Sinédoque e o Primeiro Comando da Capital: Sombras e Realidade

Exploramos a sinédoque sociológica ao analisar o Primeiro Comando da Capital (PCC 1533) nas cidades grandes e pequenas. A sombra do crime é a mesma em todos os lugares?

Sinédoque. O termo literário paira sobre nossa compreensão do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533). Essa figura de linguagem nos desafia a refletir sobre o crime organizado, de forma única.

Cidades pequenas e grandes compartilham sombras similares, mas com contornos distintos. O PCC nas metrópoles ecoa nas cidades menores, mas será essa uma réplica exata? Convido você a desvendar essa incógnita em nossa matéria de hoje.

Seu insight é precioso para mim. Comente nos comentários do site, participe do grupo de leitores ou envie uma MP para mim. Sua voz tem o poder de enriquecer essa discussão.

Sinédoque: A Sombra do PCC das Cidades Grandes

O companheiro Evandro surgiu com uma ideia intrigante sobre uma tal de “sinédoque” quando conversávamos sobre a Molecada do Corre do PCC. A palavra era estranha para mim, mas ele insistia que estava intimamente ligada ao Primeiro Comando da Capital.

Ao ver os olhos de Evandro brilhando enquanto explicava, comecei a seguir seu pensamento: na imensidão do estado de São Paulo, os contrastes entre as violentas periferias das metrópoles e os pacatos distritos das pequenas cidades são tão vastos quanto a diferença entre o mar e o deserto.

Evandro foi incisivo ao sublinhar: para cada sete almas habitando a vastidão da megalópole paulista, que se estende da capital a múltiplas metrópoles do interior e litoral, existem três moradores em cidades menores. Quando essa perspectiva é extrapolada para o Brasil, a balança se inclina mais para esses pequenos municípios: por cada pessoa nas cidades mais densamente povoadas, há duas outras vivendo o cotidiano das cidades menores, com suas ruas mais serenas.

A Proliferação do Crime Organizado nas Cidades Menores

Mas, à semelhança de um fantasma escondido nas sombras, a imagem do crime organizado, tão familiar nas grandes cidades, projeta-se, instigando sentimentos de medo, expectativa e fascínio. O Primeiro Comando da Capital desponta como um espectro que se difunde pelas cidades menores. Contudo, o quanto dessa aparição é sombra e quanto é realidade nesses lugares mais pacatos? Em que medida se assemelha ao que presenciamos nas metrópoles?

É aqui que a sinédoque entra em cena, uma figura de linguagem que Evandro insistiu ser crucial para entender o PCC. Muitas vezes, nosso olhar para as cidades menores é tingido pelos estereótipos formados nas grandes cidades. Este é o erro da sinédoque, onde o PCC das ruas de espírito turbulento de São Paulo é projetado como uma sombra sobre as cidades menores de pacatas almas.

No entanto, essa simplificação parece insuficiente para capturar a complexidade do crime organizado. Afinal, o PCC nas cidades menores é uma entidade diferente, não apenas uma versão reduzida das cidades grandes. É crucial abandonar a sinédoque e examinar de perto o funcionamento do PCC nos variados contextos urbanos. Somente assim podemos desvendar o verdadeiro rosto do espectro que se esconde nas cidades menores.

Mas fica a pergunta que me perturba. Por que buscamos ver o Primeiro Comando da Capital das pequenas cidades como um reflexo do que acontece nos grandes centros? E quais seriam esses pontos de semelhança e diferença? A chave para essas perguntas, suspeito, pode residir no coração da sinédoque e do PCC.

Desvendando a Sinédoque a partir do Rio de Janeiro

Toda essa história sobre sinédoque começou com Evandro relatando um intrigante diálogo com Júlio, um jovem interno da Fundação Casa. De volta de uma viagem ao Rio de Janeiro, Evandro compartilhava suas observações, despertando a curiosidade de Júlio. Ele questionava a aparente onipresença de fuzis na cidade maravilhosa, uma visão estranha para um paulista desarmado do interior.

Repentinamente, Ricardo se junta à conversa.”Confere só,” diz Júlio, “Evandro falava dos fuzis cariocas. Lá, o corre é pesado, todo mundo anda com ferro. Aqui, não temos nem fuzil”. Discordando, Ricardo alega já ter visto um fuzil em uma biqueira da cidade, dando início a um debate sobre a validade de seu relato.

No final, Ricardo reconhece a distinção entre as realidades das duas cidades: “É verdade, mas o Rio é mesmo outro mundo. É uma metrópole, não uma cidade pequena”. Uma reflexão que nos leva a questionar a sinédoque, onde uma parte representa o todo.

Esse debate entre Júlio e Ricardo reflete aquilo que acontece no contexto da facção PCC da capital e do interior. Assim como imaginamos o Rio de Janeiro violento com armas para todos os lados, nós mesmos podemos imaginar o interior com a organização criminosa estruturada como é na capital, no entanto, talvez não seja assim.

Uma visão da capital e do interior

Vamos imaginar uma cidade com mais ou menos 180 mil moradores. Um lugar com um centro cheio de lojas e casas que são separadas pelo quanto cada um ganha. Tanto os bairros mais humildes quanto os mais chiques ficam em lugares isolados: tem os conjuntos habitacionais, as áreas de ocupação e os condomínios fechados, seja de casas ou de chácaras. Aqui, o transporte público é pouco e as linhas de ônibus funcionam só das 5h às 22h, com intervalo de quase uma hora, só fazem caminhos curtos. Ou seja, ligam os bairros ao centro e do centro de volta aos bairros e quando muito, tem uma linha circular para dar uma volta por todos os bairros da cidade.

Essa singularidade da vida nas cidades pequenas reflete na dinâmica do crime e do tráfico de drogas: primeiro, há menos pessoas envolvidas na venda e compra de drogas, afetando o dinheiro circulante, as rotas de entrega e o número de empregos disponíveis. Em segundo lugar, a relação entre esse comércio ilícito e a polícia altera significativamente a maneira como as atividades são conduzidas. Não é incomum que os jovens envolvidos no tráfico conheçam pessoalmente, e até convivam, com os policiais que os prenderam, extorquiram ou agrediram. Os líderes dos pontos de venda, muitas vezes, são antigos colegas de escola, companheiros de jogos de futebol, ou até mesmo parentes.

