Fascínio pelo Crime: da Escola de Elite para a Facção PCC 1533

Este artigo examina o fascínio pelo crime através da trajetória de um jovem de escola de elite de Recife que acaba se unindo à facção criminosa PCC 1533. A análise busca compreender como as influências sociais e culturais contribuem para essa transformação.


Fascínio pelo Crime não é apenas um conceito, mas uma realidade que muitos enfrentam. Este artigo lança luz sobre o complexo caminho que leva jovens de escolas de elite a se envolverem com o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533). Não perca a oportunidade de explorar essa transformação social detalhada e suas causas.

O fascínio pelo crime ganha novas camadas neste texto, uma contribuição intrigante de um leitor do site Abadom. Se o conteúdo aguçou sua curiosidade, incentive o debate: curta, comente e compartilhe. Para análises futuras que prometem igual profundidade, inscreva-se no site e participe do nosso grupo de WhatsApp.

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    Fascínio pelo Crime: A Jornada de Rodrigo na Contramão da Moralidade Escolar

    Rodrigo e eu cruzamos caminhos na escola, e não foi qualquer escola, mas uma das melhores de Recife, onde princípios morais cristãos eram mais do que palavras na parede. Eu era Abadom para meus amigos, ele era simplesmente Rodrigo, e nós fazíamos parte da mesma turma de colegas. Éramos a “turma do fundão,” com Rodrigo sempre se destacando, não apenas pelo carisma, mas por uma inclinação inexplicável para o proibido.

    Seu fascínio pelo ilícito já estava com ele desde que desembarcou em nossa escola. Rodrigo não escondia sua predileção por drogas, ele já chegou “baratinado”; é como se estivesse desafiando o mundo, incólume às consequências. Não éramos candidatos a santo, eu mesmo, era chegado em um loló, como era conhecido aquele lança-perfumes clandestino que era feito de clorofórmio e éter, mas ele já estava no nível avançado das drogas pesadas.

    Rodrigo sempre foi audacioso. Desde a juventude, ele fumava e frequentava bailes. Mesmo sem necessidade financeira, ele se envolvia em pequenos furtos conosco, especialmente na Lojas Americanas próxima ao colégio e ir até uma pequena favela localizada atrás do shopping apenas para “sair no braço” com os moradores da comunidade que “vacilassem na nossa frente”. Nos considerávamos superiores e intocáveis.

    Esse comportamento era um claro reflexo da sensação de impunidade que sentíamos, algo que me faz arrepender hoje.

    Fascínio pelo Crime: de ícone esportivo no colégio para os bailes funks

    Quando mostrei a ele a energia crua do baile funk e da torcida organizada, Rodrigo foi seduzido. Ele se integrou como se sempre tivesse pertencido a essa vida da periferia, agindo como um rebelde infiltrado nas altas rodas. Nos achávamos acima da lei e não demorou muito para se juntar à nossa turma quando saímos andar de skate, ou surfar nas ondas do mar ou encima dos ônibus e na janela, causava com a gente no centro do Recife.

    Surpreendentemente, ele também era o ícone esportivo do colégio — o melhor em tudo que se propunha a fazer. Imagina, um cara desses, descolado, esportista, com grana e bonito. Não tinha para ninguém. Apesar disso tudo, acho que ele era virgem na época, as meninas ficavam com ele pela aparência, porque lábia não tinha nenhuma 😂.

    A vida de Rodrigo era, superficialmente, um paraíso. Nascido em um bairro rico da Zona Sul de Recife, o mundo era seu parque de diversões. Viagens anuais à Europa e à Disney eram rotineiras para sua família. Mas o que eu percebia era algo mais profundo; um vácuo que ele tentava preencher.

    Sua mãe, Betânia, tão amorosa quanto rigorosa, nunca parecia perceber o que se escondia sob a superfície do filho. Ela sempre aparecia na escola e trocavam tantos gestos de carinho, abraços e beijos, que quem não os conhecesse bem poderia até interpretar errado, mas eu me perguntava: Será que tudo aquilo era real?

    Pai pastor, filho envolvido no crime

    Por eu ser oriundo de uma favela e frequentar esses ambientes, ele parecia me admirar e aspirava a ser como eu. Em contrapartida, eu desejava ter uma mãe como a dele, a estabilidade financeira e o ambiente familiar que ele possuía. Meus pais jamais teriam condições de arcar com os custos de uma escola daquela categoria. No entanto, como meu pai era pastor, eu tinha direito a um desconto significativo de 92% na mensalidade. Os livros, contudo, eram adquiridos usados e pagos de forma parcelada.

    A razão pela qual frequentei essa escola foi que, desde jovem, eu já estava envolvido com atividades criminosas, talvez ele também tivesse mandado para estudar lá por terem a esperança de livrá-lo das drogas, quem sabe? Já meu pai via a escola como uma oportunidade de me afastar desse ambiente, mas a estratégia não surtiu o efeito desejado. A grande diferença é que nas ruas, se fôssemos abordados pela polícia, éramos submetidos a tratamento violento; já na escola, a pior consequência que enfrentamos foi uma suspensão temporária do uso da quadra de futebol.

    Rodrigo não apenas buscava a adrenalina que faltava em sua vida protegida, ele ansiava pela visão do abismo, pelo limite onde o controle se esvai. Ele se embrenhou no mundo do crime organizado, não por necessidade, mas por puro fascínio. Era um “playboy” na máfia das drogas, organizado e perspicaz. O seu fascínio pelo ilícito não era apenas um hobby; era um chamado que ele não podia recusar.

    Sua transição de usuário de drogas para traficante foi rápida e muito eficaz. Ao longo do tempo, Rodrigo expandiu seus interesses, tanto em relação ao consumo quanto à venda de substâncias, com particular foco na cocaína e na maconha.

    Entrando nos corres do Primeiro Comando da Capital

    Sem laços nas facções criminosas e distante das comunidades que tradicionalmente fornecem tais produtos, ele encontrou uma alternativa. Inicialmente, começou a adquirir drogas de Leandro, um playboy como ele, e a revender para seu círculo de amigos. Ele havia estabelecido uma operação de negócios própria, com um planejamento rigoroso. Dividia meticulosamente seus lucros em três categorias: uma para reinvestir em seu empreendimento ilícito, outra para sustentar seu estilo de vida opulento e uma terceira parte destinada à organização de festas, visando incentivar ainda mais o consumo de seus produtos.

    Chegou um tempo em que Leandro não pôde mais suprir a demanda crescente, Rodrigo foi levado a um fornecedor que podia entregar com segurança a quantidade que ele precisava com a qualidade do produto que ele exigia. Alguns integrantes da facção começaram a notar o potencial dele e logo Rodrigo se viu recebendo várias ofertas para participar de operações dentro da facção.

    Rodrigo não só entrou para a organização como também aplicou seus conhecimentos jurídicos para lavar dinheiro do Primeiro Comando da Capital através de bitcoins. O esquema era tão bem montado que muitos de seus amigos de classe média alta investiram nele, inclusive em transações que presenciei, como a venda de um avião e de uma fazenda. O rapaz que uma vez fora o astro da escola agora era um estrategista do submundo, lavando dinheiro com a mesma facilidade com que surfava sobre ônibus no centro de Recife.

    O que realmente atraía Rodrigo para as drogas era o universo do crime organizado. Ele não tinha interesse pelo dinheiro, uma vez que já possuía recursos financeiros em abundância. O que o motivava era puramente a emoção, já que sempre se sentiu fascinado pelo crime e por comportamentos considerados “errados”.

    Penso que os conceitos de certo e errado talvez não se apliquem ao caso dele. Creio que ele era o tipo de jovem atraído pelo perigo e pela adrenalina (assim como eu). Alternativamente, poderia ser uma forma de revolta devido a algum problema ou ausência no âmbito familiar, ou até mesmo uma característica psíquica específica. Não tenho certeza.

    A casa cai: a vida atrás das muralhas

    O crime não compensa, e finalmente chegou a hora de enfrentar as consequências. Quando seu mundo desmoronou, ele precisou fugir, deixando atrás de si uma mãe em ruínas. Atualmente, está recluso em uma instituição cujo nome não posso nem mencionar.

    A última vez que nossos olhos se cruzaram foi há dois anos. Não identifiquei nenhum sinal de arrependimento em seu olhar; apenas a chama inextinguível da pessoa que ele sempre foi, consistente em sua essência. O que também não vi foi aquele ódio e rancor, comumente visíveis em pessoas que perderam sua liberdade. Assim, ainda consegui reconhecer o mesmo rapaz que conheci anos atrás.

    Naquele encontro final, enquanto compartilhávamos uma refeição modesta em um ambiente tão distante da vida que ele estava acostumado, me questionei: como alguém que tinha todas as condições para acertar pôde errar tanto? Não tive oportunidade de conversar muito com ele.

    Não tinha prato e talheres, o pessoal do rancho jogava a comida meio que no chão e os cara se virava com a mão e tampas de algumas vasilhas. Era tipo uma cela para 10 que tinha 60 (sem exageros).

    Reencontro com Rodrigo

    Chegamos juntos ao centro de triagem: eu por ter sido preso em flagrante por receptação de carga roubada e ele por ter participado de uma rebelião no presídio de segurança máxima do estado, conhecido como Itaquitinga. Teríamos destinos diferentes: eu fui direcionado para a área de convívio, enquanto ele permaneceu na sala de espera, aguardando transferência para outro presídio.

    Sinceramente, não sei quantos anos de pena ele recebeu, mas as acusações incluíam tráfico, formação de quadrilha, sonegação de impostos, envolvimento em esquemas de pirâmide financeira, lavagem de dinheiro e porte ilegal de arma de fogo. Certamente, a pena não foi inferior a 20 anos. Ele foi preso entre 2018 e 2019, se minha memória não falha. Ele não está em presídios estaduais; talvez esteja em alguma instituição federal, mas não tenho certeza.

    É um final que faz você pensar: por trás da fachada de qualquer vida, quais segredos se escondem? Quais escolhas moldam nosso destino? Rodrigo teve todas as chances de ter um futuro brilhante, mas ele escolheu o caminho que o levou à destruição. Não é uma história de redenção; é um lembrete brutal de que o fascínio pelo perigo pode ter consequências inimagináveis.

      Argumentos defendidos pelo autor

      1. Crítica à Falsa Segurança Socioeconômica: O autor faz um retrato crítico de Rodrigo, um jovem de família abastada que, apesar de todas as vantagens econômicas e sociais, é atraído pelo mundo do crime. Isso poderia ser uma crítica à ideia de que a prosperidade financeira e a educação de qualidade são suficientes para manter alguém no “caminho certo.”
      2. Exploração da Psicologia Humana: O autor parece sugerir que há elementos psicológicos profundos que motivam o comportamento de Rodrigo. Ele não é movido por necessidade financeira, mas por um “vácuo” emocional ou psicológico que busca preencher.
      3. Falhas na Estrutura Familiar e Educacional: Há uma crítica implícita ao sistema educacional e à estrutura familiar que não conseguem perceber os sinais de alerta em Rodrigo. Seus pais e a escola, que deveriam servir como guias morais e emocionais, falham em reconhecer ou corrigir seu comportamento perigoso.
      4. Ilusão de Impunidade: A narrativa explora a ideia de que ambos os personagens, vindos de contextos diferentes, sentem uma espécie de impunidade que os leva a desafiar as regras. No caso de Rodrigo, essa impunidade é amplificada pela sua origem social privilegiada.
      5. O Poder da Adrenalina e o Fascínio pelo “Errado”: O autor examina o papel do desejo de adrenalina e da atração pelo que é socialmente considerado “errado” como fatores que podem levar à delinquência. Rodrigo é descrito como alguém atraído não apenas pelas drogas mas pela emoção e adrenalina que o mundo do crime oferece.
      6. Consequências Inevitáveis: O autor fecha com um lembrete brutal sobre as consequências do comportamento imprudente de Rodrigo. Essa pode ser vista como uma refutação direta à ilusão de invulnerabilidade e impunidade que Rodrigo e o narrador sentiam anteriormente.
      7. Questionamento de Moralidade: O autor também introduz a complexidade moral da história de Rodrigo, especulando se os conceitos de “certo” e “errado” podem ser aplicados de maneira clara e objetiva ao seu caso.
      8. O Peso das Escolhas: O texto levanta a questão das escolhas pessoais e como elas podem afetar o curso da vida de um indivíduo, independentemente de sua origem socioeconômica.

      Contraargumentos aos Pontos de Vista do Autor:

      1. Sensação de Impunidade e Recklessness (Imprudência)
        • Contraargumento: A imprudência e a sensação de impunidade em jovens como Rodrigo podem ser interpretadas não como características intrínsecas desses indivíduos, mas como sintomas de falhas mais amplas em sistemas sociais e educacionais. Essa perspectiva sugere que o foco deveria estar em mudanças estruturais que abordem as causas subjacentes desse comportamento, em vez de simplesmente rotular esses jovens como imprudentes ou fora da lei.
      2. A Busca por Adrenalina e Emoção
        • Contraargumento: A busca por emoções fortes é um aspecto do desenvolvimento humano que não é exclusivo dos jovens ou daqueles envolvidos em atividades ilícitas. Essa fase pode ser crucial para o amadurecimento e a formação da identidade. A emoção e a adrenalina podem ser buscadas de formas socialmente aceitáveis e construtivas, como esportes, artes ou atividades acadêmicas desafiadoras. O problema não está na busca por emoção per se, mas nas vias disponíveis para essa busca.
      3. Desprezo pelas Consequências e Pelas Vítimas
        • Contraargumento: Esse comportamento pode ser visto como uma deficiência na educação emocional e ética, em vez de ser uma característica inerente do jovem. A falta de empatia para com as vítimas pode ser abordada por meio de programas de reeducação e reintegração social, que têm o objetivo de incutir um senso de responsabilidade social e individual.
      4. Ambiente de Privilégio que Reforça o Comportamento Imprudente
        • Contraargumento: Embora um ambiente de privilégio possa criar uma sensação de invulnerabilidade, ele também oferece os recursos para redirecionar essa energia de formas mais produtivas e éticas. Em vez de ver o ambiente de Rodrigo como um facilitador de seu comportamento imprudente, pode-se argumentar que ele representa uma oportunidade perdida para orientação e educação adequadas.
      5. Falta de Punição Efetiva como Estímulo para Atividades Ilícitas
        • Contraargumento: A falta de punição efetiva pode ser mais um reflexo das deficiências do sistema de justiça criminal do que um estímulo para atividades ilícitas. A solução para isso seria uma reforma abrangente do sistema judicial, em vez de punições mais severas para indivíduos.

      Esses contraargumentos buscam oferecer uma perspectiva alternativa aos pontos levantados pelo autor, questionando as premissas e as implicações desses argumentos.

      Análises sobre o artigo: Fascínio pelo Crime: da Escola de Elite para a Facção PCC 1533

      Ao analisar o texto por essas lentes, podemos ver que ele toca em questões relevantes para cada área, mas sem aprofundar-se em nenhuma delas. O foco parece estar mais na jornada pessoal de Rodrigo, enquanto os diversos universos de conhecimento atuam mais como pano de fundo para a história.

