Paz, Justiça, e Liberdade – registro de nascimento

O texto apresenta a origem do lema “Paz, Justiça e Liberdade” utilizado pela organização Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), através da figura fictícia do Tecelão de Destinos. Este personagem simboliza a engenhosidade por trás dos eventos, manipulando pessoas e circunstâncias para forjar o lema. Embora todos os fatos sejam reais, o Tecelão de Destinos é uma criação literária. O artigo também oferece uma seção focada somente nos dados e encoraja os leitores a se inscreverem no grupo do site no WhatsApp.

Tecelão de Destinos é o artífice por trás da trama que levou à origem do uso do lema “Paz, Justiça e Liberdade” (PJL) pela organização Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533). No intricado tecido do destino, ele manipulou eventos e personagens, entrelaçando-os de maneira a forjar esse lema poderoso. Essas palavras tornaram-se um símbolo da facção, ecoando através de suas ações e ideais, e foram meticulosamente orquestradas pelo Tecelão de Destinos para servir a um propósito maior na história do crime organizado.

Todos os fatos narrados neste texto são reais e meticulosamente pesquisados, com exceção da figura do narrador, o Tecelão de Destinos, que é uma construção literária. Se o leitor preferir focar apenas nos detalhes factuais, pode ir diretamente para o último trecho do artigo, intitulado “Dados e fontes para este artigo”, onde apenas os eventos históricos e as informações concretas são apresentados. A narração estilizada serve para adicionar profundidade e contexto à compreensão dos eventos, mas não afeta a veracidade do conteúdo.

Convidamos você a mergulhar neste texto e explorar a complexa tapeçaria de eventos que conduziram à criação do lema “Paz, Justiça e Liberdade” pela facção criminosa PCC 1533. Seu entendimento desses acontecimentos será enriquecido através da lente literária do Tecelão de Destinos. Caso aprecie a leitura e queira continuar recebendo análises e narrativas semelhantes, considere inscrever-se no grupo de leitores do nosso site no WhatsApp, onde mantemos uma comunidade engajada e informada.

O Tecelão de Destinos: 1978, a bola rola nas ruas de Osasco

Eu sou aquele que não tem nome, nem forma, um enigma eterno, uma entidade sobrenatural que observa o destino de todos. Sou a bruma que se move entre as árvores, o sussurro no vento, a sombra nas paredes, um misterioso personagem, sou o Tecelão de Destinos. Estou em todos os lugares, mas nunca sou visto, um fantasma que transita entre o real e o imaginário. Estou sempre observando, sempre esperando, sempre atento, uma presença constante que influencia os acontecimentos.

Vou contar-lhes uma história que comecei a escrever em 25 de agosto de 1978, na qual entrelacei vidas e histórias, inclusive a sua, que agora lê estas palavras.

Naquele tempo, Marcos Willian Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, não passava de um moleque jogando futebol nas ruas de Osasco. Quem diria que ele viria a ser o líder da organização criminosa Primeiro Comando da Capital, que adotaria como lema uma frase que eu jogaria no ar naquele 25 de agosto? O final da década de setenta era uma época de turbulência e mudança, onde as sementes do futuro estavam sendo plantadas, e eu estava lá, invisível, movia as primeiras peças.

Tinha eu certeza do sucesso dos meus planos? Estaria eu tão confiante que avançaria com o peão do rei duas casas, como em um jogo de xadrez, abrindo o jogo de forma arrojada? Seria possível prever o que seria decidido tão à frente, em uma estratégia tão arriscada, em um jogo repleto de paciência e tática, onde cada movimento tem um propósito e cada decisão leva a uma consequência? Sou o jogador invisível, o mestre do tabuleiro, guiando as peças com uma mão imperceptível, conduzindo os eventos em direção a um fim desconhecido.