As interações pessoais, sociais e políticas, assim como as dinâmicas do tráfico nessas cidades do interior de São Paulo, são fortemente influenciadas por esta proximidade entre os agentes da lei e os infratores, bem como pelo legado histórico da escravidão negra. A estrutura dessas cidades e a história de suas economias – tanto formais quanto informais – são, em muitos casos, ligadas a antigas oligarquias, remanescentes dos tempos coloniais.

De Rio de Janeiro e São Paulo à Serra da Saudade

Ao considerar estudos urbanos, tendemos a focalizar as metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. Entretanto, devemos evitar a “sinédoque sociológica”, isto é, não podemos considerar outros municípios simplesmente como miniaturas destas capitais. São Paulo e Rio de Janeiro são anomalias: nenhuma outra cidade brasileira hospeda uma população tão vasta, abriga uma gama tão diversa de meios de produção ou possui um leque tão amplo de classes sociais. Nenhuma outra cidade experimentou uma imigração tão maciça ou estabeleceu um mercado tão diversificado.

No entanto, isso não significa que as cidades do interior de São Paulo estão isentas do crime organizado. A questão é que não podemos presumir que a organização criminosa Primeiro Comando da Capital opera da mesma maneira ou tem os mesmos objetivos na megalópole de São Paulo e na tranquila cidade mineira de Serra da Saudade.

Pessoa em situação de rua: capital e interior

Anteriormente, mencionei neste site as ações dos membros do PCC na cracolândia e presenciei pessoalmente algumas dessas ações quando vivi próximo à Cásper Líbero com a Washington Luiz. Quando me mudei para o interior, esperava algo semelhante, mas a realidade aqui era outra.

Diferentemente da capital, nos lugares onde os moradores de rua se aglomeram no interior (praças centrais, rodoviária e mercadão), não havia sinal de membros de facções. Ocasionalmente, alguém de fora chegava se identificando como PCC, mas logo partia, muitas vezes após ser repreendido pelos próprios moradores ou membros de facções que não queriam problemas nas ruas. Na rodoviária, às vezes, um membro assumia o tráfico, mas durava pouco tempo até de ser detido pela Guarda Civil ou pela Polícia Militar.

Em uma cidade pequena, onde todos os moradores de rua são conhecidos, é mais facil para as autoridades localizar e prender os membros de facções ou indivíduos violentos. Outro fator é que o comércio de drogas entre os moradores de rua movimenta pouco dinheiro e isso dificulta a estruturação do crime organizado nesse meio.

Em conversa com um conhecido que passou anos vivendo nas ruas tanto na capital quanto em diversas cidades do interior, ele salientou que é muito raro encontrar membros ativos do PCC entre os moradores de rua do interior, ao contrário da capital. Lá, nos albergues, Centros Pops e até mesmo nas ruas, sempre há alguém ligado ao PCC. Segundo ele, essa presença é um mal necessário, já que a violência é alta e o PCC, ao impor uma certa disciplina, consegue controlar (ainda que não totalmente) casos de roubo, estupro e agressões onde está presente, pois essas atitudes são inaceitáveis para a ética do crime.

Esse contraste entre a realidade da capital e do interior mostra por que não podemos simplificar demais as coisas, ou seja, evitar o que chamamos de “sinédoque”. Não podemos pensar que o que acontece nas cidades grandes ocorre da mesma forma, só que numa escala menor, nas cidades pequenas. Isso pode nos levar a interpretar as coisas de forma errada. Por exemplo, a presença e as ações do PCC variam dependendo do lugar.

Dois bares em comunidades e duas realidades

Na pacata vida interiorana de um pequeno município de São Paulo, um leitor do nosso site partilhou a sua experiência. Apesar de não pertencer ao universo do crime, convivia com pequenos traficantes e outros criminosos nas rodas de conversa e partidas de bilhar do bar local. Ali, as brigas eram frequentes, mas ele quase sempre conseguia apaziguar os ânimos. E quando não conseguia, a polícia logo intervinha, dispersando os envolvidos. O Primeiro Comando da Capital até tinha representantes na cidade, porém sua presença era quase invisível, e raramente se ouvia falar deles.

O enredo da vida desse leitor tomou um rumo inesperado quando se mudou para a Grande São Paulo. Nos primeiros dias, ele procurou se integrar à nova realidade, fazendo amizades num bar perto de sua nova residência. As partidas de bilhar e conversas continuaram, mas o roteiro dessa nova vida mostrou-se drasticamente diferente da que conhecia.

Em uma noite que parecia comum, uma briga estourou no bar. Movido pelo instinto de pacificador, ele tentou intervir. Porém, a resposta que recebeu foi chocante: homens desconhecidos o jogaram ao chão, desferindo golpes enquanto afirmavam que “ali era território do crime” e ele deveria manter distância. A viatura da Polícia Militar, que em seu passado simbolizava a resolução de conflitos, apenas passou sem tomar nenhuma ação.

A dura realidade do crime organizado na metrópole veio à tona quando esses homens arrastaram um dos envolvidos na briga para um carro, com o propósito de aplicar um “salve”. Esta experiência serviu como um alarmante despertar para as disparidades entre a vida no interior e na capital, ressaltando o papel dominante e pernicioso do PCC na Grande São Paulo, contrastando com sua presença quase imperceptível em sua cidade natal.

Baseado no trabalho de Evando Cruz Silva: Molecada no Corre: Crime, geração e moral no Primeiro Comando da Capital

Atentado Moro: a mal contada história do atentado da Facção PCC

Investigação de 2023 sobre atentado Moro envolve fantasmas da facção PCC 1533 que sumiram em 2021. A história fica mais doida ainda com a desconfiança do Presidente Lula.

Atentado Moro: mistério sinistro rola no PCC, com dois irmãos que sumiram antes de armar a parada. História pesada, com acusações, sumiços e um ataque programado contra o futuro senador. Já ouviu falar do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533)?

Os manos Nadim e Tobé, acusados de planejar o atentado Moro, podem ter sido vítimas do próprio PCC. Como é que fica a fita? Essa treta, cheia de perguntas sem resposta, desafia o raciocínio e bota a mente pra funcionar. Quer entender essa parada? Continua na leitura que o bagulho é complexo.

E aí, não esquece de deixar sua ideia no nosso site ou no grupo de leitores. Se preferir, manda uma mensagem privada pra mim, vamos trocar uma ideia. Queremos saber o que cê pensa sobre o atentado Moro e essa fita toda no PCC.

