Ato Nacional pela Justiça no Sistema Prisional — 13 de dezembro

Este artigo aborda o Ato Nacional pela Justiça nos cárceres e o papel do PCC. Analisamos a complexa interação entre o crime organizado, as políticas penitenciárias e as dinâmicas sociais e políticas, destacando as manifestações pacíficas e o papel da sociedade e autoridades na busca por um sistema prisional justo.


Ato Nacional pela Justiça no Sistema Prisional é o tema central de nosso novo artigo, que explora profundamente as nuances deste importante movimento. Nele, abordamos como o Primeiro Comando da Capital (Facção PCC 1533) influencia e é influenciado por tais atos, revelando aspectos complexos do sistema carcerário. Convidamos você a mergulhar nesta leitura envolvente, que lança luz sobre as realidades ocultas e as vozes muitas vezes não ouvidas no debate penitenciário brasileiro.

O artigo inicia abordando detalhadamente o Ato Nacional pela Justiça no Sistema Prisional, apresentando informações sobre os organizadores e a natureza do evento. Posteriormente, mergulhamos em uma análise do histórico dessas manifestações, examinando as reações dos órgãos de repressão pública e da imprensa frente a esses movimentos. Finalmente, o artigo culmina com um olhar aprofundado sobre o posicionamento da organização Primeiro Comando da Capital, oferecendo uma perspectiva integral e multifacetada dos recentes acontecimentos no cenário prisional brasileiro.

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Público-alvo
Ativistas de Direitos Humanos e Sociais: Indivíduos ou grupos engajados na luta por justiça social, direitos humanos e reformas penitenciárias.
Estudiosos e Acadêmicos: Pesquisadores, estudantes e professores de áreas como sociologia, direito, ciências políticas e criminologia, interessados em análises aprofundadas sobre crime organizado, sistema prisional e políticas públicas.
Familiares de Detentos: Pessoas com familiares ou amigos encarcerados que buscam compreender e influenciar o sistema prisional em favor de condições mais humanas.
Profissionais de Segurança Pública e Juristas: Incluindo policiais, advogados e juízes que lidam diretamente com as consequências do crime organizado e a gestão do sistema prisional.
Jornalistas e Comentaristas Sociais: Profissionais da mídia focados em questões de justiça criminal, segurança pública e direitos humanos.
Público Geral Interessado em Questões Sociais: Cidadãos preocupados com questões de justiça social, reforma penitenciária e o impacto do crime organizado na sociedade.
Membros e Ex-membros de Organizações Criminosas: Indivíduos que buscam entender o papel e a influência dessas organizações dentro do sistema prisional e na sociedade em geral.
Políticos e Formuladores de Políticas Públicas: Decisores políticos que buscam informações para embasar políticas efetivas de segurança pública e reformas no sistema prisional.
Este texto é capaz de atrair e envolver um público diversificado devido à sua abordagem multifacetada que abrange desde análises sociopolíticas até questões humanitárias e de justiça.

Ato Nacional da Articulação Nacional de Familiares de Presos (ANFAP)

No dia 13 de dezembro, em várias regiões do Brasil, serão realizados atos em favor da justiça no sistema prisional brasileiro. A Articulação Nacional de Familiares de Presos (ANFAP) está convocando pessoas de todo o país a se unirem a eles, elevando suas vozes e contribuindo ativamente para essa causa.

O Ato Nacional pela Justiça no Sistema Prisional não visa a concessão de privilégios, mas a implementação efetiva da lei. É intolerável a continuação desta situação explosiva, que há décadas submete pessoas a condições desumanas, superando os propósitos educacionais e de ressocialização da pena.

Torna-se crucial que a sociedade encare com seriedade e responsabilidade a realidade do sistema prisional brasileiro: uma infraestrutura falha que não consegue reintegrar adequadamente os indivíduos à sociedade. Em um sistema destinado à reabilitação, é inadmissível que a fome e a má alimentação sejam utilizadas como instrumentos de punição.

Nas prisões do Brasil, a alimentação tem sido usada como uma ferramenta de castigo por uma minoria de agentes penitenciários, empregando-a para punir e dominar os detentos. Além disso, esses prisioneiros têm que sobreviver com quantidades insuficientes de comida que, frequentemente, estão contaminadas ou estragadas, uma realidade decorrente da corrupção e do desvio de recursos.

Diante disso, a ANFAP estabelece como um de seus objetivos imediatos o fim da fome nos cárceres e a eliminação do uso indevido de alimentos como meio de coerção.

LocaIs dos eventos – HORÁRIO 11 HORAS

Aracajú SE – SAP – Rua Antônio de Andrade 981
Bauru SP – DEENCRIM UR 3 – Rua Amazona 1-41
Belo Horizonte MG – Praça Raul Soares cruzamento da Av. Amazonas
Boa Vista AC – SEJUC – Av. Getúlio Vargas 8120
Brasília DF – Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional
Campo Grande MS – Tribunal de Justiça Instância Federal
Chapecó SC – Rua Augusta Muller Bohner 300
Curitiba PR – Palácio do Governo – Praça Nossa Senhora de Salette
Florianópolis SC – Tribunal de Justiça – Rua Álvaro Milen da Silveira
Fortaleza CE – Fórum Juiz Corregedor
Goiana GO – Tribunal de Goiania – Av. Assis Chateubriand 195
João Pessoa PB – Praça dos Três Poderes – Praça João Pessoa
Macapá AP – Palácio do Setentrião – Rua General Rondon 259
Maceió AL – Palácio do Governo – Rua Cincinato Pinto
Manaus AM – Av. Paraiba, São Francisco
Marabá PA – Fórum Juiz José Elias Monteiro Lopes – Rod. Transamazônica 5213
Mossoró RN – Vara Federal de Mossoró – Rua Jorge Coelho de Andrade
Palmas TO – Esplanada das Secretarias – Praça dos Girassóis
Porto Alegre RS – TRF 4 – Rua Otávio Francisco Caruso da Rocha 300
Porto Velho RO – Justiça Federal – Av. Presidente Dutra 2203
Presidente Prudente SP – DEENCRIM URS – Rua Maj. Felício Tarabay 1017
Recife PE – TRF 5 – Edifício Djaci Falcão – Cais do Apolo
Ribeirão Preto SP – DEENCRIM URS – Rua Luiz Barizon 95
Rio Branco AC – Fórum Criminal Des. Lourival Marques – Av. Paulo Lemes 878
Rio de Janeiro RJ – Praça da Cinelândia
Salvador BA – Palácio do Governo – Ladeira do Jardim Zoológico Olinda
Santos SP – DEENCRIM UR 13 – Rua Martim Afonso 04
São José dos Campos SP – DEENCRIM UR 9 – Av. Salmão 678
São José do Rio Preto SP – DEENCRIM URS – Rua Mal. Deodoro da Fonseca 3036
São Luiz MA – Palácio dos Leões – Rua D. Pedro II
São Paulo SP – SAP – Rua Ataliba Leonel 556
Sorocaba SP – DEENCRIM UR 10 – Rua 28 de Outubro 665
Vitória ES – Sede do Governo Estadual – Av. Jerônimo Monteiro
Terezina PI – Palácio de Karnak – Av. Antonio Freire 1450
Aracajú SE – SAP – Rua Antônio de Andrade 981
Bauru SP – DEENCRIM UR 3 – Rua Amazona 1-41
Belo Horizonte MG – Praça Raul Soares cruzamento da Av. Amazonas
Boa Vista AC – SEJUC – Av. Getúlio Vargas 8120
Brasília DF – Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional
Campo Grande MS – Tribunal de Justiça Instância Federal
Chapecó SC – Rua Augusta Muller Bohner 300
Curitiba PR – Palácio do Governo – Praça Nossa Senhora de Salette
Florianópolis SC – Tribunal de Justiça – Rua Álvaro Milen da Silveira
Fortaleza CE – Fórum Juiz Corregedor
Goiana GO – Tribunal de Goiania – Av. Assis Chateubriand 195
João Pessoa PB – Praça dos Três Poderes – Praça João Pessoa
Macapá AP – Palácio do Setentrião – Rua General Rondon 259
Maceió AL – Palácio do Governo – Rua Cincinato Pinto
Manaus AM – Av. Paraiba, São Francisco
Marabá PA – Fórum Juiz José Elias Monteiro Lopes – Rod. Transamazônica 5213
Mossoró RN – Vara Federal de Mossoró – Rua Jorge Coelho de Andrade
Palmas TO – Esplanada das Secretarias – Praça dos Girassóis
Porto Alegre RS – TRF 4 – Rua Otávio Francisco Caruso da Rocha 300
Porto Velho RO – Justiça Federal – Av. Presidente Dutra 2203
Presidente Prudente SP – DEENCRIM URS – Rua Maj. Felício Tarabay 1017
Recife PE – TRF 5 – Edifício Djaci Falcão – Cais do Apolo
Ribeirão Preto SP – DEENCRIM URS – Rua Luiz Barizon 95
Rio Branco AC – Fórum Criminal Des. Lourival Marques – Av. Paulo Lemes 878
Rio de Janeiro RJ – Praça da Cinelândia
Salvador BA – Palácio do Governo – Ladeira do Jardim Zoológico Olinda
Santos SP – DEENCRIM UR 13 – Rua Martim Afonso 04
São José dos Campos SP – DEENCRIM UR 9 – Av. Salmão 678
São José do Rio Preto SP – DEENCRIM URS – Rua Mal. Deodoro da Fonseca 3036
São Luiz MA – Palácio dos Leões – Rua D. Pedro II
Sorocaba SP – DEENCRIM UR 10 – Rua 28 de Outubro 665
Vitória ES – Sede do Governo Estadual – Av. Jerônimo Monteiro
Terezina PI – Palácio de Karnak – Av. Antonio Freire 1450

Quem é a Articulação Nacional de Familiares de Presos (ANFAP)

A Articulação Nacional de Familiares de Presos (ANFAP) é uma entidade informal, mas sim uma força política unificada e uma voz coletiva que defende o Estado Democrático de Direito nos cárceres do Brasil. Esta articulação denuncia a violência, a violação de direitos básicos e o sofrimento atroz como características endêmicas das prisões brasileiras.

Originada da união de familiares de presos – mães, esposas, filhas, pais e irmãos – que enfrentam a realidade brutal do sistema prisional, a ANFAP reflete as preocupações daqueles que buscam um sistema de governança interna dos presídios digno.

Além da luta como familiares, a ANFAP também se manifesta como uma articulação de indivíduos políticos que buscam colaborar com associações, coletivos, comitês, ONGs e advogados. Estes estão empenhados em transformar a realidade do sistema penitenciário brasileiro e combater o Estado Inconstitucional de Coisas. A superlotação, as péssimas condições das prisões e a incapacidade do Estado de prover condições de vida adequadas são o foco principal da luta da ANFAP.

A trajetória da ANFAP, já com mais de quatro anos, inclui várias visitas a Brasília, visando sensibilizar as autoridades e incitar mudanças urgentes. A organização busca justiça para aqueles que estão relegados às sombras do sistema penitenciário, evidenciando as duras realidades enfrentadas por milhares de famílias brasileiras, além das deficiências estruturais e dos desafios crônicos do sistema prisional brasileiro.

A Polícia, a Imprensa, as Facções Criminosas e as Manifestações Pacíficas

No final dos anos 90, investigações da Polícia Civil sugeriram que o Primeiro Comando da Capital, uma notória organização criminosa, foi responsável por organizar e financiar protestos de visitantes de presídios, desafiando o sistema prisional e o Estado. Estes eventos, amplamente cobertos pela mídia, incluíram cenas de manifestantes sendo interceptados, identificados e detidos, ocupando as manchetes do noticiário criminal e as telas de TV em horário nobre.

O objetivo declarado desses protestos pacíficos era reivindicar direitos mínimos para os presos, focando em aspectos como a melhoria das condições de alimentação nas prisões. Contudo, as autoridades de São Paulo dirigiram a atenção da mídia para o fato de que as articulações para essas manifestações estavam sendo coordenadas de dentro das prisões.

Essa operação policial, já em andamento antes da data marcada para a manifestação, culminou no dia do evento, resultando na detenção de várias pessoas, incluindo a esposa de Marcola, líder da facção criminosa paulista, um fato destacado como uma grande conquista pelas autoridades.

Esta situação tem paralelos com um caso reportado pelo jornal O Estado de S. Paulo, envolvendo Luciane Barbosa Farias, esposa de Clemilson dos Santos Farias, “Tio Patinhas”, líder do Comando Vermelho (CV) no Amazonas. Luciane, apelidada de “dama do tráfico amazonense”, participou de audiências no Ministério da Justiça e no Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania durante o governo Lula.

Familiares dos Encarcerados e Política: Um Jogo Complexo no Brasil

Esses episódios apontam para um padrão de envolvimento ativo de familiares de líderes de facções criminosas em ações políticas e protestos, com o intuito de influenciar as políticas penitenciárias e a gestão do sistema prisional. A participação desses familiares, com apoio financeiro das facções, sugere, segundo as forças policiais, uma interação complexa entre crime organizado, sistema prisional e dinâmicas políticas no Brasil.

É crucial frisar que as manifestações públicas e pacíficas são direitos legítimos e essenciais na democracia brasileira. A liberdade de expressão e o direito de reivindicar melhorias são fundamentais. Nesse aspecto, a ANFAP vê as manifestações como expressões legítimas de cidadania, mas também identifica uma tendência de grupos punitivistas em desrespeitar os direitos humanos, promovendo o encarceramento em massa e perpetuando a violência no sistema prisional.

Esse cenário reflete as complexidades e desafios no Brasil em relação ao tratamento de presos e à gestão do sistema prisional. As manifestações pacíficas e a luta pelos direitos dos encarcerados, legítimas e necessárias, exigem uma abordagem conjunta de sociedade e autoridades, pautada no respeito aos direitos humanos e na busca por um sistema prisional mais justo e eficiente.

Nota Ofical da ANFAP – Articulação Nacional de Familiares de Presos

Seguindo uma lógica política já estabelecida, de criminalização de toda e qualquer expressão de luta em busca de direitos fundamentais e humanos, quando se trata de detentos do sistema prisional e de seus familiares, parte da imprensa amanheceu noticiando hoje (13/11/2023) que o Ministério da Justiça teria recebido integrantes de uma determinada organização criminosa.

Além de atacar uma luta legítima e democrática desse segmento social, familiares de presos, aproveita nossa luta e com sensacionalismo tenta vinculá-la ao Governo Lula, o Ministro Dino e sua pasta, bem como a parlamentares que receberam o movimento, que conosco não tem nenhuma vinculação e apenas estava cumprindo com sua missão institucional.

Definitivamente não cabe, essa vinculação pois, nosso movimento é autônomo e independente de qualquer governo e os procura apenas por serem as autoridades competentes para dirimir as demandas do sistema prisional.

Não em nosso nome ou nos usando atacarão um governo e parlamentares democraticamente eleitos! As pessoas recebidas pelo Ministério, são familiares de detentos, de diferentes Estados do Brasil, e estavam acompanhadas de advogadas ativistas, que prestam seus serviços profissionais a estas entidades.

A luta da ANFAP é pelo integral cumprimento da decisão proferida pelo STF, quando do julgamento da ADPF 347, que reconheceu o “estado inconstitucional de coisas no sistema prisional brasileiro” e determinou que Governo Federal, estaduais, CNJ e outras instituições elaborem em 6 meses um plano estratégico que retire o Brasil da condição de violador de direitos humanos e fundamentais.

Decidiu também o STF que essas instituições deveriam chamar as entidades da sociedade civil a participar da elaboração desse plano e, a esse chamado a ANFAP e demais entidades que com ela se organizam se somaram.

Estivemos no Congresso Nacional, com a Comissão de Direitos Humanos da Casa, conversamos com diversos parlamentares, em vários ministérios e entendemos que ao nos receber, essas instâncias apenas cumpriram o papel para o qual foram eleitas e nomeadas.

Entre os que lutam nas fileiras da ANFAP e das demais entidades, estão familiares de detentos de todo Brasil, de presídios federais e estaduais, são mães, esposas, irmãos, filhas, filhos que buscam desesperados que a calamidade hoje no sistema cesse.

Esses familiares não podem ser confundidos com criminosos – nem a ANFAP e nem esses familiares defendem o crime ou quem os comete, defendem ao contrário os direitos fundamentais e humanos civilizatórios e para todos, conforme a Constituição brasileira, a Lei de Execução Penais, os Tratados Internacionais de Direitos Humanos e todo o escopo normativo que trata dessa demanda.

No dia 13/12/2023, na Esplanada dos Ministérios em Brasília, a ANFAP, as ONGs, associações e todas as entidades que lutam neste setor, realizaremos uma manifestação pelo cumprimento da decisão do STF.

A luta é contra a pena de fome imposta aos detentos, contra a proibição de filhos abraçarem seus pais, de esposas não poderem estar com seus maridos, é contra a tortura e todas as mazelas do sistema enumeradas pelo STF.

Essa é a luta que estamos travando e que esperamos continuar travando, contando com todos aqueles que respeitam a democracia e os direitos de livre expressão e manifestação de todos os movimentos sociais.

O Primeiro Comando da Capital e o ato da ANFAP

A organização criminosa não se posicionou oficialmente em suas plataformas sobre os atos. Contudo, é inegável que o Primeiro Comando da Capital se originou no turbilhão da injustiça carcerária, brotando da dor e do luto pelos que perderam suas vidas no massacre do Carandiru em 1992. Naturalmente, esperar-se-ia algum grau de apoio, mesmo que velado, por parte de suas lideranças a movimentos que defendem os direitos dos encarcerados.

É uma verdade triste que qualquer ação em favor dos direitos dos presos seja frequentemente vista, pela imprensa e pela sociedade, sob uma perspectiva distorcida e limitada, muitas vezes fomentada por setores da classe política e do aparato de segurança pública. Tais movimentos são equivocadamente interpretados como uma ameaça à própria democracia e ao tecido social. Dentro das discussões e manifestações que circulam, destaca-se um texto particularmente emocionante que tem sido compartilhado em grupos de WhatsApp no sul do país, refletindo a profunda necessidade de empatia e compreensão em relação a esta questão complexa e sensível.

Do Corinthiano de Cascavel para a Família 1533

Bom dia, estimada família, um forte, leal e sincero abraço a todos, com a energia que sempre nos une.

A cena é tensa, e o papo aqui é reto, mano: no dia 13 de dezembro, vai ter aquele ato firmeza da Articulação Nacional de Familiares de Presos, a ANFAP. A ideia é espalhar o movimento por todo o canto desse Brasilzão. É tudo pela união, pra fazer o barulho certo e ecoar nosso grito de justiça no sistema que prende, mas não reeduca.

O ato do dia 13 de dezembro é pra quem valoriza a vida, e a dignidade.  Não importa o lugar, das quebradas das grandes cidades até o último corredor da mais distante tranca do canto mais profundo do país. É a hora da virada, mano, sem distinção, a hora de juntar a voz da massa e da ‘Família 1533’. Tá ligado? É mais que um protesto, é a alma na luta, é o coração pulsando forte por respeito e dignidade. Vamo que vamo, porque só a união faz a força e a verdadeira mudança.

O Primeiro Comando da Capital se estabeleceu como uma força de oposição às falhas graves do sistema prisional do Brasil. Sem meias palavras, se colocaram na frente da guerra contra o sistema, apontando os holofotes para os abusos e as violências que o Estado pratica contra a galera da cadeia. Esses caras plantaram a bandeira da coragem quando falaram que estavam dispostos a lutar até a “última gota de sangue”, mostrando que a disposição deles pra encarar essa guerra é pra valer.

700.000 vidas atrás das grades no Brasil

Quando falamos, “última gota de sangue”, não é só pra causar impacto, é a real. É o que representa a luta do PCC, que nunca cansa, nunca desiste, mesmo quando o barato fica doido atrás das grades. Essa história deles é marcada por uma resistência que não se dobra, que não se entrega, sempre buscando justiça e igualdade num sistema que tá mais pra quebrar o homem do que pra fazer ele se recuperar.

A fita é séria: fala-se de quase 700 mil vidas atrás das grades no Brasil, e isso inclui a massa dos presos provisórios. Os números não mentem, é como se um estado inteiro, tipo o Acre, tivesse sido aprisionado, e o povo lá dentro sofrendo todo tipo de abuso e opressão, todo santo dia. Isso aí é o retrato de uma dor coletiva, de uma situação que grita urgência, que clama por um basta.