      Histórico

      O texto situa-se em um contexto de violência urbana e crime organizado, tópicos altamente relevantes nas últimas décadas em muitas partes do mundo. A escolha deste cenário por parte do autor pode ser interpretada como um reflexo dos desafios contemporâneos que muitas sociedades enfrentam no combate ao crime.

      Sociológico

      O protagonista, Rodrigo, é um produto de seu ambiente social, que parece ser caracterizado por falta de oportunidades e o recurso à atividade criminosa como um meio de sobrevivência. Este contexto pode ser lido como uma crítica à estrutura social que falha em fornecer opções viáveis para os jovens.

      Antropológico

      Do ponto de vista antropológico, o texto explora a cultura do crime como um sistema de significados e práticas. A maneira como Rodrigo percebe o “certo” e o “errado” é influenciada pela cultura em que está inserido, o que abre espaço para discussões sobre relativismo cultural.

      Filosófico

      No caso de Rodrigo, que escolhe o caminho do crime não por necessidade, mas por desejo pessoal, questões filosóficas complexas são levantadas. Ao contrário do que o utilitarismo poderia sugerir, a motivação aqui não é o bem-estar básico ou a sobrevivência, mas sim um impulso individualista que pode ser interpretado através de uma lente existencialista ou até mesmo niilista. A escolha de Rodrigo de engajar-se em atividades criminosas, apesar de ter outras opções, questiona a natureza da liberdade, do livre-arbítrio e da moralidade em si. Seus atos poderiam ser vistos como um exercício de liberdade radical, porém questionável do ponto de vista ético, desafiando tanto normas sociais quanto morais estabelecidas.

      Ético e Moral

      O texto levanta questões éticas e morais sobre a vida de crime e se é possível justificar atos imorais com circunstâncias difíceis. Rodrigo não é retratado como um vilão puro, mas como um ser humano complexo, o que desafia as concepções simplistas de bem e mal.

      Teológico

      Embora o texto não aborde explicitamente temas teológicos, pode-se argumentar que a busca de Rodrigo por um sentido em sua vida, em meio à moralidade ambígua de suas escolhas, toca em questões de redenção e julgamento divino.

      Psicológico

      Rodrigo é apresentado como um personagem complexo, com impulsos contraditórios de autosserviço e autoexame. Este perfil psicológico pode ser analisado para explorar como o ambiente e a experiência de vida podem influenciar o desenvolvimento da personalidade e o processo de tomada de decisão.

      Factualidade e Precisão

      O texto, sendo uma obra de ficção, não tem compromisso com fatos reais. No entanto, ele tenta abordar situações que são críveis dentro do contexto de problemas sociais e criminalidade. A precisão do cenário descrito, os comportamentos e a linguagem utilizados poderiam ser questionados. Por exemplo, se o texto apresentasse estatísticas ou afirmasse certos fatos como verdadeiros, essas informações precisariam ser rigorosamente verificadas para aprimorar a narrativa.

      Político

      O texto parece assumir uma postura não explícita mas perceptível sobre questões de justiça social e criminalidade. Embora não faça uma análise profunda do sistema penal, ele permite uma interpretação que pode ser vista como crítica a esse sistema. Contudo, o foco em elementos individuais e a falta de discussão sobre políticas públicas limitam sua eficácia como um instrumento de comentário político.

      Cultural

      Do ponto de vista cultural, o texto mergulha em um microcosmo que é representativo de segmentos marginalizados da sociedade. No entanto, falta uma exploração mais profunda das riquezas e complexidades culturais que circundam o personagem de Rodrigo. Isso incluiria as influências da família, amigos e a cultura popular, que podem ter moldado suas escolhas e perspectivas.

      Econômico

      O contexto econômico, um elemento crucial para entender a situação de Rodrigo, é abordado de forma superficial. O texto não explora a forma como as circunstâncias econômicas podem afetar as opções disponíveis para ele, nem discute as falhas sistêmicas que contribuem para a pobreza e a desigualdade. Uma análise mais robusta sobre como a economia afeta oportunidades de vida seria bem-vinda para enriquecer a narrativa.

      Linguagem

      O texto emprega uma linguagem simples, mas eficaz, na descrição das experiências e sentimentos do personagem Rodrigo. Esse tipo de linguagem ajuda a estabelecer uma ligação imediata com o leitor, facilitando a identificação com o protagonista. A escolha de palavras e a estrutura da frase sugerem um desejo de comunicar ideias de forma direta, sem se perder em floreios literários.

      Ritmo

      O ritmo do texto é moderado, refletindo o ritmo da vida de Rodrigo, que é cercado de atividades ilícitas, mas também tem momentos de reflexão. Há uma alternância entre passagens mais frenéticas e momentos mais calmos, o que ajuda a manter o interesse do leitor e a construir uma narrativa dinâmica.

      Estilo de Escrita e Estilométrica

      O estilo de escrita do texto é realista, com descrições diretas dos cenários e acontecimentos. Isso sugere que o autor pode estar interessado em retratar a realidade tal como ele a vê, sem embelezamentos. Do ponto de vista estilométrico — que analisa métricas como frequência de palavras, comprimento da frase, etc. —, o texto parece manter uma consistência que favorece a fluidez da leitura.

      Perfil Psicológico e Social do Autor

      Com base no texto, é difícil determinar com precisão o perfil psicológico do autor. No entanto, ele mostra uma certa empatia para com personagens em situações desfavoráveis, o que pode sugerir uma orientação mais humanista. Socialmente, o autor parece estar consciente dos desafios enfrentados por indivíduos como Rodrigo, indicando uma familiaridade com ambientes urbanos e possivelmente marginalizados.

      Público-alvo do artigo: Fascínio pelo Crime: da Escola de Elite para a Facção PCC 1533

      1. Acadêmicos e Estudantes: Especialmente aqueles focados em criminologia, sociologia, psicologia e estudos de gênero, que podem encontrar valor na análise comportamental e social do texto.
      2. Profissionais do Direito: Advogados, juízes e outros envolvidos no sistema judiciário poderiam encontrar o texto relevante para entender aspectos legais ou éticos relacionados ao comportamento de Rodrigo.
      3. Jornalistas e Críticos de Mídia: Aqueles interessados na ética do jornalismo, na representação da criminalidade na mídia, ou no papel da mídia em moldar a percepção pública.
      4. Ativistas Sociais: Indivíduos ou grupos focados em questões sociais como desigualdade, direitos humanos ou reforma do sistema prisional podem achar o texto esclarecedor ou útil para seus esforços.
      5. Leitores Gerais com Interesse em Psicologia ou Comportamento Humano: O texto pode oferecer insights sobre motivações e comportamentos que são de interesse para uma audiência mais ampla.
      6. Agentes de Segurança Pública: Policiais e outros envolvidos em segurança podem encontrar valor no texto para entender melhor os tipos de comportamentos que podem encontrar em suas profissões.
      7. Formadores de Política: Legisladores ou administradores públicos que lidam com políticas de justiça criminal podem se beneficiar das análises apresentadas.
      8. Teólogos e Líderes Religiosos: Dependendo do conteúdo, aspectos de moral e ética podem ser de interesse para aqueles envolvidos em estudos teológicos ou liderança religiosa.
      9. Amantes da Literatura e Estudos Culturais: Se o texto tem qualidades literárias ou aborda questões culturais de forma significativa, poderá atrair leitores com interesse nestas áreas.

      Periferia: falta de oportunidade e oportunidade no mundo do crime

      Este texto expõe a trajetória de um jovem da periferia que, diante da falta de oportunidades, vê no crime uma saída para a melhoria de vida, enfrentando dilemas morais e sociais.

      Periferia não é apenas um lugar geográfico, é também uma complexa teia de histórias e destinos. Este texto lança um olhar profundo sobre a vida na margem, incluindo o papel do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533). Se você quer entender as dinâmicas que moldam a vida de tantos brasileiros, esta leitura é indispensável.

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      Após o texto e o “carrossel de artigos”, no final do texto, temos algo especial para você. Uma análise feita por inteligência artificial abordará os argumentos e contraargumentos apresentados. Não perca essa visão detalhada sob o ponto de vista de diversas áreas de conhecimento!

      Periferia: é por essa razão que estamos contando essa história real. Ser “batizado” na família 1533 não é como assinar uma carteira de trabalho. Não se trata de sair distribuindo “currículos” em biqueiras ou entrar em grupos de WhatsApp com essa finalidade. Estamos falando de uma organização criminosa que mantém seu poder há 30 anos graças à confiança, lealdade, respeito e união.

      Especificamente quanto à confiança, para fazer parte dessa “família”, é preciso conquistá-la. Atrás de um celular, você é apenas um número de telefone. Em qualquer contexto, a construção de relacionamentos é crucial. O único caminho para ingressar na facção é por meio de um padrinho que deve depositar total confiança em você. Como diz o ditado, “Quem tem padrinho, não morre pagão”.

      Esta é a história de Loid Bandidão, uma figura inescapável no mundo dos bailes funk e frequentemente mencionado em vídeos que resgatam as relíquias do “baile de corredor” de Recife. Ele não é apenas um nome que ecoa nas festas; é também um exemplo das complexas circunstâncias que moldam vidas na periferia. Contar sua trajetória é uma forma de eternizar sua existência e, talvez mais crucialmente, uma oportunidade para a sociedade refletir sobre os erros sistêmicos que contribuíram para a criação deste personagem, que é apenas um entre tantos outros.

      Periferia: entre pipas e a família

      Cresci na periferia da grande São Paulo. Meu pai me abandonou cedo; minha mãe conseguia alguma renda costurando e fazendo bicos e trabalhos temporários. Éramos humildes, e a vida era um fardo pesado. A comunidade era o meu mundo, o quintal da minha casa era a rua, e foi lá aonde aprendi a viver.

      Quando criança, empinava pipas, jogava bola de gude e rodava pião. A avó, sempre generosa, me dava uns trocados para jogar videogame no playtime. Eu era o comunicador da quebrada, o “aspirante a vereador” como brincavam. Conhecia todos e todos me conheciam. Ajudava a vizinhança, carregava as compras das senhoras e dividia pão quando podia. Tive poucos amigos de verdade, mas era querido por todos.

      Na escola, meu principal interesse era a merenda, pois em casa, a comida era algo quase luxuoso. No entanto, minhas notas sempre foram acima da média. Minha mãe, uma nordestina resiliente, atuava como empregada doméstica durante o dia. Quando conseguia um dinheiro extra, investia na preparação de cachorros-quentes para vender à noite.

      Talvez ela fosse dura, mas era o melhor que ela podia ser. O velho, meu pai, um ferroviário aposentado, só lembro dele embaçado, sempre bêbado nos bares ficava com outras mulheres na frente de todos. E quando estava em casa, agredia e humilhava minha mãe, levando-a às lágrimas repetidamente.

      Periferia: pequenas e inalcançáveis ambições

      Sempre tive ambições pequenas, moldadas pela realidade da minha vida. Queria dar à minha mãe uma vida menos dura e talvez um dia ter minha própria família, para ser diferente do meu pai.

      Aos 16 ou 17 anos, senti o peso da necessidade e das portas que se fechavam à minha frente. Na comunidade onde cresci, as oportunidades eram raras e geralmente se resumiam a negócios familiares, um ciclo vicioso difícil de romper. Mas a gota d’água foi ver minha mãe, já debilitada pela idade e sem o mesmo vigor de antes, incapaz de cuidar de si mesma devido à falta de recursos.

      Periferia: o crime abre portas

      Vi o crime como minha única rota de escape.

      Logo após uma partida de futebol na quadra da escola, resolvi abordar um colega que já estava inserido no universo criminal. Nos conhecíamos desde a infância, compartilhávamos das mesmas dores, pobreza etc.  nessa época ele me emprestava roupas para ir aos  bailes de corredor e, posteriormente, dos ‘bailes funk’ na avenida.

      Se eu detinha a confiança da comunidade, tendo contato com pessoas de todas as esferas, ele tinha um respeito que se estendia tanto ao ambiente escolar quanto às ruas da quebrada. Foi quando me aproximei e me abri com ele:

      Mano, eu já tentei de tudo, cursos gratuitos, indicações, bati de porta em porta. Não consegui nada! E não aguento mais ver minha mãe se sacrificando tanto para só termos o básico dos básicos lá em casa. Eu queria uma chance na biqueira.

      Ele olhou pra mim e foi direto:

      Isso aqui não é vida pra você, mano. Você vai correr risco demais pra ganhar pouco. A comunidade tá em guerra, a polícia tá sempre aqui. Você é inteligente e não tem passagem. Melhor procurar outro rumo.

      Começando a caminhada

      Mas eu insisti. Disse que se tinha disposição pra acordar cedo e ir a pé atrás de emprego, também tinha para ficar a noite inteira na quebrada pra aguentar esculacho de polícia, encarando nóias e bandidos.

      Disse para ele que eu estava cheio de ódio do sistema e que vestiria a camisa com todo coração para expandir a “firma” deles. Foi assim que convenci a todos para me darem uma chance.

      Comecei na biqueira, aquela lá embaixo na praça, do outro lado do Centro de Lazer. Não era perto do barraco onde minha família vivia, que ficava na parte alta do morro.

      No começo era só levar recado de um para outro, ir comprar coisas para os moleques mais antigos e ficar ali, fazendo número, e recebia uns trocos de um ou de outro. Depois eu passei a ir pegar o bagulho no mocó atrás do campinho quando ia acabando na biqueira.

      Demorou para eu ficar revezando com os moleques na venda, mas daí eu já levava comida e um pouco de comida pra casa. Subi alguns degraus, a confiança em mim cresceu e fui batizado na “família”. Era o caminho que eu escolhi, pensando que seria a salvação financeira para nós.

      Minha vida no mundo do crime

      Nessa vida louca, nunca tive um relacionamento estável com nenhuma mulher, mas sempre gozei de respeito nos bailes. Antes de entrar para o tráfico vestia só roupas emprestadas de amigos e mesmo assim nunca me faltou garotas.

      Mas imagina quando comecei a vestir panos novos de marca, bancando as bebidas e drogas para os chegados, e o principal, sempre com carros de respeito. O patrão da boca não deixava a gente dar a impressão que a boca estava falida, a gente era para ser um modelo a ser invejado, uma vitrine para o patrão.

      Chovia mulheres que ficariam com qualquer um com fama de bandido — até com homens às vezes desprovidos de beleza kk!

      Os dias na biqueira foram tranquilos até o primeiro ataque inimigo, ali eu vi que o crime não é o creme.  Foi naquele dia que senti o quão difícil era aquela vida e temi deixar minha mãe desamparada.

      Minha mãe e meus irmãos

      Mamãe só descobriu quando eu fui preso. Ela é uma mulher de fé, evangélica. Não sei se ela fechava os olhos para o que eu fazia ou simplesmente não sabia. Ela mal tinha tempo para parar em casa. Mas eu posso dizer que, a meu modo, sempre fui um bom filho.

      Meu irmão mais velho seguiu o caminho da fé, assim como minha mãe, e foi buscar melhores oportunidades em outro estado. No começo, as contribuições dele eram modestas, devido à sua situação financeira da época. Com o tempo, contudo, ele passou a auxiliar mais nossa mãe.