Atentado Moro: dois fantasmas investigados

Em 2023, a polícia investiga dois irmãos do Primeiro Comando da Capital, conhecidos como Nadim e Tobé. Eles foram acusados de planejar uma fita pesada em 2022, contra o futuro senador Sergio Moro. Aí que a parada fica louca, os caras sumiram do mapa lá em 2021.

A juíza Sandra Regina Soares liberou a denúncia contra os manos e mais um monte, todos acusados de fazer parte de uma organização criminosa e de armar sequestro pra extorquir. Nos papos que os caras trocavam, o nome dos dois aparecia direto, mostrando que eles eram os chefes do esquema. Nadim era o cara da célula terrorista e Tobé era o cérebro das finanças.

Os homens do Ministério Público de São Paulo acham que os caras foram condenados à morte pelo “tribunal do crime” do próprio PCC, mas ninguém sabe qual foi a real pra eles terem levado chumbo.

Atentado Moro: difícil de engolir

Agora, presta atenção na sequência: os caras tão sendo acusados em 2023 por um esquema que armaram em 2022, mas o corpo do Tobé foi achado numa vala em São Bernardo do Campo lá em 2021. E o Nadim? Sumiu no começo de 2021, deixando só o carro dele abandonado na Vila Maria, Zona Norte de Sampa.

Os irmãos faziam parte de um bonde de 13 acusados que planejaram o sequestro do senador Sergio Moro. A cana diz que quem armou a fita foi o Nefo, que tá em cana desde março desse ano.

Aí fica a questão: como é que os caras tão sendo acusados de armar uma parada em 2022 se já tavam desaparecidos ou mortos em 2021? Essa fita tá toda enrolada, mano. E ainda tem mais, depois que Nadim e Tobé sumiram do mapa, a missão foi passada pro Tuta e pro Deva, que também desapareceram. O que rolou com eles, ninguém sabe. Mas a suspeita é que encontraram o mesmo fim trágico.

Lula já Desconfiava da Fita do Atentado Moro

O presidente Lula, na função atual, mandou a letra de que tá achando que essa fita do atentado ao Moro é toda armada. De acordo com ele, a Polícia Federal tá só cumprindo a vontade do Moro, colocando o dedo nos caras da facção. E aí, o sinal de alerta tá ligado, porque a parada tá cheia de contradições que fortalecem o que Lula tá falando.

Numa correria no Rio, Lula deixou claro que não quer acusar ninguém sem prova concreta, mas não deixa de suspeitar que essa história toda é mais um jogo do Moro. “Vou descobrir o que aconteceu, é visível que é uma armação do Moro, mas vou investigar, entender o porquê dessa parada”, ele disse na lata.

Ele prosseguiu, “vamos aguardar a real. Não vou atacar sem ter prova, mas se for mais uma armação, o Moro vai ficar mais na cara ainda”. Na visão de Lula, o Moro pode estar se queimando com toda essa mentira. Mas o foco dele, Lula, não é o Moro, e sim melhorar a vida dos mais de 200 milhões de brasileiros.

Na voz, o promotor de Justiça Gakiya

Então, vê só, o Lincoln Gakiya, promotor do Gaeco, entrou numa briga da pesada em 2018, trombando de frente com o Primeiro Comando da Capital. A situação ficou braba quando ele mandou os líderes do PCC, incluindo Marcola, o cara que manda na quebrada, pra cadeia federal.

Bolsonaro, e o Moro, tão no palco da Band falando que mover o Marcola foi ideia deles. Os caras até esculacharam o Lula, dizendo que o presidente nunca teve coragem de fazer o mesmo nos tempos do governo petista. Mas o barulho de verdade, quem fez foi o MP-SP: eles disseram que a ideia de mudar o Marcola foi do Gakiya, não do Bolsonaro ou do Moro.

O Gakiya já tinha mandado a letra da transferência em novembro de 2018, mas a parada foi segurada por medo de confusão, os homens temiam que o crime fizesse um estouro. Então vem a pergunta: Se nem o Moro e nem o Bolsonaro levaram os manos do PCC pra federal, que história é essa de eles estarem na mira do PCC? Essa fita tá estranha, mano, não tá batendo.

Disputas de Poder: Primeiro Comando da Capital de 2001 a 2006

A jornada deste texto percorre a história da facção PCC 1533 de 2001 a 2006, um período marcado por intensas disputas de poder e contradições, revelando uma faceta complexa da criminalidade em São Paulo.

“Disputas de poder” delineiam a essência deste relato. No coração desse emaranhado, o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), prevalece. Testemunhe sua ascensão entre 2001 a 2006.

Em meio ao caos, desenrola-se uma dança do poder, onde a política de segurança pública, paradoxalmente, fortalece a facção PCC. Nossa jornada começa aqui, dentro do intricado universo do PCC.

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2001 a 2006 – Disputas de Poder com a sociedade

Em 1997, um grito audaz ressoou do submundo criminoso, desafiando a sociedade como um fantasma emergindo das sombras. O Primeiro Comando da Capital, ousadamente, forçou o reconhecimento de sua existência, garantindo a publicação de seu estatuto e selando sua imagem como uma organização criminosa.

Essa atitude, talvez impulsionada por uma busca de satisfação do ego, talvez pelo desejo de derrubar o estigma do criminoso comum, tido como “inferior e ignorante”, surgiu como um movimento ousado e estratégico.

No jogo xadrez das “Disputas de Poder”, esta manobra se revelou mais do que uma simples busca por reconhecimento. Foi uma jogada tática astuta, um lançamento calculado de um dado que traçaria o caminho para o crescimento iminente da organização nos anos que viriam.

Medo, Repulsa e a Imprensa como Alto-falante

As entranhas da cidade escondiam mais do que apenas o medo e a repulsa – elas abrigavam uma força emergente, prestes a deixar sua marca indelével no tecido da sociedade. Esta era a ascensão silenciosa, porém inconfundível, do Primeiro Comando da Capital.

Em meio a um cenário que desafiava qualquer lógica convencional, a mídia assumiu o papel de alto-falante para as atividades do PCC, aumentando exponencialmente a sua notoriedade. Em uma tentativa de projetar uma imagem de eficácia e ação à população, várias correntes ideológicas implementaram políticas de Segurança Pública. No entanto, ao invés de subjugar a influência do PCC, elas fortaleciam inadvertidamente a organização criminosa. Como um fogo alimentado pelo vento, a estrutura do PCC parecia apenas se fortalecer frente a estes esforços.

