telhada foram nomeados para postos chave na Polícia Militar e ROTA, respectivamente.
  12. Aumento significativo nos investimentos para a Polícia Militar e ROTA.
  13. Em 2012, aumento da violência em São Paulo devido aos confrontos entre a PM e o PCC.
  14. Retirada de Ferreira Pinto e dos comandantes da PM e ROTA em 2012, que migraram para a vida política.
  15. Número alarmante de encarcerados durante a gestão de Alckmin, com aumento de mais de 50.000 presos em apenas 4 anos.
  16. Os últimos anos da gestão de Alckmin marcados por violência policial e embates com o PCC.
  17. Montoro humanizou os presídios na sua gestão, priorizando a democracia, a transparência e os direitos dos detentos.
  18. Muitos que trabalharam em gestão ganharam fama na vida política.
  19. Governo Quércia, marcado por uma estratégia mais violenta e repressiva de lidar com a criminalidade, foi a primeira grande ruptura na era democrática.
  20. Aumento substancial dos homicídios cometidos pela PM durante o governo Fleury, com destaque para os episódios do 42° DP e o massacre do Carandiru.
  21. Mário Covas se elegeu em 1995 e iniciou o governo tucano, que já dura 25 anos.
  22. Covas criticou a ausência de direitos humanos nos governos anteriores e optou por políticas de negociação e patrulhas mais brandas.
  23. A expansão do sistema prisional foi acelerada a partir de 1998, durante o segundo governo de Mário Covas, que priorizou a criação de vagas no sistema penitenciário como uma de suas principais ações políticas.
  24. Política de interiorização: Com a desativação do Carandiru e a superlotação das cadeias, uma política de interiorização foi implementada, expandindo-se por todo o estado. Essa política visava dificultar a organização de grupos criminosos.
  25. Construção de novas penitenciárias: As grandes cadeias foram descentralizadas e novas penitenciárias foram construídas para os regimes fechado e semiaberto em todo o oeste paulista. As novas instalações, mais compactas e modernas, diferiam das antigas construções do século XIX e XX.
  26. Panóptico: O novo arranjo das penitenciárias é comparado a um “Panóptico”, onde a arquitetura do local é atrelada à vigilância e ao poder, tornando o preso o princípio de sua própria sujeição.
  27. Governador Geraldo Alckmin: Após a morte de seu antecessor em 2001, Alckmin assumiu e adotou uma postura mais dura contra o crime, enfrentando situações como as mega rebeliões e o aumento da letalidade policial.
  28. Primeiro Comando da Capital (PCC): Durante o governo de Alckmin, o PCC ganhou visibilidade pública. Medidas punitivas, como a criação do RDD, foram implementadas para combater o grupo.
  29. Mega rebelião de 2006: Esta rebelião elevou o pânico social em todas as classes da sociedade paulista. Posteriormente, José Serra assumiu o poder, mantendo a política do PSDB e presenciando uma diminuição nos índices de violência.
  30. População carcerária: O Brasil é o terceiro país com maior população carcerária do mundo, com mais de 773.000 presos. Só no Estado de São Paulo são 231.287 presos.
  31. Disputa política: Há uma disputa entre políticas mais moderadas (como as de Montoro e Covas) e políticas mais radicais. As últimas foram vencedoras, beneficiando os setores que necessitam do discurso sobre a violência para manter seus micropoderes.
  32. Efeito das políticas na criação do PCC: O texto argumenta que o Estado, por meio de suas políticas, produziu as condições para a criação do PCC.

Conexão Teresina: o Submundo da Facção PCC 1533 no Nordeste

Em “Conexão Teresina”, William Luz nos leva a uma jornada intensa e sombria pelo mundo do Primeiro Comando da Capital, contando a história de um ex-membro em busca de redenção no Piauí, enquanto lida com a expansão da facção no Nordeste e um amor proibido que pode desencadear uma guerra.

“Conexão Teresina” é um romance policial pulsante que te envolve no submundo do Primeiro Comando da Capital (Facção PCC 1533) no Nordeste. Não perca essa história arrebatadora, inspirada em fatos reais.

Desvende as Profundezas do Primeiro Comando da Capital em “Conexão Teresina”

Prepare-se para mergulhar no intrincado mundo do Primeiro Comando da Capital com “Conexão Teresina: uma crônica sobre a atuação do PCC no Piauí”, o novo lançamento de William Luz.

A facção PCC é um dos grupos criminosos mais temidos e enigmáticos do Brasil, e nesta obra de ficção inspirada em eventos reais, você será levado ao âmago de sua ação, onde amor, ódio, vingança e violência se entrelaçam em uma trama cativante.

