Disputas de Poder: Primeiro Comando da Capital de 2001 a 2006

A jornada deste texto percorre a história da facção PCC 1533 de 2001 a 2006, um período marcado por intensas disputas de poder e contradições, revelando uma faceta complexa da criminalidade em São Paulo.

“Disputas de poder” delineiam a essência deste relato. No coração desse emaranhado, o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), prevalece. Testemunhe sua ascensão entre 2001 a 2006.

Em meio ao caos, desenrola-se uma dança do poder, onde a política de segurança pública, paradoxalmente, fortalece a facção PCC. Nossa jornada começa aqui, dentro do intricado universo do PCC.

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2001 a 2006 – Disputas de Poder com a sociedade

Em 1997, um grito audaz ressoou do submundo criminoso, desafiando a sociedade como um fantasma emergindo das sombras. O Primeiro Comando da Capital, ousadamente, forçou o reconhecimento de sua existência, garantindo a publicação de seu estatuto e selando sua imagem como uma organização criminosa.

Essa atitude, talvez impulsionada por uma busca de satisfação do ego, talvez pelo desejo de derrubar o estigma do criminoso comum, tido como “inferior e ignorante”, surgiu como um movimento ousado e estratégico.

No jogo xadrez das “Disputas de Poder”, esta manobra se revelou mais do que uma simples busca por reconhecimento. Foi uma jogada tática astuta, um lançamento calculado de um dado que traçaria o caminho para o crescimento iminente da organização nos anos que viriam.

Medo, Repulsa e a Imprensa como Alto-falante

As entranhas da cidade escondiam mais do que apenas o medo e a repulsa – elas abrigavam uma força emergente, prestes a deixar sua marca indelével no tecido da sociedade. Esta era a ascensão silenciosa, porém inconfundível, do Primeiro Comando da Capital.

Em meio a um cenário que desafiava qualquer lógica convencional, a mídia assumiu o papel de alto-falante para as atividades do PCC, aumentando exponencialmente a sua notoriedade. Em uma tentativa de projetar uma imagem de eficácia e ação à população, várias correntes ideológicas implementaram políticas de Segurança Pública. No entanto, ao invés de subjugar a influência do PCC, elas fortaleciam inadvertidamente a organização criminosa. Como um fogo alimentado pelo vento, a estrutura do PCC parecia apenas se fortalecer frente a estes esforços.

O período de 2001 a 2006 marcou a entrada do Primeiro Comando da Capital numa nova fase, uma era definida por intensas disputas de poder. Este tempo, preenchido com dilemas e conflitos tanto internos quanto externos, escancarou a complexidade do ambiente no qual a facção PCC estava imersa.

No palco externo, a intenção das políticas governamentais colidiu com sua eficácia na prática. Ao invés de conter a influência da PCC, as medidas adotadas pela segurança pública paulista deram um impulso inesperado à organização criminosa. As transferências de presos, pensadas para diluir a força da PCC, acabaram por criar uma rede de influência mais extensa e consolidada, tanto dentro quanto fora das prisões.

Sede fecundos, disse-lhes ele, multiplicai-vos e enchei as trancas.
Vós sereis objeto de temor e de espanto para todo aquele que pensar em se opor a vós.
Tudo o que se move e vive vos servirá de alimento; eu vos dou tudo isto, como vos dei a erva e o pó.
Somente comereis carne com a sua alma, com seu sangue.
Todo aquele que trair a nós terá seu sangue derramado pelos irmãos, porque faço de vós a nossa imagem.
Sede, pois, fecundos e multiplicai-vos, e espalhai-vos sobre a terra abundantemente.

Operação Dictum PCC 15.3.3

Disputas de Poder dentro da Facção

No cenário interno, as disputas de poder intensificaram-se. Os líderes, outrora respeitados e inquestionáveis, agora enfrentavam um panorama de incerteza e instabilidade. Sombra, um dos generais mais admirados, fora brutalmente assassinado em 2001, durante seu banho de sol na prisão de Taubaté. Os motivos do assassinato de Sombra nunca foram confirmados oficialmente, mas diversas teorias circulavam entre os membros da PCC. Talvez fosse uma jogada de uma facção rival, talvez uma rixa pessoal, ou ainda uma tentativa de outro líder da PCC para aumentar seu poder. A verdade permaneceu nebulosa.

O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), já estabelecido, encontrou forte resistência entre os detentos. No entanto, as lideranças do PCC incessantemente buscavam meios para se evadir deste castigo institucional, agitando o ambiente penitenciário. Paralelamente, a PCC logrou eliminar diversas organizações rivais em São Paulo, isolando as que apresentavam mais resistência. Curiosamente, ao concentrar todas as lideranças no presídio P2 de Presidente Venceslau, o estado inadvertidamente forjou um Quartel General para o Primeiro Comando da Capital, facilitando a coordenação entre os diferentes líderes do estado.

[…] o RDD acabou por contribuir para a consolidação de lideranças dentro do sistema prisional. A construção da autoridade das lideranças no interior de organizações tais como o PCC se dá a partir da valorização de alguns atributos do indivíduo, especialmente ligados à autonomia e independência frente a qualquer poder ou autoridade formal de modo que o preso que recebe como punição a alguma falta a remoção para o RDD acaba encarnando a imagem exemplar da insubmissão às regras oficiais do Estado.