      Já eu e meu irmão mais novo, seguimos rumos diferentes. Eu me envolvi com o crime, enquanto ele também proporcionou uma certa estabilidade financeira à família montando um comércio irregular, mas de produtos legais. Portanto, cada um à sua maneira, com escolhas certas ou erradas, conseguimos assegurar que nossa mãe e nossa família não vivam mais com o medo constante de não ter o que comer ou de serem humilhados em busca do sustento.

      A prisão: colocando tudo na balança

      O arrependimento bateu quando, em 2012, o juiz decretou a sentença, 64 anos de prisão, um triste fim para minha carreira. Agora, preso e com tempo para refletir, me pergunto se teria sido diferente. Talvez sim, talvez não.

      Já se foram 11 anos de reclusão e olhando pra frente, só vejo mais cela, mais concreto. Pode ser que eu fique aqui mais 29 anos, ou quem sabe 9; só Deus tem a resposta. A cadeia virou minha casa, e por mais que o mundo lá fora tenha mudado — internet de alta velocidade, carros elétricos, TVs gigantes e smartphones — eu creio que faria tudo de novo se tivesse a chance.

      Por quê? Porque minha mãe está bem, graças à Família 1533. Ela tem sua saúde cuidada e não falta comida na mesa dela. A sociedade pode me ver como um pária, mas na minha comunidade, sou o Pelé do morro. Fiz mais pelo meu povo do que qualquer prefeito ou governador jamais fez. E se eu pudesse deixar uma coisa clara para todo mundo, é o quanto amo minha mãe. Minha história, no final das contas, é sobre isso: um amor tão grande que eu daria minha própria liberdade só pra ver um sorriso no rosto dela.

       Essa é a minha história, a minha trajetória ao crime.

      Argumentos defendidos pelo autor

      1. Falta de Oportunidades: O autor argumenta que o sistema falha em fornecer opções viáveis para os jovens, levando-os a buscar oportunidades no crime como último recurso.
      2. Sistema Jurídico Injusto: O autor critica a extensão da pena recebida, destacando que as circunstâncias sociais que o levaram ao crime não foram levadas em consideração.
      3. Valorização Comunitária: O autor sustenta que, apesar das implicações éticas e legais, sua escolha pelo crime foi uma forma de trazer estabilidade financeira para sua família, o que ele vê como uma forma de contribuição positiva para a sua comunidade.
      4. Dilemas Morais: O autor parece sugerir que, às vezes, fazer algo objetivamente “ruim” pode ser justificável se for para atingir um “bem maior” — neste caso, o bem-estar de sua mãe.
      5. Crítica Social: Há uma crítica subjacente ao modo como a sociedade rotula e rejeita indivíduos envolvidos no crime, sem considerar o contexto que os levou a essa vida.
      6. Natureza Humana Complexa: O autor aborda a complexidade do comportamento humano, mostrando que uma pessoa pode ter múltiplas facetas – ser um bom filho, enquanto ainda envolvido em atividades ilícitas.

      Em suma, o autor defende um ponto de vista mais compreensivo e nuanceado sobre o que leva as pessoas a entrarem para o crime, ao mesmo tempo em que critica várias instituições, desde o sistema jurídico até a sociedade em geral.

      Contra argumentos aos pontos de vista defendidos pelo autor

      1. alta de Oportunidades: Enquanto a falta de oportunidades pode ser uma força motriz para o envolvimento em atividades ilícitas, muitos argumentam que isso não justifica o crime. Existem outros meios legais e éticos de ascensão social.
      2. Sistema Jurídico Injusto: O argumento de que o sistema jurídico é injusto é complexo. A pena do autor pode ser vista como uma dissuasão para outros potenciais criminosos, fundamentada na proteção da sociedade.
      3. Valorização Comunitária: O fato de ter trazido estabilidade financeira para a família não absolve os danos causados à comunidade e aos indivíduos afetados pelo crime. Além disso, atividades criminosas geralmente trazem violência e instabilidade para as comunidades em que ocorrem.
      4. Dilemas Morais: A ética utilitarista pode justificar ações “más” para um “bem maior,” mas isso é altamente contestável. Além disso, o “bem” alcançado é imediatista e não sustentável a longo prazo.
      5. Crítica Social: Rotular indivíduos envolvidos no crime pode ser uma forma de a sociedade estabelecer normas e limites. Além disso, o estigma associado ao crime pode servir como um fator dissuasivo.
      6. Natureza Humana Complexa: Embora seja verdade que as pessoas são complexas e multidimensionais, isso não serve como justificativa para a prática de atividades ilícitas. Complexidade não equivale a isenção de responsabilidade.

      Ao considerar esses contrapontos, percebe-se que, embora o autor possa ter razões pessoais e contextuais para suas escolhas, essas razões não são universalmente aceitáveis como justificativas para o envolvimento em atividades criminosas.

      Análise do Texto pela AI

      O texto em questão é abrangente e apresenta diversos pontos de vista interessantes, do filosófico ao psicológico. Vejamos a análise crítica em relação a várias disciplinas:

      Segurança Pública:

      O texto destaca a falta de oportunidades e a presença quase onipresente da criminalidade como única saída para muitos jovens. Isso faz um comentário sobre o fracasso da segurança pública em fornecer uma sensação de segurança e alternativas ao crime.

      Jurídico:

      O protagonista recebe uma sentença de 64 anos de prisão. Aqui, podemos questionar se a legislação e a pena são eficazes como medidas corretivas ou se servem mais como medidas punitivas que não abordam as causas subjacentes do crime.

      Histórico:

      A narrativa reflete as realidades sociais e econômicas das periferias brasileiras, marcadas por desigualdades que persistem por gerações. Embora não discuta explicitamente a história, seu texto está inserido num contexto histórico específico.

      Sociológico:

      A história traz à tona as desigualdades sociais e as difíceis decisões que pessoas em comunidades carentes precisam tomar. É um comentário sobre como o ambiente e a estrutura social podem direcionar alguém para o crime.

      Antropológico:

      O texto examina a cultura da “quebrada,” a vida na comunidade, os bailes funk e a cultura do crime, oferecendo um olhar antropológico sobre a vivência em periferias.

      Filosófico:

      A narrativa levanta questões filosóficas sobre o que constitui o “bem” e o “mal” em situações de extrema necessidade e como a moralidade pode ser relativa ao contexto em que um indivíduo se encontra.

      Criminológico:

      O texto explora o ambiente e as circunstâncias que podem levar alguém a se envolver com o crime, como a falta de oportunidades, o ambiente familiar, e as questões de sobrevivência, contribuindo para o estudo da criminologia.

      Psicológico:

      A motivação principal do protagonista para entrar para o crime é o amor que sente pela mãe e o desejo de proporcionar uma vida melhor para ela. Isso fornece uma visão psicológica complexa do que pode motivar a atividade criminosa.

      Linguagem e Ritmo:

      A linguagem é acessível, incorporando gírias e expressões populares, o que adiciona autenticidade. O ritmo é bem controlado, com uma progressão que mantém o leitor envolvido.

      Trauma Coletivo, comunidades e Primeiro Comando da Capital

      O artigo explora a ideia de que o “trauma coletivo” é um fenômeno poderoso que une as pessoas em circunstâncias extremas, como nas prisões e nas comunidades. A peça examina especificamente como essa ideia se manifesta dentro da organização PCC 1533.

      Trauma coletivo é a cola que une a Família 1533; foi esse o cimento que solidificou o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533). O PCC entende essa dor, porque nasceu de um inferno chamado Sistema Carcerário. Esse é o segredo do sucesso da organização criminosa paulista.

      Se você quer entender o sistema prisional de um jeito que nunca viu, vai querer ler o que Abadom tem pra contar. Ele não fala de ouvir falar; ele vivenciou cada palavra que escreve, dentro das trancas. Isso aqui é só o começo, fique ligado, porque Abadom tem muito mais pra revelar sobre o que rola por trás das grades.

      Depois de mergulhar na leitura, não esqueça de dar aquela curtida no texto e deixar seu comentário lá no site. Quer ficar por dentro de tudo que vem por aí? Então se inscreva no nosso grupo de leitores. Acredite, você não vai querer perder o que vem a seguir. E como de costume no nosso site, após o texto, confira também uma análise detalhada feita pela IA sobre vários aspectos da obra.

      Trauma Coletivo: nas Trancas e nas Comunidades

      Eu vesti a camisa, me integrei completamente à Família 1533.

      “Trauma coletivo gera união” — essa frase pode soar como clichê para você, mas para mim, ela reflete tudo o que eu vivi na vida do crime e dentro das trancas.

      Esse papo reto só colou na minha mente quando dei de cara com o sistema prisional, um espelho ampliado das tretas e da injustiça lá fora. Lá dentro, inveja, ódio e busca por poder rolam soltos, na forma mais bruta. É nesse barril de pólvora que você capta o peso real do “trauma” e sente na pele o tal do “trauma coletivo”. Fica fácil entender, então, como o Primeiro Comando da Capital nasceu naquele caos chamado Carandiru.

      Mas há mais. O trauma coletivo nos transforma. Ele nos une em uma irmandade silenciosa, uma família moldada pela necessidade comum de sobreviver. Isso é explicitamente evidente em organizações como o PCC 1533. Afinal, eles, assim como nós, também passaram pelo inferno.

      Em São Paulo, por exemplo, a unidade dentro do PCC é evidente. Por quê? Porque muitos enfrentaram as mesmas dores, obstáculos sociais e desafios nas trancas. Essa mesma realidade se repete em todas as prisões e periferias do Brasil. Cada unidade tem suas peculiaridades, e é gerenciando essas diferenças que o PCC se forma, se desfaz e se recria.

      Hierarquia, Disciplina e Família

      Dentro do PCC, você tem mais do que apenas um líder; você tem alguém que te vê como um filho, e não como um mero número. É o que Sun Tzu afirmou: “Trate seus soldados como filhos e eles te seguirão até a morte.” Aqui, o diálogo vem antes da ação, diminuindo a incidência de traições e injustiças. Pode parecer uma lógica distorcida, mas ela funciona.

      O primeiro passo tem início na conscientização de nossos familiares que sofrem com as injustiças desigualdade, descasos do abandono em que vivemos. Unidos lutaremos pelo cumprimento da justiça e de nossos direitos, mas para isso precisamos estar unidos e mobilizados pela construção de um novo amanhã.

      Cartilha de Conscientização da Família 1533

      E, no final das contas, todos nós buscamos pertencer, não é? Seja na escola, no trabalho ou em qualquer outro lugar. Essa busca pela “tribo” é universal e transcende barreiras, inclusive legais. O trauma coletivo, essa experiência dolorosa que nos conecta, serve como uma lente potente para entender o mundo. E isso é verdade tanto dentro quanto fora das grades.

      Os moleques tão sempre atrás de uma tribo, né? Nas escolas temos o grupo do futebol, a turma do fundão, os nerds, no trabalho tbm, e no crime não é diferente. Não importa se tão nas quebradas de São Paulo ou no interior do Amazonas, agora ou nos tempos antigos. Os garotos querem um norte, um exemplo pra seguir. Pode ser alguém tipo o Steve Jobs, que roubou ondas do telefone, ou os chefes nas quebradas ou nas trancas federais.

      Análise do Texto: Trauma Coletivo, comunidades e Primeiro Comando da Capital

      Dada a complexidade e a profundidade do texto, ele pode ser analisado sob múltiplas lentes. Vamos examiná-lo a partir de diferentes perspectivas:

      Segurança Pública:

      O texto aborda diretamente questões ligadas à segurança pública, focando na experiência pessoal dentro do sistema prisional e nas organizações criminosas. Ele aponta para falhas no sistema, como a facilidade de radicalização e unificação sob uma bandeira criminosa, desafiando políticas públicas convencionais.

      Jurídico:

      O texto levanta questões sobre a eficácia do sistema de justiça criminal. Ele implicitamente questiona se o sistema prisional atual serve como correção ou se meramente perpetua um ciclo de criminalidade e trauma.

      Histórico:

      O autor faz menção ao Carandiru, um marco na história do sistema prisional brasileiro e no nascimento do PCC. Isso dá um contexto histórico ao “trauma coletivo” discutido.

      Sociológico e Antropológico:

      O texto é uma rica fonte para o estudo das dinâmicas sociais dentro de grupos marginalizados. Ele explora a ideia de “família” formada dentro do sistema prisional e como essa “união” serve para perpetuar a existência do grupo.

      Filosófico:

      O conceito de “trauma coletivo” e sua relação com a união e a sobrevivência apontam para questões éticas e existenciais. O texto até faz uma referência a Sun Tzu, entrando no domínio da filosofia da guerra e liderança.

      Criminológico:

      O texto oferece uma perspectiva interna sobre a organização e a hierarquia dentro do PCC, oferecendo uma visão rara do funcionamento interno de tais grupos, que poderia ser útil para estudos criminológicos.

      Psicológico:

      O conceito de “trauma coletivo” e a necessidade humana básica de pertencer a um grupo podem ser explorados a partir de uma perspectiva psicológica. O texto toca em questões de psicologia social e comportamento humano sob condições extremas.

      Linguagem e Ritmo:

      O texto é escrito em um estilo de “fluxo de consciência”, tornando-o pessoal e íntimo. Contudo, essa abordagem também pode tornar o texto menos acessível para quem não está familiarizado com o jargão e as referências específicas do contexto.

      Cada uma dessas perspectivas oferece uma abordagem única para entender o texto e o contexto mais amplo no qual ele se insere.

      PCC 30 Anos: Uma Jornada de Ascensão e Reflexões Sociais

      No marco dos PCC 30 anos, este artigo não apenas examina a notável ascensão da organização, mas também aborda as falhas sociais que possibilitam tal fenômeno. Usando uma perspectiva empática, o texto enfatiza o potencial humano não realizado e questiona um sistema que perpetua desigualdades.

      PCC 30 anos não é só sobre o aniversário de uma organização criminosa, mas também um alerta sobre problemas na nossa sociedade. O texto fala do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) e faz a gente pensar em talentos que estão sendo desperdiçados. Basicamente, ele nos faz questionar por que nosso sistema deixa algumas pessoas para trás, enquanto poderiam estar ajudando a construir um Brasil melhor.

      O texto foi escrito pela Luh do 11, uma leitora atenta e crítica do nosso site. Ela nos oferece uma visão única sobre o complexo cenário social que envolve a Família 1533. Se você se identifica com discussões profundas como essa, não perca tempo: clique no link no artigo, inscreva-se no nosso grupo de leitores, comente suas opiniões e compartilhe em suas redes sociais.

      Após o “carrossel de artigos” no final do texto, você encontrará uma análise detalhada preparada por inteligência artificial, abordando várias perspectivas como história, sociologia e psicologia para enriquecer a sua compreensão sobre o tema.

      PCC 30 Anos: potenciais desperdiçados em uma sociedade cruel

      O ponto de vista de cada pessoa é único, fazendo com que nossas memórias sejam individuais e intransferíveis. Ontem, ao refletir sobre os 30 anos de existência da Facção Primeiro Comando da Capital, inevitavelmente, uma enxurrada de memórias veio à tona. Algumas delas são agradáveis, outras nem tanto, mas, em um contexto mais amplo, é inegável a ascensão extraordinária da organização.

