Facção PCC 1533: mecanismo de criação do crime organizado

Um grupo do crime organizado não nasce com propósito criminoso. Pode parecer incrível, mas o Primeiro Comando da Capital está aí para provar essa teoria.

imagem com integrantes da facção PCC e anjos

Crime Organizado: que mecanismo o gera?

O Primeiro Comando da Capital (PCC 15.3.3) não foi sonhado e criado para ser uma organização do crime organizado.

Tudo começou no cárcere em 1992 com o fato mais bárbaro, cruel, e covarde: o massacre de 111 detentos no Carandiru, por Policiais Militares…

Cartilha do PCC – Conscientização, união e família

No entanto, o sonho de uns virou o pesadelo de muitos em três continentes, mas a culpa não pode ser atribuída aos sonhadores.

O sonho presente na criação do PCC também é o seu maior pesadelo: enfrentar o sistema carcerário que, quanto mais duro, mais forte o torna.

Sistema Penal X Sistema Prisional — Razão X Emoção

Se alguma dúvida restava quanto a esse ponto, tive certeza ainda mais quando li o artigo de Alvaro de Souza Vieira e Renato Pires Moreira.

Pois é o que os dois policiais e pesquisadores mineiros dão a entender em artigo publicado na Revista Científica de Segurança Pública da PM-RN:

Análise de inteligência: das ações ideológicas disciplinares e correcionais promovidas pelo Primeiro Comando da Capital.

… não se pode precisar sobre a origem das instituições criminosas. Todavia, algumas organizações surgiram da necessidade das pessoas em se reunir, não objetivando – ordinariamente – a prática de crimes, e sim, como tática para o combate de possíveis desigualdades sociais vigentes, em tese, pactuadas pelo Estado.

Alvaro de Souza Vieira e Renato Pires Moreira

Mas os pesquisadores não se referiram à atuação da Polícia Militar de São Paulo, que com sua ação no Carandiru gerou a facção PCC.

Apesar dos policiais militares negarem a paternidade do Primeiro Comando da Capital, três acadêmicos afirmam que eles são os pais da criança.

PCC um filho indesejado da PM-SP

Tão pouco a direção da Casa de Custódia de Taubaté quando autorizou o jogo de futebol entre os presos que gerou a facção PCC 1533.

… Rato foi morto por Cesinha: a primeira semente jogada ao solo fértil utilizando o método que seria imortalizado na fundação oficial da facção criminosa.

O neoliberalismo e a facção PCC 1533

Na realidade, se refere aos fundadores do Partido do Crime da Capital (PCC), que desceram para campo naquela tarde de chuva em 1991, no Piranhão.

Aqueles oito presos entraram em campo capitaneados por José Márcio Felício, o Geleião, para defender o time da Capital contra o time do Partido Caipira.

Sob fortes provocações mútuas, tais como “Eu vou beber teu sangue”, a rixa inicial degenerou em um briga sangrenta na qual cabeças rolaram (literalmente).

Afinal, quanto mais sangrento, o simbolísmo da ruptura passa a ser mais marcante e duradouro.

Organização criminosa PCC: uma parto difícil

Como afirmaram Álvaro e Renato, aqueles homens não começaram aquele dia o mais poderoso grupo do crime organizado sul-americano com o objetivo criminoso.

Chegaram para aquele jogo após uma série de crimes cometidos pelo Estado e seus representantes e, naquele dia, com a conivência da direção do Piranhão.

… e saíram dos presídios passando a aplicar fora das muralhas o que aprenderam lá dentro:

“sozinhos somos fortes, unidos somos invencíveis”, “todos contra um”, e “até a última gota de sangue”.

Tudo para defender os irmãos contra a opressão do Estado.

Pesquisa sobre o Primeiro Comando da Capital

Crime organizado uma como soma de erros

A direção imaginou que os “Caipiras” eliminariam os remanescentes do Massacre do Carandiru, sepultando de vez os rebeldes que buscavam melhoria nas condições carcerárias.

… já atuando como advogado foi possível constatar in loco, a situação de calamidade por que passam as instalações e condições carcerárias do sistema penal.

O PCC como fruto das condições carcerárias.

Deu errado. A Polícia Militar de São Paulo, a diretoria do presídio, e aqueles oito presos não pretendiam, mas criaram o Primeiro Comando da Capital.

Afinal, se Georges Balandier teorizou, foi o octógono de Geleião que tornou real as imagens, as construções simbólicas e as narrativas míticas da facção PCC.

Tudo começou naquele jogo, mas os elementos construtivos da dominação foram se agregando: a sua fundação, o batismo e as execuções de inimigos e traidores.

A História lentamente se desenrola diante de nossos olhos. Precisamos apenas olhar e compreender de onde vêm e para onde vai e que mecanismo move.

Autor: Ricard Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porém, é que aqui, assim como ninguém sabe que você é um cachorro, não dá para sacar se a pessoa do outro lado é do PCC. Na rede, quase nada do que parece, é. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fã no Facebook pode ser um robô; e, como é o caso da página em questão, um aparente editor de site de facção pode se tratar de Rícard Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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