Esta é a minha história, uma narrativa que transcende o tempo e o espaço, um conto de poder e manipulação, de destino e livre-arbítrio. Eu sou o arquiteto do desconhecido, o tecelão dos destinos, o misterioso narrador que guia os personagens através de um labirinto de possibilidades. Eu sou a história, e a história é eu.

O Tecelão de Destinos: 1978, o Voo do Enxadrista

Naquele dia inesquecível de 25 de agosto de 1978, instiguei o enxadrista americano Rudi Siegfried Kuno Kreitlow, de 63 anos, a embarcar no voo transatlântico de Nova York a Genebra. Ao navegar por sua mente complexa e enigmática, percebi as sombras de uma vida solitária e desempregada, marcada por sonhos não realizados. O voo 830, um Boeing 707 da TWA no qual embarcamos, tornou-se palco de uma ameaça sinistra.

Essa ameaça foi parte de uma trama intricada que se desdobraria sob a habilidade de meus dedos ao longo de décadas, quando unirei em um só nó, no arremate final, o destino das ações de Rudi ao destino daquele menino, chamado de Marcola, que joga despreocupado futebol na periferia de Osasco.

Com um sussurro inaudível, conduzi-o a uma ação que ele próprio não compreendia plenamente, tornando-o uma peça essencial em um jogo sinistro e imprevisível. Uma partida cujos movimentos e desfecho só eu conhecia, enquanto as trevas de seu ser se tornavam o tabuleiro no qual teceria uma trama que se estenderia por terras e tempos distantes. A figura de Rudi, esse enxadrista solitário, passaria a ecoar no mundo, um eco que eu, a sombra nas paredes, cuidadosamente havia orquestrado.

Movido pela insatisfação, pela desesperança e pela marginalização, eu observei Rudi, o enxadrista desempregado, como um instrumento perfeito para meu grande jogo. Vi nas profundezas de sua alma complexa e enigmática uma ameaça sinistra, um impulso que eu poderia utilizar. Assim, fiz com que ele carregasse consigo uma carta contendo palavras poderosas que eu ansiava perpetuar: “Paz, Justiça e Liberdade”.

Essas palavras, tão poderosas, eram a expressão de uma revolta que habitava em Rudi, o enxadrista desesperançoso. Elas tinham o poder de reverberar no tempo e no espaço, fazendo sentido no futuro, sendo repetidas com fervor e orgulho por centenas de milhares de jovens por toda a América Latina, e talvez até pelo mundo. A ressonância dessas palavras criaria ondas de mudança, numa trama complexa que só eu, aquele sem nome e forma, poderia orquestrar.

O Tecelão de Destinos: a Aliança pela Paz, Justiça e Liberdade em Todo Lugar

Eu, a bruma invisível que flutua entre a realidade e o desconhecido, instiguei em Rudi, o enxadrista terrorista, a necessidade de passar a carta à aeromoça, à medida que o avião cruzava os céus em direção à costa da Irlanda. Estava ao seu lado, invisível mas onipresente, guiando sua mão trêmula enquanto ele se disfarçava com capa, peruca e bigode para entregar o envelope sinistro. Era eu quem, na verdade, orquestrava o jogo que ele acreditava estar jogando, sussurrando a estratégia em sua alma atormentada.

As cartas, entregues à comissária, com suas dezenove páginas repletas de declarações e exigências audaciosas, tornaram-se peças essenciais em um jogo grandioso, cujas regras só eu conhecia.

As declarações e exigências proferidas pelo grupo que se autodenominava União dos Soldados Revolucionários do Conselho da Aliança de Alívio Recíproco pela Paz, Justiça e Liberdade em Todo Lugar (United Revolutionary Soldiers of the Council of Reciprocal Relief Alliance for Peace, Justice, and Freedom Everywhere) eram, na verdade, sementes que eu, o tecelão de destinos, havia cuidadosamente plantado na alma conturbada de Rudi. Naquele envelope, composto por 19 páginas de fervor e desespero, repousavam ideias esparsas e loucas que hoje se identificam tanto com os ideais do Trumpismo quanto do Bolsonarismo mais tresloucado:

  • Liberdade imediata para o nazista alemão Rudolf Hess, da prisão de Spandau, em Berlim;
  • Liberdade imediata para o americano Sirhan Bishara Sirhan, condenado pelo assassinato de Robert F. Kennedy; e
  • Liberdade imediata para cinco prisioneiros croatas, presos nos Estados Unidos, que haviam matado um policial em Nova York e sequestrado um avião dois anos antes.