Bruno Lacerda Bezerra Fernandes

Da disputas de poder à pacificação

A hegemonia da PCC nas prisões estava em plena expansão, com a organização ocupando o vácuo de poder deixado pelas facções extintas.

No implacável jogo de poder do submundo, o PCC mostrou-se eficiente ao enfrentar seus rivais. Ao eliminar muitas organizações adversárias em São Paulo, orquestrando uma verdadeira guerra estratégica, cujo objetivo era estabilizar sua influência e conquistar o poder e a hegemonia nas prisões. Organizações contrárias como o Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade CBRC, a Seita Satânica SS, o Serpentes Negras e Comando Democrático da Liberdade CDL, de fato, desapareceram após 2001.

Este cenário gerou um vácuo de poder, um espaço vazio que ansiava por domínio. A habilidade do PCC em preencher essa lacuna tornou-se evidente à medida que expandiam gradualmente seu controle, utilizando a violência como um instrumento para reforçar seu poder e recrutando novos membros para suas fileiras. A cada passo, o Primeiro Comando da Capital foi tomando as rédeas, crescendo não apenas em influência, mas também em número, com o aumento constante de seus afiliados. Nesse tabuleiro de xadrez do crime, a cada movimento, a facção PCC consolidava sua supremacia.

Apesar das circunstâncias adversas, a Primeiro Comando da Capital conseguiu estabelecer uma espécie de “pacificação” nos presídios entre 2002 e 2004. Este termo, contudo, não significava uma verdadeira paz, mas o fim das violentas disputas de poder entre as facções. No entanto, os crimes fora das prisões, como fugas, assaltos e sequestros, continuaram a ocorrer.

A pacificação dependeu da capacidade do PCC em construir um discurso de união do crime e organizar o interesse dos empreendedores de drogas numa mesma direção. Em São Paulo, a facção conseguiu funcionar como agência reguladora.

A Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil

As Sombras de São Paulo: o sonho de mizael

Mergulhando ainda mais fundo nos corações das sombras de São Paulo, em nossa narrativa do período entre 2001 e 2006, palco das “Disputas de poder” do notório Primeiro Comando da Capital. Vidas tecidas na violência, corações pulsando contra a corrente de seus destinos prescritos – é neste cenário que Mizael, um líder na trama da facção, encontra seu fim abrupto em fevereiro de 2002.

Mizael, uma figura emblemática do PCC, se destacou por sua visão que ia além do cotidiano criminoso. Ele sonhava com um diálogo direto com o governo brasileiro e organizações de direitos humanos, enxergando na denúncia de abusos do governo paulista, uma chance de mudança. Essa aspiração foi abruptamente interrompida por uma trama interna.

Te convido a enxergar além da brutalidade dos atos do criminoso condenado. Tente ver em Mizael um homem com um plano, um estrategista almejando mudanças para além das grades. Seus desejos ecoavam em um manifesto, onde fazia menção a figuras políticas e intelectuais relevantes, numa tentativa de criar diálogo no âmbito político-jurídico.

Entretanto, dentro do universo fechado do Primeiro Comando da Capital, os sonhos costumam ser encurtados. Cesinha, antigo aliado de Mizael e um dos generais do PCC, baseado em boatos, determinou o fim de Mizael. O líder foi assassinado em um ato simbolicamente cruel, tendo seus olhos arrancados, uma forma de suplício que ecoa a brutalidade deste universo.

Jogos de Poder

Neste jogo de xadrez humano, Mizael e Sombra, outro líder do PCC, se destacaram por suas visões inovadoras. Viu-se em Mizael o potencial de um líder político, ainda que dentro da estrutura de uma organização criminosa. Sua visão, entretanto, foi impedida por uma disputa de poder, comprovando a velha máxima de que em uma guerra interna, não há vencedores, apenas sobreviventes.

Para além dos atos violentos, percebemos os homens por trás da facção PCC, suas ambições e desejos, frustrações e medos. Em um mundo onde a luta pelo poder pode custar a vida, cada decisão tem um peso imenso e os erros, consequências fatais. Entre as sombras das disputas de poder, encontramos seres humanos em sua mais crua essência, lutando pela sobrevivência em um ambiente hostil.

A Reconfiguração do Poder: Traição e Reformulação

Durante esse período de 2001 a 2006, encontramos um cenário volátil nas entranhas do emblemático Primeiro Comando da Capital. As perdas de lideranças chave levaram a uma reestruturação significativa do poder dentro do grupo, dando início a uma fase de intensa reconfiguração interna.

Neste período, presenciamos o assassinato de Ana Maria Olivatto Camacho, ex-esposa de Marcola, perpetrado por Natália, esposa de Geleião. Este evento acendeu o estopim para uma onda de vingança dentro do PCC, com parentes de Natália sendo eliminados por seguidores de Marcola.

A trama de nosso relato se adensa com a delação de Geleião à polícia, num esforço desesperado para proteger sua esposa e a si mesmo. Esta traição foi repudiada pela facção, levando à expulsão de Geleião e Cesinha, líderes renomados do PCC.

O vácuo de poder deixado por estas convulsões internas foi preenchido por Marcola, que ascendeu à liderança do Primeiro Comando da Capital em 2003. Implementou uma reformulação radical, mudando a forma de atuação financeira, política e estratégica da organização.