E aí, nesse contexto pesado, a parada do ato que tá sendo armado, não é só um barulho qualquer, é um berro por ajuda, é resistência na veia. É o povo chamando pra união, pra juntar força e encarar a barra pesada que é a vida dentro e fora do sistema. E pra “Família 1533”, esse movimento é mais profundo que qualquer ato ou protesto, é luta por justiça. É sobre a essência deles, é o que faz eles serem quem são, é lutar pela causa que é o motivo deles existirem.

É de extrema importância perceber o peso que os líderes do PCC tão colocando nessa parada. Ninguém pode dar mole e achar que é brincadeira. O problema é sério e pede um olho atento de todos, aqui e agora. E ó, as autoridades já estão na atividade, tentando dar um jeito de barrar nosso ato que só quer a paz. Essa pilha toda das autoridades só deixa mais claro o quanto a nossa voz no ato pode mexer com o sistema. O momento é chave, mano, pode ser aquele divisor de águas, capaz de mudar o jogo para a galera.

A liderança da organização criminosa PCC 1533

A liderança do Primeiro Comando da Capital tá ligada, na atividade, sem dar espaço pra vacilo. Eles sabem que essa luta não é de um só, e sim de todos que querem ver mudança. É nessa que a família dos que tão lá no duro, encarando a realidade bruta do sistema, tem que se fechar com a gente.

Esse movimento é daqueles que ecoam, que batem em cada canto do país, mostrando a resistência contra o que tá errado nas prisões brasileiras. É a voz do povo contra a opressão e a injustiça, que tá gritando alto nas trancas.

Quem tá na rua e tem condição, tem que chegar junto com aquela ajuda de coração, sabe? Fazer aquela vaquinha pra levantar uma grana pra água, café, um rango pra fortalecer a galera no dia do ato, 13 de dezembro. É mais que um corre, é uma questão de honra poder fortalecer essa causa.

Quem já deu um rolê pelo sistema sabe como é o aperto lá dentro, conhece a dor de perto, aquela angústia que não passa. O Estado vem pesado, com desrespeito e sem consideração, tratando os familiares dos irmãos de cana como se fossem nada, cortando os laços, deixando a saudade e o desamparo tomar conta. Isso aí não é justo, não é certo. Tem que ter ação, tem que ter mudança.

A humilhação que já rolou na porta das cadeias

As vítimas desse sistema opressor são muitas, cada um com sua história, marcada na pele, na alma, no coração. A coragem de peitar o Estado, de abrir processo por causa de rango ruim, de ficar sem água, de aguentar a porrada e o esculacho, isso não é pra qualquer um, não. Os irmãos e as irmãs que se levantam sabem que vão ter que encarar o preconceito, a pressão, e até a vingança dos cana. É um sistema feito pra quebrar o cara, pra humilhar quem tá do lado de fora, esperando, sofrendo junto.

A gente não tem como voltar atrás, não dá pra desfazer o que já foi feito, a dor que já foi sentida, a humilhação que já rolou na porta da cadeia.  Essas pessoas estão conscientes dos preconceitos, da pressão e da retaliação que enfrentaram por parte das autoridades e seus agentes. Mas ainda dá pra fazer alguma coisa, dá pra estender a mão pra quem tá lá dentro, pros familiares, pra que eles não tenham que passar pelo mesmo que milhões já passaram. Essa realidade, essa vivência pesada, foi o que deu força pras organizações nas ruas, em todo canto do país. Isso não é conversa, é fato. E tá na hora de mudar essa história.

Milhões de irmãos e irmãs, cada um com sua história, passaram por essa realidade pesada, uma realidade que só fortaleceu as organizações criminosas por todo o Brasil. É o sistema quebrado, que empurra a massa para as organizações criminosas. A facção PCC, a Família 1533, nasceu nesse caldeirão para combater essas injustiças e por essa razão é que está dando apoio ao ato do dia 13 de dezembro.

Como os Racionais MCs falaram, todo mundo queria um lugar tranquilo, um espaço suave, tipo aquele gramado verdejante, cercas brancas, uma seringueira e molecada soltando pipa. Mas o que a gente recebeu foi bem diferente: a opressão dentro das cadeias, o massacre do Carandiru, tudo isso foi moldando um caminho onde as organizações criminosas ganharam força. Era para ser diferente, mas o sistema falhou, e aí, nessa falha, o Primeiro Comando da Capital virou a Família 1533, a família de quem não tinha mais para onde ir.

Agradecimento às lideranças da facção

Agora, o sonho daquela vida tranquila se perdeu, se esvaiu. Em vez disso, encontramos abrigo em uma realidade mais dura, mais cruel. A proteção, ironicamente, vem desses grupos criminosos que surgiram e se fortaleceram nos becos e vielas das comunidades oprimidas. É uma reviravolta que ninguém esperava, uma realidade que ninguém queria, mas é o que temos. É o retrato da nossa sociedade, onde os sonhos são desfeitos e o refúgio vem de onde menos se espera.

Meus sinceros votos de lealdade e respeito são dedicados a este movimento. Conto com o apoio da Família PCC e com todos aqueles que, não sendo envolvidos com o crime, para enfrentarmos juntos esta questão. Desejo paz a todos e é uma grande satisfação estar ao lado da família PCC nesta causa.

A minha gratidão se estende às lideranças dos Estados e Países pelo excelente trabalho que está sendo realizado. Juntos, somos mais fortes, e isso é um fato que se prova a cada dia. Unidos nesta causa, temos a força necessária para provocar mudanças significativas. Fiquem todos na paz do Criador, e saibam que, as lideranças estão comprometidas com esta causa até o fim.

Análise de IA do artigo: Ato Nacional pela Justiça no Sistema Prisional — 13 de dezembro

TESES E CONTRATESES APRESENTADAS NO TEXTO

Teses Defendidas pelo Autor:
  1. Necessidade de Reforma no Sistema Prisional: O autor argumenta fortemente pela necessidade de reformas no sistema prisional brasileiro, destacando questões como superlotação, condições desumanas, e a falta de medidas de reabilitação eficazes.
  2. Legitimidade das Manifestações: O texto defende a legitimidade das manifestações pacíficas como uma forma de expressão democrática, especialmente aquelas focadas nos direitos dos detentos.
  3. Influência das Facções Criminosas: O autor reconhece a complexa relação entre facções criminosas como o PCC e as dinâmicas políticas e sociais que influenciam o sistema prisional.
  4. Papel da ANFAP: O texto destaca o papel da Articulação Nacional de Familiares de Presos na defesa dos direitos dos detentos e na luta contra as injustiças do sistema carcerário.
Contrateses:
  1. Segurança Pública: Uma contra-tese poderia argumentar que a segurança pública deve ser a prioridade, e que as reformas no sistema prisional não devem comprometer a segurança da sociedade.
  2. Manifestações e Ordem Pública: Pode-se argumentar que as manifestações, mesmo pacíficas, lideradas ou influenciadas por organizações criminosas, podem perturbar a ordem pública e não devem ser plenamente legitimadas.
  3. Risco de Politização: Existe a preocupação de que a participação de organizações criminosas em manifestações possa politizar as questões prisionais de maneira inapropriada, prejudicando a busca por soluções objetivas.
  4. Papel dos Familiares de Detentos: Alguns podem argumentar que, enquanto a preocupação dos familiares de detentos é compreensível, suas ações podem ser parcialmente influenciadas por laços emocionais e, portanto, podem não sempre refletir uma abordagem equilibrada em relação à justiça e à segurança prisional.

Análise pelo ponto de vista factual e de precisão

Factualidade
  • Movimento pela Justiça no Sistema Prisional: A descrição do Ato Nacional pela Justiça no Sistema Prisional parece basear-se em eventos reais e relevantes. A representação da ANFAP como uma articulação política e a descrição de suas atividades correspondem ao que se esperaria de um movimento social real.
  • Relação com o PCC: A menção ao Primeiro Comando da Capital e sua suposta influência nos atos reivindicatórios levanta questões de veracidade. Embora o PCC seja uma organização real, a extensão e a natureza exata de sua influência em tais movimentos sociais são complexas e podem não ser totalmente transparentes ou diretas como sugerido.
  • Aspectos do Sistema Prisional: As afirmações sobre as condições desumanas nas prisões brasileiras e a utilização da fome e má alimentação como punição são consistentes com relatos de organizações de direitos humanos sobre o sistema prisional do Brasil.
Precisão
  • Dados e Estatísticas: O artigo menciona o número de prisioneiros no Brasil e comparações com a população de estados como o Acre, o que pode ser verificado por estatísticas oficiais. No entanto, a precisão dessas estatísticas pode variar dependendo da fonte e da atualidade dos dados.
  • Contextualização Histórica: A referência ao massacre do Carandiru e a origem do PCC em resposta a este evento são historicamente corretas. No entanto, a interpretação desses eventos e sua relação com as atuais dinâmicas do sistema prisional podem ser subjetivas.
  • Implicações Políticas: A sugestão de que a polícia e a imprensa têm um viés contra os movimentos sociais e os familiares dos detentos é uma interpretação que requer um exame mais aprofundado e contextualizado das políticas de segurança e da cobertura midiática no Brasil.

Em resumo, o texto apresenta uma mistura de fatos comprováveis e interpretações que exigem uma análise crítica. Enquanto a existência do movimento e de problemas no sistema prisional são factualmente corretos, a interpretação da influência do PCC e a representação das reações da polícia e da imprensa são mais subjetivas e podem variar conforme a perspectiva.

Análise sob o ponto de vista estratégico

  1. Mobilização Coletiva e Engajamento Social: O texto destaca a Articulação Nacional de Familiares de Presos (ANFAP) como um exemplo de mobilização estratégica. Ao convocar pessoas de todo o país para se unirem em um movimento, a ANFAP emprega uma estratégia de engajamento coletivo que visa a ampliar a conscientização pública e pressionar por mudanças no sistema prisional.
  2. Influência e Poder das Facções Criminosas: A presença e influência do Primeiro Comando da Capital no sistema prisional aponta para uma estratégia de fortalecimento e expansão de poder dentro e fora das prisões. Isso representa um desafio estratégico para as autoridades, que devem desenvolver respostas eficazes para contrabalançar a influência das facções.
  3. Comunicação e Narrativa: O texto utiliza uma narrativa poderosa para destacar as injustiças do sistema prisional. Estrategicamente, isso pode ser visto como uma tentativa de moldar a opinião pública e gerar empatia pelas condições dos presos e suas famílias.
  4. Atuação em Rede: A ANFAP, ao colaborar com associações, ONGs e advogados, demonstra uma estratégia de atuação em rede, essencial para fortalecer a causa e aumentar o impacto das ações.
  5. Conflito entre Ordem Pública e Direitos Civis: O envolvimento de famílias de presos em manifestações pacíficas, por um lado, e a resposta das autoridades, por outro, evidenciam um conflito estratégico entre a manutenção da ordem pública e a proteção dos direitos civis.
  6. Reformas no Sistema Prisional: A necessidade de reformas estruturais no sistema prisional é uma questão estratégica central. Isso requer uma abordagem holística, envolvendo legislação, infraestrutura, políticas de ressocialização e medidas anti-corrupção.
  7. Relações com a Mídia: A maneira como os eventos são relatados pela mídia influencia a percepção pública e, consequentemente, a tomada de decisão política. Estrategicamente, tanto os organizadores dos atos quanto as autoridades devem considerar a mídia como um campo de batalha para a opinião pública.
  8. Desafios de Longo Prazo: O texto sugere que os problemas do sistema prisional são crônicos e profundamente enraizados. Portanto, qualquer estratégia eficaz deve ser sustentável e focada em soluções de longo prazo.

Em resumo, o texto oferece uma visão estratégica complexa e multifacetada do sistema prisional brasileiro e das dinâmicas que o cercam. As estratégias abordadas variam desde a mobilização social e a influência das facções criminosas até a necessidade de reformas abrangentes e estratégias de comunicação eficazes.

Análise sob o ponto de vista Hitórico

  1. Contexto Histórico do Sistema Prisional Brasileiro: O texto aborda a realidade histórica das prisões no Brasil, marcada por superlotação e condições desumanas. Essa situação é um problema crônico e bem documentado, refletindo falhas estruturais no sistema penitenciário do país.
  2. Emergência do Primeiro Comando da Capital (PCC): A referência ao PCC como uma resposta ao massacre do Carandiru em 1992 é historicamente precisa. O PCC, de fato, cresceu em resposta às condições opressivas do sistema carcerário e ganhou notoriedade após o Carandiru, um dos episódios mais violentos na história do sistema prisional brasileiro.
  3. Movimentos Sociais e Reivindicações por Justiça: A descrição da ANFAP como uma articulação de familiares de presos reflete uma resposta social e política às falhas do sistema prisional. Movimentos semelhantes surgiram historicamente como reação à negligência do Estado e às violações de direitos humanos nas prisões.
  4. Relação entre Crime Organizado e Política: A sugestão de que familiares de líderes de facções criminosas estiveram envolvidos em ações políticas e manifestações é um aspecto complexo e multifacetado. Historicamente, o envolvimento de organizações criminosas em atividades políticas e sociais no Brasil é um tema de debate e análise contínua.
  5. Resposta das Autoridades e da Imprensa: O texto menciona as reações da polícia e da mídia aos movimentos sociais e às manifestações. Historicamente, a relação entre a imprensa, as autoridades e movimentos sociais no Brasil tem sido tensa, especialmente em contextos que envolvem crime e justiça.
  6. Direitos Humanos e Democracia: A ênfase na importância das manifestações pacíficas e no respeito aos direitos humanos reflete um valor fundamental da democracia. Historicamente, a luta por direitos humanos tem sido um pilar na busca por reformas no sistema prisional e na sociedade brasileira em geral.
  7. Cultura e Referências Populares: A referência aos Racionais MCs e sua representação da realidade social brasileira demonstra como a cultura popular reflete e influencia a percepção pública de questões sociais, incluindo as do sistema prisional.

Em resumo, o texto oferece uma visão historicamente fundamentada de vários aspectos do sistema prisional brasileiro e dos movimentos sociais que surgiram como resposta a suas falhas. Embora algumas interpretações e conexões sejam mais complexas e sujeitas a debate, o contexto geral apresentado é alinhado com a história social e política do Brasil.

Análise sob o ponto de vista da Sociológico

  1. Dinâmica entre Estado e Sociedade: O texto destaca o papel do Estado no sistema prisional e como ele é percebido pela sociedade. As menções ao fracasso do Estado em fornecer condições adequadas nas prisões refletem um cenário de desconfiança e tensão entre as instituições estatais e os cidadãos, especialmente aqueles com familiares encarcerados.
  2. Mobilização Social e Grupos Marginalizados: A mobilização da Articulação Nacional de Familiares de Presos (ANFAP) e outros coletivos demonstra como grupos marginalizados se organizam para reivindicar direitos e justiça. Essa organização é uma resposta típica a sistemas opressivos e reflete a agência dos menos privilegiados na sociedade.
  3. Facções Criminosas e Estrutura Social: O texto aborda a influência do Primeiro Comando da Capital nas dinâmicas sociais e políticas. Sociologicamente, isso pode ser visto como um exemplo de como estruturas paralelas de poder surgem em contextos de falha estatal, oferecendo uma forma de ordem e proteção em ambientes de incerteza e abandono.
  4. Interseção entre Crime, Política e Mídia: O artigo discute o envolvimento de familiares de líderes de facções criminosas em atividades políticas e como a mídia e as forças policiais reagem a isso. Isso revela a complexidade das relações entre crime, política e a percepção pública, demonstrando como diferentes atores sociais influenciam e moldam a narrativa em torno de questões de justiça.
  5. Direitos Humanos e Advocacia: A ênfase na luta por direitos humanos e melhores condições prisionais reflete um importante aspecto sociológico: a busca contínua por justiça social e equidade. Isso também mostra como os movimentos de direitos humanos podem surgir como contrapontos a sistemas injustos.
  6. Cultura e Identidade Coletiva: Referências culturais, como as dos Racionais MCs, indicam como a arte e a música podem refletir e influenciar as percepções sociais, fortalecendo a identidade coletiva e a resistência contra a opressão.
  7. Solidariedade e Ação Coletiva: O apelo à solidariedade e à ação coletiva, particularmente entre os membros da “Família 1533”, destaca a importância da coesão social e do apoio mútuo em tempos de adversidade, um tema central em estudos sociológicos sobre movimentos sociais.
  8. Transformação Social e Poder: A narrativa do texto sugere uma busca por transformação social significativa, questionando as estruturas de poder existentes e propondo novas formas de organização social e política.

Em resumo, o texto apresenta uma rica análise sociológica das dinâmicas entre Estado, sociedade, crime, e movimentos sociais, mostrando como diferentes grupos e instituições interagem e influenciam o cenário social e político no Brasil, particularmente em relação ao sistema prisional.

Análise sob o ponto de vista Antropológico

  1. Identidade e Cultura de Grupos Marginalizados: O texto ilustra como grupos marginalizados, como os familiares dos presos e membros das facções criminosas, desenvolvem sua própria identidade cultural e social. Eles criam sistemas de significados, valores e práticas para lidar com a realidade opressiva do sistema prisional. Essas identidades são moldadas tanto pela experiência direta com o sistema penitenciário quanto pela narrativa coletiva criada dentro de suas comunidades.
  2. Estrutura de Poder e Hierarquia: O papel do Primeiro Comando da Capital destaca como as estruturas de poder podem emergir e se estabelecer dentro de contextos sociais específicos. A facção PCC, neste caso, reflete uma ordem hierárquica alternativa que surge em resposta às falhas do Estado em fornecer justiça e segurança adequadas.
  3. Rituais e Símbolos: O ato de protesto em si pode ser visto como um ritual que reúne diferentes membros da sociedade para expressar solidariedade e resistência. Os slogans, as músicas e outros elementos simbólicos usados durante esses atos ajudam a fortalecer a identidade coletiva e a coesão do grupo.
  4. Dinâmica entre o Estado e a Sociedade: A relação complexa entre o Estado e a sociedade, especialmente em contextos de marginalização, é um ponto crucial. O texto reflete a tensão entre o poder estatal e as comunidades afetadas pelas políticas prisionais, evidenciando uma luta constante pelo reconhecimento e pelos direitos.
  5. Narrativas e Mitologias: A referência aos Racionais MCs e outros elementos culturais forma uma narrativa quase mitológica, enfatizando a luta, a resistência e a solidariedade. Tais narrativas são fundamentais na construção da identidade coletiva e na legitimação de movimentos sociais.
  6. Mudança Social e Resistência: O texto ilustra um momento de potencial transformação social, onde grupos marginalizados se mobilizam para provocar mudanças nas estruturas existentes. Isso reflete a dinâmica antropológica de como as sociedades respondem e se adaptam a situações de opressão e injustiça.
  7. Redes de Solidariedade e Apoio: A convocação para a união e apoio mútuo entre os membros da comunidade evidencia a importância das redes de solidariedade em contextos de adversidade. Essas redes funcionam como um importante mecanismo de apoio social e emocional.
  8. Conflitos e Negociações Culturais: O texto também revela os conflitos e negociações culturais entre diferentes grupos sociais (como o Estado, a mídia, as facções criminosas e as famílias dos presos), cada um buscando influenciar e remodelar o cenário social de acordo com seus próprios valores e objetivos.