Xadrez e Destino: Jogos Complexos de Movimentos Delicados

O avião foi rapidamente cercado após o pouso em Genebra, e assim o voo 830 da TWA inscreveu-se na história. Rudi, cuja verdadeira identidade se perdeu na confusão daquele momento após retirar os óculos, o bigode falso, a peruca preta e a capa cor laranja brilhante, tornou-se apenas mais uma das 85 pessoas a bordo da aeronave. Essa ação era somente o começo, um movimento sutil em um jogo complexo, onde cada decisão ressoava, e apenas eu, o tecelão do destino, tinha a compreensão total da tapeçaria.

Com habilidade e perspicácia, consegui que Rudi, este motorista desempregado cuja mente havia sido influenciada pela minha presença invisível, fosse identificado e aprisionado nos Estados Unidos, em um Clube de Xadrez, apenas meses depois do evento. As sementes que ele havia lançado ao vento já começavam a germinar pelo mundo.

Como já não tinha mais utilidade em minha trama intrincada, permiti que fosse condenado a vinte anos de reclusão. Rudi transformara-se em um peão descartável em um jogo vasto e misterioso, e o momento de sua dispensa havia chegado. Esses desfecho era importante para manter o tom e o estilo, alinhando o futuro com o passado sem deixar arestas, com a atmosfera de realidade que eu havia estabelecido.

Aquele dia encerrou a participação de Rudi na série de eventos meticulosamente orquestrados por mim. A mente humana, tão vulnerável às influências ocultas, às sombras e aos murmúrios, torna-se o palco de um drama cujas ondas ressoam através do tempo, muito além da existência de cada um daqueles que manipulo. Eu, o tecelão de destinos, permaneço no controle, sempre vigilante, sempre aguardando, manipulando as peças no meu eterno jogo de xadrez. Só eu podia antever, por muito tempo, para onde esse movimento levaria anos depois; mas, muitas peças, em muitos lugares, ainda precisavam ser deslocadas.

A Semente da Revolta: o Grito de ‘Paz, Justiça e Liberdade’ Ressoa no Brasil

Eu então ecoei o grito de Rudi “Paz, Justiça e Liberdade” pelo mundo, um clamor que encontrou ressonância nos corações de jovens idealistas. No entanto, sabia que a mera propagação da mensagem não era suficiente; ela precisava transformar-se em ação concreta, a fervura do idealismo precisava se tornar ação nas ruas.

Minha experiência milenar dirigiu-me aos que compreendiam a natureza do ódio, da intriga e da maldade: os militares. Os militares brasileiros, sempre prontos a atender aos sussurros sinistros das minhas sugestões, responderam conforme o esperado. A natureza torpe e corruptível do treinamento militar frequentemente leva ao desenvolvimento de uma mentalidade focada em controle, poder e manipulação, fomentando exatamente o que eu precisava.

O próprio líder dessa organização golpista brasileira, Bolsonaro, desnudou a natureza do treinamento militar, lembrando que os militares são treinados para matar. Essa percepção me conduziu a considerar que poderiam ser um instrumento eficaz em minha trama. E nada me custou fazer com que eles unissem presos políticos a criminosos comuns na mesma prisão, na Ilha Grande em Angra dos Reis.