Acompanhe a vida de Marcos Lengruber, um ex-integrante do PCC que fugiu para Teresina, Piauí, após os violentos ataques da organização em São Paulo em 2006. Agora, enquanto tenta reconstruir sua vida, o passado volta para assombrá-lo, quando um ex-parceiro de crime é enviado para liderar a conexão Teresina do PCC, que está em plena expansão pelo Nordeste.

Amor, ódio e vingança: a história humana por trás do crime organizado

Ana, uma bela teresinense, se encontra entre esses dois parceiros de crime, agora em lados opostos, dando ainda mais intensidade a esta história de amor, ódio e vingança.

O autor William Luz, ao descrever a violência como uma instituição tão natural quanto a própria vida humana, nos lembra que, apesar da brutalidade, a humanidade tem a capacidade de sobreviver e evoluir. E é exatamente isso que ele faz através de sua escrita – uma crônica de sobrevivência e evolução, inspirada em fatos reais.

“Conexão Teresina” é mais do que apenas um romance policial. É um vislumbre perspicaz e corajoso da realidade do crime organizado no Brasil, e um testamento de como o PCC, nascido nos presídios de São Paulo, conseguiu se espalhar por todo o país, corrompendo policiais, juízes e políticos pelo caminho.

O PCC no Nordeste: Uma conexão perigosa

Entre no mundo do PCC e testemunhe em primeira mão a expansão da facção pelo Nordeste. Adquira “Conexão Teresina: uma crônica sobre a atuação do PCC no Piauí” da Editora Clube de Autores hoje mesmo. Prepare-se para uma jornada que você não esquecerá tão cedo.

Segregação Urbana e Segurança Privada e a Facção PCC 1533

Na real? A cidade tá fatiada, com o Primeiro Comando da Capital (Facção PCC 1533) na jogada. Segregação Urbana e Segurança Privada é o que sustenta essa parada. Vamos desenrolar essa fita?

Segregação Urbana e Segurança Privada, e como essa zica cai no colo da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533). Vamo entender essa parada juntos, tá ligado? Cola nesse papo reto.

Entre Muros e Câmeras: O Papel do PCC na Segregação Urbana e Segurança Privada

Mano, saca só essa ideia que eu tive lendo um trampo do mano Dyno. Ele deu a letra sobre o Primeiro Comando da Capital, a facção PCC 1533. Essa organização criminosa é tanto causa quanto consequência do que tá rolando nas quebradas. O medo do crime, a segurança privada aumentando, a segregação espacial… Tudo isso tem o dedo do PCC, tá ligado?

Mas não para por aí, não. A desigualdade social, o preconceito com o “bandido”, e o crescimento de Sampa, também alimentam a força dessa organização. Então é isso, mano. Se liga nessa parada, e depois chega junto pra trocar uma ideia, seja aqui no site, nos grupos de leitura ou no privado. Tamo junto!

O PCC e o Negócio da Segurança Privada

Segurança privada e negócio rentável: A real é que o Primeiro Comando da Capital, tá causando um corre dos cidadãos pra segurança privada. A fita é o seguinte: o medo do crime, que a organização criminosa PCC espalha, cria um mercado firmeza pra essas empresas de segurança privada, tá ligado?

Mano, tem mais fita nessa história. Os caras que controlam essas empresas de segurança, na maioria das vezes, têm algum tipo de ligação com os homens da lei ou os milicos. E aí, irmão, esses mesmos aí podem ter conexão, conhecimento e até investimento de integrante de organização criminosa.

Fica naquela, né? Difícil saber onde começa ou onde termina a influência da facção Primeiro Comando da Capital nessas empresas, pois ninguém vai anunciar isso no cartão de vizita, né não. Será que não tem empresa mutretada com os irmãos? Quem pode dizer? Eu é que não sei de nada, e muito menos o mano Dyna.

No final das contas, a parada é um ciclo vicioso: as organizações criminosas alimentam o medo, o medo alimenta a segurança privada, e a segurança privada, de um jeito ou de outro, acaba alimentando o crime organizado. Essa é a real do bagulho, irmão.

Desigualdade Social e Espacial: O Terreno Fértil do PCC

Desigualdade social e espacial: Sabe de onde vem o PCC, o Primeiro Comando da Capital? Vem das quebradas e dos presídios de São Paulo, lugares onde a desigualdade social e a divisão espacial cortam mais fundo que faca de dois gumes.

Por que você acha que isso acontece, irmão? Porque a falta de oportunidade, o peso da pobreza e a dor da exclusão, mano, fazem a mente dos manos, tá ligado? E é nesse chão duro, nessa realidade brutal, que o PCC encontra os seus soldados, os seus guerreiros e até, seus cliêntes e suas vítimas.

A desigualdade, a pobreza, a falta de oportunidades, só aumentam, formando um círculo vicioso, um ciclo sem fim. O PCC se alimenta da desigualdade e, em troca, a desigualdade se alimenta do PCC. É uma parada complicada, mano, mas é a nossa realidade na cidade de concreto.