O PCC Evolui e se estrutura como empresa

A nova fase do PCC foi marcada por uma reorganização, passando de uma estrutura piramidal centralizada para uma organização complexa e descentralizada. Esta mudança democratizou as formas de atuação do grupo, concedendo voz e voto na estrutura interna da facção.

Marcola introduziu o conceito de “Sintonias”, comissões ou setores compostos por vários “irmãos” que reportavam a uma “sintonia final”. Além disso, a facção incluiu os termos “Igualdade e União” no seu lema, evitando problemas internos de poder e melhorando a divisão do trabalho.

No seio desta remodelação, o tráfico de drogas surgiu como uma atividade lucrativa e segura, reduzindo a perda de membros em assaltos e sequestros. Esta mudança levou a facção PCC a se tornar uma organização de caráter empresarial, embora mantendo sua luta contra as opressões e injustiças.

Neste contexto, o PCC, que começou como um partido, continua a existir, agora também como uma empresa. Uma dualidade que produziu uma ruptura singular na história da facção, transformando-a numa entidade complexa e multifacetada.

Baseado no trabalho do pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna: “As faces da mesma moeda: uma análise sobre as dimensões do Primeiro Comando da Capital (PCC)”

Governador de São Paulo, a política carcerária e a Facção PCC

A política de cada governador de São Paulo em relação ao sistema prisional e a facção PCC. Da política de humanização à guerra nas ruas, acompanhe essa narrativa.

“Governador de São Paulo” é o tema do nosso novo artigo, irmão. O Primeiro Comando da Capital (Facção PCC 1533) e os governantes de SP estão no foco. A quebrada quer entender como a política rolou e como o PCC nasceu daí. No final, tem um fichamento com os dados que embasaram a ideia. Cola lá!

Ah! Quem me passou toda essa visão, foi o mano Dyna. Forte e leal abraço!

Governor de São Paulo: cada um com sua gestão prisional

Governador de São Paulo: já tevivemos um Franco Montoro e um Mario Covas

Segura a visão, irmão, dos role dos governo de São Paulo. Montoro (1983-1987), chega no corre e traz uma ideia nova, de humanizar os presídios, dar chance pro preso buscar os direitos dele. Tipo, uma luz no fim do túnel, saca?

Mas aí, Quércia (1987-1991) assume o poder e muda o jogo. Troca a ideia de Montoro e chega com uma pegada mais pesada, violenta. Cê lembra, né? Foi nessa época que rolou aquele pico do 42° DP e o massacre do Carandiru, treta pesada.

Na sequência, Covas sobe no comando. Ele criticou a treta de Quércia e Fleury, e escolheu outro caminho. Ao invés de botar a PM pra bater de frente, ele preferiu o diálogo, uma patrulha mais tranquila.

Só que, no segundo mandato de Covas, o sistema prisional começou a crescer muito. O cara priorizou a criação de vagas nos presídios como uma das principais ações políticas dele. Isso afetou a relação com o Primeiro Comando da Capital, e ainda hoje sentimos os efeitos disso na quebrada.

Ninguém sabe como nós escolher o caminho mais sinistro

Na sequência do baile, mano, Carandiru já era, prisões superlotadas, aí rolou a política de interiorização. Distribuíram os irmãos pelo estado, pra dificultar a união da massa. A estratégia foi clara, os governantes decidiram espalhar os presos, fugindo da aglomeração.

Construíram novas penitenciárias, mano, pros regimes fechado e semiaberto, espalhadas pelo oeste paulista. As novas casas do sistema são diferentes, menores, compactas, modernas, evitando a treta das fugas e o descontentamento da massa.

Mas saca só, o desenho do lugar tá ligado na vigilância, fazendo o preso virar a base da própria opressão, sacou? Igual aqueles filmes loko de futuro, onde o sistema oprime a massa.

Segura a visão, que vou te mostrar como a parada desenrolou pra gente chegar onde estamos, tá ligado? Mas primeiro a lista com o nome dos governadores porque ninguém tem obrigação de lebrar de cor, né não?

Governadores do Estado de São Paulo

15 de março de 1983 até 15 de março de 1987
humanizou os presídios na sua gestão, priorizando a democracia, a transparência e os direitos dos detentos
Franco Montoro

15 de março de 1987 até 15 de março de 1991
estratégia violenta e repressiva de lidar com a criminalidade, foi a primeira grande ruptura na era democrática
Massacre do 42º DP – fevereiro de 89
Orestes Quércia

15 de março de 1991 até 1 de janeiro de 1995
massacre do Carandiru – 2 de outubro de 1992
desativação e demolição do Carandiru
política de interiorização e divisão dos presídios
fundação do PCC – 31 de agosto de 1993
Luiz Antônio Fleury

1 de janeiro de 1995 até 6 de março de 2001
criticou a ausência de direitos humanos nos governos anteriores e optou por políticas de negociação e patrulhas mais brandas
criação de vagas no sistema penitenciário como uma de suas principais ações políticas
Mário Covas

6 de março de 2001 até 31 de março de 2006
política de aumento da repressão policial e mais mortes em confrontos
mega rebelião em 29 unidades prisionais – fevereiro 2001
PCC ganha visibilidade pública e demonstra eficácia em suas ações
massacre Operação Castelinho – fevereiro de 2002
Regime Disciplina Diferenciado RDD – dezembro de 2003
muitos que trabalharam na repressão ganharam fama na vida política
Geraldo Alckmin