O período de 2001 a 2006 marcou a entrada do Primeiro Comando da Capital numa nova fase, uma era definida por intensas disputas de poder. Este tempo, preenchido com dilemas e conflitos tanto internos quanto externos, escancarou a complexidade do ambiente no qual a facção PCC estava imersa.

No palco externo, a intenção das políticas governamentais colidiu com sua eficácia na prática. Ao invés de conter a influência da PCC, as medidas adotadas pela segurança pública paulista deram um impulso inesperado à organização criminosa. As transferências de presos, pensadas para diluir a força da PCC, acabaram por criar uma rede de influência mais extensa e consolidada, tanto dentro quanto fora das prisões.

Sede fecundos, disse-lhes ele, multiplicai-vos e enchei as trancas.
Vós sereis objeto de temor e de espanto para todo aquele que pensar em se opor a vós.
Tudo o que se move e vive vos servirá de alimento; eu vos dou tudo isto, como vos dei a erva e o pó.
Somente comereis carne com a sua alma, com seu sangue.
Todo aquele que trair a nós terá seu sangue derramado pelos irmãos, porque faço de vós a nossa imagem.
Sede, pois, fecundos e multiplicai-vos, e espalhai-vos sobre a terra abundantemente.

Operação Dictum PCC 15.3.3

Disputas de Poder dentro da Facção

No cenário interno, as disputas de poder intensificaram-se. Os líderes, outrora respeitados e inquestionáveis, agora enfrentavam um panorama de incerteza e instabilidade. Sombra, um dos generais mais admirados, fora brutalmente assassinado em 2001, durante seu banho de sol na prisão de Taubaté. Os motivos do assassinato de Sombra nunca foram confirmados oficialmente, mas diversas teorias circulavam entre os membros da PCC. Talvez fosse uma jogada de uma facção rival, talvez uma rixa pessoal, ou ainda uma tentativa de outro líder da PCC para aumentar seu poder. A verdade permaneceu nebulosa.

O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), já estabelecido, encontrou forte resistência entre os detentos. No entanto, as lideranças do PCC incessantemente buscavam meios para se evadir deste castigo institucional, agitando o ambiente penitenciário. Paralelamente, a PCC logrou eliminar diversas organizações rivais em São Paulo, isolando as que apresentavam mais resistência. Curiosamente, ao concentrar todas as lideranças no presídio P2 de Presidente Venceslau, o estado inadvertidamente forjou um Quartel General para o Primeiro Comando da Capital, facilitando a coordenação entre os diferentes líderes do estado.

[…] o RDD acabou por contribuir para a consolidação de lideranças dentro do sistema prisional. A construção da autoridade das lideranças no interior de organizações tais como o PCC se dá a partir da valorização de alguns atributos do indivíduo, especialmente ligados à autonomia e independência frente a qualquer poder ou autoridade formal de modo que o preso que recebe como punição a alguma falta a remoção para o RDD acaba encarnando a imagem exemplar da insubmissão às regras oficiais do Estado.

Bruno Lacerda Bezerra Fernandes

Da disputas de poder à pacificação

A hegemonia da PCC nas prisões estava em plena expansão, com a organização ocupando o vácuo de poder deixado pelas facções extintas.

No implacável jogo de poder do submundo, o PCC mostrou-se eficiente ao enfrentar seus rivais. Ao eliminar muitas organizações adversárias em São Paulo, orquestrando uma verdadeira guerra estratégica, cujo objetivo era estabilizar sua influência e conquistar o poder e a hegemonia nas prisões. Organizações contrárias como o Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade CBRC, a Seita Satânica SS, o Serpentes Negras e Comando Democrático da Liberdade CDL, de fato, desapareceram após 2001.

Este cenário gerou um vácuo de poder, um espaço vazio que ansiava por domínio. A habilidade do PCC em preencher essa lacuna tornou-se evidente à medida que expandiam gradualmente seu controle, utilizando a violência como um instrumento para reforçar seu poder e recrutando novos membros para suas fileiras. A cada passo, o Primeiro Comando da Capital foi tomando as rédeas, crescendo não apenas em influência, mas também em número, com o aumento constante de seus afiliados. Nesse tabuleiro de xadrez do crime, a cada movimento, a facção PCC consolidava sua supremacia.

Apesar das circunstâncias adversas, a Primeiro Comando da Capital conseguiu estabelecer uma espécie de “pacificação” nos presídios entre 2002 e 2004. Este termo, contudo, não significava uma verdadeira paz, mas o fim das violentas disputas de poder entre as facções. No entanto, os crimes fora das prisões, como fugas, assaltos e sequestros, continuaram a ocorrer.

A pacificação dependeu da capacidade do PCC em construir um discurso de união do crime e organizar o interesse dos empreendedores de drogas numa mesma direção. Em São Paulo, a facção conseguiu funcionar como agência reguladora.

A Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil

As Sombras de São Paulo: o sonho de mizael

Mergulhando ainda mais fundo nos corações das sombras de São Paulo, em nossa narrativa do período entre 2001 e 2006, palco das “Disputas de poder” do notório Primeiro Comando da Capital. Vidas tecidas na violência, corações pulsando contra a corrente de seus destinos prescritos – é neste cenário que Mizael, um líder na trama da facção, encontra seu fim abrupto em fevereiro de 2002.

Mizael, uma figura emblemática do PCC, se destacou por sua visão que ia além do cotidiano criminoso. Ele sonhava com um diálogo direto com o governo brasileiro e organizações de direitos humanos, enxergando na denúncia de abusos do governo paulista, uma chance de mudança. Essa aspiração foi abruptamente interrompida por uma trama interna.

Te convido a enxergar além da brutalidade dos atos do criminoso condenado. Tente ver em Mizael um homem com um plano, um estrategista almejando mudanças para além das grades. Seus desejos ecoavam em um manifesto, onde fazia menção a figuras políticas e intelectuais relevantes, numa tentativa de criar diálogo no âmbito político-jurídico.

Entretanto, dentro do universo fechado do Primeiro Comando da Capital, os sonhos costumam ser encurtados. Cesinha, antigo aliado de Mizael e um dos generais do PCC, baseado em boatos, determinou o fim de Mizael. O líder foi assassinado em um ato simbolicamente cruel, tendo seus olhos arrancados, uma forma de suplício que ecoa a brutalidade deste universo.