Em suma, uma análise antropológica deste texto revela uma complexa interação de elementos culturais, sociais e políticos, demonstrando como diferentes grupos sociais se engajam, negociam e resistem dentro de um contexto marcado por desigualdades e lutas pelo poder

Análise sob o ponto de vista da filosofia

  1. Natureza do Poder e do Estado: O texto levanta questões sobre o papel e a natureza do Estado, principalmente em relação ao seu poder de punição e manutenção da ordem. Isso remete à filosofia política de pensadores como Thomas Hobbes, que argumentava sobre a necessidade de um poder soberano para evitar o caos, e Michel Foucault, que discutiu como o poder se manifesta e é exercido através de instituições como o sistema prisional.
  2. Justiça e Lei: Há uma tensão clara entre a concepção de justiça e a aplicação da lei. O texto desafia a noção de justiça como algo meramente legalista, alinhando-se mais com a ideia de justiça como um conceito social e político, que vai além do legalismo estrito. Isso remete a filósofos como John Rawls, que explorou ideias sobre justiça e equidade na sociedade.
  3. Existencialismo e Liberdade Individual: A condição dos prisioneiros e a luta por direitos básicos podem ser vistas sob a luz do existencialismo, que enfatiza a liberdade individual e a responsabilidade. Pensadores como Jean-Paul Sartre e Albert Camus discutiram sobre a natureza da liberdade e a resistência à opressão, temas relevantes ao contexto do texto.
  4. Realidade Social e Construção da Identidade: O texto também pode ser analisado através da lente da fenomenologia, que se concentra na experiência vivida e na percepção da realidade. A maneira como as pessoas no sistema prisional e as relacionadas a ele percebem sua realidade e constroem suas identidades é um reflexo de sua relação direta com o mundo ao seu redor, um conceito explorado por filósofos como Edmund Husserl e Martin Heidegger.
  5. Poder e Resistência: A relação entre o PCC e o Estado reflete a dinâmica de poder e resistência, central em muitas teorias filosóficas, incluindo o pensamento de Antonio Gramsci sobre hegemonia e a ideia de “guerra de posição”, na qual grupos subalternos desafiam e resistem ao poder estabelecido.
  6. Dialética e Mudança Social: A evolução das condições prisionais e a resposta da sociedade a elas podem ser vistas através da dialética hegeliana, onde a tese (o estado atual do sistema prisional) e a antítese (a resistência e o protesto contra o sistema) podem levar a uma síntese, uma nova realidade que transcende e transforma as condições existentes.
  7. Realismo e Idealismo em Política: A relação entre o ideal de justiça e as realidades práticas do sistema prisional reflete o eterno debate entre realismo e idealismo na filosofia política. O desafio é encontrar um equilíbrio entre o que é idealmente justo e o que é praticamente possível.

Em resumo, uma análise filosófica do texto revela várias camadas de questões relacionadas ao poder, justiça, liberdade, identidade e mudança social. Ela demonstra como o sistema prisional e as reações a ele são microcosmos de questões filosóficas mais amplas sobre a natureza humana, sociedade e Estado.

Análise sob o ponto de vista da Ética e da Moral

  1. Justiça e Direitos Humanos: O texto levanta questões éticas fundamentais sobre justiça e direitos humanos no contexto do sistema prisional. Há uma ênfase na necessidade de tratar os detentos com dignidade e respeito, garantindo direitos básicos como alimentação adequada e condições de vida justas. Isso reflete o princípio ético de que todas as pessoas, independentemente de seu status ou ações passadas, merecem ser tratadas com humanidade.
  2. Responsabilidade Social e Institucional: A situação descrita no texto sugere uma falha ética nas instituições responsáveis pelo sistema prisional. A superlotação, as condições precárias e a má gestão refletem uma negligência moral quanto à responsabilidade social de reabilitar e reintegrar indivíduos na sociedade. Essa perspectiva ética é baseada na ideia de que as instituições têm o dever moral de promover o bem-estar e a justiça.
  3. O Papel da Comunidade e Solidariedade: O texto destaca a importância da solidariedade comunitária e da ação coletiva em defesa dos direitos dos prisioneiros. Isso pode ser visto sob a luz da ética comunitária, que enfatiza a responsabilidade compartilhada e a interdependência entre os membros da sociedade.
  4. A Ética da Resistência: O envolvimento do Primeiro Comando da Capital na organização de protestos levanta questões éticas complexas sobre a resistência ao poder institucional. Por um lado, pode-se argumentar que a resistência é uma resposta ética à opressão e injustiça. Por outro, a associação com uma organização criminosa traz dilemas morais sobre os meios utilizados para alcançar fins justos.
  5. Utilitarismo vs. Deontologia: O dilema de equilibrar a manutenção da ordem e o tratamento justo dos prisioneiros pode ser analisado através das lentes do utilitarismo (focando nas consequências das ações) e da deontologia (focando no cumprimento do dever e direitos inalienáveis). Enquanto o utilitarismo poderia justificar medidas duras em nome do “maior bem”, a deontologia insistiria na observância intransigente dos direitos humanos.
  6. A Ética do Cuidado: A ênfase nas experiências vividas pelas famílias dos prisioneiros e sua luta por justiça pode ser enquadrada na ética do cuidado, que valoriza a empatia, a relação interpessoal e a responsabilidade de cuidar dos outros, especialmente dos mais vulneráveis.
  7. Moralidade e Poder Político: A interação entre as facções criminosas, a polícia, e o sistema judiciário também levanta questões sobre a moralidade no exercício do poder político e legal. Isso envolve a reflexão sobre até que ponto as instituições podem ir para manter a ordem e se tais ações são moralmente justificáveis.

Em resumo, o texto proporciona uma rica base para discussões éticas e morais, abordando temas como direitos humanos, justiça, responsabilidade social, resistência ética, dilemas morais e a relação entre moralidade e poder.

Análise sob o prisma da Psicologia Jurídica

  1. Impacto Psicológico do Sistema Prisional: O texto ressalta as condições desumanas e punitivas das prisões, o que pode ter um impacto psicológico significativo nos detentos. A psicologia jurídica examina como essas condições afetam a saúde mental dos prisioneiros, potencialmente exacerbando problemas psicológicos e dificultando a reabilitação.
  2. Relações de Poder e Controle: A dinâmica de poder entre os detentos, as autoridades prisionais e as facções criminosas é um ponto-chave. A psicologia jurídica pode analisar como o poder e o controle são exercidos dentro do sistema prisional, e como isso influencia o comportamento e as atitudes dos detentos.
  3. Resistência e Identidade Coletiva: O papel do Primeiro Comando da Capital na organização de atos de protesto revela uma forma de resistência e a busca por uma identidade coletiva. A psicologia jurídica pode explorar como a identidade coletiva é formada em ambientes opressivos e como ela pode ser uma fonte de resiliência psicológica.
  4. Impacto nas Famílias dos Encarcerados: O texto também destaca a Articulação Nacional de Familiares de Presos (ANFAP) e seu papel. A psicologia jurídica investiga o impacto psicológico do encarceramento nas famílias dos detentos, incluindo questões de estresse, trauma e estigmatização social.
  5. Percepções de Justiça e Legitimidade: A percepção dos detentos e de suas famílias sobre a justiça e a legitimidade do sistema prisional é outro aspecto relevante. A psicologia jurídica pode analisar como essas percepções afetam a atitude em relação ao sistema legal e a autoridade institucional.
  6. Resiliência e Empoderamento: A mobilização para o ato sugere um senso de agência e empoderamento entre os participantes. A psicologia jurídica pode estudar os fatores que contribuem para a resiliência e o empoderamento em contextos adversos, como o sistema prisional.
  7. Comunicação e Mediação de Conflitos: A interação entre os detentos, as autoridades prisionais e a sociedade em geral, principalmente por meio dos protestos e da mídia, é um ponto de interesse. A psicologia jurídica pode abordar como a comunicação e a mediação de conflitos são realizadas nessas situações complexas.

Em resumo, o texto oferece uma visão abrangente dos desafios psicológicos e sociais enfrentados por indivíduos dentro do sistema prisional, proporcionando uma base rica para análises no campo da psicologia jurídica.

Análise sob o ponto de vista político

  1. Política de Encarceramento e Direitos Humanos: O texto aborda a situação crítica do sistema prisional brasileiro, destacando a superlotação, condições desumanas e falhas na reintegração social dos presos. Isso reflete questões mais amplas de políticas de encarceramento e direitos humanos, mostrando como práticas punitivas podem entrar em conflito com princípios de justiça e dignidade humana.
  2. Influência de Organizações Criminosas: A presença e o papel do Primeiro Comando da Capital nos protestos indicam a complexa interação entre o crime organizado e a política dentro do sistema prisional. Isso sugere um desafio para a governança e a segurança pública, onde o poder e a influência de facções criminosas podem desafiar a autoridade do Estado.
  3. Mobilização Civil e Advocacia: A Articulação Nacional de Familiares de Presos (ANFaP) representa um exemplo de mobilização civil e advocacia. Sua ação coletiva visa chamar a atenção para as injustiças do sistema prisional, mostrando como grupos da sociedade civil podem influenciar a agenda política e promover reformas.
  4. Relações entre Estado e Sociedade Civil: A reação dos órgãos de repressão pública e da imprensa aos atos organizados revela as tensões entre o Estado, a sociedade civil e os grupos de interesse. Isso ilustra como diferentes grupos e instituições competem para moldar a narrativa e a política pública em torno do sistema prisional.
  5. Política de Segurança Pública: As ações do PCC e a resposta do Estado refletem a política de segurança pública mais ampla do Brasil. A abordagem do Estado ao crime organizado e às condições prisionais é um tema político importante, influenciando a percepção pública e a confiança nas instituições governamentais.
  6. Desafios da Reforma Prisional: O texto ilustra os desafios enfrentados na reforma do sistema prisional brasileiro. As questões levantadas no texto indicam a necessidade de políticas que equilibrem segurança, justiça e direitos humanos.
  7. Dinâmicas de Poder e Resistência: A participação ativa de familiares dos encarcerados nos protestos sugere uma dinâmica de poder e resistência, onde grupos marginalizados buscam reivindicar seus direitos e influenciar a política, frequentemente em oposição a narrativas estabelecidas pelo Estado e pela mídia.
  8. Implicações Políticas e Sociais: O texto reflete sobre as implicações políticas e sociais do tratamento de presos no Brasil, destacando como as políticas prisionais podem afetar a coesão social, a confiança nas instituições governamentais e a própria democracia.

Em resumo, a análise política do texto sugere que as questões do sistema prisional brasileiro não são apenas problemas de segurança ou justiça criminal, mas também refletem questões políticas e sociais mais profundas, envolvendo direitos humanos, governança, poder e resistência.

Análise sob o ponto de vista da Comunicação Social e Mídia

  1. Framing e Agenda Setting: O texto demonstra como a mídia e os movimentos sociais podem moldar a percepção pública de questões como a justiça no sistema prisional. Através do framing (enquadramento) das questões e da definição da agenda, a mídia e os ativistas podem influenciar quais tópicos são considerados importantes e como são compreendidos pelo público.
  2. Representação de Grupos Marginalizados: A Articulação Nacional de Familiares de Presos (ANFaP) e o Primeiro Comando da Capital são retratados de maneiras que podem refletir ou desafiar as narrativas dominantes na mídia. Isso levanta questões sobre como os grupos marginalizados são representados e percebidos no espaço público.
  3. Papel da Mídia na Formação da Opinião Pública: O texto ilustra a influência da mídia na formação da opinião pública, especialmente em tópicos sensíveis como crime, justiça e direitos humanos. A cobertura dos atos e a representação das facções criminosas podem ter um impacto significativo na percepção do público sobre esses temas.
  4. Mediação do Conflito e Diálogo: A comunicação social atua como um mediador entre o Estado, organizações criminosas e a sociedade civil. A mídia pode facilitar ou dificultar o diálogo e a compreensão entre esses diferentes atores.
  5. Discurso e Poder: O texto demonstra a relação entre discurso, poder e comunicação social. As palavras e imagens utilizadas podem tanto empoderar quanto marginalizar grupos, influenciando a maneira como os eventos são entendidos e as políticas são moldadas.
  6. Estratégias de Comunicação de Movimentos Sociais: A ANFAP e o PCC utilizam estratégias de comunicação para promover suas agendas. Isso inclui a utilização de eventos públicos, como protestos, para chamar a atenção para suas causas, bem como a interação com a mídia para disseminar suas mensagens.
  7. Desafios de Reportagem em Contextos Complexos: O contexto do sistema prisional brasileiro e a influência de organizações criminosas apresentam desafios significativos para os jornalistas, que devem navegar entre a reportagem objetiva, a segurança e a ética jornalística.
  8. Impacto das Mídias Sociais: Embora não mencionado explicitamente no texto, o papel das mídias sociais na mobilização de apoio, disseminação de informações e influência na opinião pública não pode ser subestimado, especialmente em movimentos modernos de justiça social.

Em resumo, a análise do texto sob a ótica da comunicação social e mídia destaca o poder dos meios de comunicação em moldar a percepção pública, a importância da representação equitativa de todos os grupos sociais e os desafios enfrentados pelos profissionais de mídia ao cobrir temas complexos e sensíveis como a justiça no sistema prisional.

Análise sob o ponto de vista da Segurança Pública

  1. Impacto das Condições Carcerárias na Segurança Pública: O texto destaca as condições desumanas nas prisões, como a má alimentação e superlotação, que podem agravar a criminalidade e a violência, tanto dentro quanto fora das prisões. Esta situação é um desafio significativo para a segurança pública, pois condições carcerárias precárias podem contribuir para a radicalização dos detentos e fortalecer as facções criminosas.
  2. Relação entre Crime Organizado e Sistema Prisional: A influência do Primeiro Comando da Capital e outras facções dentro dos presídios brasileiros é um ponto de preocupação. Essas organizações podem utilizar o sistema prisional como um local de recrutamento e consolidação de poder, afetando diretamente a segurança pública e a ordem social.
  3. Desafios de Governança e Corrupção: O texto evidencia a corrupção e falhas de governança no sistema prisional. Esses fatores comprometem a eficácia das políticas de segurança pública e permitem que as facções criminosas tenham um papel mais ativo dentro e fora das prisões.
  4. Manifestações e Resposta do Estado: A reação dos órgãos de segurança pública às manifestações e atividades da ANFAP (Articulação Nacional de Familiares de Presos) reflete a complexidade do equilíbrio entre manter a ordem pública e respeitar os direitos humanos. A resposta das autoridades a esses atos pode ter implicações significativas para a percepção pública da justiça e da segurança.
  5. Participação dos Familiares de Presos: A mobilização dos familiares de presos, como evidenciado pela ANFAP, aponta para a necessidade de uma abordagem mais inclusiva e humanizada na reforma do sistema prisional. Eles são atores importantes no debate sobre segurança pública, oferecendo uma perspectiva crítica sobre as condições dos detentos.
  6. Relações entre Mídia, Polícia e Crime Organizado: A cobertura da mídia e a percepção pública das facções criminosas e da polícia são elementos chave na formação de políticas de segurança pública. A maneira como esses grupos são retratados pode influenciar tanto a política quanto a opinião pública.
  7. Desafio de Ressocialização: A falha do sistema prisional em reintegrar adequadamente os indivíduos à sociedade após o cumprimento da pena é um grande obstáculo para a segurança pública. Sem uma efetiva ressocialização, o ciclo de crime e reencarceramento continua, afetando a segurança e a estabilidade social.
  8. Necessidade de Reforma Prisional: O texto ressalta a urgência de reformas no sistema prisional brasileiro, que deve ser uma prioridade na agenda de segurança pública. As reformas devem abordar não apenas as condições físicas das prisões, mas também políticas de reabilitação, saúde mental e prevenção da reincidência.

Em suma, o texto fornece uma visão abrangente dos desafios enfrentados pelo sistema prisional brasileiro e seus impactos sobre a segurança pública. As questões levantadas necessitam de uma atenção focada e estratégias abrangentes que vão além do simples confinamento, visando uma abordagem mais holística e efetiva da segurança pública e da justiça criminal.

Análise sob o ponto de vista Jurídico

  1. Direitos Humanos e Condições Carcerárias: O texto ilustra uma clara violação dos direitos humanos nas prisões brasileiras. As condições desumanas, como superlotação e má alimentação, violam normas nacionais e internacionais de direitos humanos. Isso implica a necessidade de ações judiciais para assegurar o cumprimento de padrões mínimos de dignidade nos estabelecimentos prisionais.
  2. Legalidade das Manifestações e Atos de Protesto: A descrição das manifestações pacíficas, como aquelas organizadas pela ANFaP (Articulação Nacional de Familiares de Presos), ressalta a importância da legalidade e do direito à liberdade de expressão e reunião. O desafio jurídico aqui é garantir que essas manifestações ocorram dentro dos limites legais, sem infringir a ordem pública ou os direitos de terceiros.
  3. Atuação das Facções Criminosas no Sistema Prisional: A influência do Primeiro Comando da Capital dentro do sistema carcerário levanta questões jurídicas sobre como o direito penal e o sistema de justiça criminal podem efetivamente lidar com a criminalidade organizada dentro e fora das prisões.
  4. Corrupção e Governança no Sistema Prisional: As questões de corrupção e má governança nas prisões apontam para a necessidade de uma maior fiscalização e responsabilização jurídica. Isso inclui tanto a persecução penal de agentes corruptos quanto a implementação de medidas administrativas para prevenir a corrupção.
  5. O Papel da Mídia e da Opinião Pública: O texto também destaca o papel da mídia na formação da opinião pública sobre questões prisionais. Do ponto de vista jurídico, isso pode influenciar o desenvolvimento de políticas públicas e a tomada de decisão dos legisladores e tribunais.
  6. Desafios da Ressocialização: A falha na reintegração de presos à sociedade após o cumprimento da pena é um desafio jurídico significativo. Isso levanta questões sobre a eficácia do sistema prisional na reabilitação e na prevenção da reincidência.
  7. Direito à Justiça e Acesso à Representação Legal: O texto sugere que muitos detentos e suas famílias enfrentam dificuldades no acesso à justiça e à representação legal adequada. Isso é um ponto crítico no âmbito do direito processual penal e do direito constitucional.
  8. Desafio da Superlotação e Infraestrutura Prisional: A superlotação e a infraestrutura inadequada das prisões são problemas que demandam soluções jurídicas, incluindo ações judiciais para forçar o Estado a melhorar as condições prisionais e considerar alternativas à detenção, como medidas socioeducativas e penas alternativas.

Em resumo, o texto revela uma série de desafios jurídicos no contexto do sistema prisional brasileiro, que vão desde a garantia dos direitos humanos básicos dos detentos até questões mais amplas relacionadas à governança, corrupção, e influência de organizações criminosas. A resposta a esses desafios requer uma abordagem multidisciplinar que envolve reformas legais, melhorias na administração da justiça e mudanças nas políticas públicas.

Análise da Linguagem do artigo

  1. Tom e Registro: O texto utiliza um registro formal e sério, adequado para discutir um tema complexo e multifacetado como a justiça no sistema prisional. Há uma clara intenção de transmitir a gravidade e a urgência do assunto, o que é evidenciado pelo uso de linguagem direta e incisiva, especialmente ao descrever as realidades das prisões e as ações do Primeiro Comando da Capital.
  2. Tom Jornalístico: Há uma forte influência do estilo jornalístico, especialmente na forma como os eventos e informações são relatados. Isso inclui a descrição dos eventos, o uso de fontes e a inclusão de várias perspectivas, característicos do jornalismo investigativo.
  3. Escolha de Palavras: Há um uso cuidadoso de termos e expressões que refletem a seriedade do assunto. Frases como “realidades ocultas”, “vozes muitas vezes não ouvidas”, e “situação explosiva” criam uma imagem vívida das condições prisionais e da luta pelos direitos dos presos.
  4. Linguagem e Tonalidade: O uso da linguagem é cuidadosamente escolhido para ressoar com uma audiência ampla, mantendo um equilíbrio entre a formalidade necessária para a credibilidade e uma abordagem mais acessível que torna o texto envolvente.
  5. Uso de Vocabulário e Fraseologia: O texto apresenta um vocabulário diversificado e especializado, indicativo de um estilo de escrita cuidadosamente elaborado. Isso é particularmente evidente no uso de termos técnicos e específicos ao contexto prisional e político.
  6. Persuasão e Retórica: O texto parece ser altamente persuasivo, buscando conscientizar o leitor sobre a situação do sistema prisional e a necessidade de reformas. Ele usa argumentos baseados em fatos e evidências (como as condições desumanas nas prisões e a superlotação), ao mesmo tempo em que apela para o emocional, mencionando o sofrimento dos presos e suas famílias.
  7. Uso de Reticências e Perguntas Retóricas: Estes elementos são empregados para enfatizar pontos importantes e envolver o leitor na reflexão sobre as questões apresentadas.
  8. Inclusão de Várias Perspectivas: O autor faz um esforço para incluir múltiplas perspectivas – a das famílias dos presos, dos próprios presos, e dos grupos políticos envolvidos. Isso enriquece o texto, fornecendo uma compreensão mais abrangente do problema.
  9. Narrativa e Fluxo: O texto segue uma estrutura narrativa clara, começando com uma introdução ao tema, seguido de um desenvolvimento detalhado e culminando com um apelo à ação. Isso facilita a compreensão do leitor e mantém seu interesse ao longo da leitura.
  10. Ritmo e Cadência: O texto exibe um ritmo variável, alternando entre passagens mais rápidas e outras mais reflexivas. Esta variação ajuda a manter o interesse do leitor e a enfatizar pontos-chave.
  11. Linguagem Simbólica e Metafórica: Há o uso de linguagem simbólica, como na referência ao PCC lutando “até a última gota de sangue”, o que serve para enfatizar a intensidade e a seriedade do compromisso da organização com a causa.
  12. Inclusão de Citações e Referências Culturais: O texto utiliza citações e referências, como a menção aos Racionais MCs, para estabelecer uma conexão com o leitor e contextualizar melhor as questões dentro da cultura brasileira.
  13. Variação de Ritmo: O texto alterna entre trechos informativos e descritivos, criando um ritmo variado que mantém o interesse do leitor. As partes iniciais são mais expositivas, fornecendo contexto e informações essenciais, enquanto as seções posteriores adquirem um tom mais narrativo e envolvente.
  14. Uso de Subtítulos: A inclusão de subtítulos estratégicos ajuda a organizar o conteúdo e facilita a leitura. Eles funcionam como pausas, permitindo que o leitor absorva as informações antes de prosseguir para a próxima seção. Isso é particularmente eficaz em textos longos, mantendo a atenção do leitor.
  15. Transições Suaves: O texto apresenta transições cuidadosamente elaboradas entre os diferentes tópicos e subseções, o que contribui para um fluxo suave e coerente. Isso ajuda a guiar o leitor através dos argumentos e informações sem interrupções abruptas.
  16. Equilíbrio entre Fatos e Narrativa: Há um bom equilíbrio entre a apresentação de fatos e a narrativa envolvente. Enquanto as informações são entregues de maneira clara e objetiva, a narrativa adiciona profundidade e contexto, tornando o texto mais atraente e menos monótono.
  17. Tensão e Liberação: O texto cria um certo grau de tensão ao abordar questões sérias e urgentes relacionadas ao sistema prisional e ao PCC. Essa tensão é ocasionalmente aliviada por momentos de reflexão ou insights, proporcionando ao leitor uma experiência dinâmica.
  18. Apelo à Ação: O fechamento do texto com um forte apelo à ação serve como um poderoso clímax. Isso não apenas reforça a mensagem central do artigo, mas também deixa o leitor com uma impressão duradoura, potencializando o impacto do texto.