31 de março de 2006 até 1 de janeiro de 2007
mega rebelião e ataques do PCC – maio de 2006
Cláudio Lembo

1 de janeiro de 2007 até 2 de abril de 2010
manutenção da política de Segurança Pública de Alckmin
hegemonia do PCC com queda da taxa de homicídios
Crescimento progressivo da população carcerária
Fotalecimento da ROTA e investimentos na PM
José Serra

2 de abril de 2010 até 1 de janeiro de 2011
Alberto Goldman

1 de janeiro de 2011 até 6 de abril de 2018
aumento da população carcerária
investimento em ferramentas de investigação contra as organizações criminosas
número alarmante de encarcerados durante a gestão de Alckmin, com aumento de mais de 50.000 presos em apenas 4 anos
aumento da violência e letalidade policial
Geraldo Alckmin

6 de abril de 2018 até 1 de janeiro de 2019
Márcio Franca

1 de janeiro de 2019 até 1 de abril de 2022
João Doria

1 de abril de 2022 até 1 de janeiro de 2023
População carcerária: O Brasil é o terceiro país com maior população carcerária do mundo, com mais de 773.000 presos. Só no Estado de São Paulo são 231.287 presos
Rodrigo Garcia

1 de janeiro de 2023 a
Tarcísio de Freitas

As Heranças do Governador de São Paulo Geraldo Alckmin 1: RDD e o Estouro do Sistema Carcerário

Covas partiu dessa para uma melhor em 2001, e quem pegou o bonde foi Alckmin, de 2001 a 2006. O mano foi contra a maré, intensificando a treta com as organizações dos presídios.

Aí teve as mega rebeliões, aumento da letalidade policial e o Primeiro Comando da Capital entrou na mira da opinião pública.

Na quebrada, a violência da polícia disparou, e como toda ação tem uma reação, a facção PCC 1533, organizou a maior revolta das trancas em 2001.

Foi nessa época que Alckmin criou o RDD, o Regime Disciplinar Diferenciado, mano. Uma medida pesada, que cortou direito dos irmãos atrás das grades, trancados em solitárias, sem visita de família e advogado.

Em 2002, rolou a Operação Castelinho. PM fechou o cerco e 12 suspeitos de serem do PCC foram mortos. Apesar dos protestos, o barato continuou.

A Herança do Governador de São Paulo Cláudio: os ataques do PCC de maio de 2006

Em 2006, Alckmin saiu e Cláudio Lembo entrou. Nesse ano, rolou a maior crise de segurança, com a PCC tocando o terror em mais de 70 cadeias e nas ruas. Ficou pouco, mas foi o bastante para jogar farofa no ventilador.

No auge da treta, a mega rebelião e os ataques de maio, a cidade virou um caos, todo mundo em pânico. Depois da tempestade, José Serra assumiu o poder, manteve a linha do PSDB e os índices de violência deram uma diminuída.

As Heranças do Governador de São Paulo José Serra: Lotando as Trancas e a Violência na Periferia

No entanto, quando Serra assumiu o trono (2006-2010), a parada ficou mais tensa. O discurso era de vitória, mas o que rolou mesmo foi o aumento da população carcerária. Alckmin voltou em 2010, ficou até 2018, e o sistema só piorou. A vida na periferia seguia na mesma, enquanto as celas enchiam cada vez mais.

As Heranças do Governador de São Paulo Geraldo Alkimin 2: Mais Violência, Confronto com o PCC e Aumento do Encarceramento

Na quebrada, Alckmin chegou no poder novamente, em 2010. Daí, a coisa não mudou, irmão. A treta com o PCC continuou e a violência só aumentou. Em 2012, rolou uma fita diferente. O sistema policial passou por uma reforma. Antônio Ferreira Pinto, um ex-milico, assumiu a fita, botando a polícia pra cima do crime organizado. A PM e a ROTA, na gestão do cara, só cresciam, levando a violência às alturas.

Porém, em 2012, o bagulho ficou doido. A PM e o PCC bateram de frente, deixando São Paulo em estado de sítio. Nessa parada, Ferreira Pinto e os comandantes da PM e ROTA tiveram que sair do jogo. Eles foram pro lado da política, mas o estrago já tava feito. O número de presos aumentou demais, mais de 50.000 em 4 anos.

O Brasil é o terceiro do mundo em população carcerária, mais de 773 mil presos, mano. Em São Paulo, são mais de 231 mil. Mas tá ligado que essa treta toda, essa disputa entre as políticas dos governantes, só beneficiou quem tá no poder, os que precisam do discurso da violência pra se manter no comando.

No final, a gestão do Alckmin ficou marcada pela treta com o PCC e a violência das polícias. A quebrada sangrou, e a pergunta é: quem vai limpar essa bagunça agora, Governador de São Paulo?

Aquele salve pro pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna, que é o responsa por passar essas fitas todas pra mim. Se tiver chance, dá uma conferida nos corres dele, mano, porque é de lá que vem a ideia reta.