Jogos de Poder

Neste jogo de xadrez humano, Mizael e Sombra, outro líder do PCC, se destacaram por suas visões inovadoras. Viu-se em Mizael o potencial de um líder político, ainda que dentro da estrutura de uma organização criminosa. Sua visão, entretanto, foi impedida por uma disputa de poder, comprovando a velha máxima de que em uma guerra interna, não há vencedores, apenas sobreviventes.

Para além dos atos violentos, percebemos os homens por trás da facção PCC, suas ambições e desejos, frustrações e medos. Em um mundo onde a luta pelo poder pode custar a vida, cada decisão tem um peso imenso e os erros, consequências fatais. Entre as sombras das disputas de poder, encontramos seres humanos em sua mais crua essência, lutando pela sobrevivência em um ambiente hostil.

A Reconfiguração do Poder: Traição e Reformulação

Durante esse período de 2001 a 2006, encontramos um cenário volátil nas entranhas do emblemático Primeiro Comando da Capital. As perdas de lideranças chave levaram a uma reestruturação significativa do poder dentro do grupo, dando início a uma fase de intensa reconfiguração interna.

Neste período, presenciamos o assassinato de Ana Maria Olivatto Camacho, ex-esposa de Marcola, perpetrado por Natália, esposa de Geleião. Este evento acendeu o estopim para uma onda de vingança dentro do PCC, com parentes de Natália sendo eliminados por seguidores de Marcola.

A trama de nosso relato se adensa com a delação de Geleião à polícia, num esforço desesperado para proteger sua esposa e a si mesmo. Esta traição foi repudiada pela facção, levando à expulsão de Geleião e Cesinha, líderes renomados do PCC.

O vácuo de poder deixado por estas convulsões internas foi preenchido por Marcola, que ascendeu à liderança do Primeiro Comando da Capital em 2003. Implementou uma reformulação radical, mudando a forma de atuação financeira, política e estratégica da organização.

O PCC Evolui e se estrutura como empresa

A nova fase do PCC foi marcada por uma reorganização, passando de uma estrutura piramidal centralizada para uma organização complexa e descentralizada. Esta mudança democratizou as formas de atuação do grupo, concedendo voz e voto na estrutura interna da facção.

Marcola introduziu o conceito de “Sintonias”, comissões ou setores compostos por vários “irmãos” que reportavam a uma “sintonia final”. Além disso, a facção incluiu os termos “Igualdade e União” no seu lema, evitando problemas internos de poder e melhorando a divisão do trabalho.

No seio desta remodelação, o tráfico de drogas surgiu como uma atividade lucrativa e segura, reduzindo a perda de membros em assaltos e sequestros. Esta mudança levou a facção PCC a se tornar uma organização de caráter empresarial, embora mantendo sua luta contra as opressões e injustiças.

Neste contexto, o PCC, que começou como um partido, continua a existir, agora também como uma empresa. Uma dualidade que produziu uma ruptura singular na história da facção, transformando-a numa entidade complexa e multifacetada.

Baseado no trabalho do pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna: “As faces da mesma moeda: uma análise sobre as dimensões do Primeiro Comando da Capital (PCC)”

PCC nos Anos 90: das sombras para o Dominio das Ruas

Explore a trajetória da facção PCC nos anos 90, desde o nascimento nas prisões de São Paulo até a expansão para as periferias, enquanto desvenda o mistério de sua constante transformação.

“PCC nos anos 90” não é apenas um termo, mas uma época de mudanças radicais e contornos inesperados no cenário criminal de São Paulo. Mergulhe nessa narrativa onde o caos e a ordem dançam em um equilíbrio delicado, revelando uma história de evolução e adaptação que desafia a imaginação.

Venha descobrir a verdadeira essência do mistério que rodeia o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), um enigma sempre em constante transformação. Após a leitura, espero por seus comentários e reflexões. Deixe sua opinião no nosso site, compartilhe suas impressões nos grupos de leitores do WhatsApp ou envie uma mensagem privada para mim. Sua participação enriquece o debate!

Texto baseado no trabalho de Evando Cruz Silva: Molecada no Corre: Crime, geração e moral no Primeiro Comando da Capital

PCC nos anos 90: Sob a Sombra das Grades

As primeiras luzes do dia ainda não haviam riscado o horizonte quando o eco de uma década de mudanças ressoou através das paredes de concreto. O Primeiro Comando da Capital, conhecido apenas como PCC, nasceu nas sombras das prisões de São Paulo na década de 1990. Uma história de transformações e contornos inesperados, trazendo consigo um ar de mistério.

Era uma época em que o caos era a única lei, onde a selvageria humana espreitava a cada canto de cela, o PCC surgiu em 1993 como uma ordem em meio ao caos.

Mano, no dia 11 de março de 1991, as sementes do PCC foram plantadas em solo fértil durante um banho de sangue no presídio do Carandiru. O PCC não brotou em 1993 lá no Piranhão e se espalhou de uma vez só, mas na real, ele já tinha começado lá atrás, em 91, mas foi nesse ano que ele se consolidou…

Naquela tarde de chuva de 93, o Rato caiu morto pelas mãos do Geleião no Piranhão, como era chamado a Casa de Custódia de Taubaté. Zé Marcio, o Gelião, fundava o PCC, regando-o com o sangue do Rato.

O PCC existira sem o neocapitalismo? Por que isso é importante?

Eles eram a luz do fim do túnel para muitos prisioneiros, um sopro de vida em um mundo governado pela lei do mais forte ou do cada um por si. A instituição do “PCC nos anos 90” redefiniu esse pensamento, inaugurando uma nova era de “paz entre os ladrões”, na tentativa de trazer alguma harmonia à anarquia dominante.

Camila Nunes Dias conta que nos anos de 1994 e 1995 a base se solidificou graças a intensificação da repressão dentro do sistema carcerário — quanto mais dura se tornava a vida no cárcere, mais presos se aliavam à bandeira de solidariedade empunhada pelo PCC.

Camila Caldeira Nunes Dias PCC

“… as demonstrações de crueldade e de espetacularização da violência […] desempenharam uma série de funções na conquista e na manutenção do poder e do domínio do PCC sobre a população carcerária.”