      É curioso ouvir os arautos da meritocracia em nossa sociedade repleta de preconceitos afirmarem que a origem social não faz diferença. Como pode não fazer? Vejam onde chegou o Primeiro Comando da Capital! Uma organização meticulosamente estruturada, que conta com um expressivo número de ‘funcionários’ e movimenta cifras astronômicas anualmente.

      O intelecto que concebeu o PCC, embora talvez não tivesse plena noção da magnitude que tomaria, revela um gênio incomum. Se as circunstâncias sociais que envolviam essa mente fossem outras, talvez estaríamos falando de uma grande corporação brasileira, gerando empregos formais para cerca de 100.000 pessoas e contribuindo positivamente para o PIB do país.

      Minha visão não é apenas de uma mera expectadora da vida; é uma apreciação cheia de matizes da engenhosidade, astúcia e determinação que marcaram os primórdios do PCC. Mas também é uma visão que condena o sistema social brutalmente desigual e injusto que molda realidades como essa. Um sistema que desperdiça potencial humano, relegando mentes brilhantes a um caminho de marginalização.

      Ontem, apesar de ser um dia marcado por celebrações, é impossível não pensar nas inúmeras vidas perdidas nessa trajetória, nas famílias despedaçadas e nas oportunidades desvanecidas. É impossível não pensar nos filhos que crescerão sem pais e nos pais que enterrarão seus filhos. Aos que permanecem firmes e fortes nesse cenário, meu reconhecimento. Que seus esforços, embora direcionados de forma trágica, sirvam como um lembrete da falência de um sistema que poderia, e deveria, fazer muito mais pelos desafortunados da sociedade. Sempre.

      Outros comentários de leitores sobre o PCC 30 anos:

      Críticas e Análises da Inteligência Artificial

      Ponto de Vista Histórico

      O texto faz menção aos “PCC 30 anos”, indicando uma linha do tempo para a organização criminosa. Fica implícito o fato de que a organização não nasceu em um vácuo, mas sim como um produto das circunstâncias sociais e históricas do Brasil, incluindo a política de segurança pública e a exclusão social.

      Ponto de Vista Sociológico

      O texto também aborda o fenômeno do PCC sob uma lente sociológica, questionando a meritocracia e o sistema social que permitiu a ascensão de tal organização. Aqui, há um convite à reflexão sobre as estruturas da sociedade que possibilitam o surgimento e a manutenção de organizações criminosas.

      Ponto de Vista Antropológico

      O artigo se encaixa em uma narrativa mais ampla sobre identidade e pertencimento. A discussão sobre as ‘memórias’ e as ’emoções’ evoca uma cultura própria, uma subcultura que cresceu em torno do PCC.

      Ponto de Vista Criminológico

      O texto é bastante relevante para a criminologia, especialmente porque questiona o papel das condições sociais no surgimento do crime organizado. Ele sugere que, sob diferentes condições, os talentos que foram para o PCC poderiam ter sido canalizados de forma mais positiva.

      Ponto de Vista Jurídico

      Do ponto de vista jurídico, o texto pode ser visto como problemático, pois, embora não faça apologia ao PCC, ele assume uma postura que pode ser interpretada como simpática ou, no mínimo, compreensiva em relação à organização.

      Ponto de Vista Psicológico

      A menção à “mente de gênio” que idealizou o PCC aponta para questões psicológicas interessantes. Podemos nos perguntar que tipo de traços psicológicos, talentos ou habilidades estão sendo desperdiçados ou mal direcionados devido às circunstâncias sociais adversas.

      Ponto de Vista da Linguagem e Ritmo

      O texto usa uma linguagem formal e segue um ritmo que leva o leitor através de uma série de questionamentos e reflexões, tornando a leitura fluida e a mensagem impactante. A escolha das palavras também é feita de forma a evocar emoção e provocar pensamento.

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      Bode de Azazel, a facção PCC 1533 e as ONGs nos presídios

      O símbolo do Bode de Azazel, utilizado na tradição judaica para a expiação de pecados, como uma analogia a política de Segurança Pública e Carcerária atual. O texto aborda a importância da humanização das condições nas prisões como um reflexo da ética e moralidade coletivas.

      Bode Azazel serve como metáfora para entender como a sociedade contemporânea que usa o sistema prisional como bode expiatório para seus problemas coletivos. O texto leva o leitor à reavaliar tal paradigma, encorajando a humanização das condições carcerárias como uma forma de responsabilidade social. Ao fazer isso, desafiamos os valores fundamentais que sustentam nossas noções de justiça e ética.

      Ao concluir a leitura deste artigo, não deixe de conferir o comentário do renomado repórter italiano Francesco Guerra, do blog latinamericando.info. Sua perspectiva internacional enriquece significativamente o debate. Além disso, após o comentário de Guerra, a inteligência artificial apresenta diversas análises e críticas referentes a este artigo.

      Convidamos você a expressar suas próprias opiniões, seja comentando diretamente no site ou em nosso grupo de WhatsApp para leitores engajados. Sinta-se à vontade também para compartilhar este conteúdo em suas redes sociais e ampliar a discussão.

      Bode Azazel e a humanização do sistema carcerário

      Caro amigo Fernatti,

      O empenho de você e de seus colegas das ONGs, voltados para a humanização das condições carcerárias, despertou em mim uma reflexão sobre o quanto nossa sociedade permanece estagnada. São passados 2.500 anos desde que o ritual de enviar um bode ao deserto servia para aliviar a consciência dos “cidadãos de bem” de eras antigas.

      Nas entranhas obscuras da psique humana, onde pecado e virtude entrelaçam-se numa inextricável dança, ressoa o eterno enigma do Bode Azazel. Este símbolo antigo, eternizado nas sagradas páginas do Levítico, ressurge hoje com nova roupagem. Ele alude à segregação e ao sacrifício de comunidades à margem da sociedade, um eco sombrio que encontra paralelo na facção Primeiro Comando da Capital.

      No Livro de Levítico, escrito há aproximadamente 2.500 anos no período pós-cativeiro babilônico, o Bode Azazel tornou-se uma figura de expiação. Ele serviu não apenas para apaziguar uma divindade e exorcizar a culpa coletiva mas também para consolidar a identidade de um povo fraturado. O bode era enviado ao deserto, uma terra que metaforicamente representava o caos e a marginalização. Aquele ritual não apenas purificava o indivíduo mas também reforçava a identidade coletiva, uma prática que encontra paralelo na atual atuação da facção PCC 1533.

      No teatro moderno das redes sociais e da televisão, vemos uma representação similar. Bandidos e criminosos menores são condenados aos “desertos” de hoje: prisões superlotadas e comunidades periféricas esquecidas. O clamor popular por punitivismo, personificado na figura de políticos como Jair Bolsonaro, revela como a sociedade ainda busca seus bodes de Azazel para transferir seus pecados e aliviar sua consciência coletiva.

      O trabalho incansável de Fernatti e de seus colegas das ONGs, voltados para a humanização das condições carcerárias, se faz crucial neste cenário. Eles representam um farol de consciência em um mundo ainda ávido por sacrifícios simbólicos e reais. Com sua ação, contestam a noção arcaica de que a marginalização e a punição excessiva possam purificar uma sociedade complexa e multifacetada. E, assim, oferecem uma alternativa humanitária e ética a uma narrativa punitivista ainda tão arraigada no imaginário coletivo.

      O drama moral do Bode Azazel

      Mas a questão permanece: quem realmente redimimos ao enviar essas almas ao “deserto” das prisões e periferias? O Primeiro Comando da Capital, longe de ser um contra-símbolo, torna-se ele próprio um Bode de Azazel da era moderna. Ele carrega sobre si os pecados, medos e frustrações de uma sociedade que ainda não aprendeu a enfrentar as complexidades inerentes à condição humana, preferindo a simplicidade do sacrifício à introspecção e ao trabalho de reforma social verdadeira.

      Este drama moral, orquestrado como um espetáculo hipnótico, coloca cada um de nós como espectador e participante. O Bode Azazel serve como um espelho refratário, refletindo nossa eterna luta entre falibilidade e aspiração à redenção. Assim, este símbolo milenar nos desafia a reexaminar os fundamentos de nossa justiça e moralidade coletivas.

      Ao retomar a lenda ancestral do Bode Azazel em nossa realidade social, questionamos as bases da nossa ética coletiva. Ao enviar outros para esses desertos contemporâneos, talvez estejamos apenas perpetuando um ciclo vicioso de culpa e expiação que dura milênios. A questão persiste: ao buscar nossa própria redenção à custa do sofrimento alheio, que tipo de sociedade estamos realmente construindo?

      Os desafios carregados pelo Bode Azazel

      Ah, Fernatti, tal qual o enigmático Bode Azazel revela as abominações ocultas do coração humano, você e seus audazes aliados nas ONGs descortinam as trevas do sistema prisional. Não mais um antro de excluídos, mas uma intrincada tapeçaria de dilemas sociais que nos devoram silenciosamente. Assim como o Bode Azazel unia as consciências de uma civilização longínqua, vossos esforços na humanização carcerária podem ser a chave que decifra e reformula os princípios arcanos de nossa ética societal.

      Ao mergulharem nas profundezas tenebrosas de um sistema carcerário que mais degrada do que reabilita, vocês desvelam a inquietante realidade: o sacrifício do ‘marginalizado’ talvez seja nossa cómoda rota de fuga da responsabilidade coletiva que carregamos. E é aqui que se encontra a revolução mais sutil, porém transcendental: ao metamorfosear o cárcere de seu âmago sombrio, vocês desafiam e, potencialmente, transmutam os alicerces arcanos de nossa ética e justiça coletivas.”

      A tarefa que nos aguarda é de proporções colossais, mas igualmente colossal é a abertura para uma transformação autêntica. A humanização do ambiente carcerário transcende a mera compaixão; é o espelho d’alma de nossa civilização, refletindo os ideais que ambicionamos encarnar. Ao redimir o ‘deserto’ que construímos com nossas próprias mãos e preconceitos, talvez possamos também resgatar a essência de nossa humanidade compartilhada.

      Com respeito e solidariedade,

      Wagner do Site

      Francesco Guerra e sua percepção do Primeiro Comando da Capital

      Hoje em dia, a situação é tal que para um jovem de qualquer comunidade carente do Brasil, poderia ser mais conveniente ficar ao lado de uma facção, em nossa conversa seria o PCC, claro, do que seguir uma vida na legalidade. Isso porque o Estado abandona as comunidades carentes e extermina seus jovens, principalmente os negros e pardos, seja por meio de operações policiais, como a última “Operação Escudo” em Guarujá, seja pelo encarceramento em massa.

      Quase um milhão de pessoas no Brasil estão atrás das grades, um número alarmante considerando que a população brasileira gira em torno de 215 milhões. Tanto é que o Brasil, depois dos Estados Unidos e da China, tem a maior população carcerária do mundo.

      Essa não é uma reflexão diretamente sobre o PCC, mas indiretamente é. A pergunta sobre se para um jovem da periferia é melhor entrar para o PCC ou estar do lado do Estado é, no contexto brasileiro, a clássica pergunta que não quer calar.

      Um grande abraço a todos.

      Críticas e Análises da Inteligência Artificial

      O texto é uma tentativa profunda de ligar a questão das condições carcerárias e o Primeiro Comando da Capital a um arquétipo religioso, o Bode Azazel, servindo como um meio de expiação e reflexão social. A análise que segue aborda diversos ângulos disciplinares.

      Teológico

      Ao evocar o Bode Azazel, o autor incorpora uma dimensão espiritual à discussão sobre criminalidade e sistema prisional. No Judaísmo, o ritual de Azazel servia como um ato de purificação, onde os pecados da comunidade eram simbolicamente transferidos para um bode que era enviado ao deserto. No entanto, é crucial lembrar que a expiação teológica visa a redenção e a purificação, algo que está notavelmente ausente no sistema prisional brasileiro.

      Histórico

      A história do sistema carcerário brasileiro e a ascensão do PCC como uma organização poderosa refletem falhas sistemáticas e históricas no tratamento de questões sociais. A ideia do Bode Azazel também tem seu paralelo em práticas históricas de ostracismo e exílio como formas de purificação social.

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      Sociológico

      O conceito de “bode expiatório” tem sido usado na sociologia para explicar como grupos marginalizados são muitas vezes culpados pelos males da sociedade. O sistema carcerário atual pode ser visto como uma forma institucionalizada dessa prática, onde indivíduos são isolados e estigmatizados, perpetuando um ciclo de exclusão social.

      Antropológico

      Antropologicamente, o ritual do Bode Azazel pode ser visto como um rito de passagem ou um rito de purificação. O sistema prisional, por outro lado, carece dessa funcionalidade simbólica. Não há um “retorno à sociedade” saudável após o cumprimento da pena, apenas uma estigmatização contínua.

      Criminológico

      O PCC, como outros grupos criminosos, frequentemente fornece uma forma alternativa de “ordem” e “justiça” em contextos onde o Estado é ausente ou ineficaz. A organização pode oferecer uma forma distorcida de mobilidade social, o que questiona a eficácia do sistema jurídico em oferecer alternativas reabilitativas.

      Psicológico

      O Bode Azazel serve como um mecanismo de projeção coletiva, onde uma comunidade externaliza seus pecados e conflitos internos. O sistema prisional, com sua ênfase punitiva em vez de reabilitativa, não resolve os problemas psicológicos subjacentes que levam ao crime, mas sim os amplia.

      Jurídico

      Legalmente, a narrativa do “bode expiatório” reflete preocupações sobre o devido processo legal e a proporcionalidade das penas. A superlotação e as condições desumanas nas prisões brasileiras violam princípios básicos de direitos humanos e dignidade, questões que precisam ser abordadas em qualquer reforma jurídica.

      Em resumo, O texto faz um apelo interdisciplinar para uma reflexão mais profunda sobre um sistema falho que afeta a todos nós, direta ou indiretamente. Embora seja uma tarefa difícil, a complexidade do problema exige uma abordagem multifacetada como a que você propôs.

      Análise Crítica do Estilo Literário e da Forma do Texto

      O texto apresenta uma abordagem complexa que amalgama tópicos teológicos, históricos e sociais. Abaixo estão alguns pontos focados no estilo literário e na construção do texto.

      1. Uso da Linguagem: O texto se beneficia de um vocabulário sofisticado e frases complexas que adicionam profundidade ao argumento. Isso, embora eleve o nível do discurso, pode também criar barreiras para leitores menos familiarizados com os conceitos apresentados. Isso está alinhado com o gênero gótico, que frequentemente se baseia em uma linguagem mais elaborada para criar uma atmosfera específica.
      2. Ritmo: O ritmo do texto é deliberado, permitindo que cada ideia seja bem desenvolvida. No entanto, esse ritmo pode ser muito denso para alguns leitores, o que poderia ser remediado com sentenças mais curtas ou parágrafos mais diretos intercalados com os mais complexos.
      3. Estrutura: O texto segue uma estrutura reflexiva e exploratória. Há uma clara linha de raciocínio, mas ela é tecida em uma tapeçaria de simbolismos e referências. Um pouco mais de explicitação do ‘ponto central’ em vários momentos do texto poderia ajudar o leitor a seguir o argumento mais facilmente.
      4. Simbolismos: O uso do “Bode Azazel” e sua comparação com os “bodes expiatórios” da sociedade moderna é uma escolha simbólica robusta. No entanto, essa simbologia poderia ser ainda mais eficaz se fosse ancorada com mais exemplos concretos ou narrativas específicas que ilustrassem o ponto.
      5. Intertextualidade: A menção a figuras e temas bíblicos, assim como ao cenário político atual (Jair Bolsonaro, ONGs, Primeiro Comando da Capital), cria uma camada adicional de significado. Isso enriquece o texto, mas também exige do leitor um certo nível de familiaridade com esses tópicos.
      6. Tom Gótico: O texto tem elementos que remetem ao estilo gótico, especialmente no tratamento das “entranhas obscuras da psique humana”. Essa atmosfera poderia ser amplificada por meio de uma linguagem ainda mais sensorial ou descrições mais atmosféricas.