Fichamento com os dados que embasaram as ideias

  1. Mário Covas falece em 2001, seu vice-governador, Geraldo Alckmin assume (2001-2006).
    • Alckmin intensifica a violência policial e a repressão.
    • Fortalecimento da PM e estratégia de confronto elevam o número de mortes pela ação do Estado.
  2. Mega rebelião organizada pelo PCC em 2001.
    • Primeiro grande desafio do governo Alckmin.
    • PCC ganha visibilidade pública e demonstra eficácia em suas ações.
  3. Alckmin cria o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
    • Medida mais dura do Estado de São Paulo contra líderes do PCC.
    • RDD restringe direitos básicos dos presos, como tempo de banho de sol, visitas de familiares e advogados.
  4. Operação Castelinho em 2002.
    • 12 suspeitos de pertencerem ao PCC são assassinados pela PM em uma emboscada, gerando críticas.
  5. Cláudio Salvador Lembo assume o governo em 2006, após renúncia de Alckmin.
    • Ano marcado pela maior crise da segurança pública em São Paulo, com mega rebelião em mais de 70 unidades prisionais e ataques a prédios públicos a mando do PCC.
  6. José Serra Chirico assume o governo (2006-2010).
    • Continua as políticas de Alckmin de fortalecimento das polícias e enfrentamento ao crime.
    • Após os ataques de 2006, os índices de homicídio e violência diminuem.
    • Crescimento progressivo da população carcerária refletindo as políticas de segurança pública.
  7. Geraldo Alckmin retorna ao governo (2010-2018).
    • Neste período, a população carcerária continua a crescer além da capacidade dos presídios.
    • Alckmin vence novamente e se reelege em 2014, totalizando 8 anos de governo nesse segundo mandato.
  8. Alckmin, em sua segunda gestão (2010-2018), continuou as políticas de segurança pública do PSDB, com enfoque na repressão e confronto.
  9. Em 2012, a força policial foi reestruturada sob Antônio Ferreira Pinto, policial militar e procurador da justiça, promovido como secretário da SAP após os ataques de 2006.
  10. Ferreira Pinto utilizou força policial e instrumentos de investigação para combater grupos criminosos.
  11. Em 2009, Álvaro Batista Camilo e Paulo Adriano Lopes Lucinda Telhada foram nomeados para postos chave na Polícia Militar e ROTA, respectivamente.
  12. Aumento significativo nos investimentos para a Polícia Militar e ROTA.
  13. Em 2012, aumento da violência em São Paulo devido aos confrontos entre a PM e o PCC.
  14. Retirada de Ferreira Pinto e dos comandantes da PM e ROTA em 2012, que migraram para a vida política.
  15. Número alarmante de encarcerados durante a gestão de Alckmin, com aumento de mais de 50.000 presos em apenas 4 anos.
  16. Os últimos anos da gestão de Alckmin marcados por violência policial e embates com o PCC.
  17. Montoro humanizou os presídios na sua gestão, priorizando a democracia, a transparência e os direitos dos detentos.
  18. Muitos que trabalharam em gestão ganharam fama na vida política.
  19. Governo Quércia, marcado por uma estratégia mais violenta e repressiva de lidar com a criminalidade, foi a primeira grande ruptura na era democrática.
  20. Aumento substancial dos homicídios cometidos pela PM durante o governo Fleury, com destaque para os episódios do 42° DP e o massacre do Carandiru.
  21. Mário Covas se elegeu em 1995 e iniciou o governo tucano, que já dura 25 anos.
  22. Covas criticou a ausência de direitos humanos nos governos anteriores e optou por políticas de negociação e patrulhas mais brandas.
  23. A expansão do sistema prisional foi acelerada a partir de 1998, durante o segundo governo de Mário Covas, que priorizou a criação de vagas no sistema penitenciário como uma de suas principais ações políticas.
  24. Política de interiorização: Com a desativação do Carandiru e a superlotação das cadeias, uma política de interiorização foi implementada, expandindo-se por todo o estado. Essa política visava dificultar a organização de grupos criminosos.
  25. Construção de novas penitenciárias: As grandes cadeias foram descentralizadas e novas penitenciárias foram construídas para os regimes fechado e semiaberto em todo o oeste paulista. As novas instalações, mais compactas e modernas, diferiam das antigas construções do século XIX e XX.
  26. Panóptico: O novo arranjo das penitenciárias é comparado a um “Panóptico”, onde a arquitetura do local é atrelada à vigilância e ao poder, tornando o preso o princípio de sua própria sujeição.
  27. Governador Geraldo Alckmin: Após a morte de seu antecessor em 2001, Alckmin assumiu e adotou uma postura mais dura contra o crime, enfrentando situações como as mega rebeliões e o aumento da letalidade policial.
  28. Primeiro Comando da Capital (PCC): Durante o governo de Alckmin, o PCC ganhou visibilidade pública. Medidas punitivas, como a criação do RDD, foram implementadas para combater o grupo.
  29. Mega rebelião de 2006: Esta rebelião elevou o pânico social em todas as classes da sociedade paulista. Posteriormente, José Serra assumiu o poder, mantendo a política do PSDB e presenciando uma diminuição nos índices de violência.
  30. População carcerária: O Brasil é o terceiro país com maior população carcerária do mundo, com mais de 773.000 presos. Só no Estado de São Paulo são 231.287 presos.
  31. Disputa política: Há uma disputa entre políticas mais moderadas (como as de Montoro e Covas) e políticas mais radicais. As últimas foram vencedoras, beneficiando os setores que necessitam do discurso sobre a violência para manter seus micropoderes.
  32. Efeito das políticas na criação do PCC: O texto argumenta que o Estado, por meio de suas políticas, produziu as condições para a criação do PCC.