Em resumo, do ponto de vista da linguagem, o texto é eficaz em comunicar a urgência e a seriedade do assunto, utilizando uma combinação de fatos, retórica persuasiva e linguagem emocional para envolver o leitor.

Análise da Logomarca da Articulação Nacional de Familiares de Presos (ANFAP)

A logomarca da Articulação Nacional de Familiares de Presos (ANFAP) apresenta uma composição simples, mas significativa. O uso de um fundo azul sólido pode transmitir confiança, seriedade e comprometimento. As mãos erguidas com os dedos em uma posição que pode ser associada a um sinal de vitória ou paz, são algemadas, o que sugere um tema de luta contra a repressão e a busca por liberdade ou justiça.

A algema aberta pode representar a libertação e esperança de mudança no sistema prisional, alinhando-se com os objetivos da organização. A escolha da cor branca para as mãos e algemas contra o fundo azul cria um contraste forte, facilitando a identificação e aumentando o impacto visual.

A tipografia usada para “ANFAP” é simples e direta, sem serifa, o que contribui para a legibilidade e comunica uma mensagem clara e sem adornos desnecessários. A ausência de imagens complexas ou detalhes excessivos na logomarca permite que o foco permaneça na mensagem de advocacia e solidariedade com os familiares dos presos.

A combinação desses elementos cria uma logomarca que é ao mesmo tempo poderosa e direta, transmitindo efetivamente a missão e o espírito de luta da organização.

Análise da Imagem de Ilustração do Artigo

A imagem apresenta uma ilustração que parece evocar um sentido de esperança e união familiar diante da adversidade. Nela, vemos uma família de quatro pessoas — um casal e dois filhos — de mãos dadas, olhando para um pôr do sol vibrante. Eles estão do lado de fora de uma prisão, como sugerido pelas grades no lado esquerdo. O céu alaranjado e o sol que se põe ao fundo podem simbolizar o fim de um período difícil e a esperança de um novo começo. Um pássaro voa livremente no céu, o que pode representar a liberdade ou a aspiração à liberdade.

A parte inferior da imagem contém texto que diz “13 DE DEZEMBRO DE 2023 — Ato Nacional pelo Cumprimento da Resolução do STF no Sistema Prisional Brasileiro”. Isso indica que a imagem é um chamado ou anúncio para um evento ou ato de mobilização nacional marcado para 13 de dezembro de 2023, que aparentemente visa pressionar pelo cumprimento de uma resolução do Supremo Tribunal Federal relacionada ao sistema prisional no Brasil.

O design e o texto da imagem sugerem que o objetivo do ato é chamar a atenção para questões no sistema prisional e buscar melhorias ou reformas, provavelmente em nome das famílias de presos, indicadas pelo termo “Familiares de Presos” na imagem. A imagem como um todo parece ser uma peça de comunicação visual destinada a sensibilizar, mobilizar e criar solidariedade entre as pessoas afetadas por essas questões.

A escolha das cores na imagem carrega significados e evoca emoções específicas. O pôr do sol com tons de laranja e amarelo transmite uma sensação de calor, esperança e renovação. Essas cores são frequentemente associadas ao otimismo e à promessa de um novo dia. A luz suave do sol que se põe pode sugerir o fim de um ciclo difícil, com a expectativa de que algo melhor virá com o amanhecer seguinte.

O tom claro do céu, que se torna mais escuro e profundo à medida que se afasta do sol, contribui para um sentimento de calma e serenidade, mas também pode representar uma transição para o desconhecido ou o anseio por liberdade, simbolizado pelo pássaro em voo.

As figuras humanas estão vestidas com cores terrosas, como marrom e vermelho, que podem representar a vida cotidiana e a realidade terrena daqueles afetados pelo sistema prisional. Essas cores podem evocar sentimentos de estabilidade, resiliência e a dura realidade que as famílias enfrentam.

As cores escuras das grades contrastam fortemente com o brilho do pôr do sol, destacando a barreira entre a liberdade e a prisão. Isso pode ressaltar a gravidade da situação enfrentada pelos presos e suas famílias, ao mesmo tempo em que ressalta a esperança de mudança e liberação.

Em geral, a paleta de cores trabalha juntamente com a composição da imagem para transmitir uma mensagem de esperança e unidade frente à adversidade, reforçando o espírito do evento de mobilização e a solidariedade entre as famílias dos prisioneiros.

Resumo do PCC: Disciplina e Tabuleiro na organização criminosa

O texto oferece um olhar aprofundado sobre o sistema de “Resumo” do PCC, o Tribunal do Crime da organização criminosa. Ele explica os diferentes degraus da hierarquia e compara esse sistema com o mecanismo de justiça formal brasileiro.

Resumo do PCC explora a estrutura e práticas de justiça dentro do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533). O texto oferece um mergulho na hierarquia e nos métodos e organização do Tribunal do Crime do PCC.

Escrevi diversos textos sobre esse assunto, os principais foram: Quem são os Disciplinas do PCC 1533? Como e onde atuam?, O disciplina da facção PCC 1533 na escola, e Tribunal do Crime do PCC — Reconhecimento Social. No entanto, as mudanças na organização são constantes e muito mudou de lá para cá, e esse texto de hoje pode atualizar um pouco essa visão.

O texto inicia com o resumo de uma entrevista com um integrante da facção, desvendando aspectos internos da organização. A segunda parte transita para uma abordagem acadêmica, onde conceitos e práticas do grupo são analisados e contextualizados. Esta estrutura bifurcada oferece tanto uma visão interna quanto uma análise crítica e acadêmica sobre o PCC.

Convidamos você a explorar este texto que une perspectivas exclusivas e análises acadêmicas sobre a organização criminosa PCC. Sua opinião é valiosa: participe deixando seus comentários no site ou em nosso grupo de WhatsApp. Não deixe de compartilhar em suas redes sociais para fomentar um debate enriquecedor.

Papo Reto sobre o que é Resumo do PCC

Boa tarde, forte abraço então, eu quero falar pra tu, é o seguinte, a “Sintonia do Pé Quebrado” não existe, é o resumo, tá ligado? É o seguinte, é assim. Vou te explicar como funciona. Vou te explicar pra tu que nem um parente meu, o parente meu, ele é irmão, certo? Ele era a sintonia acima dos 14 de São Paulo, entendeu? Ele era a sintonia final, ele que mandava, ele que era do Tribunal do Crime, entendeu?

É assim como funciona: Dá atenção? Dá! Todos os irmãos devem dar atenção, porque é o seguinte, é por isso que já tem os companheiros, os companheiros é pra tá resolvendo os buchichinhos que dá pra resolver. O que dá pra resolver, não é passar adiante pros irmãos, entendeu? O que não pode tá resolvendo não resolve, cavalo do irmão, vai passar pro irmão e irmão vai falar, vai lá, vai resolvendo, entendeu?

A Caminhada dentro da Hierarquia do PCC

Cê tem que tá lá, tá no ciênte, e pra tu chegar num, nisso, você, você recebe um convite, perguntando se você quer se, se você quer entrar pra caminhada, aí vão te padrinhar, entendeu? Aonde você vai virar o disciplina, entendeu? E aí, assim, na hierarquia do comando tem um degrau, tu vai subir no degrau, se tu for um cara que for desempenhando bem, tu pode ir pro setor financeiro do comando, tu pode ir pro recolhe do dinheiro da loja do comando, tu pode trabalhar no contador do dinheiro do comando, entendeu? No setor de empréstimo, e assim vai subir na hierarquia, até chegar onde tá os grandão, entendeu?

3 – … Sabendo que dentro da organização existe uma hierarquia e uma disciplina a ser seguida e respeitada…
10 – Deixamos claro que a Sintonia Final é uma fase da hierarquia do Comando composta por integrantes que tenham sido indicados e aprovados pelos irmãos que fazem parte da Sintonia Final do Comando. Existem várias Sintonias, sendo a Sintonia Final a última instância. O objetivos da Sintonia Final é lutar pelos nossos ideais e pelo crescimento da nossa Organização.
12 – O Comando não tem limite territorial, todos os integrantes que forem batizados são componentes do Primeiro Comando da Capital, independente da cidade, estado ou país, todos devem seguir a nossa disciplina e hierarquia do nosso Estatuto.

Estatuto do Primeiro Comando da Capital

Pé Quebrado, Tabuleiro e Resumo

É, sim, resumo agora, não é mais o bonde do pé quebrado e nem o tabuleiro, agora é resumo se chama. Resumo, tu vai no resumo. O tabuleiro é pra quando tu quer derrubar alguém, tá ligado? Que nem, vou te falar pra tu, vai prestar atenção, que nem o Sintonia, desde o começo do primeiro Sintonia que eu assisti, eu sempre falei pra minha mulher:

Nêga, o traidor é o Mercinho. E ninguém acreditava que o Mercinho era o traidor. Ele que era o traidor, que tava caguetando os caras com as drogas. O tabuleiro é isso, é pra quando tu vai derrubar alguém.

De Buchicho a Papo Mil Graus

É que tem irmão que eu falo pra tu, se for buchichinho baranga, tem irmão que não vai resolver mesmo não, resolve entre vocês mesmo, mas se for uma fita mil graus mesmo, aí tem irmão que resolve sim. Claro que tem. Tem, todo lugar tem irmão pra estar resolvendo. Tu já tem os irmãos da sintonia mesmo pra estar resolvendo esses buchichos, entendeu? Questão de termo de briga, negócio de direito, estuprador, esses cara assim mano, é papo de mil graus. Entendeu?

Julgamento de Jack

O resumo, vai um exemplo, nós pegamos o Jack. O Jack tá lá com nós. Aí, pega a mulher, que foi estuprada, leva no médico, que é particular nosso, faz exame. O exame vai sair na hora, foi estuprada. Aí bate o fio, olha, ela foi estuprada. Aí vai montar o resumo, resumo em cima do que é. Aí vai vir o aval do Sintonia final. Ninguém conhece o Sintonia final, Ele vai dar o aval, a hora para o irmão que vai ter que matar, entendeu? É isso o resumo.

13. Decreto: Para confirmar um decreto a Sintonia tem que analisar com cautela, por se tratar de uma situação de vida. Tem situações que é claro o decreto, como traição, abandono as demais situações como mão na cumbuca, caguetagem e estupros, a Sintonia analisa num contexto geral. Quando um decretado chegar em uma quebrada nossa tem que ser cobrado de bate pronto.

Dicionário do PCC – Regimento Disciplinar da Facção

Resolvendo Buchichinho Baranga

Teve uma briga ali, vai, exemplo, o cara te bateu. Aí tu quer levar no resumo. Vamos no resumo! Mas vai sentar, vou escutar os dois lados da conversa. Escutar o cara e te escutar. Aí eu vou deduzir, vou entender, aí eu vou julgar quem tá errado, quem tá certo. Você tá errado porque você já bateu nele. Você já perdeu a linha. Então é o seguinte, moleque, pega no bloco do bambu aí.

Pingue Pongue

A questão principal, que pode deixar a pessoa fica num pique pogue, é que ela também tem que ter o interesse, né? Porque não adianta tu ir lá falar com o irmão, depois tu não ir mais, entendeu?

Nem Sempre Foi Assim

Antigamente se montava o tabuleiro, não existe mais tabuleiro. Se chama Resumo. Vamos montar o resumo, nós vamos chamar os irmãos, mais um irmão que tu não conhece lá de longe. Aonde o que? Aonde eles vão, vão fazer, vão montar o resumo lá e vão começar. É tipo uma justiça vai, tem o juiz, tem a defensoria pra defender o cara, mas o que o salve que vem é de lá, quem vai conduzir, é um irmão que tu não conhece, que tu nunca viu.

Sentença e Execução

Vai ser assim ó, pode matar, aí vai chegar no sintonia final aqui, e sintonia final vai matar, entendeu? E assim vai indo. Entendeu? O bagulho é assim. E assim vai indo, à alta escala do comando, pássaro. Quando for se desempenhando, tu vai subindo de degrau no comando. Bom, e esquece o bando e o pé quebrado, agora resumo. Entendeu?

Considerações finais do site

A gente ouviu um cara que tá por dentro de tudo no PCC em São Paulo. Ele acredita mesmo na força e nos objetivos da facção. Mas aqui no site, a gente vê que a realidade nas comunidades é outra.

Todo dia a gente recebe informações de diferentes lugares do Brasil e até de São Paulo, mostrando que o PCC não tá forte como dizem. Até no nosso grupo de Zap, a galera fala que a coisa tá diferente na prática.

Apesar do companheiro afirmar que agora é Resumo e não existir mais a Sintonia do Pé Quebrado e o Irmão da Disciplina, nas quebradas ainda continua tudo como era.

Então, dá uma olhada no texto, deixa sua opinião aqui ou no grupo de Zap e compartilha com os amigos pra gente debater mais sobre isso. Valeu!

AH! ABAIXO DAS IMAGENS ESTÃO AS ANÁLISES FEITAS PELO SITE!

Análise Acadêmica do Texto: “Resumo do PCC”

Análise Sociológica

  1. Estrutura de Poder: O texto destaca a existência de uma hierarquia dentro do PCC, que por sua vez reflete questões de estratificação social e poder. Isso é um fenômeno sociológico que pode ser observado em vários tipos de organizações humanas.
  2. Normas Sociais e Regras: O conceito de “resumo” como forma de resolução de conflitos dentro do grupo aponta para um conjunto de regras e normas sociais internas, que servem para regular o comportamento dos membros.
  3. Linguagem e Símbolos: A utilização de jargões específicos (“papo mil graus”, “buchichinho baranga”, “tabuleiro”, etc.) demonstra que o grupo tem seu próprio conjunto de símbolos e linguagem, o que é crucial para a coesão do grupo e a identidade coletiva.

Análise Antropológica

  1. Cultura e Valores: O texto oferece uma janela para a cultura interna do PCC, evidenciando valores específicos, como a lealdade à organização e um código moral próprio, ainda que este esteja em desacordo com as leis e normas sociais mais amplas.
  2. Ritual e Cerimônia: A menção ao processo de “padrinho” para entrada na organização e os procedimentos para “resumos” sugere a existência de rituais e cerimônias que ajudam a fortalecer a coesão do grupo.
  3. Identidade de Grupo: O uso de terminologias próprias e a existência de uma hierarquia rígida contribuem para a construção de uma identidade de grupo distinta, o que é fundamental para a sobrevivência de qualquer organização social.
  4. Sistemas de Conhecimento: O texto também sugere que há um corpo específico de conhecimento que é transmitido dentro do grupo, seja sobre o funcionamento da organização ou sobre como resolver conflitos internos.

Fichamento do Texto

O fichamento a seguir sintetiza os pontos principais do texto sobre o funcionamento interno do Primeiro Comando da Capital, com foco no chamado “Resumo”. O fichamento abrange aspectos sociológicos e antropológicos, fornecendo uma visão geral das estruturas de poder, normas sociais, cultura e valores dentro do grupo.

Título: Estrutura e Funcionamento do Primeiro Comando da Capital (PCC)

Estrutura de Poder

  • Existe uma hierarquia dentro do PCC, onde diferentes “degraus” permitem a ascensão dos membros.
  • A figura do “Sintonia final” é mencionada como uma autoridade que toma decisões finais durante um julgamento, mas que o integrante, irmão, que cumpre essa função não pode ser conhecido dos envolvidos.

Normas Sociais e Resolução de Conflitos

  • A terminologia “resumo” é usada para descrever um processo de resolução de conflitos e julgamentos dentro do grupo.
  • Membros menos hierárquicos são encorajados a resolver questões menores (“buchichinhos”) entre si antes de escalá-las.

Linguagem e Terminologia

  • O grupo usa um jargão próprio, como “papo mil graus” e “buchichinho baranga”, que serve para reforçar a coesão e a identidade do grupo.

Cultura e Valores

  • Lealdade à organização e um código moral próprio são enfatizados.
  • Processos formais como “padrinho” para entrada e “resumos” para resolução de conflitos reforçam os valores e a coesão do grupo.

Rituais e Cerimônias

  • Existe um processo ritualístico para entrar no grupo, onde um membro já existente atua como “padrinho”.
  • Os “resumos” podem ser vistos como cerimônias que regulam o comportamento dos membros e mantêm a ordem interna.

Identidade de Grupo

  • A linguagem, hierarquia e rituais contribuem para uma identidade de grupo distinta.

Questões Éticas e Implicações

  • O PCC, embora opere fora das normas sociais e leis, possui estruturas que refletem princípios organizacionais, sociais e culturais comuns a muitos grupos humanos.

Observações para Futuras Pesquisas e Políticas Públicas

  • Compreender o PCC requer contextualização dentro do tecido social e cultural mais amplo.

O fichamento visa auxiliar na compreensão das complexidades internas do PCC e pode servir como um ponto de partida para futuras pesquisas e análises.

Questões Éticas e Implicações

Ambas as análises destacam que, apesar de operar fora (ou talvez por causa disso) das normas sociais e leis estabelecidas, o PCC possui uma estrutura complexa que reflete muitos dos mesmos princípios organizacionais, sociais e culturais que podem ser observados em outros grupos humanos. Isso levanta questões éticas sobre como entender e abordar tais organizações em pesquisa e políticas públicas, uma vez que elas são tanto produto quanto produtoras da sociedade mais ampla.

É importante contextualizar estas observações no mais amplo tecido social e cultural, não apenas para entender o PCC como uma entidade isolada, mas também para explorar como ele interage com e é moldado pelas forças sociais e culturais mais amplas.

Comparação “Sistema de Justiça” vs “justiça do PCC”

A comparação entre o sistema de justiça formal, como é estruturado pela sociedade brasileira, e o “sistema de justiça” informal descrito no texto sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC) oferece uma oportunidade para entender como diferentes estruturas podem surgir para resolver conflitos e manter a ordem social.

Sistema de Justiça Formal

  1. Hierarquia e Organização: Existe uma estrutura bem definida com diversas instâncias, que vão desde os tribunais de pequenas causas até o Supremo Tribunal Federal.
  2. Processo: A legalidade, os direitos fundamentais e o devido processo legal são pilares do sistema.
  3. Transparência: Idealmente, os processos são públicos, e as decisões são publicadas e justificadas.
  4. Imparcialidade: Os juízes são treinados para serem imparciais e basearem suas decisões em leis e provas.
  5. Códigos e Normas: Leis escritas, códigos e constituições fornecem a base para as decisões judiciais.