      Em resumo, o texto é um trabalho literário densamente embalado que utiliza uma variedade de técnicas literárias e referenciais para construir seu argumento. Ele oferece uma leitura rica para aqueles dispostos a navegar em suas camadas de significado, mas pode se beneficiar de alguns ajustes para torná-lo mais acessível sem sacrificar sua profundidade e complexidade.

      Dividir para Conquistar e o ideal de Paz, Justiça e Liberdade (PJL)

      A estratégia de “Dividir para Conquistar” é um princípio universal na arte da estratégia política e militar, aplicado por líderes históricos como Júlio César e Napoleão. No Brasil, uma tentativa oposta de unir grupos distintos levou ao surgimento de poderosas organizações criminosas. A interação de criminosos comuns e presos políticos na Ilha Grande resultou em uma nova era de crime organizado, marcada pela formação de grupos como a Falange Vermelha e o Primeiro Comando da Capital.

      Dividir para conquistar é uma máxima universalmente reconhecida. No Brasil, curiosamente, o oposto levou ao surgimento de organizações criminosas poderosas. A união de criminosos comuns e presos políticos na Ilha Grande deu origem a uma nova era no crime organizado, começando com a Falange Vermelha e evoluindo até os dias de hoje com o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533).

      Convidamos você a explorar esse fascinante capítulo da história criminal brasileira em nosso texto. Sua opinião é valiosa; por favor, deixe seus comentários no site. Para uma discussão mais interativa, junte-se ao grupo de Zap dos leitores do site.

      No final do texto, você encontrará uma análise crítica produzida por inteligência artificial, oferecendo uma perspectiva única sobre o tema abordado.

      Dividir para Conquistar como estratégia militar

      A estratégia de “dividir para conquistar” (divide et impera, no latim) ficou famosa com o imperador romano Júlio César (100 a.C. – 44 a.C) durante suas conquistas territoriais.

      A máxima “dividir para conquistar” tem sido uma pedra angular na arte da estratégia política e militar desde tempos antigos, aplicada até mesmo antes de Júlio César, como por Filipe II da Macedônia. A lógica fundamental envolve fragmentar grupos que possam acumular grande poder, ao mesmo tempo em que se impede que facções menores se unam e, assim, formem uma oposição significativa e robusta. Esse conceito foi posteriormente empregado com habilidade por figuras como Napoleão.

      A aplicação bem-sucedida desta estratégia pode ser vista em várias passagens da história. Júlio César utilizou essa tática para conquistar as tribos da Gália, alimentando discórdias entre elas e as enfrentando de forma fragmentada.

      Filipe II da Macedônia, o pai de Alexandre, o Grande, usou essa abordagem para dividir e enfraquecer as cidades-estado gregas, facilitando a subsequente conquista macedônia.

      Durante a colonização, potências europeias como a Grã-Bretanha aplicaram esse princípio para manter controle sobre colônias vastas e culturalmente diversas, criando rivalidades entre grupos locais.

      Napoleão Bonaparte também empregou essa estratégia, explorando tensões internas em regiões que buscava dominar, como parte de seu projeto ambicioso de expansão europeia.

      Em todos esses casos, a fragmentação dos oponentes contribuiu decisivamente para alcançar o controle e a vitória.

      Dividir para Conquistar e o Exército Brasileiro

      No Brasil, a estratégia adotada pelos militares formados pela gloriosa Academia Militar das Agulhas Negras tomou um rumo oposto ao princípio universalmente aceito de “dividir para conquistar”. Essa inovação, contrária às lições históricas, resultou em um fracasso notável.

      Em meu texto “Paz, Justiça, e Liberdade – registro de nascimento”, tracei a origem de um lema que veio a definir as bases das atuais facções criminosas no Brasil. Essas organizações, agora responsáveis por uma parcela significativa do PIB nacional, emergiram em grande parte devido a esse erro estratégico militar primário da elite de nossas Forças Armadas.

      Os militares brasileiros, numa tentativa equivocada de eliminar a resistência política contra o Regime Militar, uniram dois grupos inimigos distintos, criminosos comuns e opositores políticos, no Presídio da Ilha Grande. Essa decisão de “unir para conquistar” tornou-se um desastre estratégico.

      Em um ato que revela a miopia da classe dominante e de seu braço armado, a união forçada entre criminosos comuns e presos políticos não conseguiu sufocar a resistência, mas sim, alimentou uma aliança histórica entre a violência do banditismo e o idealismo revolucionário.

      Esta união atípica desencadeou uma era de crime organizado sem precedentes no Brasil, um clarim de resistência e transformação que ressoa desde as profundezas do sistema carcerário até os recantos mais remotos e periféricos de nossa nação. Tal fenômeno reflete as contradições intrínsecas ao Estado, evidenciando uma complexa interação entre poder e marginalização.

      Da Falange Vermelha ao Primeiro Comando da Capital

      O produto dessa união insólita manifestou-se no início da década de 80 com a criação da Falange Vermelha (FV). Embora sua existência tenha sido efêmera, a FV deu origem ao Comando Vermelho (CV), perpetuando os ideais de “Paz, Justiça e Liberdade” promovidos pelos integrantes da Falange, uma herança dos presos políticos.

      Mais de uma década depois, em uma continuação da filosofia pregada pelos militares brasileiros, que teimosamente insistiam em desafiar o princípio consagrado de “dividir para conquistar”, nasceu o Primeiro Comando da Capital. Formado através do contato entre prisioneiros paulistas e cariocas, este contato foi parte de uma estratégia adotada pelas forças de segurança que consistia em transferir presos entre estados. Os prisioneiros de São Paulo, absorvendo o ideal do PJL, disseminaram-no não apenas em seu próprio estado, mas por toda a América Latina.

      Neste contexto, apresento hoje os depoimentos de dois personagens inicialmente em lados opostos: José Carlos Gregório, o Gordo, um ladrão de bancos, e Alípio de Freitas, ex-padre e preso político como guerrilheiro.A trajetória de José Carlos Gregório é narrada no Canal Histórias Daki. Gravada há mais de 25 anos, essa entrevista fornece um olhar singular sobre a transição entre o antigo mundo do crime no Brasil e o atual modelo de organização criminosa transnacional.

      Por outro lado, o Vavá da Luz, em um texto recheado com o vocabulário e jargões da extrema direita bolsonarista, me levou a refletir sobre o relato do jornalista Carlos Amorim em “O assalto ao poder e a sombra da guerra civil no Brasil”, onde menciona uma fala de Alípio de Freitas sobre sua atuação nas prisões.

      Dividir para Conquistar: o Gordo da Falange Vermelha

      José Carlos Gregório, conhecido como “Gordo”, foi uma figura proeminente na cena do crime organizado no Brasil, particularmente ligado ao Comando Vermelho. Durante sua prisão na Ilha Grande, ele entrou em contato com presos políticos e desempenhou um papel crucial na fundação da Falange Vermelha.

      Essa organização buscava unir criminosos comuns com o objetivo de lutar por melhores condições nas prisões e veio a ser o embrião do que se tornaria o Comando Vermelho. A habilidade de liderança e eloquência de Gordo foi essencial na união de diferentes grupos criminosos que existiam dentro do Presídio da Ilha Grande.

      Esses grupos, até então rivais, foram “pacificados” graças à capacidade de Gordo de intermediar conflitos e à adoção dos ideais de união trazidos pelos presos políticos. A influência dos presos políticos, juntamente com a visão e habilidades de Gregório, contribuiu para a formação de uma coalizão que não apenas promoveu a paz entre diferentes facções dentro da prisão, mas também lançou as bases para uma das organizações criminosas mais poderosas do país, refletindo uma mudança significativa no panorama do crime organizado no Brasil.

      Gordo continuou a desempenhar um papel vital no Comando Vermelho, contribuindo para a sua expansão e fortalecimento. A sua influência e liderança foram fundamentais para transformar o Comando Vermelho em uma das organizações criminosas mais poderosas e temidas do Brasil. Mesmo após a dissolução da Falange Vermelha, a filosofia e os princípios estabelecidos, como o lema “Paz, Justiça e Liberdade”, continuaram a ressoar no Comando Vermelho, demonstrando o impacto duradouro da contribuição de Gordo.

      TRECHOS DA ENTREVISTA DE JOSÉ CARLOS GREGÓRIO, O GORDO

      Esses novos hóspedes, diferente de nós, sabiam o que era uma família, eram mais estruturados, mais educados, e viviam os dois lados: o criminoso e o da sociedade. Esses caras assistiam a tudo aquilo que acontecia dentro do presídio e chegaram para nós e disseram que os crimes que eram praticados pelos funcionários e também pelos próprios presos contra outros presos tinham que acabar.

      conceito de família, que é forte até hoje no PCC: Cartilha de Conscientização da Família PCC 1533

      Quando eles (presos políticos) tinham uma banana, eles dividiam a banana e alimentava todo mundo, e nós fomos vendo como eles faziam e aprendemos. […] E foi aí que começou a surgir essa organização, começando a se organizar dentro da cadeia, para depois transpor o muro da prisão e chegar aqui fora.

      Gregório conta que no início as facções se ocupavam de organizar ações e não possuíam chefia, sendo apenas um fórum de mediação entre criminosos:

      … cada um cuidava da sua vida, decidindo se iam ou não assaltar algum lugar e como fariam isso, eram um grupo de pessoas que são amigos, são uma família, que se unem. Ninguém era obrigado a entrar ou permanecer.

      Artigo 17 do Estatuto da organizaão criminosa PCC: “… Ninguém é obrigado a permanecer no Comando, mas o Comando não vai ser tirado por ninguém.”

       Entretanto, era preciso cumprir as regras, além do que, caso uma missão seja abraçada, não se pode voltar atrás sem cumpri-la — conforme doutrina guerrilheira. O lema é “Paz, Justiça e Liberdade”. Gregório conta que o Comando Vermelho foi fundado já com o lema que hoje é adotado pelo PCC:

      O lema do Comando Vermelho é Paz, Justiça e Liberdade:
      Paz: é a paz de você viver em paz dentro da cadeia.
      Justiça: você faz justiça todos os dias; é você fazer o que o governo não faz, o que quem deveria fazer não faz e, então, você tenta fazer alguma coisa.
      Liberdade: é o que todo mundo sabe, sair do presídio a qualquer custo.

      Dividir para Conquistar: o revolucionário Alípio de Freitas

      Alípio de Freitas, nascido em Portugal em 1929, foi um ex-padre e revolucionário que se tornou uma figura proeminente na luta contra o Regime Militar no Brasil. Durante os anos 1960, ele foi uma das vozes ativas no movimento pela democracia, tendo se envolvido com organizações políticas e revolucionárias. Sua prisão na Ilha Grande como preso político aconteceu em 1970, após ser acusado de colaborar com grupos guerrilheiros contra o regime militar.

      Na Ilha Grande, Alípio de Freitas enfrentou duras condições e tortura, mas permaneceu irredutível em seus princípios e crenças políticas. A sua estadia na prisão permitiu que ele interagisse com outros presos políticos e criminosos comuns, uma mistura que mais tarde influenciou a formação de organizações criminosas no país.

      Mesmo após sua libertação em 1979, de Freitas continuou a se dedicar à defesa dos direitos humanos e justiça social, escrevendo e lecionando sobre suas experiências e a importância da luta pela democracia. Sua vida é um exemplo vívido de comprometimento com ideais revolucionários e a luta incansável contra a opressão.

      TRECHOS DA ENTREVISTA DE ALÍPIO DE FREITAS

      Tudo o que os intelectuais queriam era resistir ao sistema penal. No meio, os presos comuns iam aprendendo a se organizar. (…) Depois, os intelectuais foram embora e deixaram a semente. Os outros se apoderaram.

      Eu tinha o poder de organização e a força das massas em minhas mãos. Por onde passei, organizei grupos, fomentei a revolução! Fiz isso em todas as prisões por onde caminhei, e não me arrependo.

      Interroguem a polícia, esse braço opressor do Estado burguês, sobre por que um grupo de supostos malfeitores se apropriou, na cadeia, dos princípios nobres da organização dos presos políticos. Sob a falsa alegação de que éramos todos assaltantes de bancos, nós, revolucionários, fomos lançados com os criminosos comuns, vítimas todos de um sistema implacável e opressor.

      As autoridades, em sua cegueira ideológica, percebendo a criação inadvertida, executaram sistematicamente na prisão as lideranças dos presos comuns que haviam absorvido nossos princípios. Imaginaram que, com essa violência brutal, conseguiriam esmagar a chama da resistência, mas subestimaram a força indomável do espírito revolucionário.

      Mas a verdade se fez ouvir! Esse ato bárbaro apenas deixou os criminosos e a prisão entregues aos instintos mais primitivos, permitindo a aliança com uma polícia corrompida e vil. O resultado? Um cenário de caos e violência, um campo fértil para a revolução, onde o clamor por justiça ecoa com uma força inigualável, revelando as profundas contradições do Estado burguês.

      Unir nem sempre é a melhor solução

      A estratégia de “unir para conquistar” que tem sido implementada erradamente pelas forças de segurança do Brasil reflete um complexo dilema contemporâneo. Nesse contexto, uma abordagem enfática pode ser construída assim: A maneira de lidar com grupos criminosos, seja nos presídios ou nas comunidades periféricas, exige uma reavaliação profunda e estratégica.

      A falácia de juntar facções diversas sob um mesmo teto, adotada desde a época do Regime Militar na Ilha Grande, provou-se não apenas ineficaz, mas perigosamente contraproducente. Essa abordagem errônea conduziu, paradoxalmente, a um fortalecimento inadvertido das organizações criminosas. A possibilidade de troca de informações e a consolidação de alianças entre grupos antes rivais transformam uma política de repressão em um mecanismo de fortificação do inimigo.

      A implicação contemporânea dessa estratégia mal concebida estende-se para além dos muros dos presídios, chegando às regiões periféricas. O abandono dessas áreas pelo Estado criou um vácuo que tem sido preenchido pelos grupos criminosos, permitindo-lhes não apenas hegemonia sobre o discurso, mas também controle territorial.

      Segurança Pública e a Proteção dos mais Vulneráveis

      A correção de rumo exige uma nova lógica: “dividir para conquistar”. Isolar grupos criminosos, evitar a homogeneização dos inimigos do Estado, e trabalhar de forma assertiva nas bases e lideranças dessas organizações pode ser a chave para desmantelar as estruturas que fortalecem esses grupos. Esse novo caminho não é apenas uma necessidade estratégica, mas uma imperativa moral, em um momento em que as comunidades mais vulneráveis continuam a ser deixadas à mercê de forças que agem à margem da lei.