Segregação Urbana e Segurança Privada e a Facção PCC 1533

Na real? A cidade tá fatiada, com o Primeiro Comando da Capital (Facção PCC 1533) na jogada. Segregação Urbana e Segurança Privada é o que sustenta essa parada. Vamos desenrolar essa fita?

Segregação Urbana e Segurança Privada, e como essa zica cai no colo da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533). Vamo entender essa parada juntos, tá ligado? Cola nesse papo reto.

Entre Muros e Câmeras: O Papel do PCC na Segregação Urbana e Segurança Privada

Mano, saca só essa ideia que eu tive lendo um trampo do mano Dyno. Ele deu a letra sobre o Primeiro Comando da Capital, a facção PCC 1533. Essa organização criminosa é tanto causa quanto consequência do que tá rolando nas quebradas. O medo do crime, a segurança privada aumentando, a segregação espacial… Tudo isso tem o dedo do PCC, tá ligado?

Mas não para por aí, não. A desigualdade social, o preconceito com o “bandido”, e o crescimento de Sampa, também alimentam a força dessa organização. Então é isso, mano. Se liga nessa parada, e depois chega junto pra trocar uma ideia, seja aqui no site, nos grupos de leitura ou no privado. Tamo junto!

O PCC e o Negócio da Segurança Privada

Segurança privada e negócio rentável: A real é que o Primeiro Comando da Capital, tá causando um corre dos cidadãos pra segurança privada. A fita é o seguinte: o medo do crime, que a organização criminosa PCC espalha, cria um mercado firmeza pra essas empresas de segurança privada, tá ligado?

Mano, tem mais fita nessa história. Os caras que controlam essas empresas de segurança, na maioria das vezes, têm algum tipo de ligação com os homens da lei ou os milicos. E aí, irmão, esses mesmos aí podem ter conexão, conhecimento e até investimento de integrante de organização criminosa.

Fica naquela, né? Difícil saber onde começa ou onde termina a influência da facção Primeiro Comando da Capital nessas empresas, pois ninguém vai anunciar isso no cartão de vizita, né não. Será que não tem empresa mutretada com os irmãos? Quem pode dizer? Eu é que não sei de nada, e muito menos o mano Dyna.

No final das contas, a parada é um ciclo vicioso: as organizações criminosas alimentam o medo, o medo alimenta a segurança privada, e a segurança privada, de um jeito ou de outro, acaba alimentando o crime organizado. Essa é a real do bagulho, irmão.

Desigualdade Social e Espacial: O Terreno Fértil do PCC

Desigualdade social e espacial: Sabe de onde vem o PCC, o Primeiro Comando da Capital? Vem das quebradas e dos presídios de São Paulo, lugares onde a desigualdade social e a divisão espacial cortam mais fundo que faca de dois gumes.

Por que você acha que isso acontece, irmão? Porque a falta de oportunidade, o peso da pobreza e a dor da exclusão, mano, fazem a mente dos manos, tá ligado? E é nesse chão duro, nessa realidade brutal, que o PCC encontra os seus soldados, os seus guerreiros e até, seus cliêntes e suas vítimas.

A desigualdade, a pobreza, a falta de oportunidades, só aumentam, formando um círculo vicioso, um ciclo sem fim. O PCC se alimenta da desigualdade e, em troca, a desigualdade se alimenta do PCC. É uma parada complicada, mano, mas é a nossa realidade na cidade de concreto.

Condomínios Fechados e o Refúgio dos Privilegiados

Condomínios fechados e segregação espacial: o Primeiro Comando da Capital, tem causado terror e o resultado disso? A galera fica com medo, sacou? E essa parada de medo faz o que? Empurra a elite pra dentro de condomínios, com segurança particular e o escambau.

Mas vai vendo, será mesmo? Pode ser que não seja isso não, pode ser que estejam querendo distância de pobre, porque não querem se misturar ou só prá cantar garganta que mora em condomínio. Até o final eu explico essa fita.

Aí o que acontece, camarada? Esses “enclaves fortificados”, como tão chamando, pipocam por toda a cidade e por todas as cidades. Por que? Porque esse medo do crime, muitas vezes ligado ao PCC, tá levando a rapaziada pra esses lugares, entendeu?

E isso só aumenta a segregação, a divisão entre nós e eles.

No final das contas, meu bom, o PCC e essas outras organizações criminosas tão afetando até onde a gente mora e com quem a gente se relaciona, sacou? E isso, mano, é só mais uma prova de como a desigualdade e a segregação tão cravadas na nossa sociedade.

Mas aí, será que é verdade que o PCC e o crime organizado têm essa influência toda no crescimento dos condomínios, ou isso também é coisa da nossa cabeça?

Pensa bem, em São Paulo, onde o PCC domina, o número de homicídio nunca foi tão baixo, e a taxa de criminalidade tá em queda há décadas. Além disso, já na década de 80, alguns municípios tavam criando leis pra proibir os condomínios que tavam se espalhando pelas cidades, e nem tinha crime organizado nessa época. Faz a gente pensar, né não

A Estigmatização do ‘Bandido’ e a Sombra do PC

A mídia e a opinião pública tão sempre prontas pra marcar o “bandido”. E quando marca, o “bandido” deixa de ser gente, sacou? Mas isso muda, tá ligado? Muda quando o “bandido” é da nossa família, ou alguém que a gente admira, convive. Essa parada só alimenta o medo. E esse medo, mano, só nos faz se fechar ainda mais.