Sistema do PCC

  1. Hierarquia e Organização: Também existe uma estrutura hierárquica, mas ela é menos formalizada e mais fluida. A figura do “Sintonia final” atua como uma espécie de instância máxima em decisões.
  2. Processo: O processo é menos formal e mais adaptável, mas ainda há uma estrutura – o “resumo” – que serve para resolver conflitos.
  3. Transparência: O sistema é intrinsecamente fechado, destinado apenas aos membros da organização.
  4. Imparcialidade: A imparcialidade é menos clara, pois não há um treinamento formal para aqueles que fazem os julgamentos.
  5. Códigos e Normas: Embora não haja leis escritas, existe um conjunto de regras não formalizadas e um código moral que os membros devem seguir.

Pontos de Interseção e Divergência

  1. Necessidade de Ordem: Ambos os sistemas buscam manter uma forma de ordem social e resolver conflitos, embora através de métodos diferentes.
  2. Hierarquia: Ambos têm níveis de autoridade, mas no sistema formal essa hierarquia é pública e transparente, enquanto no PCC é mais opaca.
  3. Codificação de Leis vs. Códigos Morais: Enquanto o sistema formal é baseado em leis escritas e revisadas publicamente, o sistema do PCC é baseado em normas sociais e códigos morais não formalizados.
  4. Sanções: As penalidades no sistema formal são determinadas por lei, enquanto no sistema do PCC, elas podem ser extremamente severas e irrevogáveis, como a pena de morte administrada sem um sistema de apelação.
  5. Alcance: O sistema de justiça formal tem alcance sobre toda a sociedade, enquanto o sistema do PCC se aplica apenas aos seus membros.
  6. Legitimidade: O sistema de justiça formal é legitimado pelo Estado e, idealmente, pelo consenso social. O sistema do PCC é legitimado apenas dentro dos limites do próprio grupo.

Em resumo, embora ambos os sistemas visem à resolução de conflitos e à manutenção da ordem, eles diferem substancialmente em quase todos os outros aspectos, desde a formalidade e transparência até as bases éticas para o julgamento. É notável que o PCC, mesmo operando fora do sistema formal, tenha desenvolvido suas próprias estruturas complexas para governança e resolução de conflitos, o que aponta para a universalidade da necessidade humana de estrutura social e ordem.

A Prisão: Histórica Fábrica de Injustiça, Crueldade e do PCC 1533

A narrativa desvela ‘a prisão’ no Brasil e seu papel paradoxal no fortalecimento do Primeiro Comando da Capital, contada através da jornada de Barba, o contrabandista resiliente.

A prisão, como palco de nossa narrativa, abriga uma complexa teia de realidades e conflitos humanos. Neste cenário, encontra-se Barba, um contrabandista com uma história única e poderosa. Cada detalhe de sua existência oferece um vislumbre do ciclo de crime e punição, tecendo uma relação direta com o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533).

Seus corredores sombrios ecoam com a verdadeira voz de ‘a prisão’, um chamado urgente que clama por sua atenção. Dentro de suas muralhas, a vida é um jogo de sobrevivência e o prêmio é um lugar nas fileiras do temido PCC 1533. Nossa matéria traz luz a este mundo pouco conhecido, e é um convite para que você descubra a verdade crua escondida nas sombras de ‘a prisão’.

Ao fim da leitura, sua opinião importa. Queremos ouvir o que você pensa sobre ‘a prisão’ e seu impacto no fortalecimento do PCC 1533. Deixe seus comentários no site, no nosso grupo de leitores ou envie-nos uma mensagem privada. Seja parte desta discussão importante.

Barba: De Contrabandista a Integrante do PCC

A prisão é frequentemente vista como o fim da linha para muitos. No entanto, para Mateus Cesar Rocco, também conhecido como “Barba”, foi um lugar de transformação e sobrevivência. Nascido nas ruas densamente povoadas de São Paulo, ele encontrou no crime a única forma de sobrevivência possível, e, especificamente, atuava no transporte de drogas do Paraguai para o Brasil.

Barba sempre foi resiliente, usando seus recursos para enfrentar a pobreza e a adversidade. No entanto, a prisão testou essa resiliência de maneiras que ele nunca poderia ter imaginado. Preso após uma tentativa malsucedida de contrabando, ele foi jogado no caótico sistema prisional brasileiro, um lugar que o Dr. Gerciel Gerson de Lima descreve como “um reflexo concreto de seu passado”.

A finalidade inicial da prisão era a de escravizar pessoas e transformá-las em “propriedade” – era o caso dos prisioneiros de guerra: quando não eram mortos eram presos e escravizados.

A prisão era apenas uma forma de evitar a fuga de um indivíduo, já que as penas variavam entre a morte, o suplício, a amputação, a perda de bens, ou trabalhos forçados.

A Prisão e o PCC: Como o Sistema Prisional Alimenta a Facção Criminosa

As memórias de Barba sobre as histórias dos criminosos do passado, contadas através das lentes distorcidas de Tiradentes e outras figuras históricas, ganharam vida na prisão. O tratamento brutal dos prisioneiros ecoava as punições atrozes sofridas por essas figuras históricas, conforme ilustrado por Michel Foucault na descrição da pena de Damiens.

O prisioneiro devia perdão publicamente diante da porta principal da Igreja. Lá chegava acompanhado numa carroça, nu, de camisola, carregando uma tocha de cera acesa de duas libras; … torturado nos mamilos, braços, coxas, e barrigas das pernas, suas mãos queimadas com fogo de enxofre, e às partes em que será torturado se aplicarão chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo, cera e enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzido a cinzas, e suas cinzas lançadas ao vento.

No entanto, a prisão não quebrou Barba. Em vez disso, moldou-o, endurecendo-o e ensinando-lhe as regras de sobrevivência em um ambiente brutal e desumano. Ele se juntou ao Primeiro Comando da Capital, uma das maiores organizações criminosas do Brasil, ganhando respeito e proteção por sua lealdade e sagacidade.

Barba é um lembrete vivo da realidade da prisão no Brasil e em outros países em desenvolvimento, onde a brutalidade e a desumanidade muitas vezes são mais severas do que em nações mais desenvolvidas. Ele representa os indivíduos marginalizados e sem esperança que se voltam para o crime como meio de subsistência, forçados a essa vida por uma sociedade que falhou em lhes oferecer alternativas.

Barba e a realidade da prisão que ele vive e enfrenta são um reflexo de uma sociedade que construiu sua primeira cadeia com o objetivo de controlar “pessoas sem amanhã, sem governo pra confiar e jogadas a suas próprias sorte”. No entanto, mesmo dentro desse ambiente hostil, ele encontra formas de resistir e sobreviver.

A Ironia Sombria: Quando a Prisão Fortalece, ao invés de Combater, o Crime Organizado

A narrativa de Barba não é singular, mas pinta um retrato incisivo do ciclo implacável de crime e punição que aflige incontáveis almas no Brasil e além de suas fronteiras. Ela serve como um lembrete perturbador que, enquanto ‘a prisão’ permanecer em sua forma atual, sempre haverá aqueles que, tal como Barba, serão compelidos a achar meios de sobreviver em seu interior.

Porém, essa sobrevivência não vem sem seu próprio preço sombrio. Para muitos, como Barba, o caos da prisão não serve como um fim, mas como um início distorcido. Aqueles que emergem de seus portões não estão quebrados, mas endurecidos, solidificados na resiliência forjada no calor da adversidade.

É aqui que o Primeiro Comando da Capital – PCC, a facção criminosa mais poderosa do Brasil, encontra seu ganho. Este sistema caótico e malévolo, longe de combater a criminalidade, serve apenas para alimentá-la, criando uma nova safra de criminosos endurecidos prontos para se juntar às suas fileiras.

E assim, a prisão, em vez de ser um instrumento de justiça, torna-se uma fábrica involuntária de recrutamento, preparando os indivíduos para uma vida de crime organizado. Portanto, o sistema prisional, na sua forma atual, em vez de impedir o crime, está, inadvertidamente, a promovê-lo – uma ironia sombria que não podemos ignorar.

Esta é a dura realidade de ‘a prisão’, a melancólica verdade que espreita por trás de suas paredes frias e impessoais. Uma verdade que devemos enfrentar, se alguma vez desejamos quebrar o ciclo vicioso de crime e punição que continua a assolar nossa sociedade.

originalmente escrito para o site aconteceuemitu.org em 17 de janeiro de 2012

Tribunal do Crime do PCC e a Operação Antígona do GAECO

A parada é o seguinte: contamos aqui o rolê pesado que o GAECO armou pra botar os irmãos do PCC 1533 que participavam do Tribunal do Crime do Primeiro Comando da Capital atrás das grades. O corre todo começou lá em 2017 e desenrolou 418 anos de cana pro comando.

“Tribunal do Crime”, cê sabe o que é isso, família? Aquele esquema que o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) usa pra dar um final nos vacilões e nos inimigos. Só que o bagulho foi longe demais em 2017, quando um armeiro do PCC foi decretado em Itu, essa parada foi o estopim pra um corre pesado do GAECO, que montou a tal da Operação Antígona.

Agora a parada ficou séria, família. O Tribunal do Júri em Ribeirão Preto deu o veredito e os irmãos do PCC tão levando 418 anos de cana no total. Isso é o sistema fazendo a roda girar.

Quer saber mais sobre como o crime foi desenrolado e como os irmãos do PCC tão pagando o pato? Chega junto no site, cola no grupo de leitores ou manda uma MP pro mano que escreveu essa fita. Vamo trocar uma ideia sobre esse corre, tamo junto!

Um caso do Tribunal do Crime: 2017

Saca só, irmão, é mais ou menos assim: a parada gira em torno do investigador André de Sorocaba, de olho nos corres do Rodrigo Teixeira Lima. Esse Rodrigo era treta, trabalhava de assessor parlamentar pro Deputado José Olímpio, mas também se metia com um esquema de desmanche de carros e era o armeiro da facção PCC na área de Sorocaba.

O André tava de olho em Rodrigo, acompanhando seu passos, sabendo que tinha mais truta nessa correnteza. Parecia que o Rodrigo tava devendo pra alguém, tinha que se encontrar pra “acertar umas contas”.

Rolou um encontro, depois outro, mas o mano que queria trocar uma ideia com o Rodrigo deu cano nas duas vezes, aí um terceiro rolê foi marcado.

Aí que a fita aperta, mano. Se o sujeito tivesse pedido o endereço, talvez a parada tivesse ficado na moita, mas o cara quis se achar esperto, tentou chegar “no sapatinho”. Daí começou a chover de ligações pro Rodrigo pra encontrar o destino, só que o investigador André tava na escuta.

Desvendando a parada e desmontando o Tabuleiro do Crime

Nessa troca de ideia, o André colou que o Rodrigo ia encarar o Tribunal do Crime pra esclarecer um lance de estupro de uma mina de 13 anos. Em uma das gravações, o cara solta:

A mina que tava comigo já vazou, eu mandei a real pra ela.

Essa foi a última vez que a voz de Rodrigo ecoou no ouvido do investigador, mano. Depois, nada além de silêncio. Não demorou pra acharem o corpo do armeiro do PCC, jogado perto do rio. André, esperto, ligou os fatos e seguiu o rastro do carro até o local onde desapareceu, perto do Tietê, na beira da Estrada Parque em Itu.

Mano, a fita é essa: se o Ratinho RT, o irmão que ia levar o Rodrigo pro Tribunal do Crime, não tivesse se perdido e papagaiando no celular, talvez a parada não tivesse sido descoberta.

André que tinha granpeado o número, passou a fita para o investigador Moacir Cova, que achou a placa do Gol branco do Ratinho pelas câmeras de segurança, então conseguiram descobrir o dono do carro, que levou aos manos do Tibunal do Crime do PCC que iam julgar o suposto estuprador. Derrubaram um por um que nem castelo de cartas.

Aí fechou o ciclo, o Ratinho RT foi identificado pelo investigador Moacir Cova como o disciplina da quebrada. Tudo se encaixou, mas se o Ratinho não tivesse se perdido, talvez ninguém tivesse sido pego, e ele nunca teria sido reconhecido como o irmão disciplina de Itu do Primeiro Comando da Capital, facção PCC 1533. E é assim que funcional.

O Tribunal do Crime: 2023

Agora segura essa: seis dos irmãos do Primeiro Comando da Capital levaram cana dura na Justiça de São Paulo por mandar rolar “Tribunal do Crime” lá em Ribeirão Preto. As penas chegam a mais de 418 anos de cadeia, sacou?

“Esse ‘Tribunal do Crime’, ou ‘Tabuleiro do PCC’, é a parada que a galera organiza pra dar o troco em inimigos ou nos que furam as leis da quebrada. As sentenças vão de uma coça até uma passagem sem volta, conduzida por um Disciplina ou algum irmão de respeito no pedaço.

Operação Antígona contra o Tribunal do Crime do PCC

Essa fita foi revelada pela Operação Antígona, jogada pelo Gaeco, do MPSP, lá em 2017, quando o mano Ratinho tomou um tombo. E olha só, até um assessor de deputado tava no rolo, o que fez a política inteira tremer.

Antígona, que é o nome que o GAECO colou pra operação contra o Tribunal do Crime do PCC, tem a ver com enterrar o cara vivo. Há 2400 anos, Sófocles contou a história de uma mina, filha do Édipo, aquele carinha que se envolveu com a própria coroa, a Jocasta. Depois que ela deu as caras de novo em Tebas, a Antígona foi enterrada viva, lá no subterrâneo, numa caverna, que nem os irmãos do PCC são enterrados no sistema prisional do Brasil. Entendeu o nome?

Na última fase da Operação Antígona foi em março em São Bernardo, mandaram ver em 11 mandados, seis de busca e cinco pra prender os manos. Três integrantes do PCC acusados de botar pra decidir no ‘Tribunal do Crime’ foram para trás das muralhas.

A menor pena foi 51 anos e a maior 102

No ano passado, 2022, sete irmão também caíram por por sequestro, tortura e execução de um condenado pelo Tribunal do Crime. Além de mandar para dentro do sistema mais três dos pesados do crime organizado, os policiais encontraram mais de 11 mil ‘doletas’, uns celulares e um carro.

No fim das contas, a parada de Ribeirão não tinha nada a ver com a de Itu, mas deu força para o GAECO tocar a operação e agora sobrou pra esses nove manos ligados à cúpula do PCC em Ribeirão Preto, os responsas por organizar e mandar ver nos ‘tabuleiros’ de lá.”

No Tribunal de Justiça de São Paulo, os julgamentos foram divididos em cinco júris populares, rolou entre 2021 e 2023. Os irmãos do PCC responderam por homicídio, sequestro, ocultação de cadáver e organização criminosa. Tinha até uma mina entre os condenados. As penas foram de 51 a 102 anos de prisão.

A investigação, encabeçada pelos promotores Marcos Rioli e Giullio Chieregatti Saraiva, começou depois de um vídeo que mostra três irmãos do PCC dando fim a um rival com golpes de podão, uma espécie de facão de lavoura. Entendeu a fita, mano?

H.G. Wells: O Inesperado Julgamento no Pós-Invasão Marciana

Descubra o desdobramento da história de H. G. Wells em um julgamento fictício. Advogados famosos, detetives perspicazes e promotores implacáveis se reúnem em uma batalha judicial sem precedentes.

H. G. Wells, mestre da ficção científica, é o núcleo de nosso relato peculiar. Vamos explorar a controversa questão: o que aconteceria se o narrador de “A Guerra dos Mundos” fosse julgado pela morte do padre?

No segundo parágrafo, somos transportados para dentro da sala de tribunal, observando como lendários personagens literários conduziriam tal julgamento. Poderia Sherlock Holmes, com seu raciocínio afiado, ajudar a esclarecer a verdade? Seria Atticus Finch capaz de defender o indefensável?

Por último, mas não menos importante, este intrigante exercício de imaginação foi originalmente concebido em janeiro de 2012. Agora, trazemos à tona novamente para desvendar suas muitas camadas. Adoraríamos ouvir suas ideias e opiniões, seja nos comentários, no nosso grupo de leitores ou em mensagem privada para mim. Mergulhe conosco nesta viagem pela justiça na obra de H. G. Wells!

H. G. Wells: Narrador de Guerra dos Mundos vai a Julgamento

Nas sombras da literatura, um julgamento se desenrolou, quase esquecido no tempo, uma vez que a normalidade foi retomada após a invasão marciana em “A Guerra dos Mundos”. Um evento que reuniu figuras de renome no mundo da ficção criminal, deixou uma marca indelével na história do direito.

O narrador do fatídico conto, acusado de um crime chocante, o assassinato de um padre, foi levado perante a justiça. Em sua defesa, o inabalável Atticus Finch, famoso por seu senso de justiça e sua habilidade de argumentar contra todas as probabilidades.

Contra ele, apresentando a acusação, o meticuloso inspetor Maigret, conhecido por sua imparcialidade e atenção aos detalhes. Com sua postura calma e metódica, Maigret teceu a acusação com um olhar incisivo para a verdade.

O lendário Sherlock Holmes, com sua mente analítica e suas habilidades de observação sem igual, foi chamado como perito pelo tribunal. O detetive, conhecido por seu compromisso inabalável com a verdade, analisou o caso com sua habitual profundidade.

Rusty Sabich, o promotor de justiça escolhido para este caso intrigante, é amplamente conhecido no meio jurídico por sua tenacidade e inteligência afiada. Ele traz consigo uma reputação de rigorosa busca pela verdade e de uma abordagem meticulosa em cada detalhe da investigação, o que o torna um adversário temível no tribunal.

Este foi o julgamento que se desenrolou, uma sinfonia de argumentos, testemunhos e evidências. Um momento na história onde a ficção e a realidade se fundiram, e a busca pela verdade foi a única constante.

Foram três dias intensos, e eu não pretendo sobrecarregar o leitor com os detalhes minuciosos do processo. Em vez disso, trago aqui um resumo das declarações mais significativas: as palavras do inspetor convocado como testemunha de acusação, o parecer do perito nomeado pelo Tribunal do Júri, além dos argumentos finais tanto do Promotor Público quanto do advogado de defesa.

A Testemunha de Acusação

Inspetor Maigret, com seu olhar penetrante e postura calma, tomou o seu lugar na frente do júri. Sua voz, grave e segura, encheu a sala enquanto ele começava sua argumentação.

“Senhoras e senhores,” começou Maigret, “não estamos aqui para discutir a existência de marcianos ou a razão pela qual eles podem ter vindo à nossa terra. Estamos aqui para tratar do assassinato de um padre e da responsabilidade do réu diante deste fato.”

Maigret, conhecido por sua meticulosa atenção aos detalhes e sua insistência em entender a natureza humana em seus casos, prosseguiu. “Por mais que possamos simpatizar com a situação em que o réu se encontrava, devemos nos lembrar que o medo não justifica a violência. O réu, ao admitir que matou o padre, confessou um crime.”

A descrição de Maigret das evidências físicas presentes no local do crime foram imparciais e detalhadas. “O objeto utilizado para matar o padre, os sinais de luta, tudo aponta para um confronto violento. A evidência, meus senhores e senhoras, é clara.”

“Mas o que devemos considerar,” Maigret concluiu, “é se o réu tinha alternativas naquele momento. Ele poderia ter buscado outro caminho que não resultasse na morte de um homem? Isso, é o que peço que considerem.”

O inspetor Maigret voltou ao seu lugar, deixando um silêncio reflexivo em sua esteira. Ele apresentou seu caso de maneira justa e imparcial, pedindo ao júri que considerasse a gravidade das ações do réu, independentemente do contexto incomum.

Perito do Tribunal do Júri: Sherlock Holmes

Com seu sobretudo característico e seu chapéu de abas largas, o famoso detetive Sherlock Holmes adentrou o tribunal, pronto para apresentar suas observações ao júri. Ele havia sido convocado para esclarecer o enigma envolvendo a morte do padre em “A Guerra dos Mundos”.

“Senhoras e senhores,” começou Holmes, seus olhos afiados varrendo a sala. “Estamos aqui para desvendar a verdade por trás de um incidente perturbador, envolto nas sombras da invasão alienígena e na loucura que se seguiu. O nosso objetivo, no entanto, permanece inalterado, por mais extraordinário que seja o cenário – buscar a verdade.”

“Para analisar este caso,” continuou Holmes, “devo pedir que vocês abram suas mentes para a possibilidade de que o mundo, tal como o conhecíamos, havia sido transformado para além do reconhecimento naquele momento. Estávamos todos imersos no caos, no medo e no desespero – condições sob as quais os julgamentos humanos podem ser severamente prejudicados.”