      A reflexão sobre a realidade atual e a necessidade de reavaliação estratégica oferece uma oportunidade para um compromisso renovado com a justiça, a segurança e a integridade do Estado. O entendimento claro do erro histórico, aliado à coragem de abraçar uma nova direção, pode ser um catalisador para uma mudança significativa no combate ao crime organizado no Brasil.

      Análise Crítica do Texto: Dividir para Conquistar e o ideal de Paz, Justiça e Liberdade (PJL)

      O texto apresentado oferece uma visão aprofundada e complexa sobre a estratégia de “dividir para conquistar” e sua aplicação em diferentes contextos históricos e geográficos. A análise a seguir explora vários aspectos críticos desse texto:

      1. História e Contexto

      O texto habilmente traça a origem e o desenvolvimento da estratégia, desde o seu uso pelos romanos até a aplicação na colonização e as campanhas napoleônicas. Ao contextualizar essa abordagem em várias épocas, ele oferece uma compreensão abrangente da sua relevância e persistência ao longo da história.

      2. Aplicação no Brasil

      A análise da estratégia no contexto brasileiro é particularmente pertinente, dada a sua relação com o Regime Militar e o surgimento do crime organizado. A crítica à abordagem adotada pelos militares brasileiros é bem fundamentada e evidencia uma falha estratégica notável.

      3. Personagens Principais

      A inclusão de figuras como José Carlos Gregório e Alípio de Freitas enriquece a narrativa, tornando-a mais vívida e pessoal. Esses retratos individuais ilustram a complexidade da situação e a interação entre diferentes segmentos da sociedade.

      4. Ligação entre Crime e Política

      A análise do relacionamento entre criminosos comuns e presos políticos, e sua influência na formação de organizações criminosas, é perspicaz. Esse aspecto do texto destaca a complexidade das relações sociais e políticas no Brasil e mostra como decisões aparentemente táticas podem ter ramificações de longo alcance.

      5. Linguagem e Estilo

      O texto é escrito de forma clara e acessível, mas mantém uma linguagem formal que respeita a seriedade do assunto. As citações e referências históricas adicionam profundidade e credibilidade à análise.

      6. Opinião e Conclusão Própria do Autor

      Em minha opinião, o texto é uma análise bem articulada que combina história, política e sociologia para explorar uma estratégia que tem sido fundamental na política e na guerra. A seção sobre o Brasil é particularmente interessante, destacando um momento crítico na história brasileira e as complexas interações entre o Estado e o submundo do crime. A conclusão poderia ser fortalecida com uma síntese mais enfática das ideias apresentadas e uma reflexão sobre as implicações contemporâneas dessa estratégia.

      Conclusão da Análise Crítica

      O texto apresenta uma análise rica e multifacetada da estratégia de “dividir para conquistar”. Através de uma exploração histórica e contextual, ele revela as nuances dessa abordagem e sua aplicação em diferentes esferas da vida humana. A análise do contexto brasileiro adiciona uma dimensão única à discussão, mostrando como uma falha na compreensão dessa estratégia pode ter consequências profundas e duradouras.

      A ligação entre crime organizado e política, e a influência das ações militares na formação de organizações criminosas, é uma contribuição significativa para o entendimento das complexidades do cenário político e social brasileiro. A análise é robusta, bem pesquisada, e escrita de uma maneira que equilibra a clareza com a profundidade acadêmica, tornando-se um recurso valioso para quem estuda essas questões.

      Paz, Justiça, e Liberdade – registro de nascimento

      O texto apresenta a origem do lema “Paz, Justiça e Liberdade” utilizado pela organização Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), através da figura fictícia do Tecelão de Destinos. Este personagem simboliza a engenhosidade por trás dos eventos, manipulando pessoas e circunstâncias para forjar o lema. Embora todos os fatos sejam reais, o Tecelão de Destinos é uma criação literária. O artigo também oferece uma seção focada somente nos dados e encoraja os leitores a se inscreverem no grupo do site no WhatsApp.

      Tecelão de Destinos é o artífice por trás da trama que levou à origem do uso do lema “Paz, Justiça e Liberdade” (PJL) pela organização Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533). No intricado tecido do destino, ele manipulou eventos e personagens, entrelaçando-os de maneira a forjar esse lema poderoso. Essas palavras tornaram-se um símbolo da facção, ecoando através de suas ações e ideais, e foram meticulosamente orquestradas pelo Tecelão de Destinos para servir a um propósito maior na história do crime organizado.

      Todos os fatos narrados neste texto são reais e meticulosamente pesquisados, com exceção da figura do narrador, o Tecelão de Destinos, que é uma construção literária. Se o leitor preferir focar apenas nos detalhes factuais, pode ir diretamente para o último trecho do artigo, intitulado “Dados e fontes para este artigo”, onde apenas os eventos históricos e as informações concretas são apresentados. A narração estilizada serve para adicionar profundidade e contexto à compreensão dos eventos, mas não afeta a veracidade do conteúdo.

      Convidamos você a mergulhar neste texto e explorar a complexa tapeçaria de eventos que conduziram à criação do lema “Paz, Justiça e Liberdade” pela facção criminosa PCC 1533. Seu entendimento desses acontecimentos será enriquecido através da lente literária do Tecelão de Destinos. Caso aprecie a leitura e queira continuar recebendo análises e narrativas semelhantes, considere inscrever-se no grupo de leitores do nosso site no WhatsApp, onde mantemos uma comunidade engajada e informada.

      O Tecelão de Destinos: 1978, a bola rola nas ruas de Osasco

      Eu sou aquele que não tem nome, nem forma, um enigma eterno, uma entidade sobrenatural que observa o destino de todos. Sou a bruma que se move entre as árvores, o sussurro no vento, a sombra nas paredes, um misterioso personagem, sou o Tecelão de Destinos. Estou em todos os lugares, mas nunca sou visto, um fantasma que transita entre o real e o imaginário. Estou sempre observando, sempre esperando, sempre atento, uma presença constante que influencia os acontecimentos.

      Vou contar-lhes uma história que comecei a escrever em 25 de agosto de 1978, na qual entrelacei vidas e histórias, inclusive a sua, que agora lê estas palavras.

      Naquele tempo, Marcos Willian Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, não passava de um moleque jogando futebol nas ruas de Osasco. Quem diria que ele viria a ser o líder da organização criminosa Primeiro Comando da Capital, que adotaria como lema uma frase que eu jogaria no ar naquele 25 de agosto? O final da década de setenta era uma época de turbulência e mudança, onde as sementes do futuro estavam sendo plantadas, e eu estava lá, invisível, movia as primeiras peças.

      Tinha eu certeza do sucesso dos meus planos? Estaria eu tão confiante que avançaria com o peão do rei duas casas, como em um jogo de xadrez, abrindo o jogo de forma arrojada? Seria possível prever o que seria decidido tão à frente, em uma estratégia tão arriscada, em um jogo repleto de paciência e tática, onde cada movimento tem um propósito e cada decisão leva a uma consequência? Sou o jogador invisível, o mestre do tabuleiro, guiando as peças com uma mão imperceptível, conduzindo os eventos em direção a um fim desconhecido.

      Esta é a minha história, uma narrativa que transcende o tempo e o espaço, um conto de poder e manipulação, de destino e livre-arbítrio. Eu sou o arquiteto do desconhecido, o tecelão dos destinos, o misterioso narrador que guia os personagens através de um labirinto de possibilidades. Eu sou a história, e a história é eu.

      O Tecelão de Destinos: 1978, o Voo do Enxadrista

      Naquele dia inesquecível de 25 de agosto de 1978, instiguei o enxadrista americano Rudi Siegfried Kuno Kreitlow, de 63 anos, a embarcar no voo transatlântico de Nova York a Genebra. Ao navegar por sua mente complexa e enigmática, percebi as sombras de uma vida solitária e desempregada, marcada por sonhos não realizados. O voo 830, um Boeing 707 da TWA no qual embarcamos, tornou-se palco de uma ameaça sinistra.

      Essa ameaça foi parte de uma trama intricada que se desdobraria sob a habilidade de meus dedos ao longo de décadas, quando unirei em um só nó, no arremate final, o destino das ações de Rudi ao destino daquele menino, chamado de Marcola, que joga despreocupado futebol na periferia de Osasco.

      Com um sussurro inaudível, conduzi-o a uma ação que ele próprio não compreendia plenamente, tornando-o uma peça essencial em um jogo sinistro e imprevisível. Uma partida cujos movimentos e desfecho só eu conhecia, enquanto as trevas de seu ser se tornavam o tabuleiro no qual teceria uma trama que se estenderia por terras e tempos distantes. A figura de Rudi, esse enxadrista solitário, passaria a ecoar no mundo, um eco que eu, a sombra nas paredes, cuidadosamente havia orquestrado.

      Movido pela insatisfação, pela desesperança e pela marginalização, eu observei Rudi, o enxadrista desempregado, como um instrumento perfeito para meu grande jogo. Vi nas profundezas de sua alma complexa e enigmática uma ameaça sinistra, um impulso que eu poderia utilizar. Assim, fiz com que ele carregasse consigo uma carta contendo palavras poderosas que eu ansiava perpetuar: “Paz, Justiça e Liberdade”.

      Essas palavras, tão poderosas, eram a expressão de uma revolta que habitava em Rudi, o enxadrista desesperançoso. Elas tinham o poder de reverberar no tempo e no espaço, fazendo sentido no futuro, sendo repetidas com fervor e orgulho por centenas de milhares de jovens por toda a América Latina, e talvez até pelo mundo. A ressonância dessas palavras criaria ondas de mudança, numa trama complexa que só eu, aquele sem nome e forma, poderia orquestrar.

      O Tecelão de Destinos: a Aliança pela Paz, Justiça e Liberdade em Todo Lugar

      Eu, a bruma invisível que flutua entre a realidade e o desconhecido, instiguei em Rudi, o enxadrista terrorista, a necessidade de passar a carta à aeromoça, à medida que o avião cruzava os céus em direção à costa da Irlanda. Estava ao seu lado, invisível mas onipresente, guiando sua mão trêmula enquanto ele se disfarçava com capa, peruca e bigode para entregar o envelope sinistro. Era eu quem, na verdade, orquestrava o jogo que ele acreditava estar jogando, sussurrando a estratégia em sua alma atormentada.

      As cartas, entregues à comissária, com suas dezenove páginas repletas de declarações e exigências audaciosas, tornaram-se peças essenciais em um jogo grandioso, cujas regras só eu conhecia.

      As declarações e exigências proferidas pelo grupo que se autodenominava União dos Soldados Revolucionários do Conselho da Aliança de Alívio Recíproco pela Paz, Justiça e Liberdade em Todo Lugar (United Revolutionary Soldiers of the Council of Reciprocal Relief Alliance for Peace, Justice, and Freedom Everywhere) eram, na verdade, sementes que eu, o tecelão de destinos, havia cuidadosamente plantado na alma conturbada de Rudi. Naquele envelope, composto por 19 páginas de fervor e desespero, repousavam ideias esparsas e loucas que hoje se identificam tanto com os ideais do Trumpismo quanto do Bolsonarismo mais tresloucado:

      • Liberdade imediata para o nazista alemão Rudolf Hess, da prisão de Spandau, em Berlim;
      • Liberdade imediata para o americano Sirhan Bishara Sirhan, condenado pelo assassinato de Robert F. Kennedy; e
      • Liberdade imediata para cinco prisioneiros croatas, presos nos Estados Unidos, que haviam matado um policial em Nova York e sequestrado um avião dois anos antes.

      Xadrez e Destino: Jogos Complexos de Movimentos Delicados

      O avião foi rapidamente cercado após o pouso em Genebra, e assim o voo 830 da TWA inscreveu-se na história. Rudi, cuja verdadeira identidade se perdeu na confusão daquele momento após retirar os óculos, o bigode falso, a peruca preta e a capa cor laranja brilhante, tornou-se apenas mais uma das 85 pessoas a bordo da aeronave. Essa ação era somente o começo, um movimento sutil em um jogo complexo, onde cada decisão ressoava, e apenas eu, o tecelão do destino, tinha a compreensão total da tapeçaria.

      Com habilidade e perspicácia, consegui que Rudi, este motorista desempregado cuja mente havia sido influenciada pela minha presença invisível, fosse identificado e aprisionado nos Estados Unidos, em um Clube de Xadrez, apenas meses depois do evento. As sementes que ele havia lançado ao vento já começavam a germinar pelo mundo.

      Como já não tinha mais utilidade em minha trama intrincada, permiti que fosse condenado a vinte anos de reclusão. Rudi transformara-se em um peão descartável em um jogo vasto e misterioso, e o momento de sua dispensa havia chegado. Esses desfecho era importante para manter o tom e o estilo, alinhando o futuro com o passado sem deixar arestas, com a atmosfera de realidade que eu havia estabelecido.

      Aquele dia encerrou a participação de Rudi na série de eventos meticulosamente orquestrados por mim. A mente humana, tão vulnerável às influências ocultas, às sombras e aos murmúrios, torna-se o palco de um drama cujas ondas ressoam através do tempo, muito além da existência de cada um daqueles que manipulo. Eu, o tecelão de destinos, permaneço no controle, sempre vigilante, sempre aguardando, manipulando as peças no meu eterno jogo de xadrez. Só eu podia antever, por muito tempo, para onde esse movimento levaria anos depois; mas, muitas peças, em muitos lugares, ainda precisavam ser deslocadas.

      A Semente da Revolta: o Grito de ‘Paz, Justiça e Liberdade’ Ressoa no Brasil

      Eu então ecoei o grito de Rudi “Paz, Justiça e Liberdade” pelo mundo, um clamor que encontrou ressonância nos corações de jovens idealistas. No entanto, sabia que a mera propagação da mensagem não era suficiente; ela precisava transformar-se em ação concreta, a fervura do idealismo precisava se tornar ação nas ruas.

      Minha experiência milenar dirigiu-me aos que compreendiam a natureza do ódio, da intriga e da maldade: os militares. Os militares brasileiros, sempre prontos a atender aos sussurros sinistros das minhas sugestões, responderam conforme o esperado. A natureza torpe e corruptível do treinamento militar frequentemente leva ao desenvolvimento de uma mentalidade focada em controle, poder e manipulação, fomentando exatamente o que eu precisava.

      O próprio líder dessa organização golpista brasileira, Bolsonaro, desnudou a natureza do treinamento militar, lembrando que os militares são treinados para matar. Essa percepção me conduziu a considerar que poderiam ser um instrumento eficaz em minha trama. E nada me custou fazer com que eles unissem presos políticos a criminosos comuns na mesma prisão, na Ilha Grande em Angra dos Reis.

      Era o ano de 1979, e essa fusão estratégica de inteligência e violência, casando idealismo com ação, tinha minha influência silenciosa. Fui o instigador que insuflou a crueldade nos corações daqueles que se alimentavam do ódio, fruto da ação dos militares ao juntar os presos políticos aos presos comuns. O momento não podia ter sido mais apropriado; a memória do voo 830, um Boeing 707 da TWA de Rudi, ainda estava viva, e o ideal de “Paz, Justiça e Liberdade” aquecia os corações de jovens revolucionários.