A transformação da organização criminosa PCC desde 1993 aos primeiros anos dos anos 2000 é uma história de evolução e adaptação, uma narrativa que desafia a imaginação. No entanto, como seria de se esperar em qualquer história de uma organização criminosa, o verdadeiro mistério reside sempre nos detalhes, escondidos nas sutilezas da vida real.

Em 1994, quando eu era um novato, os presos falavam comigo sobre um tal “Partido do Crime”. Eu falava ‘tá bom’, fingindo que estava entendendo, pois não é bom demonstrar dúvida perto dos detentos…

Só depois, eu e o restante dos agentes fomos descobrir que o tal partido era o Primeiro Comando da Capital, que alguns também chamavam de “Sindicato do Crime”. Para nós, os agentes penitenciários, era evidente a força que o grupo estava ganhando, mas, durante muito tempo, o governo negou a sua existência…

Foi nesse caldeirão que, no início dos anos 2000, o conflito explodiu: … o PCC agora mandava no lugar…

… a história continua no The Intercept Brasil.

A Metamorfose da Hierarquia: Desafiando a Estrutura Tradicional

Muitas mudanças aconteceram naqueles loucos e tensos do PCC nos anos 90. A população carcerária, antes massacrada pelo governo de São Paulo e ao mesmo tempo subjugada por grupos criminosos brutais dentro das prisões, começou a se organizar em torno de uma ideologia que ia sendo construída enquanto era implantada.

A criação do PCC é vista por muitos presos como o fim de um tempo no qual imperava uma guerra de todos contra todos, onde a ordem vigente era “cada um por si” e “o mais forte vence”. As agressões físicas eram bastantecomuns, “qualquer banalidade era motivo para ir pra decisão na faca”.

As violências sexuais também eram bastante recorrentes; para evitá-las, muitas vezes não havia outra saída senão aniquilar o agressor e adicionar um homicídio à sua pena. Os prisioneiros se apoderavam dos bens disponíveis, desde um rolo de papel higiênico até a cela, para vendê-los àqueles que não conseguiam conquistá-los à força.

Karina Biondi

Até 1995 ou 1996, o carcereiro chegava e vendia o preso por, digamos, cinco mil reais para ser escravo sexual.

Aluguel de presos como escravos sexuais no Paraná

No ambiente abafado, impregnado de injustiças e ameaças mortais, é possível vislumbrar como o Primeiro Comando da Capital encontrou espaço para expandir e enraizar-se com impressionante facilidade. E, nesse contexto, a transição para as ruas se tornou apenas um salto lógico e inevitável.

Nas ruas das periferias introduziu de seu código moral nas “biqueiras”, se estabelecendo como uma autoridade alternativa, o Tribunal do Crime, um recurso para a resolução de conflitos. Este controle social também não estava nos planos iniciais do PCC nos anos 90, mas poucos anos após a sua formação nas prisões, este sistema paralelo de justiça já se fazia presente nas principais comunidades periféricas de São Paulo.

Um ponto de virada dramático no enredo foi quando o PCC estendeu sua influência para além das prisões. Esta extensão não era uma estratégia inicial, mas acabou por ser um movimento que poderia ter sido inspirado por um mestre em estratégia.

Impondo a paz pela violência

O PCC nos anos 90, desenhava sua identidade com traços de violência, como uma assinatura indelével. De acordo com o estudioso Dyna, a facção estabeleceu uma rígida política de punições extremas, assemelhando-se às práticas de suplício descritas por Foucault.

Os suplícios, essas punições visíveis e brutalmente violentas, desenhavam um teatro de horror cuja finalidade era reforçar a relação de poder. O soberano aqui era o próprio comando, não se restringindo a indivíduos, mas permeando a organização inteira, atingindo todos, membros ou não.

As mais chocantes manifestações desses suplícios incluíam a decapitação de membros de grupos adversários, ou a execução dos próprios irmãos por falhas graves. A meta era clara: afirmar o poder e a hegemonia do PCC em cada presídio onde tivessem presença.

A crueldade desses atos, entretanto, não era uma invenção do PCC. As raízes dessas práticas brutais já estavam fincadas no solo fértil do mundo do crime. Porém, foi com a ascensão do PCC no universo carcerário que esses suplícios foram incorporados, tornando-se um instrumento de correção e punição para aqueles julgados pelo grupo.

No entanto, outras marcas simbólicas são registradas, como olhos arrancados (dos traidores), cadeado na boca (delatores), coração arrancado (inimigos). Quando se tratava de ex-membros que ocupavam postos mais altos na hierarquia do PCC, se a situação permitisse, o condenado poderia escolher a forma de ser assassinado: como coisa ou verme (a golpes de faca), ou como homem honrado, ocasião em que o chamado kit forca, composto de lençol e banco para que se encarrega se da própria execução.

Camila Caldeira Nunes Dias

PCC nos anos 90: um fantasma oculto na sombra

A crescente organização dos encarcerados e sua exorbitante violência começaram a chamar a atenção, se tornando inescapáveis aos olhos do governo e da imprensa. Mesmo assim, havia uma espécie de cegueira deliberada por parte do Estado, que se recusava a reconhecer a existência de um grupo de detentos tão meticulosamente orquestrado.

No ano de 1995, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo desdenhou dos rumores, afirmando que a imprensa estava “vendo fantasmas” ao falar de uma tal facção criminosa chamada PCC. Contudo, era como se essas palavras servissem de estímulo silencioso, pois em 1997, a misteriosa organização criminosa emergiu das sombras, forçando a sociedade a reconhecer a sua existência e a legitimidade de seu Estatuto.

Como se desafiando o escárnio das autoridades, o PCC se movia, motivado por um ímpeto quase palpável para ser visto e entendido. Creio que Na visão essa era uma demonstração de orgulho e rebelião, características intrínsecas daqueles que se sentem marginalizados e ignorados.

O PCC dos anos 90 também sofreu uma metamorfose notável, substituindo uma hierarquia rígida e centralizada por postos mais fluidos. Neste sistema enigmático, um membro poderia assumir uma “responsa” e trocá-la de acordo com as necessidades ou conveniências, seja suas ou da facção, a qualquer momento e lugar. Talvez essa seja a verdadeira essência do mistério que rodeia o “PCC nos anos 90”, um sistema tão complexo que, quando as autoridades finalmente conseguem desvendá-lo, ele já se modificou.