Era o ano de 1979, e essa fusão estratégica de inteligência e violência, casando idealismo com ação, tinha minha influência silenciosa. Fui o instigador que insuflou a crueldade nos corações daqueles que se alimentavam do ódio, fruto da ação dos militares ao juntar os presos políticos aos presos comuns. O momento não podia ter sido mais apropriado; a memória do voo 830, um Boeing 707 da TWA de Rudi, ainda estava viva, e o ideal de “Paz, Justiça e Liberdade” aquecia os corações de jovens revolucionários.

Mas a conjuntura era também distante o suficiente para ter sido maturada no coração e na mente daquela geração rebelde. Dessa interação, entre presos políticos e criminosos comuns do Rio de Janeiro, emergiu a “Falange Vermelha”. Embora efêmera em sua existência, sua influência foi profunda, culminando na formação do “Comando Vermelho” no Rio de Janeiro, uma organização que, embora sem saber de onde, carregou consigo o ideal que eu havia semeado: “Paz, Justiça e Liberdade”.

O Massacre do Carandiru: 5151 Dias Depois, Não Acredite que foi Coincidência

Meu jogo ainda não havia chegado ao fim. Era o dia 2 de outubro de 1992, em São Paulo, quando com um mero toque, infundi nos corações dos policiais militares uma sede de violência que nem mesmo eu, em minha existência etérea, havia despertado em eras recentes. Felizmente, encontrei esses corações predispostos à minha colheita de sangue.

O brilho nos olhos dos policiais militares prestes a entrar no Complexo Presidiário do Carandiru revelava em suas pupilas dilatadas, embebidas de medo: excitação e ódio. A fragrância da adrenalina, do suor, e dos feromônios liberados pelo temor humano era quase palpável naquela atmosfera carregada. Para mim, era uma essência tão pungente e intoxicante que, por breves momentos, me fez perder a noção do jogo iniciado há exatos 5151 dias, não foi coincidência.

Em minha astúcia milenar e conhecimento profundo das complexidades humanas, escolhi esse momento mágico, marcado pelo duplo 51, para reforçar essa fase de transformação, mudança e crescimento na trama que tecia com tanto esmero. A numerologia, uma ciência que domino há milênios, pode ser ignorada por muitos humanos, mas é um instrumento que jamais desprezo em meus desígnios.

O Massacre do Carandiru: Palavras Lavadas em Sangue Ganham Poder

Esse número duplo, 5151, enfatiza a união da liberdade com a aventura, e da liderança com a ambição, formando um apelo pungente ao despertar de novas possibilidades e à quebra de velhos moldes. As palavras “Paz, Justiça e Liberdade”, agora tingidas em sangue, adquirem maior intensidade no íntimo daqueles que eu convocaria à liderar minha trama.

Para encabeçar os sobreviventes, que se levantaram dentre os 111 corpos espalhados pelos corredores do Carandiru, com sonhos de vingança e um instinto de preservação raramente observado entre os homens, essas palavras, que a 5151 dias acalento, serviriam como um mantra. Guiariam os destinos tanto de vítimas quanto de algozes pelas próximas décadas, obra prima de minha tecelagem.

Sempre atento às ressonâncias ocultas e significados profundos, vi no número 51 uma expressão perfeita de minha intenção, um símbolo para orientar os destinos entrelaçados em minha tapeçaria eterna e misteriosa. Essa chave, habilmente selecionada, serviria para desencadear ondas de mudança que reverberariam através do tempo e do espaço, mantendo acesas as chamas da “Paz, Justiça e Liberdade” em corações e mentes por todo o mundo.

Massacre do Carandiru: os corações sombrios e as almas corrompidas

Graças à minha maestria, aqueles homens foram levados a sacrificar suas carreiras, executando friamente 111 pessoas naquele momento, e indiretamente causando a morte de outras 189 posteriormente, seja em hospitais, outros presídios ou em seus próprios lares. As sementes mortais que eles plantaram nos corredores ensanguentados já frutificavam pelo mundo, e a segurança da sociedade foi irremediavelmente devastada por aqueles minutos de barbárie.