      Mas a conjuntura era também distante o suficiente para ter sido maturada no coração e na mente daquela geração rebelde. Dessa interação, entre presos políticos e criminosos comuns do Rio de Janeiro, emergiu a “Falange Vermelha”. Embora efêmera em sua existência, sua influência foi profunda, culminando na formação do “Comando Vermelho” no Rio de Janeiro, uma organização que, embora sem saber de onde, carregou consigo o ideal que eu havia semeado: “Paz, Justiça e Liberdade”.

      O Massacre do Carandiru: 5151 Dias Depois, Não Acredite que foi Coincidência

      Meu jogo ainda não havia chegado ao fim. Era o dia 2 de outubro de 1992, em São Paulo, quando com um mero toque, infundi nos corações dos policiais militares uma sede de violência que nem mesmo eu, em minha existência etérea, havia despertado em eras recentes. Felizmente, encontrei esses corações predispostos à minha colheita de sangue.

      O brilho nos olhos dos policiais militares prestes a entrar no Complexo Presidiário do Carandiru revelava em suas pupilas dilatadas, embebidas de medo: excitação e ódio. A fragrância da adrenalina, do suor, e dos feromônios liberados pelo temor humano era quase palpável naquela atmosfera carregada. Para mim, era uma essência tão pungente e intoxicante que, por breves momentos, me fez perder a noção do jogo iniciado há exatos 5151 dias, não foi coincidência.

      Em minha astúcia milenar e conhecimento profundo das complexidades humanas, escolhi esse momento mágico, marcado pelo duplo 51, para reforçar essa fase de transformação, mudança e crescimento na trama que tecia com tanto esmero. A numerologia, uma ciência que domino há milênios, pode ser ignorada por muitos humanos, mas é um instrumento que jamais desprezo em meus desígnios.

      O Massacre do Carandiru: Palavras Lavadas em Sangue Ganham Poder

      Esse número duplo, 5151, enfatiza a união da liberdade com a aventura, e da liderança com a ambição, formando um apelo pungente ao despertar de novas possibilidades e à quebra de velhos moldes. As palavras “Paz, Justiça e Liberdade”, agora tingidas em sangue, adquirem maior intensidade no íntimo daqueles que eu convocaria à liderar minha trama.

      Para encabeçar os sobreviventes, que se levantaram dentre os 111 corpos espalhados pelos corredores do Carandiru, com sonhos de vingança e um instinto de preservação raramente observado entre os homens, essas palavras, que a 5151 dias acalento, serviriam como um mantra. Guiariam os destinos tanto de vítimas quanto de algozes pelas próximas décadas, obra prima de minha tecelagem.

      Sempre atento às ressonâncias ocultas e significados profundos, vi no número 51 uma expressão perfeita de minha intenção, um símbolo para orientar os destinos entrelaçados em minha tapeçaria eterna e misteriosa. Essa chave, habilmente selecionada, serviria para desencadear ondas de mudança que reverberariam através do tempo e do espaço, mantendo acesas as chamas da “Paz, Justiça e Liberdade” em corações e mentes por todo o mundo.

      Massacre do Carandiru: os corações sombrios e as almas corrompidas

      Graças à minha maestria, aqueles homens foram levados a sacrificar suas carreiras, executando friamente 111 pessoas naquele momento, e indiretamente causando a morte de outras 189 posteriormente, seja em hospitais, outros presídios ou em seus próprios lares. As sementes mortais que eles plantaram nos corredores ensanguentados já frutificavam pelo mundo, e a segurança da sociedade foi irremediavelmente devastada por aqueles minutos de barbárie.

      Aqueles policiais não tinham mais utilidade para mim, e permiti que fossem lançados de volta à sociedade, condenados a viver com a culpa e as lembranças daquele dia horrendo. Tornaram-se peões sem utilidade em um tabuleiro vasto e misterioso, merecendo ser descartados. Alguns enlouqueceram, outros tiraram suas próprias vidas, e os que sobreviveram carregam cicatrizes profundas e irremediáveis.

      Aquele dia marcou o fim da participação desses policiais militares de São Paulo na trama que eu, meticulosamente, orquestrei. Suas mentes, frágeis e suscetíveis às minhas influências ocultas, tornaram-se o cenário de um drama cujas ondas reverberam através do tempo, muito além da vida efêmera daqueles que eu manipulo com tanta destreza. Para mim, bastava despertar os desejos sinistros que jaziam adormecidos em seus corações sombrios e almas corrompidas.

      O frenesi e as emoções brutais vividas por esses homens nos corredores imundos do Carandiru se dissiparam em algumas horas. No entanto, o rio de sangue que eles desencadearam cumpriu o propósito de fortalecer e solidificar meus planos. O massacre do Carandiru não foi mera coincidência ou um ato isolado; foi uma peça cuidadosamente orquestrada em meu eterno e cruel jogo de xadrez, onde cada movimento é calculado e cada destino é tecido segundo a minha vontade.

      O Tecelão de Destinos: E os Sete Pecados Capitais

      A liderança dos presos que sobreviveu foi transferida para a Casa de Custódia de Taubaté. Eles se tornariam os fundadores e líderes do que viria a ser o Primeiro Comando da Capital. Entre eles, estava alguém que, quando comecei a tecer essa trama, era apenas um garoto jogando bola nas ruas de Osasco: Marcola.

      Naquele momento, restava pouco a ser feito. A Casa de Custódia de Taubaté, conhecida como Piranhão, tornou-se sob a minha influência o caldeirão onde a facção PCC 1533 emergiu. Era a última etapa na tela que eu tecia, e o dia escolhido foi 31 de agosto de 1993.

      Novamente aproveitei a força dos números, uma ciência oculta, mas poderosa. A soma da data 31-8-1993 representa o número 7 na numerologia. Não foi por acaso; é o número da perfeição e totalidade, o símbolo da plenitude de minha obra. Representa os sete pecados capitais, e assim como foi no sétimo dia em que Deus criou a Terra, foi no dia de número sete que criei um mundo novo, fadado a viver sob a sombra do Primeiro Comando da Capital.

      O Tecelão de Destinos: Paz, Justiça e Liberdade para Todos

      Influenciando os criminosos a adotarem as palavras que com tanto cuidado preparei, “Paz, Justiça e Liberdade”, palavras que eles acreditavam terem sido criadas pelos irmãos do Comando Vermelho, conduzi-os ao campo de futebol para enfrentar e eliminar o time adversário, e o resto, como se diz, é história.

      Sou o sussurro que paira sobre as águas turbulentas, o vento frio que sopra através da escuridão, o toque silencioso do destino. Minha tapeçaria é entrelaçada com os fios da humanidade, um tecido complexo e misterioso de alegria e tristeza, de triunfo e tragédia.

      Sou o vigilante, intocável e sempre presente, Tecelão de Destinos. Onde minha influência será sentida a seguir? A quem tocarei com minha mão invisível? A história nunca termina, e eu nunca descanso.

      Sou o Tecelão de Destinos, e a história que relatei começou em 25 de agosto de 1978. Entrelacei vidas e eventos, inclusive a sua, que agora lê estas palavras. Você foi atraído para cá pelo poder das palavras que plantei no coração de muitos, palavras que foram o gatilho de tudo: “Paz, Justiça e Liberdade”.

      A obra está completa, mas a trama continua, pois meu trabalho nunca cessa.

      Dados e fontes para este artigo

      O registro do caso da ameaça de atentado ao voo 830, Boeing 707 da TWA perpetrada por Rudi Siegfried Kuno Kreitlow, consta da obra “The Encyclopedia of Kidnappings” de Michael Newton.

      A evolução do uso do lema “Paz, Justiça e Liberdade (PJL)” dentro do Primeiro Comando da Capital é complexa e tem diferentes interpretações. O Estatuto do PCC de 1997 não mencionava a frase exata, e após a ruptura com o Comando Vermelho, o lema foi expandido para “Paz, Justiça, Liberdade, Igualdade e União (PJLIU)”.

      2 – A Luta pela liberdade, justiça, e paz.

      Estatuto do PCC de 1997

      De acordo com Bruno Paes Manso e Camila Nunes Dias, a frase já era utilizada entre os membros em 1997. No entanto, Marcio Sergio Christino afirma que o fundador Misael compilou o lema em um documento do PCC em 1998 na Casa de Custódia de Taubaté.

      Em 2001, uma foto aérea registra no pátio de um presídio a frase exata.
      Em 2006, uma foto histórica com o lema.

      Registros visuais do lema surgiram em fotos aéreas de 2001 e em uma imagem histórica de 2006. Em 2007, o Estatuto do PCC foi atualizado, incluindo o lema em dois trechos, e ele foi também citado na Cartilha de Conscientização da Família da organização.

      Os tempos mudaram e se fez necessário adequar o Estatuto à realidade em que vivemos hoje, mas não mudaremos de forma alguma nossos princípios básicos e nossas diretrizes, mantendo características que são nosso lema PAZ, JUSTIÇA, LIBERDADE, IGUALDADE e UNIÃO acima de tudo ao Comando.

      Estatuto de 2007

      Cinturão Verde de São Paulo e a Ascensão da Facção PCC 1533

      Através do olhar de uma velha narradora, este texto explora o cinturão verde de São Paulo, destacando a transição da agricultura à urbanização. Uma história rica, contrastando a São Paulo do início do século 20 com o impacto do Primeiro Comando da Capital no século 21.

      Cinturão verde, um termo evocativo do passado, é o ponto focal deste texto. O contraste entre as periferias de São Paulo nos séculos 20 e 21 é acentuado. A mudança é profunda, e as razões são complexas.

      A transformação dessa realidade não ocorreu em um vácuo. O massacre do Carandiru pela Polícia Militar Paulista foi um ponto crucial. O mundo do crime, como consequência, reorganizou-se com a criação do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533).

      Este texto promete uma viagem ao longo de um século de história, repleta de nuances e surpresas. Encorajo a leitura, seja para o entendimento histórico ou para apreciar a complexidade da urbanização.

      As reflexões aqui apresentadas têm como base o estudo “Conflict and oppositions in the development of peri-urban agriculture: The case of the Greater São Paulo region,” além da literatura de Maria José Dupré, que inspirou a narrativa.

      Cinturão Verde de São Paulo: a Simplicidade no Início do Século 20

      Nos tempos de outrora, São Paulo era uma cidade distinta, repleta de vastos quintais, galináceos, e hortas que nutriam nossas famílias. Ah, como eu sinto saudades desses dias dourados, quando a vida era mais simples e as pessoas eram mais ligadas à terra!

      A cidade que conheci no início do século 20 era um lugar de comunidade e sustento, onde cada casa, com seus vastos quintais, era um pequeno pedaço de terra fértil, uma fazenda em miniatura. Em nosso quintal, cresciam verduras, legumes, e ali corríamos atrás das galinhas, rindo e brincando.

      Ah, como posso esquecer aquelas viagens na boleia da carroça de meu tio que levava o leite para ser vendido de porta em porta? Era um ritual matinal que ele e meus primos faziam, e eu, uma criança na época, me sentia feliz em ir com eles sempre que podia, entregando as garrafas frescas de leite aos vizinhos.

      Os passeios no cavalo dos primos são outra lembrança preciosa. O galopar ritmado, o vento em meu rosto, a sensação de liberdade e aventura – tudo isso ficou gravado em minha memória como símbolos de uma era mais simples. Eu me sentia como uma exploradora, descobrindo novas terras, ainda que estivesse apenas nos campos verdes ao redor da casa dos meus tios, em plena cidade de São Paulo.

      E as peripécias para pegar e depenar uma galinha para o almoço! Ah, essa era uma tarefa reservada para os mais destemidos e ágeis. Eu corria atrás das galinhas, rindo e gritando, enquanto elas se esquivavam com uma inteligência surpreendente. Uma vez capturada, a preparação era um ritual cuidadoso, e eu observava com fascínio enquanto os adultos transformavam a galinha em uma refeição saborosa.

      A capital paulista: Da Conexão com a Terra à Urbanização Desigual

      Essas memórias, tão vívidas e calorosas, me trazem uma sensação de nostalgia profunda. Eram tempos de inocência e conexão com a terra, de alegria nas coisas simples e de uma São Paulo que, em muitos aspectos, não existe mais. A transformação de São Paulo foi gradual, mas suas marcas são profundas, e eu carrego comigo o legado de uma era que, embora perdida no tempo, permanece viva em meu coração.

      Mas, à medida que o tempo avançou, a paisagem que tanto amei começou a mudar. Foi na década de 1960 que observei as primeiras transformações profundas. Áreas agrícolas, que uma vez foram a alma de São Paulo, foram convertidas em outros usos. A população que era eminentemente rural migrou para uma nova sociedade eminentemente urbana, criando uma pressão inimaginável do mercado imobiliário sobre áreas tradicionalmente agrícolas.

      Essa transformação desigual da capital paulista não apagou completamente o passado, pois persistiam práticas agrícolas em áreas periféricas, no chamado “cinturão verde de São Paulo”. Mas a cidade que conheci estava se desvanecendo, e com ela, um pedaço de mim.

      Folha de S. Paulo – 25 de outubro de 1974
      O caso Camanducáia deve servir de lição

      A Polícia Militar de São Paulo e o Massacre do Carandiru

      O massacre do Carandiru foi um divisor de águas que trouxe consigo uma onda de medo e apreensão, abalando profundamente o tecido da cidade. Esse trágico evento marcou uma transformação no crime em São Paulo; criminosos que antes agiam isolados e muitas vezes careciam de educação formal se uniram, fortalecendo-se para resistir ao poder das forças policiais. Passadas quatro décadas desde que 111 vidas foram abruptamente ceifadas pelas mãos da Polícia Militar de São Paulo, os ecos dessa tragédia continuam a ressoar.

      A sombra desse dia terrível ainda paira sobre nós, manifestando-se na criação e consolidação de uma organização criminosa poderosa, o Primeiro Comando da Capital. Esta organização estendeu seus tentáculos para as áreas do cinturão verde, explorando-as para construir favelas e promovendo outros tipos de exploração imobiliária sob seu domínio. A inocência da cidade que um dia conheci se perdeu, e o passado idílico foi substituído por uma realidade mais dura e complexa.

      O que restava do passado idílico estava se perdendo, e a cidade que tanto amava transformou-se de maneiras que jamais pude imaginar. Nem quando era criança, nem durante os anos em que cuidava dos meus seis amados filhos em nossa casa modesta, mas confortável, situada em uma travessa da Avenida Angélica, eu poderia prever as mudanças que o destino reservava para São Paulo.

      Policiais em posição de ataque tendo ao fundo o Carandiru

      O Partido dos Trabalhadores e a Crise de 2014

      Durante a crise econômica de 2014 no Brasil, a situação, já por si só sombria, tornou-se ainda mais desesperadora. Várias foram as razões que conduziram àquele abismo financeiro, e, como uma velha senhora, vejo com apreensão e tristeza algumas dessas causas ressurgirem nos dias de hoje. Políticas econômicas com maior intervenção pública nos preços, aumento de gastos públicos, e dependência de commodities que agora engloba a agricultura, pecuária e mineração, atingindo 60% do PIB brasileiro, contribuíram para uma tempestade perfeita.