Lembra daquele presidente, né? O que falava que não tinha que ter idade mínima pra prisão, que moleque de 14 anos devia responder como adulto? Então, quando o moleque dele, o Renan, o 04, foi acusado de crime, ele virou a casaca. Falou que “o moleque tem 24 anos, vive com a mãe, ninguém conhece ele”. E ainda pediu pra deixar o menino em paz. Quando a fita apertou pra ele, disse que não ia esperar a polícia “foder a minha família”, e mudou o chefe da polícia. Ele e os filhos, mano, não são pobres, então, não são “bandidos” que precisam ficar fora das muralhas dos condomínios.

Por isso, irmão, esse medo que justifica um monte de medida de segurança mais pesada não é contra os criminosos, os bandidos, mas sim contra nós, os pobres. E é nessa fita que o estigma existe. Quanto mais o Primeiro Comando da Capital, o PCC, é citado, mais a galera se fecha, mais a segurança aumenta. É um ciclo vicioso, tá ligado?

Mas, pensa bem, será que essa estigmatização é toda culpa do PCC? Ou será que é a sociedade que tá pronta pra apontar o dedo pro “bandido” e reforçar essa narrativa? É de se pensar, né não? No final das contas, a gente tá no meio dessa confusão toda, só tentando sobreviver.

São Paulo: A Evolução de uma Cidade e o Crescimento do PCC

Urbanização e evolução de São Paulo: a cidade tá sempre mudando, tá ligado? E com ela, o Primeiro Comando da Capital, também. À medida que a cidade foi crescendo, a população aumentando, principalmente nas quebradas, na periferia, o PCC foi se espalhando.

São Paulo, irmão, se expandiu, mas não foi pra todos. As comunidades periféricas, onde a facção PCC tem força, ficaram pra trás. E aí, saca só, a segregação urbana só aumenta. A cidade cresce, mas a divisão entre a gente e eles, os ricos, só fica mais forte.

E os ricos, mano, eles se trancam em seus condomínios, com segurança privada e tudo. E a gente? Fica do lado de fora, sob o comando do grupo criminoso PCC. A segurança deles aumenta, e a nossa, como fica?

No fim das contas, irmão, a presença do Primeiro Comando da Capital nas quebradas, tá ligado, só mostra como a desigualdade e a segregação tão enraizadas na nossa cidade. E aí, enquanto eles ficam seguros atrás de seus muros, a gente tem que se virar. É de se pensar, né não?

Aquele salve pro pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna, que é o responsa por passar essas fitas todas pra mim. Se tiver chance, dá uma conferida nos corres dele, mano, porque é de lá que vem a ideia reta.

Marketing: Análise do Estatuto da Facção PCC 1533 — 7ª parte

O texto explora o Estatuto do PCC, analisando como estratégias de marketing são utilizadas para criar um senso de identidade e propósito, e como a organização responde às adversidades, moldando-se em meio a desigualdades e o sistema prisional.

Marketing: Será que a estratégia de divulgação da marca Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) ao abrir seu estatuto ao público foi positiva? Uma leitura intrigante e esclarecedora.

Estrutura e Organização: O Marketing da Ordem no Caos

Análisar o Estatuto do PCC, na perspectiva de marketing me pareceu ser importante, pela abrangência, respeito e sucesso obtida pela marca “Primeiro Comando da Capital – Facção PCC 1533“.

O documento, claramente foi não foi criado para o público geral e teve como seu público-alvo:

  1. Irmãos e companheiros do PCC: aos quais o estatuto fornece orientações claras sobre o comportamento esperado, a hierarquia a ser seguida, as responsabilidades de cada membro e as consequências de não cumprir as regras.
  2. Potenciais integrantes: estatuto também serve como um documento de orientação para aqueles que estão considerando ingressar na organização. Define claramente o que se espera dos membros, o compromisso necessário e o sistema de valores do PCC.
  3. Membros de outras facções e organizações: Embora não seja o público-alvo principal, o estatuto também envia uma mensagem para outras facções e organizações sobre a estrutura, as regras e os princípios do PCC.

Solidariedade e Identidade Coletiva: A Construção de um Pertencimento

Para o público a que se destinou, o documento é perfeito, tanto na linguagem utilizada quanto no conteúdo. Aparentemente, a intenção era propagar alguns de seus ideais.