Holmes então detalhou o raciocínio dedutivo que o levou às suas conclusões. Ele falou sobre a ausência de um motivo claro, a falta de testemunhas oculares, e a improvável possibilidade de premeditação em meio ao caos alienígena.

“Devemos considerar,” disse Holmes, “a intensa pressão emocional e psicológica sob a qual todos estavam operando. Em tais circunstâncias, a capacidade de uma pessoa de tomar decisões racionais pode ser severamente comprometida. O medo, senhoras e senhores, é um predador voraz. Ele se alimenta da nossa sanidade, destruindo a lógica e a razão, deixando apenas o instinto de sobrevivência.”

Finalizando sua apresentação, Holmes enfatizou: “Em face dos fatos e das circunstâncias, é minha conclusão que a morte do padre foi um trágico acidente, resultado do caos e do medo em meio à invasão. Não acredito que existam provas suficientes para concluir que o acusado é culpado de assassinato.”

A sala ficou em silêncio enquanto os membros do júri absorviam as palavras de Sherlock Holmes. Sua análise fria e lógica havia adicionado uma nova camada de complexidade ao caso, deixando todos na sala com muito para ponderar.

Argumento Final do Promotor de Justiça: Dr. Rusty Sabich

Senhoras e senhores do júri, após todas as provas apresentadas, ouvimos a defesa alegar que o acusado, o narrador de “A Guerra dos Mundos”, agiu em legítima defesa diante da suposta loucura do padre. Contudo, peço que não se deixem levar por essa narrativa.

Primeiramente, nós não temos nenhuma testemunha ocular que possa confirmar a alegada perda de sanidade do padre. Todas as alegações de insanidade vêm do próprio narrador, o homem que é acusado de matar o padre. Portanto, é preciso questionar a veracidade de suas alegações.

Além disso, o objeto usado para matar o padre foi encontrado no local, e nossos especialistas confirmaram que ele foi usado com força brutal. Esse nível de violência sugere mais do que apenas uma ação defensiva, mas uma intenção deliberada de causar dano.

Não podemos esquecer que o narrador não procurou ajuda após a morte do padre. Em vez disso, ele fugiu do local. Se ele realmente agiu em legítima defesa, por que não buscar a ajuda das autoridades? Por que se esconder?

Senhoras e senhores do júri, peço que considerem todas essas evidências e dúvidas razoáveis. O narrador de “A Guerra dos Mundos” não é o herói que ele nos fez acreditar que era, mas um homem que tirou a vida de outro de forma brutal. É por isso que peço a vocês que o considerem culpado pelo assassinato do padre.

Argumento Final do Advogado de Defesa: Dr. Atticus Finch

Silêncio completo prevaleceu na sala do tribunal enquanto todos os olhares se voltaram para o advogado de defesa, Atticus Finch, um homem conhecido por sua coragem ao defender os oprimidos. O desafio de hoje era monumental – defender o narrador de “A Guerra dos Mundos”, que estava sob a acusação de um crime grave: o assassinato do padre.

“Senhoras e senhores do júri,” começou Atticus, “este caso é como nenhum outro. Meu cliente é acusado de um crime em circunstâncias além da compreensão de qualquer um de nós. O contexto era de invasão alienígena, pânico e desordem.”

Atticus, então, detalhou a ameaça iminente que todos enfrentaram durante a invasão. Ele descreveu a histeria generalizada, o medo profundo e a luta desesperada pela sobrevivência. “A acusação coloca meu cliente como um assassino, mas eu insto vocês a considerar o cenário apocalíptico no qual esses eventos ocorreram.”

A ausência de testemunhas oculares da suposta loucura do padre foi uma dificuldade para Atticus. No entanto, ele destacou a falta de motivos do seu cliente para assassinar o padre. Ele apresentou a profunda ligação entre o narrador e o padre, retratando a trágica morte do padre como um evento infeliz e involuntário no meio do caos alienígena.

“Diante de ameaças inimagináveis, meu cliente estava lutando por sua vida. O que ele fez não foi um ato de maldade, mas um ato desesperado de autopreservação em meio ao horror da invasão marciana.”

Ao final do seu discurso, o tribunal caiu em silêncio profundo. Todos os presentes estavam conscientes do desafio que pesava sobre o júri. A defesa de Atticus Finch havia, de fato, desafiado todos na sala a questionar o que eles próprios teriam feito, enfrentados com o mesmo cenário de terror e desespero.

O que há por trás do julgamento do Narrador

Com os argumentos todos apresentados, o juiz decretou que os jurados se retirassem para deliberar o veredito. O país respira na expectativa de que este julgamento traga um encerramento à controvérsia fervilhante que se instalou em torno deste caso.

Grupos políticos alinhados às congregações religiosas, auxiliados por um segmento da mídia, provocaram um alvoroço social significativo ao acusar o narrador de exterminar o padre em razão de sua fé.

O narrador, um intolerante religioso?

The Morning Post

Esses grupos sustentam que a vitória sobre os invasores alienígenas não foi o resultado de um vírus, mas sim de um milagre forjado pelas preces de fiéis ao redor do globo.

Deus responde às orações: a vitória é um milagre!

Daily Empire

Contrariando essa visão, encontram-se grupos alinhados à esquerda, que acusam os religiosos de rejeitarem a ciência e de utilizarem o narrador como um bode expiatório. Embora menores em número, esses grupos também conseguiram espaço na imprensa e denunciam os religiosos como mercenários oportunistas que se aproveitam do caos pós-catástrofe.

Igrejas lucram enquanto os pobres sofrem — narrador é apenas cortina de fumaça!

Worker’s Daily

Espera-se que esse julgamento encerre, de uma vez por todas, este debate acalorado. A sentença, em qualquer direção que for, lançará luz sobre a verdade e, assim, poderemos avançar enquanto nação, sem a sombra deste incidente obscurecendo nosso caminho para a recuperação.

Complexo do Carandiru: 300 policiais mudaram a história do Brasil

Mano Dyna solta a real sobre como o abandono das políticas de humanização dos presídios, especialmente no ‘Complexo do Carandiru’, deu força pro PCC e mudou a cena política do Brasil.

Complexo do Carandiru é o fio que o irmão Dyna puxou pra nós. Papo reto, cada governador de São Paulo deixou sua marca, moldando o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533).

Hoje, o mano Dyna chegou com outra ideia, tipo assim, meio doida. Mas saca só, tudo se encaixa: 300 homens fardados, mudando a história do país e da América Latina, com a morte de mais de cem manos.

A guinada à direita, com o Bolsonaro e o Tarcísio no comando, veio do abandono das políticas de humanização dos presídios. Na responsa? Franco Montoro e Mario Covas. Eles queriam trazer dignidade pros presídios, mas os que vieram depois largaram a fita. E aí, já viu.

Cola comigo nessa história, que vou desenrolar essa fita pra você.

Complexo do Carandiru: o Sistema Abandonou os Manos e Deu no que Deu

Vou te soltar a real, bora pro papo reto. Nesse corre da vida, a Segurança Pública em São Paulo sofreu um baque pesado. Os manos Montoro e Covas tinham um plano de humanização dos presídios, mas a fita mudou.

O Complexo do Carandiru foi um lugar que marcou com sangue a história do Brasil. Em 1992, a polícia desceu o aço de forma bruta e covarde, alimentando uma raiva que espalhou um clima tenso na sociedade.

O Complexo do Carandiru, com a superlotação, virou um caldeirão prestes a explodir. Projetado pra caber 3,2 mil presos, chegou a abrigar 7,2 mil. Essa fita era uma bomba-relógio, e o estopim foi a rebelião de 1992.

Quando a casa caiu, a polícia chegou de forma pesada. Mais de 300 policiais, liderados por caras como o Coronel Ubiratan Guimarães. O resultado foi um moedor de carne humana: entre 111 e 300 mortos.

Então, é isso, mano. O abandono das políticas de humanização dos presídios, a falta de direitos humanos, tudo isso contribuiu pro crescimento do Primeiro Comando da Capital e da direita. Fica ligado na segunda parte que vou mandar, onde vou fechar essa fita.

Complexo do Carandiru: símbolo do descaso e da impunidade

Os Direitos Humanos e os sobreviventes bateram de frente, acusando a polícia de querer exterminar os presos. Aí, o Complexo do Carandiru virou um exemplo sombrio do que pode rolar quando as políticas de humanização são abandonadas.

O bagulho é doido, a chapa esquentou e o Brasil inteiro levou um puxão de orelha da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. A resposta violenta à rebelião e a demora pra punir os culpados foram condenadas.

O Complexo do Carandiru virou um churrasco de gente, fez o Brasil virar a cara pra direita. Paulo Maluf, o cara do sistema, se deu bem com o sangue dos manos nas eleições municipais de São Paulo.

A parada aconteceu um dia depois do massacre, no pior estilo do sistema. E, pra quem não sabe, o mano Danilo Cymrot botou no papel, no livro “Da chacina a faxina”, que a vitória do Maluf tá ligada, sim, à essa tragédia.

Foi o primeiro eleito no sangue dos manos mortos covardemente do presídio.

Guinada à Direita: Maluf, Bolsonaro, Tarcísio e as Cicatrizes do Abandono

E quem pagou o pato? Só o Coronel Ubiratan Guimarães, condenado a 632 anos por 102 homicídios e 5 tentativas. Mas o cara recorreu em liberdade, virou deputado e morreu sem ver o sol nascer quadrado.

Os outros PMs? Não tiveram que encarar o juiz. O Carandiru, símbolo da mão pesada do sistema, fechou as portas em 2002. Os presos foram jogados pra outros lugares, resultado da política dos tucanos.

A chacina mexeu com a cabeça do povo. A luta contra o abuso policial e as desigualdades ganharam força. A música “Diário de um Detento”, dos Racionais MC’s, botou a real na roda sobre o episódio e criticou o sistema penitenciário e a desigualdade social brasileira.

Pra resumir, o Carandiru mostra a contradição da segurança pública. A violência policial alimentou o conservadorismo, levando Bolsonaro à presidência e Tarcísio ao comando de São Paulo. Tudo começou com o abandono das políticas de humanização dos presídios. O massacre de ’92, sem punição, revela a predileção pública por discursos de ordem e repressão.

Aquele salve pro pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna, que é o responsa por passar essas fitas todas pra mim. Se tiver chance, dá uma conferida nos corres dele, mano, porque é de lá que vem a ideia reta.

Governadores do Estado de São Paulo

15 de março de 1983 até 15 de março de 1987
humanizou os presídios na sua gestão, priorizando a democracia, a transparência e os direitos dos detentos
Franco Montoro

15 de março de 1987 até 15 de março de 1991
estratégia violenta e repressiva de lidar com a criminalidade, foi a primeira grande ruptura na era democrática
Massacre do 42º DP – fevereiro de 89
Orestes Quércia

15 de março de 1991 até 1 de janeiro de 1995
massacre do Carandiru – 2 de outubro de 1992
desativação e demolição do Carandiru
política de interiorização e divisão dos presídios
fundação do PCC – 31 de agosto de 1993
Luiz Antônio Fleury

1 de janeiro de 1995 até 6 de março de 2001
criticou a ausência de direitos humanos nos governos anteriores e optou por políticas de negociação e patrulhas mais brandas
criação de vagas no sistema penitenciário como uma de suas principais ações políticas
Mário Covas

6 de março de 2001 até 31 de março de 2006
política de aumento da repressão policial e mais mortes em confrontos
mega rebelião em 29 unidades prisionais – fevereiro 2001
PCC ganha visibilidade pública e demonstra eficácia em suas ações
massacre Operação Castelinho – fevereiro de 2002
Regime Disciplina Diferenciado RDD – dezembro de 2003
muitos que trabalharam na repressão ganharam fama na vida política
Geraldo Alckmin

31 de março de 2006 até 1 de janeiro de 2007
mega rebelião e ataques do PCC – maio de 2006
Cláudio Lembo

1 de janeiro de 2007 até 2 de abril de 2010
manutenção da política de Segurança Pública de Alckmin
hegemonia do PCC com queda da taxa de homicídios
Crescimento progressivo da população carcerária
Fotalecimento da ROTA e investimentos na PM
José Serra

2 de abril de 2010 até 1 de janeiro de 2011
Alberto Goldman

1 de janeiro de 2011 até 6 de abril de 2018
aumento da população carcerária
investimento em ferramentas de investigação contra as organizações criminosas
número alarmante de encarcerados durante a gestão de Alckmin, com aumento de mais de 50.000 presos em apenas 4 anos
aumento da violência e letalidade policial
Geraldo Alckmin

6 de abril de 2018 até 1 de janeiro de 2019
Márcio Franca

1 de janeiro de 2019 até 1 de abril de 2022
João Doria

1 de abril de 2022 até 1 de janeiro de 2023
População carcerária: O Brasil é o terceiro país com maior população carcerária do mundo, com mais de 773.000 presos. Só no Estado de São Paulo são 231.287 presos
Rodrigo Garcia

1 de janeiro de 2023 a
Tarcísio de Freitas

Governador de São Paulo, a política carcerária e a Facção PCC

A política de cada governador de São Paulo em relação ao sistema prisional e a facção PCC. Da política de humanização à guerra nas ruas, acompanhe essa narrativa.

“Governador de São Paulo” é o tema do nosso novo artigo, irmão. O Primeiro Comando da Capital (Facção PCC 1533) e os governantes de SP estão no foco. A quebrada quer entender como a política rolou e como o PCC nasceu daí. No final, tem um fichamento com os dados que embasaram a ideia. Cola lá!

Ah! Quem me passou toda essa visão, foi o mano Dyna. Forte e leal abraço!

Governor de São Paulo: cada um com sua gestão prisional

Governador de São Paulo: já tevivemos um Franco Montoro e um Mario Covas

Segura a visão, irmão, dos role dos governo de São Paulo. Montoro (1983-1987), chega no corre e traz uma ideia nova, de humanizar os presídios, dar chance pro preso buscar os direitos dele. Tipo, uma luz no fim do túnel, saca?

Mas aí, Quércia (1987-1991) assume o poder e muda o jogo. Troca a ideia de Montoro e chega com uma pegada mais pesada, violenta. Cê lembra, né? Foi nessa época que rolou aquele pico do 42° DP e o massacre do Carandiru, treta pesada.

Na sequência, Covas sobe no comando. Ele criticou a treta de Quércia e Fleury, e escolheu outro caminho. Ao invés de botar a PM pra bater de frente, ele preferiu o diálogo, uma patrulha mais tranquila.

Só que, no segundo mandato de Covas, o sistema prisional começou a crescer muito. O cara priorizou a criação de vagas nos presídios como uma das principais ações políticas dele. Isso afetou a relação com o Primeiro Comando da Capital, e ainda hoje sentimos os efeitos disso na quebrada.

Ninguém sabe como nós escolher o caminho mais sinistro

Na sequência do baile, mano, Carandiru já era, prisões superlotadas, aí rolou a política de interiorização. Distribuíram os irmãos pelo estado, pra dificultar a união da massa. A estratégia foi clara, os governantes decidiram espalhar os presos, fugindo da aglomeração.

Construíram novas penitenciárias, mano, pros regimes fechado e semiaberto, espalhadas pelo oeste paulista. As novas casas do sistema são diferentes, menores, compactas, modernas, evitando a treta das fugas e o descontentamento da massa.

Mas saca só, o desenho do lugar tá ligado na vigilância, fazendo o preso virar a base da própria opressão, sacou? Igual aqueles filmes loko de futuro, onde o sistema oprime a massa.

Segura a visão, que vou te mostrar como a parada desenrolou pra gente chegar onde estamos, tá ligado? Mas primeiro a lista com o nome dos governadores porque ninguém tem obrigação de lebrar de cor, né não?

Governadores do Estado de São Paulo

15 de março de 1983 até 15 de março de 1987
humanizou os presídios na sua gestão, priorizando a democracia, a transparência e os direitos dos detentos
Franco Montoro

15 de março de 1987 até 15 de março de 1991
estratégia violenta e repressiva de lidar com a criminalidade, foi a primeira grande ruptura na era democrática
Massacre do 42º DP – fevereiro de 89
Orestes Quércia

15 de março de 1991 até 1 de janeiro de 1995
massacre do Carandiru – 2 de outubro de 1992
desativação e demolição do Carandiru
política de interiorização e divisão dos presídios
fundação do PCC – 31 de agosto de 1993
Luiz Antônio Fleury

1 de janeiro de 1995 até 6 de março de 2001
criticou a ausência de direitos humanos nos governos anteriores e optou por políticas de negociação e patrulhas mais brandas
criação de vagas no sistema penitenciário como uma de suas principais ações políticas
Mário Covas

6 de março de 2001 até 31 de março de 2006
política de aumento da repressão policial e mais mortes em confrontos
mega rebelião em 29 unidades prisionais – fevereiro 2001
PCC ganha visibilidade pública e demonstra eficácia em suas ações
massacre Operação Castelinho – fevereiro de 2002
Regime Disciplina Diferenciado RDD – dezembro de 2003
muitos que trabalharam na repressão ganharam fama na vida política
Geraldo Alckmin

31 de março de 2006 até 1 de janeiro de 2007
mega rebelião e ataques do PCC – maio de 2006
Cláudio Lembo

1 de janeiro de 2007 até 2 de abril de 2010
manutenção da política de Segurança Pública de Alckmin
hegemonia do PCC com queda da taxa de homicídios
Crescimento progressivo da população carcerária
Fotalecimento da ROTA e investimentos na PM
José Serra

2 de abril de 2010 até 1 de janeiro de 2011
Alberto Goldman

1 de janeiro de 2011 até 6 de abril de 2018
aumento da população carcerária
investimento em ferramentas de investigação contra as organizações criminosas
número alarmante de encarcerados durante a gestão de Alckmin, com aumento de mais de 50.000 presos em apenas 4 anos
aumento da violência e letalidade policial
Geraldo Alckmin

6 de abril de 2018 até 1 de janeiro de 2019
Márcio Franca

1 de janeiro de 2019 até 1 de abril de 2022
João Doria

1 de abril de 2022 até 1 de janeiro de 2023
População carcerária: O Brasil é o terceiro país com maior população carcerária do mundo, com mais de 773.000 presos. Só no Estado de São Paulo são 231.287 presos
Rodrigo Garcia

1 de janeiro de 2023 a
Tarcísio de Freitas

As Heranças do Governador de São Paulo Geraldo Alckmin 1: RDD e o Estouro do Sistema Carcerário

Covas partiu dessa para uma melhor em 2001, e quem pegou o bonde foi Alckmin, de 2001 a 2006. O mano foi contra a maré, intensificando a treta com as organizações dos presídios.

Aí teve as mega rebeliões, aumento da letalidade policial e o Primeiro Comando da Capital entrou na mira da opinião pública.

Na quebrada, a violência da polícia disparou, e como toda ação tem uma reação, a facção PCC 1533, organizou a maior revolta das trancas em 2001.

Foi nessa época que Alckmin criou o RDD, o Regime Disciplinar Diferenciado, mano. Uma medida pesada, que cortou direito dos irmãos atrás das grades, trancados em solitárias, sem visita de família e advogado.

Em 2002, rolou a Operação Castelinho. PM fechou o cerco e 12 suspeitos de serem do PCC foram mortos. Apesar dos protestos, o barato continuou.

A Herança do Governador de São Paulo Cláudio: os ataques do PCC de maio de 2006

Em 2006, Alckmin saiu e Cláudio Lembo entrou. Nesse ano, rolou a maior crise de segurança, com a PCC tocando o terror em mais de 70 cadeias e nas ruas. Ficou pouco, mas foi o bastante para jogar farofa no ventilador.

No auge da treta, a mega rebelião e os ataques de maio, a cidade virou um caos, todo mundo em pânico. Depois da tempestade, José Serra assumiu o poder, manteve a linha do PSDB e os índices de violência deram uma diminuída.

As Heranças do Governador de São Paulo José Serra: Lotando as Trancas e a Violência na Periferia

No entanto, quando Serra assumiu o trono (2006-2010), a parada ficou mais tensa. O discurso era de vitória, mas o que rolou mesmo foi o aumento da população carcerária. Alckmin voltou em 2010, ficou até 2018, e o sistema só piorou. A vida na periferia seguia na mesma, enquanto as celas enchiam cada vez mais.