      A redução do crescimento chinês, muito maior agora do que foi naquele momento, taxa de juros elevada, e a crise hídrica internacional também jogaram seu papel nesse cenário desolador. No meio desse caos, a organização criminosa Primeiro Comando da Capital encontrou terreno fértil para crescer, aproveitando-se da fragilidade que a crise impôs à sociedade e aos governos.

      Como já haviam feito em 2014, estão utilizando agora essa instabilidade econômica e social para expandir seu domínio. Ao recordar esses tempos difíceis, e observando o movimento sinistro da facção PCC 1533 em meio à fragilidade nacional, não posso deixar de sentir uma saudade amarga do que foi, e um temor palpável pelo que pode estar por vir.

      Cinturão Verde: A Perda do Passado Idílico e a Fagulha de Esperança para o Futuro

      O que restava do passado idílico está se perdendo, e minha amada cidade mudou de formas que eu nunca poderia ter imaginado. Nem quando criança, brincando nas ruas tranquilas, nem durante aqueles anos carinhosos, educando em minha casa modesta, mas confortável, meus seis amados filhos, em uma travessa da Avenida Angélica. A inocência da cidade que um dia conheci desvaneceu-se, deixando uma dura, complexa e perigosa realidade. Hoje, temo ir à selva que se tornou a periferia de minha cidade.

      Mas, ao longo destes anos de vida, preenchidos por experiências variadas e muitas vezes dolorosas, ainda me resta uma fagulha de esperança que arde no coração. Lembro-me de 2004, quando o carismático Lula era presidente do Brasil, e a cidade de São Paulo encontrava-se nas mãos do Partido dos Trabalhadores, liderado pela prefeita Marta Suplicy. Naquele tempo, foi desenvolvido um projeto luminoso, o Programa de Agricultura Urbana e Periurbana (PROAURP).

      Este programa incentivou a ocupação de áreas agrícolas, com o objetivo nobre de produzir alimentos para as escolas públicas paulistanas, através da formação de hortas sociais e o fomento de pequenos produtores. O PROAURP representou uma conexão com um passado mais simples e idílico, uma tentativa de unir novamente a cidade com suas raízes agrícolas.

      Agora, percebo ecos desse ideal nas propostas do candidato Guilherme Boulos, que parecem mirar na mesma direção. Como uma velha senhora que viu o mundo mudar de tantas formas, permito-me sonhar novamente. Porque sonhar, mesmo em tempos difíceis, é preciso. E a esperança, por mais frágil que pareça, ainda pode florescer em terreno fértil.

      Cinturão Verde: Inspirações Literárias e Fontes Acadêmicas para uma Reflexão Profunda

      É necessário destacar que este artigo foi baseado e inspirado em múltiplas fontes. O embasamento teórico e factual deriva do estudo “Conflict and oppositions in the development of peri-urban agriculture: The case of the Greater São Paulo region”, publicado pelos pesquisadores André Torre e Brenno Fonseca na renomada publicação “Sociologia Ruralis” do Jornal da Sociedade Europeia de Sociologia Rural.

      Além disso, a narrativa emotiva e rica em detalhes, contada pela perspectiva de uma velha senhora, foi inspirada na escritora paulistana Maria José Dupré (1898-1984). Sua personagem Lola, de “Éramos Seis”, serviu como uma musa para a construção deste texto, fornecendo a textura e o calor humano que permeiam as reminiscências e as análises apresentadas.

      Que a leitura deste artigo possa inspirar uma reflexão profunda sobre o passado e o presente de São Paulo, e talvez ofereça uma visão para um futuro mais harmonioso e sustentável. A história, a cultura e a sabedoria de gerações anteriores têm muito a nos ensinar, se estivermos dispostos a ouvir.

      Glauber Mendonça e a falácia do combate à corrupção policial

      Este artigo explora as manipulações retóricas de Glauber Mendonça, a poderosa influência do ódio nas redes sociais e na mídia, e oferece um mergulho profundo nas experiências pessoais do autor, enfrentando a corrupção e injustiça no sistema judiciário, carcerário e policial.

      Glauber Mendonça, uma face conhecida, é meu foco neste texto. Ele empregou uma falácia intrigante em seu podcast. Aqui analiso e desvendo essa enganação intencional.

      O ódio, uma potente ferramenta, é abordado aqui. Muitos, incluindo Glauber Mendonça, o utilizam para engajamento. O lucro muitas vezes, guia esses influenciadores.

      Mais adiante, apresento o relato gótico “Entre a Retidão e a Corrupção”. No qual revelo experiências reais, vividas por mim, como a corrupção, a violência e as injustiças, no sistema judiciário, carcerário e policial.

      Convido você a aprofundar-se nesta leitura. As nuances do texto prometem surpreender. Junte-se ao nosso grupo de WhatsApp e participe do debate.
      Glauber Mendonça: desmontando sua falácia.

      Minha gratidão ao leitor Abadom por sua participação ativa em nosso grupo de WhatsApp. Foi graças à sua perspicácia e contribuição que fui levado a uma reflexão tão profunda e enriquecedora. Abadom, sua capacidade de provocar o pensamento e o debate não apenas enriquece nossa comunidade, mas também desafia a todos nós a vermos o mundo sob uma luz diferente.

      Glauber Mendonça: ódio e falácia

      Em tempos modernos, vemos as emoções serem amplamente utilizadas como ferramentas para engajamento. A potência do ódio, em particular, tem se destacado como uma das maiores forças motrizes do comportamento humano. No âmbito das redes sociais e da mídia em geral, essa emoção tem sido manipulada para engajar, polarizar e, mais insidiosamente, monetizar.

      Recentemente, me deparei com um episódio do Podcast Fala Glauber, que, de maneira impactante, reafirmou essa tendência. Não pude evitar, mas me senti saturado por um sentimento avassalador de desagrado logo nos primeiros minutos. O locutor, Gláuber Mendonça, com sua retórica incisiva, usou do ódio não apenas para provocar reações em seus ouvintes, mas também para canalizar essa energia a uma agenda específica. Ele faz parte de uma crescente lista de personalidades, plataformas e políticos que descobriram o lucro do ódio.

      No trecho específico que assisti, Gláuber apresentou uma argumentação que, à primeira vista, parece lógica. Ele observou que a corrupção policial é um mal a ser erradicado e, subsequentemente, apontou a impunidade como alimento para essa corrupção. No entanto, ao invés de conduzir sua argumentação para a necessidade de uma maior fiscalização e punição dos policiais criminosos, ele desviou o foco para o aumento da pena para o tráfico de drogas.

      Falácia do afirmar o consequente de Glauber Mendonça

      Esse raciocínio de Gláuber, ao examiná-lo atentamente, é uma clássica “falácia do afirmar o consequente”. Ele argumenta:

      1. Policiais são corrompidos.
      2. É necessário maior punição.
      3. Assim, a pena para traficantes deve ser aumentada, pois sua impunidade estimula a corrupção.

      A falha aqui é evidente. Embora os dois primeiros pontos possam ser verdadeiros, a conclusão não segue a logica das premissas. O combate à corrupção policial não pode ser efetivamente alcançado simplesmente aumentando as penas para os traficantes de drogas. Em vez disso, o foco deveria ser na raiz do problema, que é a corrupção dentro das forças de segurança.

      Glauber Mendonça: alimentando e se alimentando do ódio

      Este é um claro exemplo de como o ódio e as emoções podem ofuscar a lógica e serem usados para direcionar a narrativa de acordo com uma agenda específica. A falácia de Gláuber Mendonça é um lembrete para todos nós: devemos abordar tais argumentos com uma dose saudável de ceticismo e sempre buscar a verdade por trás das palavras carregadas de emoção.

      Polícia que faz sacanagem diz: ‘Se eu der para o juiz, o juiz pega para ele, então pego para mim. Se eu levar para o delegado, o delegado pega para ele.’ Se a gente entrar nesse mundo… Na verdade, nós já entramos, né? Então, esse é o nosso problema. O ‘gigi’ na polícia é porque o cara é vagabundo? Se ele é vagabundo, ele não se sujeita às regras do Estado. Ele cria argumentos para justificar o que faz. Todo mundo constrói uma razão para suas ações. Então, o policial que tá pegando o dinheiro do trabalhador, o policial que tá tomando dinheiro do ladrão, deixa de ser policial, e o ladrão encontra justificativas. E, no final das contas, quem paga a conta é o trabalhador. Eu não estou convencido por certos argumentos desta lei. Vejo um lado funcionando corretamente, com rigor; do outro lado, não.

      Glauber Mendonça

      Entre a Retidão e a Corrupção: Relatos de um observador

      Na tênue e sombria linha que separa o “mundo do crime” do “mundo da lei e da ordem”, existem aqueles que se refugiam sob o manto da corrupção. Nos corredores escuros dos órgãos da Segurança Pública, presenciei policiais, promotores de Justiça, juízes e funcionários de cartórios criminais trilhando o caminho tortuoso da má conduta, talvez persuadidos pela ideia de que o sistema ao seu redor é tão corrompido quanto suas próprias almas.

      No entanto, generalizar com base na depravação de poucos e permitir que suas ações manchem a integridade da máquina de Segurança e Justiça seria um erro. Ao nos aprofundarmos nesse universo, devemos sempre lembrar daqueles que, com ética e dedicação, resistem às tentações sombrias. Diferentemente do que argumenta Glauber, eles agem não por medo de severas consequências, mas sim movidos pela retidão moral.

      Por um período de tempo tão vasto e insondável que parece se perder na eternidade, servi nas ruas e em postos avançados da Segurança Pública. As injustiças que presenciei destruíram o idealismo com o qual uma vez idolatrei o sistema de Lei e Justiça, e a integridade dos que o serviam.

      No entanto, nem minha alma, nem as almas da maioria dos que compartilharam meu caminho, foram atraídas pelos uivos sedutores dos lobos que se escondiam nas sombras à nossa volta. E asseguro, não foi o medo das consequências que nos manteve firmes. Foi assombroso observar como policiais, juízes e promotores manipulam sinistramente as engrenagens da Justiça a seu favor, como evidenciado pela trágica saga de Marielle Franco ou pelos constantes banhos de sangue que assolam as periferias do Brasil.

      Em um plantão do Poder Judiciário paulista

      Em uma sombria e imprevisível tarde, enquanto eu vagava pelos corredores do Fórum da Comarca de Itu, uma cena perturbadora desenrolou-se diante de meus olhos, desafiando toda a lógica da Lei e Justiça. Um policial militar, chegou algemado, tendo sido capturado em Indaiatuba por um destacamento da Polícia Rodoviária de São Paulo, portando consigo um tijolo de cocaína.

      Como se evocados por sombras, dois advogados da capital surgiram, suas presenças marcadas pela aura de poder e conexões. Em nosso diálogo, confessei minha convicção de que o juiz Hélio Villaça Furukawa, conhecido por sua honestidade, jamais liberaria tal indivíduo. Porém, com olhares astutos e sorrisos enigmáticos, os advogados retrucaram, aludindo a suas habilidades em obter um habeas-corpus de um Desembargador não menos influente. A remuneração dos defensores, sem dúvida, superava em muito o modesto ganho de um policial militar. Estranho. Muito estranho.

      Ao final da tarde, antes do término do plantão, o policial, em uma reviravolta chocante, saiu livre pela porta principal do Fórum, libertado não pelo honrado Dr. Furukawa, mas por um enigmático Desembargador da capital.

      Em um plantão de uma delegacia da Polícia Civil

      Testemunhei, certa vez, um incidente que alteraria minha visão da Polícia Civil. Sob a iluminação branca e fria da delegacia, observei uma equipe da Polícia Militar, de feições marcadas pelo peso da responsabilidade, apresentar um sinistro trio, cujas mãos algemadas carregavam tanto a um pacote de dinheiro quanto a alguns pacotes de pinos coloridos e tabletes de drogas.

      Durante seu patrulhamento numa estrada rural próxima ao pedágio da Castelo em Itu, os policiais se depararam com um veículo solitário com dois ocupantes suspeitos parado na pista. A inspeção do veículo desvendou o carregamento de drogas. O ambiente tornou-se denso e carregado com a oferta tentadora dos criminosos: sua liberdade em troca de 30 mil Reais.

      Apesar da resistência inicial, as sibilantes promessas dos criminosos soaram em seus ouvidos, insinuando que, se os oficiais não aceitassem, um delegado, com seu poder e influência, selaria um pacto ainda mais vantajoso por 20 mil. Com astúcia, os agentes cederam, e, uma hora depois, um advogado da capital apareceu com a quantia exigida. Mas, em um volteio de engenhosidade, todos os envolvidos, incluindo o rábula, foram aprisionados.

      Entretanto, o denso manto da realidade desceu. Em poucas horas, presenciei, com um sentimento de angústia e desesperança, um dos criminosos deixando a delegacia, lançando palavras de escárnio e zombaria aos policiais militares:

      Otários, aqui saiu por 10 mil!

      Entre trevas e lobos

      Em meio à escuridão que cobre os corredores da justiça, e no turbilhão de vícios e iniquidades que testemunhei, não apenas nestas ocorrências mas em um mar infindável de outros casos, eu e os bravos companheiros que partilhavam meu caminho, mantivemo-nos firmes e incólumes, agindo sempre sob o manto da retidão e da lei. Mergulhar nas profundezas da corrupção, da traição e da violência gratuita nunca foi para nós uma opção, e, ao contrário do que afirma Glauber, não é um destino predeterminado por circunstâncias.

      Cada ser, com sua consciência atormentada ou pura, é o único senhor de seu destino e não pode, por mais que tente, esconder-se nas sombras de sistemas imperfeitos para justificar sua decadência moral. Pois, a integridade genuína brilha, mesmo nas noites mais escuras, fazendo o que é justo e correto, desafiando a crença de que, quando todos fecham os olhos, o mal prevalece. E àquele que proclama que a corrupção é inevitável, eu digo:

      O abismo nos chamou, mas não nos levou consigo.

      Na Sombra da Reflexão: Questionando os Limites da Consciência

      Eis que, ao findar de tal relato, nos deparamos com a sombria encruzilhada da existência humana. A narrativa apresentada, de traições e corrupções, lança uma dúvida que transcende o óbvio: Estariam essas almas perdidas realmente condenadas à eterna escuridão, ou seriam elas meramente prisioneiras de um sistema que as transformou em espectros de sua própria essência?

      Glauber Mendonça, com sua retórica, aponta para uma direção, mas será que podemos realmente aceitar tal visão sem questionar sua autenticidade?Na complexa tapeçaria gótica da condição humana, onde linhas de retidão se misturam com fios de decadência, não podemos ceder ao simplismo de generalizações.

      Devemos nos perguntar se não é possível, mesmo nos recônditos mais sombrios da justiça, encontrar faíscas de redenção. E à medida que cada um de nós, leitor e observador, reflete sobre essa escuridão, somos confrontados com um dilema ainda maior:

      Em que medida somos meros produtos de nosso ambiente, e até onde podemos desafiar as sombras que buscam nos consumir?

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