Aqueles policiais não tinham mais utilidade para mim, e permiti que fossem lançados de volta à sociedade, condenados a viver com a culpa e as lembranças daquele dia horrendo. Tornaram-se peões sem utilidade em um tabuleiro vasto e misterioso, merecendo ser descartados. Alguns enlouqueceram, outros tiraram suas próprias vidas, e os que sobreviveram carregam cicatrizes profundas e irremediáveis.

Aquele dia marcou o fim da participação desses policiais militares de São Paulo na trama que eu, meticulosamente, orquestrei. Suas mentes, frágeis e suscetíveis às minhas influências ocultas, tornaram-se o cenário de um drama cujas ondas reverberam através do tempo, muito além da vida efêmera daqueles que eu manipulo com tanta destreza. Para mim, bastava despertar os desejos sinistros que jaziam adormecidos em seus corações sombrios e almas corrompidas.

O frenesi e as emoções brutais vividas por esses homens nos corredores imundos do Carandiru se dissiparam em algumas horas. No entanto, o rio de sangue que eles desencadearam cumpriu o propósito de fortalecer e solidificar meus planos. O massacre do Carandiru não foi mera coincidência ou um ato isolado; foi uma peça cuidadosamente orquestrada em meu eterno e cruel jogo de xadrez, onde cada movimento é calculado e cada destino é tecido segundo a minha vontade.

O Tecelão de Destinos: E os Sete Pecados Capitais

A liderança dos presos que sobreviveu foi transferida para a Casa de Custódia de Taubaté. Eles se tornariam os fundadores e líderes do que viria a ser o Primeiro Comando da Capital. Entre eles, estava alguém que, quando comecei a tecer essa trama, era apenas um garoto jogando bola nas ruas de Osasco: Marcola.

Naquele momento, restava pouco a ser feito. A Casa de Custódia de Taubaté, conhecida como Piranhão, tornou-se sob a minha influência o caldeirão onde a facção PCC 1533 emergiu. Era a última etapa na tela que eu tecia, e o dia escolhido foi 31 de agosto de 1993.

Novamente aproveitei a força dos números, uma ciência oculta, mas poderosa. A soma da data 31-8-1993 representa o número 7 na numerologia. Não foi por acaso; é o número da perfeição e totalidade, o símbolo da plenitude de minha obra. Representa os sete pecados capitais, e assim como foi no sétimo dia em que Deus criou a Terra, foi no dia de número sete que criei um mundo novo, fadado a viver sob a sombra do Primeiro Comando da Capital.

O Tecelão de Destinos: Paz, Justiça e Liberdade para Todos

Influenciando os criminosos a adotarem as palavras que com tanto cuidado preparei, “Paz, Justiça e Liberdade”, palavras que eles acreditavam terem sido criadas pelos irmãos do Comando Vermelho, conduzi-os ao campo de futebol para enfrentar e eliminar o time adversário, e o resto, como se diz, é história.

Sou o sussurro que paira sobre as águas turbulentas, o vento frio que sopra através da escuridão, o toque silencioso do destino. Minha tapeçaria é entrelaçada com os fios da humanidade, um tecido complexo e misterioso de alegria e tristeza, de triunfo e tragédia.

Sou o vigilante, intocável e sempre presente, Tecelão de Destinos. Onde minha influência será sentida a seguir? A quem tocarei com minha mão invisível? A história nunca termina, e eu nunca descanso.

Sou o Tecelão de Destinos, e a história que relatei começou em 25 de agosto de 1978. Entrelacei vidas e eventos, inclusive a sua, que agora lê estas palavras. Você foi atraído para cá pelo poder das palavras que plantei no coração de muitos, palavras que foram o gatilho de tudo: “Paz, Justiça e Liberdade”.

A obra está completa, mas a trama continua, pois meu trabalho nunca cessa.