Condomínios Fechados e o Refúgio dos Privilegiados

Condomínios fechados e segregação espacial: o Primeiro Comando da Capital, tem causado terror e o resultado disso? A galera fica com medo, sacou? E essa parada de medo faz o que? Empurra a elite pra dentro de condomínios, com segurança particular e o escambau.

Mas vai vendo, será mesmo? Pode ser que não seja isso não, pode ser que estejam querendo distância de pobre, porque não querem se misturar ou só prá cantar garganta que mora em condomínio. Até o final eu explico essa fita.

Aí o que acontece, camarada? Esses “enclaves fortificados”, como tão chamando, pipocam por toda a cidade e por todas as cidades. Por que? Porque esse medo do crime, muitas vezes ligado ao PCC, tá levando a rapaziada pra esses lugares, entendeu?

E isso só aumenta a segregação, a divisão entre nós e eles.

No final das contas, meu bom, o PCC e essas outras organizações criminosas tão afetando até onde a gente mora e com quem a gente se relaciona, sacou? E isso, mano, é só mais uma prova de como a desigualdade e a segregação tão cravadas na nossa sociedade.

Mas aí, será que é verdade que o PCC e o crime organizado têm essa influência toda no crescimento dos condomínios, ou isso também é coisa da nossa cabeça?

Pensa bem, em São Paulo, onde o PCC domina, o número de homicídio nunca foi tão baixo, e a taxa de criminalidade tá em queda há décadas. Além disso, já na década de 80, alguns municípios tavam criando leis pra proibir os condomínios que tavam se espalhando pelas cidades, e nem tinha crime organizado nessa época. Faz a gente pensar, né não

A Estigmatização do ‘Bandido’ e a Sombra do PC

A mídia e a opinião pública tão sempre prontas pra marcar o “bandido”. E quando marca, o “bandido” deixa de ser gente, sacou? Mas isso muda, tá ligado? Muda quando o “bandido” é da nossa família, ou alguém que a gente admira, convive. Essa parada só alimenta o medo. E esse medo, mano, só nos faz se fechar ainda mais.

Lembra daquele presidente, né? O que falava que não tinha que ter idade mínima pra prisão, que moleque de 14 anos devia responder como adulto? Então, quando o moleque dele, o Renan, o 04, foi acusado de crime, ele virou a casaca. Falou que “o moleque tem 24 anos, vive com a mãe, ninguém conhece ele”. E ainda pediu pra deixar o menino em paz. Quando a fita apertou pra ele, disse que não ia esperar a polícia “foder a minha família”, e mudou o chefe da polícia. Ele e os filhos, mano, não são pobres, então, não são “bandidos” que precisam ficar fora das muralhas dos condomínios.

Por isso, irmão, esse medo que justifica um monte de medida de segurança mais pesada não é contra os criminosos, os bandidos, mas sim contra nós, os pobres. E é nessa fita que o estigma existe. Quanto mais o Primeiro Comando da Capital, o PCC, é citado, mais a galera se fecha, mais a segurança aumenta. É um ciclo vicioso, tá ligado?

Mas, pensa bem, será que essa estigmatização é toda culpa do PCC? Ou será que é a sociedade que tá pronta pra apontar o dedo pro “bandido” e reforçar essa narrativa? É de se pensar, né não? No final das contas, a gente tá no meio dessa confusão toda, só tentando sobreviver.

São Paulo: A Evolução de uma Cidade e o Crescimento do PCC

Urbanização e evolução de São Paulo: a cidade tá sempre mudando, tá ligado? E com ela, o Primeiro Comando da Capital, também. À medida que a cidade foi crescendo, a população aumentando, principalmente nas quebradas, na periferia, o PCC foi se espalhando.

São Paulo, irmão, se expandiu, mas não foi pra todos. As comunidades periféricas, onde a facção PCC tem força, ficaram pra trás. E aí, saca só, a segregação urbana só aumenta. A cidade cresce, mas a divisão entre a gente e eles, os ricos, só fica mais forte.

E os ricos, mano, eles se trancam em seus condomínios, com segurança privada e tudo. E a gente? Fica do lado de fora, sob o comando do grupo criminoso PCC. A segurança deles aumenta, e a nossa, como fica?

No fim das contas, irmão, a presença do Primeiro Comando da Capital nas quebradas, tá ligado, só mostra como a desigualdade e a segregação tão enraizadas na nossa cidade. E aí, enquanto eles ficam seguros atrás de seus muros, a gente tem que se virar. É de se pensar, né não?

Aquele salve pro pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna, que é o responsa por passar essas fitas todas pra mim. Se tiver chance, dá uma conferida nos corres dele, mano, porque é de lá que vem a ideia reta.

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