As Heranças do Governador de São Paulo Geraldo Alkimin 2: Mais Violência, Confronto com o PCC e Aumento do Encarceramento

Na quebrada, Alckmin chegou no poder novamente, em 2010. Daí, a coisa não mudou, irmão. A treta com o PCC continuou e a violência só aumentou. Em 2012, rolou uma fita diferente. O sistema policial passou por uma reforma. Antônio Ferreira Pinto, um ex-milico, assumiu a fita, botando a polícia pra cima do crime organizado. A PM e a ROTA, na gestão do cara, só cresciam, levando a violência às alturas.

Porém, em 2012, o bagulho ficou doido. A PM e o PCC bateram de frente, deixando São Paulo em estado de sítio. Nessa parada, Ferreira Pinto e os comandantes da PM e ROTA tiveram que sair do jogo. Eles foram pro lado da política, mas o estrago já tava feito. O número de presos aumentou demais, mais de 50.000 em 4 anos.

O Brasil é o terceiro do mundo em população carcerária, mais de 773 mil presos, mano. Em São Paulo, são mais de 231 mil. Mas tá ligado que essa treta toda, essa disputa entre as políticas dos governantes, só beneficiou quem tá no poder, os que precisam do discurso da violência pra se manter no comando.

No final, a gestão do Alckmin ficou marcada pela treta com o PCC e a violência das polícias. A quebrada sangrou, e a pergunta é: quem vai limpar essa bagunça agora, Governador de São Paulo?

Aquele salve pro pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna, que é o responsa por passar essas fitas todas pra mim. Se tiver chance, dá uma conferida nos corres dele, mano, porque é de lá que vem a ideia reta.

Fichamento com os dados que embasaram as ideias

  1. Mário Covas falece em 2001, seu vice-governador, Geraldo Alckmin assume (2001-2006).
    • Alckmin intensifica a violência policial e a repressão.
    • Fortalecimento da PM e estratégia de confronto elevam o número de mortes pela ação do Estado.
  2. Mega rebelião organizada pelo PCC em 2001.
    • Primeiro grande desafio do governo Alckmin.
    • PCC ganha visibilidade pública e demonstra eficácia em suas ações.
  3. Alckmin cria o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
    • Medida mais dura do Estado de São Paulo contra líderes do PCC.
    • RDD restringe direitos básicos dos presos, como tempo de banho de sol, visitas de familiares e advogados.
  4. Operação Castelinho em 2002.
    • 12 suspeitos de pertencerem ao PCC são assassinados pela PM em uma emboscada, gerando críticas.
  5. Cláudio Salvador Lembo assume o governo em 2006, após renúncia de Alckmin.
    • Ano marcado pela maior crise da segurança pública em São Paulo, com mega rebelião em mais de 70 unidades prisionais e ataques a prédios públicos a mando do PCC.
  6. José Serra Chirico assume o governo (2006-2010).
    • Continua as políticas de Alckmin de fortalecimento das polícias e enfrentamento ao crime.
    • Após os ataques de 2006, os índices de homicídio e violência diminuem.
    • Crescimento progressivo da população carcerária refletindo as políticas de segurança pública.
  7. Geraldo Alckmin retorna ao governo (2010-2018).
    • Neste período, a população carcerária continua a crescer além da capacidade dos presídios.
    • Alckmin vence novamente e se reelege em 2014, totalizando 8 anos de governo nesse segundo mandato.
  8. Alckmin, em sua segunda gestão (2010-2018), continuou as políticas de segurança pública do PSDB, com enfoque na repressão e confronto.
  9. Em 2012, a força policial foi reestruturada sob Antônio Ferreira Pinto, policial militar e procurador da justiça, promovido como secretário da SAP após os ataques de 2006.
  10. Ferreira Pinto utilizou força policial e instrumentos de investigação para combater grupos criminosos.
  11. Em 2009, Álvaro Batista Camilo e Paulo Adriano Lopes Lucinda Telhada foram nomeados para postos chave na Polícia Militar e ROTA, respectivamente.
  12. Aumento significativo nos investimentos para a Polícia Militar e ROTA.
  13. Em 2012, aumento da violência em São Paulo devido aos confrontos entre a PM e o PCC.
  14. Retirada de Ferreira Pinto e dos comandantes da PM e ROTA em 2012, que migraram para a vida política.
  15. Número alarmante de encarcerados durante a gestão de Alckmin, com aumento de mais de 50.000 presos em apenas 4 anos.
  16. Os últimos anos da gestão de Alckmin marcados por violência policial e embates com o PCC.
  17. Montoro humanizou os presídios na sua gestão, priorizando a democracia, a transparência e os direitos dos detentos.
  18. Muitos que trabalharam em gestão ganharam fama na vida política.
  19. Governo Quércia, marcado por uma estratégia mais violenta e repressiva de lidar com a criminalidade, foi a primeira grande ruptura na era democrática.
  20. Aumento substancial dos homicídios cometidos pela PM durante o governo Fleury, com destaque para os episódios do 42° DP e o massacre do Carandiru.
  21. Mário Covas se elegeu em 1995 e iniciou o governo tucano, que já dura 25 anos.
  22. Covas criticou a ausência de direitos humanos nos governos anteriores e optou por políticas de negociação e patrulhas mais brandas.
  23. A expansão do sistema prisional foi acelerada a partir de 1998, durante o segundo governo de Mário Covas, que priorizou a criação de vagas no sistema penitenciário como uma de suas principais ações políticas.
  24. Política de interiorização: Com a desativação do Carandiru e a superlotação das cadeias, uma política de interiorização foi implementada, expandindo-se por todo o estado. Essa política visava dificultar a organização de grupos criminosos.
  25. Construção de novas penitenciárias: As grandes cadeias foram descentralizadas e novas penitenciárias foram construídas para os regimes fechado e semiaberto em todo o oeste paulista. As novas instalações, mais compactas e modernas, diferiam das antigas construções do século XIX e XX.
  26. Panóptico: O novo arranjo das penitenciárias é comparado a um “Panóptico”, onde a arquitetura do local é atrelada à vigilância e ao poder, tornando o preso o princípio de sua própria sujeição.
  27. Governador Geraldo Alckmin: Após a morte de seu antecessor em 2001, Alckmin assumiu e adotou uma postura mais dura contra o crime, enfrentando situações como as mega rebeliões e o aumento da letalidade policial.
  28. Primeiro Comando da Capital (PCC): Durante o governo de Alckmin, o PCC ganhou visibilidade pública. Medidas punitivas, como a criação do RDD, foram implementadas para combater o grupo.
  29. Mega rebelião de 2006: Esta rebelião elevou o pânico social em todas as classes da sociedade paulista. Posteriormente, José Serra assumiu o poder, mantendo a política do PSDB e presenciando uma diminuição nos índices de violência.
  30. População carcerária: O Brasil é o terceiro país com maior população carcerária do mundo, com mais de 773.000 presos. Só no Estado de São Paulo são 231.287 presos.
  31. Disputa política: Há uma disputa entre políticas mais moderadas (como as de Montoro e Covas) e políticas mais radicais. As últimas foram vencedoras, beneficiando os setores que necessitam do discurso sobre a violência para manter seus micropoderes.
  32. Efeito das políticas na criação do PCC: O texto argumenta que o Estado, por meio de suas políticas, produziu as condições para a criação do PCC.

André do Rap: a real do líder do Primeiro Comando da Capital PCC

Neste texto, contamos a história de “André do Rap”, líder do Primeiro Comando da Capital, mostrando que a realidade é muito diferente do que a mídia apresenta.

André do Rap: conheça real a história do líder do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) como pode ser bem diferente do que mostra a mídia.

André do Rap, a Facção PCC 1533, e a Realidade das Quebradas

André do Rap, líder do Primeiro Comando da Capital, apresentando a verdade, irmão. A grande mídia, sempre em busca de audiência, cria um mito folclórico em torno dele, distorcendo informações e associando qualquer evento no país ao nome de André.

Mas aí, o advogado criminalista Áureo Tupinambá Filho entra em cena. Ele esclarece que o helicóptero de R$ 7 milhões devolvido pelo STJ não pertencia ao líder da facção PCC, mas a mídia insiste na ideia contrária. Além disso brother, apreensão de itens foi feita de maneira incorreta, sem ordem judicial, irmão.

Áureo Tupinambá Filho deixa claro que a lei deve ser cumprida, mesmo que no caso de André do Rap ela tenha sido desrespeitada. Em 2019, durante a prisão, a polícia apreendeu celulares, computadores e moto aquática, tudo isso sem autorização judicial, falhando na missão.

André do Rap foi condenado em segunda instância por tráfico de drogas e teve sua prisão decretada. Outra investigação envolvendo lavagem de dinheiro e organização criminosa estava acontecendo, mas a mídia só quer saber de sensacionalismo, entende?

Então, irmão, fique atento e analise as informações com cuidado, especialmente quando envolve casos como o de André e a facção PCC. A realidade é bem diferente do que a mídia quer te fazer acreditar, mantenha-se informado e não se deixe enganar.

A mídia e suas histórias

Mano, tá complicado pra nossa sociedade escapar dessa fita – a construção de um ciclo policial-midiático-criminoso, um pelourinho da mídia que expõe e criminaliza a periferia pro prazer daqueles que se acham superiores.

A TV é um show que não traz informação, só faz espetáculo. Talvez ainda seja a maior influência na opinião sobre os manos das facções.

“O que é a facção e como agem os irmãos” são ideias criadas, não verdades absolutas. A imagem vive sendo reescrita, mexendo e sendo mexida pela mídia, que reconstrói junto com a sociedade toda.

A parada de quem é vilão e quem é herói muda pra cada um, e o que é “herói” pra um grupo de pessoas e classe social não é a mesma coisa pra outros grupos e classes.

Mas, é preciso sacar que essas imagens, tanto do vilão quanto do herói, são feitas pela mídia (e essa construção mexe, também, com a autoimagem da galera).

30 Anos Preso: O Apocalipse do Primeiro Comando da Capital

A ameaça do apocalipse do PCC, associado aos 30 anos de prisão de Marcola, desperta medo e incerteza na sociedade. O adiamento do evento catastrófico e a possível libertação de líderes notórios geram questionamentos sobre o futuro.

Um apocalipse anunciado

“30 anos preso” era a palavra-chave que ecoava pelos presídios e quebradas, alimentando a tempestade do apocalipse.

O fim do mundo planejado pelos chefes do Primeiro Comando da Capital se daria no exato momento em que Marcola, o líder maior da facção, fosse impedido de sair do encarceramento após cumprir o seu tempo normal de prisão.

Antigamente, era comum ouvir sobre o apocalipse vinculado ao Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), e a atmosfera se carregava.

Em 2015, um sobrinho relatou, em uma saidinha, os preparativos para o aniversário de 30 anos de prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola do PCC. Preso pela primeira vez em 1986, a chegada de 2016 marcaria sua detonação automática do apocalipse, caso não fosse libertado. Esse apocalipse significava uma revolta total nas ruas e presídios, uma espiral de violência e terror.

O adiamento do apocalipse

Contudo, 2016 veio e se foi.

Em 2019, Marcola foi transferido para um presídio federal, gerando apreensão e receio de retaliações por parte do PCC. Na época, Bolsonaro chegou a ligar para Moro, buscando impedir a transferência devido ao medo da reação da facção. Entretanto, a ordem judicial obtida pela promotoria de Justiça de São Paulo prevaleceu, e a transferência ocorreu sem reações por parte do PCC. Hoje, Bolsonaro afirma que a decisão de transferir Marcola foi sua, em uma tentativa de reivindicar o controle da situação e demonstrar seu posicionamento contra o crime organizado.

Mas, novamente o apocalipse não ocorreu. A liderança do PCC optou por não deflagrar a temida revolta, talvez calculando os riscos e ponderando as consequências.

30 anos de prisão como cálculo político

Há exceções em que condenados permanecem presos mesmo após cumprir 30 anos. O comportamento na prisão, a periculosidade e o acúmulo de penas são considerados na avaliação de liberação.

A questão política também pesa: Lula ficou preso sem provas, enquanto Bolsonaro, Trump e militares brasileiros permanecem impunes, apesar das evidências contra eles.

A coragem de soltar réus notórios

No caso de Marcola e Charles Bronson, outro preso famoso, qual magistrado teria a coragem de soltá-los, dentro ou não dos limites da lei?

Em suma, a sombra do apocalipse do PCC paira sobre a sociedade, impregnada de medo e incerteza.

Rogério Jeremias Simone, conhecido como Gegê do Mangue, deixou o presídio pela porta da frente em 2018, cumprindo as normas legais. No entanto, a repercussão negativa de sua soltura e a subsequente fuga para o exterior dificultaram ainda mais a possível libertação de Marcola. Diante desse cenário, a Justiça passou a buscar subterfúgios para mantê-lo detido.

Por enquanto, o evento catastrófico foi adiado, mas a pergunta permanece: o que ocorrerá quando Marcola e outros líderes do PCC eventualmente deixarem a prisão? O apocalipse bíblico pode ser apenas uma metáfora, mas o medo gerado pelo apocalipse do PCC é tangível e real.

Deu chabu! Mas por quê?

Contudo, atualmente, o Primeiro Comando da Capital é uma organização mais horizontal, composta por subgrupos que não são diretamente afetados pela transferência de Marcola e outros líderes para fora do estado ou pela imposição do regime disciplinar diferenciado.

A estrutura da organização criminosa persiste, tanto dentro quanto fora dos presídios. Parece natural que ocorra uma disputa interna para ocupar o lugar das lideranças isoladas nos presídios federais. Não tenho nenhuma esperança que o PCC acabou.

afirma Lincoln Gakiya à Revista Isto É

Neste novo cenário, o Apocalipse tornou-se apenas uma opção. A decisão de colocá-lo em prática ou não será tomada levando em consideração os interesses políticos, econômicos e sociais da maioria dos membros da facção.

30 Anos Preso: A Sombra de Charles Bronson do PCC

Charles Bronson e a contagem regressiva

“30 anos preso” é uma palavra-chave que ressoa no imaginário popular, conectando-se às sombras do Primeiro Comando da Capital e ao seu líder máximo, Marcola.

Neste cenário surge a figura de Charles Bronson, cuja história se entrelaça com o temido apocalipse do PCC. Charles Bronson, condenado a 99 anos de prisão, completou recentemente 28 anos de reclusão.

Seu advogado busca abatimentos de benefícios, acreditando na possibilidade de libertação. Porém, o medo do Primeiro Comando da Capital permeia o ar, e as perspectivas de libertação trazem consigo um rastro de incertezas e terror.

A libertação de líderes notórios da facção paulista PCC

A facção PCC tem como uma de suas principais marcas a capacidade de gerar medo e um sentimento de iminente apocalipse. A possibilidade de libertação de líderes notórios, como Charles Bronson, alimenta esse sentimento e incita preocupações na sociedade.

Quando se fala em “30 anos preso”, muitos associam esse marco ao líder do PCC, Marcola. Contudo, essa marca também atinge outros personagens do mundo do crime, como Charles Bronson. A libertação de tais indivíduos pode desencadear eventos catastróficos, evocando a atmosfera de um apocalipse bíblico.

Em suma, a sombra de Charles Bronson, assim como a de Marcola, paira sobre a sociedade, trazendo consigo o medo do apocalipse do PCC. A libertação desses líderes notórios pode representar um ponto de virada na luta contra o crime organizado, e o temor de um apocalipse real cresce a cada dia.

texto base: Charles Bronson Prudentino já Cumpriu 28 dos 99 Anos a que foi condenado

“Juízes sem rosto”: uma resposta às ameaças da facção PCC

As ameaças do PCC a membros do Judiciário impulsionaram a proposta de “Juízes sem rosto” no Brasil. A medida busca proteger as autoridades, mas levanta questões sobre transparência e responsabilidade.

A proposta de “Juízes sem rosto” e o impacto do Primeiro Comando da Capital na segurança do Judiciário

A proposta polêmica de “Juízes sem rosto” surge em resposta às ameaças do PCC 1533, uma das maiores organizações criminosas do Brasil.

A medida busca proteger os profissionais do Judiciário, mas levanta preocupações com transparência e responsabilidade em um país onde a Justiça nunca foi justa.

Facção PCC 1533 e a segurança das autoridades

A influência do PCC é significativa, pois coloca em pauta a segurança das autoridades. A proposta visa garantir o anonimato dos profissionais, dificultando a ação do PCC e outras organizações criminosas. Porém, questões sobre visibilidade e poder surgem.

Foucault e o poder

Analisando o artigo à luz das ideias de Michel Foucault, a proposta de “Juízes sem rosto” exemplifica o exercício do poder na sociedade moderna. O poder é um fenômeno disperso e presente nas relações sociais, exercido pelo PCC e pelo Estado.

Panopticon e vigilância

A criação de “Juízes sem rosto” pode ser interpretada como uma extensão do Panopticon, garantindo anonimato e vigilância invisível. A proposta levanta questões sobre a relação entre visibilidade e poder, um tema central na obra de Foucault.

Preocupações com transparência e responsabilidade

A proposta de “Juízes sem rosto” traz preocupações sobre transparência e responsabilidade no exercício do poder judiciário. É crucial questionar se a implementação dessa medida pode aumentar o poder estatal sobre os cidadãos e erodir garantias democráticas e direitos individuais.

Conselho Superior do Ministério Público

O procurador de Justiça Antônio Carlos da Ponte, membro do Conselho Superior do MP-SP, defendeu a adoção da estratégia “Juízes sem rosto” no Brasil.

Essa abordagem foi utilizada contra cartéis colombianos e proposta devido às ameaças constantes sofridas pelo promotor Lincoln Gakiya, principalmente após a descoberta de um novo plano de assassinato pelo PCC.

O Conselho Superior aprovou, por unanimidade, uma moção de solidariedade a Gakyia.

texto base: Ameaças do PCC: conselheiro do MP propõe juízes e pomotores sem rosto

Primeiro Comando da Capital eleito pelos não eleitos

O Primeiro Comando da Capital foi eleito pelos não eleitos como força capaz de lutar contra as injustiças do sistema de Justiça.

Primeiro Comando da Capital e o mundo ideal e pacífico

O Primeiro Comando da Capital foi eleito pela parcela dos não “eleitos” para tensionar a ordem considerada por alguns como sendo a ideal e pacífica.

A organização criminosa PCC 1533 conquistou os corações não apenas do mundo do crime, mas de toda uma parte da sociedade alijada de seus direitos.

Enquanto uma parcela da sociedade defende que os “Direitos humanos para os humanos” — de forma a garantir seus direitos enquanto negá-os à outros.

Quando os “direitos humanos” deveriam ser inalienáveis para todos — não apenas para os “eleitos”, se bem que nunca foi em lugar algum.

Gerciel afirma que o mundo não é ideal e e nem pacífico

Gerciel Gerson de Lima, cujo artigo posto abaixo desse texto, lembra que a pena é um instrumento de vingança e castigo — nós só douramos a pílula.

Alguns tem seus corpos apropriados e dominados e pagam pelos seus erros quando condenados, enquanto outros não, estão acima do encarceramento.

Todos vimos poderosos cometendo crimes e sabemos que ficarão impunes, enquanto nas comunidades periféricas pessoas são aprisionados por quase nada.

Os pesquisadores Álvaro e Renato em seu artigo apontam que a criação do Primeiro Comando da Capital só foi possível graças a essa trágica realidade.

Alvaro de Souza Vieira Renato Pires Moreira
Análise de inteligência: das ações ideológicas disciplinares e correcionais promovidas pelo Primeiro Comando da Capital.

Sonhar é preciso, mesmo para os não eleitos

Essa camada alijada por uma parcela de seus direitos e até de seus corpos passaram a sonhar com paz, justiça, liberdade, igualdade e união.

Assim, a facção paulista foi reconhecida como defensora do sonho desses todos que não foram “eleitos” como estando acima do encarceramento.

Alguns julgam serem eles relevantes para a sociedade e justos, enquanto “outros” seriam aqueles que tensionam a ordem social considerada ideal e pacífica.

A organização criminosa PCC 1533 foi eleita por essa parcela dos não eleitos para sim, tensionar a ordem considerada por alguns como ideal e pacífica.

Cartilha de Conscientização da Família da organização criminosa PCC 15.3.3

Os mais abastados raramente são de fato punidos pela lei

Tem sido usual no seio social, a opinião no sentido de concepção da pena como instrumento de vingança e castigo, assim poucos se lembram de que a finalidade da pena é retributiva, preventiva e ressocializante, conforme consta da própria Lei de Execuções Penais, sendo defendida pela maioria dos doutrinadores, é a teoria da finalidade utilitária da pena, daí a necessidade de vinculá-la à coação, na condição de resposta a algo ou a determinado fato.1

Porém, o que não se pode desconsiderar é que a pena, pelo menos no que diz respeito ao direito penal, é um exercício de poder do homem sobre o próprio homem.