  • Solidariedade e responsabilidade coletiva: O estatuto promove a solidariedade e a responsabilidade coletiva entre os membros do PCC, estabelecendo normas e valores que reforçam a cooperação e a lealdade mútua. Essa ênfase na solidariedade e na responsabilidade coletiva pode ser conectada aos pensamentos do comunitarismo e o marxismo, que defendem a importância das relações sociais e da colaboração na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
  • Ética e moralidade: O estatuto estabelece princípios éticos e morais que devem guiar o comportamento dos membros da organização, como a verdade, a fidelidade, a lealdade e a solidariedade. Esses princípios refletem uma preocupação com a conduta moral e a construção de um sistema de valores alternativo ao sistema prisional e à sociedade em geral. A discussão sobre ética e moralidade no estatuto pode ser relacionada a teorias filosóficas como o deontologismo e o consequencialismo, que buscam fundamentar princípios éticos e morais.
  • Conflito e resistência: O estatuto apresenta uma visão de mundo marcada pelo conflito e pela resistência, posicionando o PCC em uma luta contra a opressão e a injustiça. Essa perspectiva pode ser associada a tradições filosóficas como o materialismo dialético e a teoria crítica, que abordam a dialética entre opressão e resistência e buscam compreender as dinâmicas de poder e dominação na sociedade.

No entanto, em determinado momento, a cúpula da organização criminosa optou por divulgar seu Estatuto ao público externo ao mundo do crime. Diante dessa decisão, surge uma questão: Será que a escolha foi positiva?”

A percepção social derivada da leitura do Estatuto do PCC

Das ruas das periferias aos ambientes acadêmicos, o resultado foi positivo. Apesar do documento cimentar a visão em grupos que já eram radicalmente contra a percepção de qualquer tipo de humanidade entre os criminosos, o Estatuto apresentou a organização como um grupo com finalidades política e social.

Não analiso aqui a correção ou não do papel representativo da facção criminosa, apenas o resultado prático da apresentação do Estatuto como uma jogada de marketing para justificar suas ações dentro e fora dos presídios.

Cabe lembrar também o momento histórico em que a organização foi criada e divulgou seu Estatuto. Estávamos vivendo um período de redemocratização após o fim do Regime Militar, com a aprovação recente da ‘Carta Magna Cidadã’, a Constituição Federal de 1988. A sociedade fervilhava com grandes debates sobre a função social do estado, a violência policial e os direitos humanos.

A organização em busca da Paz, da Justiça e da Liberdade

A repetição de frases como “liberdade, justiça e paz” e “juntos venceremos” no Estatuto do Primeiro Comando da Capital sugere que os autores do documento estavam tentando estabelecer um senso de identidade e propósito compartilhado entre os membros do PCC.

Com o passar do tempo, essa estratégia provou ser extremamente bem-sucedida, com a sigla PJLIU, representando “Paz, Justiça, Liberdade, Igualdade e Unidade“, tornando-se um emblema cobiçado nas comunidades periféricas. Isto é verdade não apenas no universo criminal, mas também entre os jovens das classes média e alta, embora em menor número. Estes indivíduos, apesar de serem poucos, possuem uma influência política e social significativa.

O Estatuto do PCC também revela uma organização que busca estrutura, coesão e identidade coletiva em resposta às condições adversas do sistema prisional e às desigualdades sociais mais amplas. Através do estabelecimento de regras, princípios e objetivos, a facção PCC busca criar um senso de ordem e propósito entre seus membros, enquanto também se posiciona como uma força de resistência contra a opressão e a injustiça.

A Construção de uma Identidade Coletiva: O PCC contra o Mundo

O estatuto do PCC tenta estruturar seus membros. Estabelece regras, princípios e metas. Isso é uma resposta ao caos prisional. A falta de ordem é um problema frequente. A demonstração de organização foi estratégica. Reforçou a imagem da facção perante o público.

O documento cria consciência de classe entre os presos. Identifica-os como vítimas de injustiças. Essa visão incentiva a luta coletiva contra a desumanidade prisional e a desigualdade social. Assim, o estatuto se tornou uma ferramenta de marketing.

O estatuto retrata um conflito contra o Estado e as autoridades prisionais. Isso legitima as ações do PCC, retratando a organização como uma força de resistência. Esse ponto de vista, de resistência contra a opressão, inspirou grupos e criou a imagem da luta de Davi contra Golias.

Também forneceu argumentos para a defesa de uma legitimidade social do grupo. Desta forma, a solidariedade e a lealdade entre os membros cria uma identidade coletiva, um mecanismo de coesão social. Essa identidade fortalece a capacidade dos presos de enfrentar adversidades, o que foi percebido pelo público externo.

O documento faz com que cada criminoso se sinta parte de algo maior. Portanto, este é um exemplo de marketing eficaz, amplificando a ameaça e o poder da organização.

O estatuto de 1997 cita a aliança com o Comando Vermelho, sugerindo uma estratégia de expansão e cooperação. Tais alianças respondem à repressão estatal e ao impulso de reforçar a organização. Porém, essa menção desapareceu no estatuto de 2007. Contudo, em seu início, a então pouco conhecida marca paulista vinculou sua imagem à temida organização criminosa carioca, absorvendo parte do sucesso dessa marca.

A cultura do PCC: O Marketing da Sobrevivência

O documento estabelece valores morais e éticos e desenvolve práticas de respeito a comunidade dentro e fora das muralhas, enfatizando a lealdade de seus integrantes, o que juntamente com a expressa uma cosmovisão que posiciona o PCC como uma força de resistência. O uso de termos como “liberdade”, “justiça” e “paz” transforma a luta do PCC em uma causa simbólica, garantiu um grande resultado midiático.

Portanto, a decisão das lideranças da organização de tornar público o documento teve fatores positivos e que se estendem até hoje, tanto pela construção, mesmo que errônea, de uma estrutura organizada e justa, quanto pelo espaço ganho na mídia.

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