A atmosfera tensa e carregada de mistério mas aparentemente contida como uma represa pelas muralhas dos presídios prevaleceu até que, nos anos 2000 , estouraram numa onda de mega rebeliões e ataques fora dos presídios. Aqui, o PCC emergiu das sombras, jogado sob os holofotes públicos como uma força a ser reconhecida. Uma reviravolta dramática que desmascarou a falsa segurança dos discursos políticos, forçando as autoridades a reconhecerem que não estavam no controle.

O Brasil e o PCC entram na era da comunicação celular

O pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna recorda um fato notável que causou um impacto significativo e revolucionou o PCC na década de 90: a introdução de telefones celulares nas prisões de São Paulo.

Na década de 90, uma mudança silenciosa começou a reconfigurar a paisagem sombria das prisões de São Paulo. Como se guiado por algum código inescrutável, o PCC encontrou uma nova forma de tecer sua teia de influência: o celular.

Era quase mágico. Aqueles pequenos aparelhos, que cabiam na palma de uma mão, começaram a zumbir nas sombras, costurando conexões onde antes existiam apenas paredes de concreto. As notícias corriam pelos corredores lúgubres como correntes elétricas, com um poder invisível que transformava em questão de horas o silêncio dos presos em um murmúrio de inquietação.

Este novo mecanismo era o resultado do trabalho de David Spencer, um homem que outrora combateu a ditadura de Pinochet no Chile. Com a paciência de um mestre relojoeiro, ele ensinou o PCC a montar uma rede de comunicação tão engenhosa quanto um mecanismo de relógio, com peças móveis que se ajustavam e se realinhavam ao mínimo sinal de perigo.

Os telefones eram introduzidos nos presídios de maneiras quase inimagináveis. Cada celular era precioso, sendo introduzido sorrateiramente nas prisões, escondido nas partes mais íntimas dos corpos humanos. Era uma operação perigosa e humilhante, mas essencial para o funcionamento da máquina do PCC.

Com essa nova ferramenta, o PCC não era mais apenas uma organização, mas uma entidade viva, pulsante. Cada membro, independente de onde estivesse, estava ligado à entidade maior, contribuindo com uma parte de seus ganhos. Os que estavam em liberdade davam 500 reais por mês, os do semiaberto, 250 reais, e até os simpatizantes nas cadeias contribuíam com 25 reais. O PCC se tornou um organismo autossustentável, uma criatura nascida do desespero e alimentada pela necessidade, sempre pronta para adaptar, evoluir e sobreviver.

A chegada da nova tecnologia desencadeou um terremoto silencioso nas entranhas do sistema prisional de São Paulo. A ressonância desta transformação reverberava nos corredores frios das prisões, ecoando nas mudanças nas políticas e estratégias de gestão prisional. Viu-se a implementação do Regime Disciplinar Diferenciado, o RDD, uma resposta desesperada para tentar isolar as lideranças e restringir a comunicação que, agora, fluía livre como um rio subterrâneo.

Os complexos prisionais começaram a se expandir, espalhando-se como manchas de óleo pelo estado. A ideia era diluir a influência do PCC, dispersar os membros para enfraquecer a organização. Mas, como as autoridades logo descobririam, era como tentar segurar água nas mãos. O PCC já não estava apenas dentro das prisões, mas também fora delas. E agora, graças à tecnologia, estava conectado de uma maneira que ninguém poderia ter previsto.

Ironia e Paradoxo: As Falsas Promessas de Controle

Por algum motivo que escapa à compreensão, políticos, policiais e uma parcela considerável da imprensa nutriam a crença de que teriam sucesso em combater uma organização criminosa que nasceu no seio do sistema prisional, um monstro gerado para combater as injustiças da própria cadeia, ao aumentar o número de detentos e perpetuar a injustiça carcerária. Essa crença, impregnada de ironia e paradoxo, serve como um lembrete sombrio das complexidades que cercam o “PCC nos anos 90”.

Incrivelmente, graças a todos esses fatores, o “PCC nos anos 90” conseguiu estabelecer uma “paz entre os ladrões” nas prisões e transportar com sucesso o conceito da “moral do crime” para as ruas das periferias. Obteve visibilidade e reconhecimento público com a divulgação do seu Estatuto em 1997, e aprimorou seu sistema de hierarquia e gestão.

Contudo, ainda sob o manto do suspense, ocorreu uma mudança surpreendente. São Paulo experimentou uma redução drástica na taxa de homicídios, com uma queda de mais de 70% nos assassinatos. Esta mudança inesperada poderia apenas ser atribuída à presença cada vez maior do PCC e à disseminação do conceito da moral do crime. As ruas, antes palco de violência incessante, pareciam se acalmar sob sua influência.

E assim, ao final da década, a empresa – um empreendimento de meros cinco anos – já exibia sinais que atuava no cenário internacional com negociações expressivas:

Em fevereiro de 1998, por menos de 1 Real foi enviada de uma agencia do Correio de Campo Grande uma carta com informações de como funcionava o esquema montado pelo Primeiro Comando da Capital no Mato Grosso do Sul.

A carta que derrubou um esquema internacional da facção PCC

Governadores de São Paulo 1990-2000

15 de março de 1987 até 15 de março de 1991
estratégia violenta e repressiva de lidar com a criminalidade, foi a primeira grande ruptura na era democrática
Massacre do 42º DP – fevereiro de 89
Orestes Quércia

15 de março de 1991 até 1 de janeiro de 1995
massacre do Carandiru – 2 de outubro de 1992
desativação e demolição do Carandiru
política de interiorização e divisão dos presídios
fundação do PCC – 31 de agosto de 1993
Luiz Antônio Fleury

1 de janeiro de 1995 até 6 de março de 2001
criticou a ausência de direitos humanos nos governos anteriores e optou por políticas de negociação e patrulhas mais brandas
criação de vagas no sistema penitenciário como uma de suas principais ações políticas
Mário Covas

Complexo do Carandiru: 300 policiais mudaram a história do Brasil

Mano Dyna solta a real sobre como o abandono das políticas de humanização dos presídios, especialmente no ‘Complexo do Carandiru’, deu força pro PCC e mudou a cena política do Brasil.

Complexo do Carandiru é o fio que o irmão Dyna puxou pra nós. Papo reto, cada governador de São Paulo deixou sua marca, moldando o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533).

Hoje, o mano Dyna chegou com outra ideia, tipo assim, meio doida. Mas saca só, tudo se encaixa: 300 homens fardados, mudando a história do país e da América Latina, com a morte de mais de cem manos.