Já fizemos breve exposição sobre a pena, baseada em Michel Foucault, no que diz respeito à questão do suplício, que nada mais é do que uma pena na qual a coletividade se “apropria” do corpo do condenado como forma de dominação e repressão a ações contrárias ao status quo estabelecido àquela época.

É incoerente afirmar que a pena será maior ou menor, mais ou menos intensa, de acordo com o contexto histórico em que é definida e aplicada.

A prisão como forma de protejer as elites

Vera Malaguti Batista2  instrui a questão explicando que “na primeira metade do século XIX, a possibilidade de rebeldia começa a assombrar as elites.

Os números de delitos contra a propriedade aumenta desde o final do s éculo XVIII”, haja vista que “as necessidades da burguesia modelaram amplamente as funções de defesa social do direito penal, e mantiveram as antigas diferenciações de classe da legislação penal.

E completa a autora explicando que a prisão se converte na pena mais importante de todas no mundo ocidental.

Essas penas tomaram diversas formas e gradações de acordo com a gravidade do delito e com a posição social do condenado.

Fica de fácil apreensão, neste contexto, que a pena não atinge a todos de forma igualitária, já que, como exposto anteriormente no caso das prisões, os mais abastados raramente sofrem as conseqüências na prática de determinado ilícito e, assim, a pena não cumpre qualquer papel no que diz respeito à restauração da justiça.

Camila Cardoso de Mello Prando3 complementa o assunto lecionando ser praxe entre os historiadores, que o “controle punitivo se desenvolve em consonância às mudanças estruturais relativas ao novo sistema econômico e político capitalista”, completando a discussão ao expor que “o foco principal recai sobre o surgimento das prisões enquanto punição central desta nova forma de controle.”

Até aqui é possível conceber uma ideia básica a respeito da pena, mas também é necessário entender que, aliada à norma, ela tem a finalidade de tutelar os bens jurídicos garantidos pelo Estado.

Juridiquês para justificar o injustificável

Em outras palavras, seu caráter repressor busca impor aos agentes que compõem o tecido social o alerta de que o desvio de conduta nas normas pré-estabelecidas será punido e, dessa forma, tenta evitar o aviltamento dos referidos bens, mas aqui novamente se torna necessário expor a fragilidade de tal conceito, uma vez que a pena não tem caráter erga omnes, pelo menos no que diz respeito à posição social do criminoso.

Todavia, há que se destacar como fator principal deste tópico o caráter de retribuição e ressocialização da pena. Para isso basta uma simples consulta ao Código Penal brasileiro, especificamente em seu artigo 59, para compreender que:

O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:

I – as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II – a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III – o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV – a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

Fonte e Biografia

Este texto é um trecho da Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP, do Dr. Gerciel Gerson de Lima, sob orientação da Professora Doutora Ana Lúcia Sabadell da Silva do Núcleo de Estudos de Direitos Fundamentais e da Cidadania em 2009 – SISTEMA PRISIONAL PAULISTA E ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS: A PROBLEMÁTICA DO PCC – PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL.

  1. Cf. JAKOBS, Günther; MELIÁ, Manuel Cancio. Direito penal do inimigo: Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p.22.
  2. BATISTA, Vera Malaguti. Difíceis ganhos fáceis. Rio de Janeiro: Renavan, 2003. p.46.
  3. PRANDO, Camila Cardoso de Mello. A contribuição do discurso criminológico latino-americano para compreensão do controle punitivo moderno: controle penal na América Latina. In: Veredas do Direito.  Belo Horizonte: Escola Superior Dom Helder Câmara, jan.-jun. de 2004. p.79.

Ari de Morais Carvalho descobre a roda

A sociedade ignora a história e tende a buscar soluções que já não deram certo no passado.

Os direitos fundamentais dos encarcerados

Ari de Morais Carvalho, em seu artigo publicado no site Conteúdo Jurídico intitulado “A necessária intervenção estatal para coibir o crime organizado nos presídios brasileiros”, nos apresenta com pompa e circunstância a roda.

Citando Sérgio Luiz Souza Ribeiro Filho, crava que as instituições públicas deveriam assumir o controle da imposição de regras dentro dos presídios, algo que hoje está nas mãos das facções criminosas, em especial o Primeiro Comando da Capital.

Chama Leandro Menini de Oliveira para explicar que as organizações criminosas ganharam força nos presídios “ao longo dos anos, irá se intensificar ainda mais se não houver um posicionamento mais eficiente da estrutura de controle do Estado”.

Ari cita meio envergonhadamente, mas com uma pontinha de admiração, a doutrina do alemão Gunther Jakobs conhecida como Direito Penal do Inimigo, que prega em suma, a exclusão dos direitos fundamentais dos encarcerados.

Apesar de eu, particularmente gostar da ideia da família Bolsonaro cumprindo pena por seus crimes nesse sistema penal, eu luto para que ninguém, inclusive ela, seja privada de seus direitos básicos.

O PCC e a realidade do sistema carcerário brasileiro

Ari, no entanto, parece desconhecer a realidade carcerária, a história da facção PCC e da organização dos encarcerados no Brasil.

Para se ter uma ideia da cegueira seletiva de Ari, ele conta como foi o surgimento da organização criminosa Primeiro Comando da Capital e sequer cita o Carandiru ou as condições desumanas que lhe deram vida.

A facção paulista que dominou os presídios se contrapôs à política enrustida baseada na decrépita teoria Direito Penal do Inimigo, aplicada durante o Regime Militar e no governo de Fleury Filho em São Paulo, e que Ari parece ter uma ponta de admiração.

Durante a política populista de Fleury, cabeças rolavam no interior dos cárceres como protesto contra celas onde presos dormiam sentados, encostados uns nos outros sem banho, sequer de sol, só comiam os mais fortes e os estupros de encarcerados e familiares eram constantes.

Ari e tantos outros que hoje se mostram preocupados com o “controle do Estado” dentro dos presídios, fazem questão de esquecer que foi justamente a falta de “controle do Estado” que causou todo o problema.

O pesquisador colocou a criação do Primeiro Comando da Capital em Taubaté para encobrir que a Polícia Militar do Estado de São Paulo foi a responsável pelo massacre de ao menos 111 presos em uma operação de aplicação prática da teoria do alemão Gunther Jakobs.

O pensamento raso chegou para ficar

O artigo cita a opressão carcerária apenas uma vez, para dizer que o PCC deixou de aplicar aquilo que prometia em sua criação, e a única vez que cita o problema da superlotação, termina com essa pérola:

“O contexto fático-social contemporâneo apresentado pelos presídios nacionais acaba por exigir do Estado uma maior eficiência em face do combate ao crime organizado no País, tendo em vista que as medidas adotadas até o presente momento parecem não ter surtido efeitos positivos”.

Direitos humanos, direitos fundamentais, higiene, condições carcerárias são questões totalmente ignoradas ou relativizadas no texto, em compensação o “controle do Estado” é citado onze vezes e “intervenção” aparece dezenove vezes.

Ari de Moraes Carvalho descobriu a roda, ou melhor, o celular

Foram 51 citações das comunicações telefônicas

Creio que seu texto foi uma ode aos governos do PSDB, do qual deve ser um grande admirador, visto que foram justamente os governadores tucanos paulistas que conseguiram eliminar quase por completo a presença dos celulares nos presídios através de um rígido controle e escaneamento das visitas — pleito que ele agarra com as duas mãos gritando a plenos pulmões que essa é a solução.

Há alguns anos, fui chamado a Delegacia de Polícia para dar explicações sobre esse site. Em determinado momento fui inquirido sobre qual seria a solução problema carcerário, ao que eu respondi que “essa é uma questão complexa, que exige uma solução complexa e interdisciplinar, se fosse algo muito simples, era só perguntar para o presidente Bolsonaro”

Bom, agora já tenho uma alternativa, se não quiser perguntar para o presidente, basta ler o artigo de Ari: “A necessária intervenção estatal para coibir o crime organizado nos presídios brasileiros”.

MP-SP comenta o caso das “Mães de Maio”

A chacina daquele ano ficou conhecida como Crimes de Maio – para efeito de comparação, em toda a última ditadura civil-militar, que durou 21 anos, 434 pessoas foram mortas pelo Estado.

Os Crimes de Maio — licença para matar

O Boletim Criminal Comentado de Junho 2020 cita o caso da chacina promovida por policiais como resposta aos ataques do PCC em maio de 2006 quando analisou a federação do Caso Marielle Franco;:

Há exatos dez anos, entre os dias 12 e 20 de maio de 2006, pelo menos 564 pessoas foram mortas no estado de São Paulo, segundo levantamento da Universidade de Harvard, a maioria em situações que indicam a participação de policiais.

A maior parte dos casos, apontam pesquisadores, fazia parte de uma ação de vingança dos agentes de segurança do Estado contra os chamados ataques da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), que se concentraram nos dois primeiros dias do período.

A chacina daquele ano ficou conhecida como Crimes de Maio, a maior do século 21 e talvez a maior da história do país – para efeito de comparação, em toda a última ditadura civil-militar, que durou 21 anos, 434 pessoas foram mortas pelo Estado.

Uma década depois do massacre de 2006, apenas um agente público foi responsabilizado pelas mortes. Condenado, ele responde a recurso em liberdade e continua atuando como policial militar.

O gritante número de assassinatos e o desinteresse da Justiça em punir os responsáveis deu origem ao movimento Mães de Maio, formado principalmente por familiares das vítimas do massacre.

Leia também: Pena de morte no Brasil, sim ou não?

Sobre ao Massacre de Maio de 2006

Uma das milhares de história dos sobreviventes do Massacre de Maio de 2006

“Os jovens que entraram na cela comigo não sabiam como agir, já que era a primeira rebelião de muitos. Pedi para eles deitarem e abaixarem a cabeça. Fui o último a entrar na cela, quando um PM chegou na porta e me chamou. Nesse instante, um menino ao meu lado, nervoso, não havia tirado sua blusa e estava tremendo muito. Eu falei para ele tirar a blusa. O policial falou: ‘ô, ladrão’. Quando virei para ver o que era, ele disparou”.

Leandro Dias conta para Paulo Eduardo Dias repórter da Ponte Jornalismo
Polícia Militar de São Paulo bate um novo recorde em assassinatos

Pesquisa sobre o Primeiro Comando da Capital

Pesquisadores mineiros buscarão entender as razões do sucesso da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC 1533).

A facção PCC 1533, Lavoisier e o pêndulo de Newton

Para entender o porquê de o Código Penal do PCC, a lei real do narcotráfico brasileiro, atrair tanto os garotos da classe média quanto os mais perigosos criminosos sul-americanos, William Henrique Silva e Caio Augusto Souza Lara se propuseram a pesquisar o tema.

É um orgulho para a Família 1533 ver sua ideologia se espalhar: a lei do certo pelo certo, na qual o errado é cobrado. No entanto, nem todos nos lembramos como tudo começou, mas foi mais ou menos assim, como eu, com a ajuda de Lavoisier, vou contar para você…

Como previsto por Lavoisier:

“Nada se cria, tudo se transforma”, seja na natureza ou na sociedade, e a facção PCC nada mais é do que um fenômeno social resultante de uma cadeia de eventos que transformou a energia de um impulso inicial — como em um pêndulo de Newton.

Tudo começou durante o Regime Militar…

Imagine uma mão soltando a primeira bolinha do pêndulo de Newton…

José Carlos Gregório, o Gordo, um dos fundadores da Falange Vermelha, nos conta:

Aos presos comuns de alta periculosidade da Ilha Grande foram acrescentados prisioneiros políticos, detidos pelo Regime Militar com a Lei de Segurança Nacional. Esses novos hóspedes, diferente de nós, sabiam o que era uma família, eram mais estruturados, mais educados, e viviam os dois lados: o criminoso e o da sociedade. Esses caras assistiam a tudo aquilo que acontecia dentro do presídio e chegaram para nós e disseram que os crimes que eram praticados pelos funcionários e também pelos próprios presos contra outros presos tinham que acabar.

Até então, dentro do presídio imperava a “lei do mais forte”, a do “todos contra todos” e a do “cada um por si”, mas o Estado soltou a primeira bolinha do pêndulo de Newton ao colocar os presos políticos juntos com os presos comuns do Rio de Janeiro.

Nasce a Falange Vermelha

A energia mecânica do impulso inicial se espalhou até que todos passaram a agir em harmonia, nascendo o primeiro grupo de encarcerados com consciência social dentro do sistema prisional brasileiro com um inimigo comum: os agentes repressores do Estado.

Desde então, dentro do presídio passou a imperar o “sozinhos somos fortes, unidos somos invencíveis”, “todos contra um”, e o “até a última gota de sangue” para defender os irmãos contra a opressão do Estado e dos outros presos.

Repare que, até aqui, o grupo que acabou vindo a se denominar Falange Vermelha buscava somente evitar os abusos do sistema prisional e seus agentes e dos presos mais fortes sobre os mais fracos, além de mediar, em paz, interesses e desavenças.

O correto seria defini-los como um grupo de prisioneiros, e não de criminosos, cujo pacto valia apenas dentro da muralha do Presídio da Ilha Grande. Ao sair, o egresso voltava a agir sozinho ou dentro de sua quadrilha por suas próprias regras e interesses.

A Falange Vermelha teve vida curta, mas deixou filhos, e, para manter o movimento, o Estado deu um novo impulso ao pêndulo: a violência policial nas ruas.

Nasce o Comando Vermelho (CV)

Os egressos do sistema prisional viram que a violência dos agentes do Estado acontecia também fora das muralhas, nas comunidades carentes a que eles pertenciam, e não se restringiam apenas aos criminosos: a covardia incluía trabalhadores, mulheres e crianças.

Agora eles sabem como agir.

Esses que saíram dos presídios passam a aplicar fora das muralhas o que aprenderam lá dentro: a força do “sozinhos somos fortes, unidos somos invencíveis”, “todos contra um”, e o “até a última gota de sangue” para defender os irmãos contra a opressão do Estado.

Nas comunidades cariocas, carentes de serviços públicos, os egressos se travestem de uma justificativa social e passam a ver e serem vistos como defensores dos mais fracos contra os mais fortes e contra a violência policial — síndrome de Robin Hood.

Assim nasce o Comando Vermelho sob o lema: “Liberdade. Paz. Justiça.”.

Diferente das normas de convivência da Falange, cujos conflitos eram negociados caso a caso, o Comando Vermelho cria um conjunto de regras fixas e válidas dentro e fora das trancas e que todos devem respeitar, independentemente da posição dentro da criminalidade.

O grupo criminoso estava restrito ao Rio de Janeiro, e, para manter o movimento, o Estado deu um novo impulso ao pêndulo: os perigosos presos paulistas.

Nasce o Primeiro Comando da Capital

Como besteira pouca é bobagem e os governos militares não fazem pouca bobagem, o governo de São Paulo, insuflado pelos generais de plantão, transfere para o Rio de Janeiro seus criminosos mais perigosos: assaltantes de bancos e sequestradores.

Os criminosos paulistas, após conhecerem o funcionamento do Comando Vermelho, voltam para São Paulo e organizam, no Presídio do Carandiru, o embrião do Primeiro Comando da Capital, sob o lema: Paz, Justiça, Liberdade, Igualdade, e União (PJLIU).

O embrião do PCC estava restrito ao Carandiru, e, para manter o movimento, o Estado deu um novo impulso ao pêndulo: o massacre dos 111.

A facção PCC após o massacre do Carandiru

Essa história ainda vai longe. Passo a passo, o Estado com a sempre atuante PMSP forneceu as condições favoráveis para a estruturação da mais eficiente organização criminosa da América do Sul.

Após o massacre, o Primeiro Comando da Capital se organizou e se fortaleceu na Unidade de Custódia de Taubaté, produzindo três documentos que definiriam o futuro das organizações criminais: Estatuto, Dicionário e a Cartilha de Conscientização da Família.

É um orgulho para a Família 1533 ver sua ideologia se espalhar: a lei do certo pelo certo, na qual o errado é cobrado. No entanto, nem todos nos lembramos como tudo começou, mas foi mais ou menos assim como eu contei para você.

Os pesquisadores mineiros, no entanto, querem saber

É nesse ponto que entram Willian Henrique, Caio Augusto e você, que talvez possa ajudá-los na busca por essas respostas:

Eles querem saber qual foi a estratégia adotada pela facção paulista para se tornar um modelo internacional de organização criminosa, e qual foi a sua influência nas outras facções brasileiras;

Eles querem saber qual é a razão de o Tribunal do Crime do PCC ser imitado tanto pelos moleques nas brincadeiras nos bairros periféricos quanto por seus inimigos: desde a Família do Norte, no Oiapoque, até aos Bala na Cara, no Chuí;

Eles querem saber qual é a importância do característico respeito à hierarquia e à disciplina dentro da organização criminosa na construção da facção PCC 1533 no imaginário popular; e

Eles querem saber qual é o impacto criado, na imagem da facção, da violenta aplicação de seu sistema de justiça, que utiliza meios bárbaros como:

  • desmembramento de um condenado enquanto o justiçado ainda está vivo;
  • o uso da cabeça arrancada de um inimigo morto para jogar futebol; e
  • filmagem da tortura, confissão ou troca de camisa, e morte.

Mas a pergunta que parece não se calar é: por que um grupo criminoso de grandes proporções chama tanto nossa atenção.

A pesquisa científica e os militares — hoje e ontem

A única resposta que William Henrique e Caio Augusto não precisarão buscar é sobre o responsável pelo sucesso da facção. Essa é conhecida: a mão que impulsionou a primeira bola do pêndulo de Newton e que nunca se omitiu de realimentá-lo com novos impulsos.

Lavoisier nos explicou a transformação de energia em movimento, e você pode ver essa teoria colocada em prática: o Primeiro Comando da Capital é uma daquelas bolinhas do centro do pêndulo, que foi impulsionado e também impulsiona.

Lavoisier pode nos falar sobre o futuro da proposta de pesquisa científica de William Henrique e Caio Augusto: Código Penal do PCC: a lei real do narcotráfico brasileiro, sobre como a facção foi formada e como se fortaleceu dentro do sistema carcerário.

Os pesquisadores mineiros parecem querer questionar a eficácia do “sistema penal e carcerário”, ignorando que as mãos que impulsionaram todos os movimentos aqui mencionados nunca se ocultaram sob o anonimato, tendo nome e patente conhecidas:

Os generais Newton Cruz e Golbery do Couto e Silva foram os idealizadores da transferência dos presos políticos para junto dos criminosos comuns, e depois dos presos mais perigosos de São Paulo para o Rio de Janeiro.

O presidente Jair Bolsonaro afirma que eles estavam no caminho certo e pretende seguir adiante, aperfeiçoando ainda mais esse sistema, que esses pesquisadores parecem querer questionar com sua pesquisa científica.

A última lição de Lavoisier:

Jean-Baptiste Coffinhal e seu séquito de mentecaptos cidadãos parisienses gritaram para Antoine Laurent Lavoisier enquanto este subia à guilhotina para ter sua cabeça cortada:

“A França não precisa de cientistas!”

Jair Messias Bolsonaro e seu séquito de mentecaptos “cidadãos de bens” gritarão para William Henrique e Caio Augusto:

O Brasil não precisa de pesquisadores, precisa de polícia nas ruas com licença para matar!

Pedro Rodrigues da Silva, o Pedrinho Matador, conhece o sistema prisional de São Paulo como poucos. Ele ficou sem ver a rua de 1973 até 2007 e de 2011 até 2018 — viveu mais de 40 atrás das grades e por lá, ele conta que viu mais de 200 presos serem mortos enquanto esteve por lá, sendo que mais de 100 foram ele mesmo que matou.

Viveu no cárcere no tempo do Regime Militar, da redemocratização e dos governos com leve viés progressista, mas mudança mesmo, houve quando a facção paulista despontou como hegemônica, acabando com as diversas gangs e grupos dentro das cadeias e presídios.

Sobre o Primeiro Comando da Capital ele afirmou durante uma entrevista:

“Fui [convidado a entrar no PCC], mas não entrei. Ali é o seguinte: depois que surgiu o partido, você vê que a cadeia mudou. Não morre ninguém porque o partido não deixa. É paz. Paz para a Justiça ver. Se começa uma briga, eles seguram. Eles também ajudam quem sai, arrumam trabalho.”

transcrito por Willian Helal Filho para O Globo
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