Dados e fontes para este artigo

O registro do caso da ameaça de atentado ao voo 830, Boeing 707 da TWA perpetrada por Rudi Siegfried Kuno Kreitlow, consta da obra “The Encyclopedia of Kidnappings” de Michael Newton.

A evolução do uso do lema “Paz, Justiça e Liberdade (PJL)” dentro do Primeiro Comando da Capital é complexa e tem diferentes interpretações. O Estatuto do PCC de 1997 não mencionava a frase exata, e após a ruptura com o Comando Vermelho, o lema foi expandido para “Paz, Justiça, Liberdade, Igualdade e União (PJLIU)”.

2 – A Luta pela liberdade, justiça, e paz.

Estatuto do PCC de 1997

De acordo com Bruno Paes Manso e Camila Nunes Dias, a frase já era utilizada entre os membros em 1997. No entanto, Marcio Sergio Christino afirma que o fundador Misael compilou o lema em um documento do PCC em 1998 na Casa de Custódia de Taubaté.

Em 2001, uma foto aérea registra no pátio de um presídio a frase exata.
Em 2006, uma foto histórica com o lema.

Registros visuais do lema surgiram em fotos aéreas de 2001 e em uma imagem histórica de 2006. Em 2007, o Estatuto do PCC foi atualizado, incluindo o lema em dois trechos, e ele foi também citado na Cartilha de Conscientização da Família da organização.

Os tempos mudaram e se fez necessário adequar o Estatuto à realidade em que vivemos hoje, mas não mudaremos de forma alguma nossos princípios básicos e nossas diretrizes, mantendo características que são nosso lema PAZ, JUSTIÇA, LIBERDADE, IGUALDADE e UNIÃO acima de tudo ao Comando.

Estatuto de 2007

Cinturão Verde de São Paulo e a Ascensão da Facção PCC 1533

Através do olhar de uma velha narradora, este texto explora o cinturão verde de São Paulo, destacando a transição da agricultura à urbanização. Uma história rica, contrastando a São Paulo do início do século 20 com o impacto do Primeiro Comando da Capital no século 21.

Cinturão verde, um termo evocativo do passado, é o ponto focal deste texto. O contraste entre as periferias de São Paulo nos séculos 20 e 21 é acentuado. A mudança é profunda, e as razões são complexas.

A transformação dessa realidade não ocorreu em um vácuo. O massacre do Carandiru pela Polícia Militar Paulista foi um ponto crucial. O mundo do crime, como consequência, reorganizou-se com a criação do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533).

Este texto promete uma viagem ao longo de um século de história, repleta de nuances e surpresas. Encorajo a leitura, seja para o entendimento histórico ou para apreciar a complexidade da urbanização.

As reflexões aqui apresentadas têm como base o estudo “Conflict and oppositions in the development of peri-urban agriculture: The case of the Greater São Paulo region,” além da literatura de Maria José Dupré, que inspirou a narrativa.

Cinturão Verde de São Paulo: a Simplicidade no Início do Século 20

Nos tempos de outrora, São Paulo era uma cidade distinta, repleta de vastos quintais, galináceos, e hortas que nutriam nossas famílias. Ah, como eu sinto saudades desses dias dourados, quando a vida era mais simples e as pessoas eram mais ligadas à terra!

A cidade que conheci no início do século 20 era um lugar de comunidade e sustento, onde cada casa, com seus vastos quintais, era um pequeno pedaço de terra fértil, uma fazenda em miniatura. Em nosso quintal, cresciam verduras, legumes, e ali corríamos atrás das galinhas, rindo e brincando.

Ah, como posso esquecer aquelas viagens na boleia da carroça de meu tio que levava o leite para ser vendido de porta em porta? Era um ritual matinal que ele e meus primos faziam, e eu, uma criança na época, me sentia feliz em ir com eles sempre que podia, entregando as garrafas frescas de leite aos vizinhos.

Os passeios no cavalo dos primos são outra lembrança preciosa. O galopar ritmado, o vento em meu rosto, a sensação de liberdade e aventura – tudo isso ficou gravado em minha memória como símbolos de uma era mais simples. Eu me sentia como uma exploradora, descobrindo novas terras, ainda que estivesse apenas nos campos verdes ao redor da casa dos meus tios, em plena cidade de São Paulo.

E as peripécias para pegar e depenar uma galinha para o almoço! Ah, essa era uma tarefa reservada para os mais destemidos e ágeis. Eu corria atrás das galinhas, rindo e gritando, enquanto elas se esquivavam com uma inteligência surpreendente. Uma vez capturada, a preparação era um ritual cuidadoso, e eu observava com fascínio enquanto os adultos transformavam a galinha em uma refeição saborosa.

A capital paulista: Da Conexão com a Terra à Urbanização Desigual

Essas memórias, tão vívidas e calorosas, me trazem uma sensação de nostalgia profunda. Eram tempos de inocência e conexão com a terra, de alegria nas coisas simples e de uma São Paulo que, em muitos aspectos, não existe mais. A transformação de São Paulo foi gradual, mas suas marcas são profundas, e eu carrego comigo o legado de uma era que, embora perdida no tempo, permanece viva em meu coração.

Mas, à medida que o tempo avançou, a paisagem que tanto amei começou a mudar. Foi na década de 1960 que observei as primeiras transformações profundas. Áreas agrícolas, que uma vez foram a alma de São Paulo, foram convertidas em outros usos. A população que era eminentemente rural migrou para uma nova sociedade eminentemente urbana, criando uma pressão inimaginável do mercado imobiliário sobre áreas tradicionalmente agrícolas.

Essa transformação desigual da capital paulista não apagou completamente o passado, pois persistiam práticas agrícolas em áreas periféricas, no chamado “cinturão verde de São Paulo”. Mas a cidade que conheci estava se desvanecendo, e com ela, um pedaço de mim.

Folha de S. Paulo – 25 de outubro de 1974
O caso Camanducáia deve servir de lição

A Polícia Militar de São Paulo e o Massacre do Carandiru

O massacre do Carandiru foi um divisor de águas que trouxe consigo uma onda de medo e apreensão, abalando profundamente o tecido da cidade. Esse trágico evento marcou uma transformação no crime em São Paulo; criminosos que antes agiam isolados e muitas vezes careciam de educação formal se uniram, fortalecendo-se para resistir ao poder das forças policiais. Passadas quatro décadas desde que 111 vidas foram abruptamente ceifadas pelas mãos da Polícia Militar de São Paulo, os ecos dessa tragédia continuam a ressoar.

A sombra desse dia terrível ainda paira sobre nós, manifestando-se na criação e consolidação de uma organização criminosa poderosa, o Primeiro Comando da Capital. Esta organização estendeu seus tentáculos para as áreas do cinturão verde, explorando-as para construir favelas e promovendo outros tipos de exploração imobiliária sob seu domínio. A inocência da cidade que um dia conheci se perdeu, e o passado idílico foi substituído por uma realidade mais dura e complexa.

O que restava do passado idílico estava se perdendo, e a cidade que tanto amava transformou-se de maneiras que jamais pude imaginar. Nem quando era criança, nem durante os anos em que cuidava dos meus seis amados filhos em nossa casa modesta, mas confortável, situada em uma travessa da Avenida Angélica, eu poderia prever as mudanças que o destino reservava para São Paulo.

Policiais em posição de ataque tendo ao fundo o Carandiru

O Partido dos Trabalhadores e a Crise de 2014

Durante a crise econômica de 2014 no Brasil, a situação, já por si só sombria, tornou-se ainda mais desesperadora. Várias foram as razões que conduziram àquele abismo financeiro, e, como uma velha senhora, vejo com apreensão e tristeza algumas dessas causas ressurgirem nos dias de hoje. Políticas econômicas com maior intervenção pública nos preços, aumento de gastos públicos, e dependência de commodities que agora engloba a agricultura, pecuária e mineração, atingindo 60% do PIB brasileiro, contribuíram para uma tempestade perfeita.

A redução do crescimento chinês, muito maior agora do que foi naquele momento, taxa de juros elevada, e a crise hídrica internacional também jogaram seu papel nesse cenário desolador. No meio desse caos, a organização criminosa Primeiro Comando da Capital encontrou terreno fértil para crescer, aproveitando-se da fragilidade que a crise impôs à sociedade e aos governos.

Como já haviam feito em 2014, estão utilizando agora essa instabilidade econômica e social para expandir seu domínio. Ao recordar esses tempos difíceis, e observando o movimento sinistro da facção PCC 1533 em meio à fragilidade nacional, não posso deixar de sentir uma saudade amarga do que foi, e um temor palpável pelo que pode estar por vir.

Cinturão Verde: A Perda do Passado Idílico e a Fagulha de Esperança para o Futuro

O que restava do passado idílico está se perdendo, e minha amada cidade mudou de formas que eu nunca poderia ter imaginado. Nem quando criança, brincando nas ruas tranquilas, nem durante aqueles anos carinhosos, educando em minha casa modesta, mas confortável, meus seis amados filhos, em uma travessa da Avenida Angélica. A inocência da cidade que um dia conheci desvaneceu-se, deixando uma dura, complexa e perigosa realidade. Hoje, temo ir à selva que se tornou a periferia de minha cidade.

Mas, ao longo destes anos de vida, preenchidos por experiências variadas e muitas vezes dolorosas, ainda me resta uma fagulha de esperança que arde no coração. Lembro-me de 2004, quando o carismático Lula era presidente do Brasil, e a cidade de São Paulo encontrava-se nas mãos do Partido dos Trabalhadores, liderado pela prefeita Marta Suplicy. Naquele tempo, foi desenvolvido um projeto luminoso, o Programa de Agricultura Urbana e Periurbana (PROAURP).

Este programa incentivou a ocupação de áreas agrícolas, com o objetivo nobre de produzir alimentos para as escolas públicas paulistanas, através da formação de hortas sociais e o fomento de pequenos produtores. O PROAURP representou uma conexão com um passado mais simples e idílico, uma tentativa de unir novamente a cidade com suas raízes agrícolas.

Agora, percebo ecos desse ideal nas propostas do candidato Guilherme Boulos, que parecem mirar na mesma direção. Como uma velha senhora que viu o mundo mudar de tantas formas, permito-me sonhar novamente. Porque sonhar, mesmo em tempos difíceis, é preciso. E a esperança, por mais frágil que pareça, ainda pode florescer em terreno fértil.

Cinturão Verde: Inspirações Literárias e Fontes Acadêmicas para uma Reflexão Profunda

É necessário destacar que este artigo foi baseado e inspirado em múltiplas fontes. O embasamento teórico e factual deriva do estudo “Conflict and oppositions in the development of peri-urban agriculture: The case of the Greater São Paulo region”, publicado pelos pesquisadores André Torre e Brenno Fonseca na renomada publicação “Sociologia Ruralis” do Jornal da Sociedade Europeia de Sociologia Rural.

Além disso, a narrativa emotiva e rica em detalhes, contada pela perspectiva de uma velha senhora, foi inspirada na escritora paulistana Maria José Dupré (1898-1984). Sua personagem Lola, de “Éramos Seis”, serviu como uma musa para a construção deste texto, fornecendo a textura e o calor humano que permeiam as reminiscências e as análises apresentadas.

Que a leitura deste artigo possa inspirar uma reflexão profunda sobre o passado e o presente de São Paulo, e talvez ofereça uma visão para um futuro mais harmonioso e sustentável. A história, a cultura e a sabedoria de gerações anteriores têm muito a nos ensinar, se estivermos dispostos a ouvir.

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