A guinada à direita, com o Bolsonaro e o Tarcísio no comando, veio do abandono das políticas de humanização dos presídios. Na responsa? Franco Montoro e Mario Covas. Eles queriam trazer dignidade pros presídios, mas os que vieram depois largaram a fita. E aí, já viu.

Cola comigo nessa história, que vou desenrolar essa fita pra você.

Complexo do Carandiru: o Sistema Abandonou os Manos e Deu no que Deu

Vou te soltar a real, bora pro papo reto. Nesse corre da vida, a Segurança Pública em São Paulo sofreu um baque pesado. Os manos Montoro e Covas tinham um plano de humanização dos presídios, mas a fita mudou.

O Complexo do Carandiru foi um lugar que marcou com sangue a história do Brasil. Em 1992, a polícia desceu o aço de forma bruta e covarde, alimentando uma raiva que espalhou um clima tenso na sociedade.

O Complexo do Carandiru, com a superlotação, virou um caldeirão prestes a explodir. Projetado pra caber 3,2 mil presos, chegou a abrigar 7,2 mil. Essa fita era uma bomba-relógio, e o estopim foi a rebelião de 1992.

Quando a casa caiu, a polícia chegou de forma pesada. Mais de 300 policiais, liderados por caras como o Coronel Ubiratan Guimarães. O resultado foi um moedor de carne humana: entre 111 e 300 mortos.

Então, é isso, mano. O abandono das políticas de humanização dos presídios, a falta de direitos humanos, tudo isso contribuiu pro crescimento do Primeiro Comando da Capital e da direita. Fica ligado na segunda parte que vou mandar, onde vou fechar essa fita.

Complexo do Carandiru: símbolo do descaso e da impunidade

Os Direitos Humanos e os sobreviventes bateram de frente, acusando a polícia de querer exterminar os presos. Aí, o Complexo do Carandiru virou um exemplo sombrio do que pode rolar quando as políticas de humanização são abandonadas.

O bagulho é doido, a chapa esquentou e o Brasil inteiro levou um puxão de orelha da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. A resposta violenta à rebelião e a demora pra punir os culpados foram condenadas.

O Complexo do Carandiru virou um churrasco de gente, fez o Brasil virar a cara pra direita. Paulo Maluf, o cara do sistema, se deu bem com o sangue dos manos nas eleições municipais de São Paulo.

A parada aconteceu um dia depois do massacre, no pior estilo do sistema. E, pra quem não sabe, o mano Danilo Cymrot botou no papel, no livro “Da chacina a faxina”, que a vitória do Maluf tá ligada, sim, à essa tragédia.

Foi o primeiro eleito no sangue dos manos mortos covardemente do presídio.

Guinada à Direita: Maluf, Bolsonaro, Tarcísio e as Cicatrizes do Abandono

E quem pagou o pato? Só o Coronel Ubiratan Guimarães, condenado a 632 anos por 102 homicídios e 5 tentativas. Mas o cara recorreu em liberdade, virou deputado e morreu sem ver o sol nascer quadrado.

Os outros PMs? Não tiveram que encarar o juiz. O Carandiru, símbolo da mão pesada do sistema, fechou as portas em 2002. Os presos foram jogados pra outros lugares, resultado da política dos tucanos.

A chacina mexeu com a cabeça do povo. A luta contra o abuso policial e as desigualdades ganharam força. A música “Diário de um Detento”, dos Racionais MC’s, botou a real na roda sobre o episódio e criticou o sistema penitenciário e a desigualdade social brasileira.

Pra resumir, o Carandiru mostra a contradição da segurança pública. A violência policial alimentou o conservadorismo, levando Bolsonaro à presidência e Tarcísio ao comando de São Paulo. Tudo começou com o abandono das políticas de humanização dos presídios. O massacre de ’92, sem punição, revela a predileção pública por discursos de ordem e repressão.

Aquele salve pro pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna, que é o responsa por passar essas fitas todas pra mim. Se tiver chance, dá uma conferida nos corres dele, mano, porque é de lá que vem a ideia reta.

Governadores do Estado de São Paulo

15 de março de 1983 até 15 de março de 1987
humanizou os presídios na sua gestão, priorizando a democracia, a transparência e os direitos dos detentos
Franco Montoro

15 de março de 1987 até 15 de março de 1991
estratégia violenta e repressiva de lidar com a criminalidade, foi a primeira grande ruptura na era democrática
Massacre do 42º DP – fevereiro de 89
Orestes Quércia

15 de março de 1991 até 1 de janeiro de 1995
massacre do Carandiru – 2 de outubro de 1992
desativação e demolição do Carandiru
política de interiorização e divisão dos presídios
fundação do PCC – 31 de agosto de 1993
Luiz Antônio Fleury

1 de janeiro de 1995 até 6 de março de 2001
criticou a ausência de direitos humanos nos governos anteriores e optou por políticas de negociação e patrulhas mais brandas
criação de vagas no sistema penitenciário como uma de suas principais ações políticas
Mário Covas

6 de março de 2001 até 31 de março de 2006
política de aumento da repressão policial e mais mortes em confrontos
mega rebelião em 29 unidades prisionais – fevereiro 2001
PCC ganha visibilidade pública e demonstra eficácia em suas ações
massacre Operação Castelinho – fevereiro de 2002
Regime Disciplina Diferenciado RDD – dezembro de 2003
muitos que trabalharam na repressão ganharam fama na vida política
Geraldo Alckmin

31 de março de 2006 até 1 de janeiro de 2007
mega rebelião e ataques do PCC – maio de 2006
Cláudio Lembo

1 de janeiro de 2007 até 2 de abril de 2010
manutenção da política de Segurança Pública de Alckmin
hegemonia do PCC com queda da taxa de homicídios
Crescimento progressivo da população carcerária
Fotalecimento da ROTA e investimentos na PM
José Serra

2 de abril de 2010 até 1 de janeiro de 2011
Alberto Goldman

1 de janeiro de 2011 até 6 de abril de 2018
aumento da população carcerária
investimento em ferramentas de investigação contra as organizações criminosas
número alarmante de encarcerados durante a gestão de Alckmin, com aumento de mais de 50.000 presos em apenas 4 anos
aumento da violência e letalidade policial
Geraldo Alckmin

6 de abril de 2018 até 1 de janeiro de 2019
Márcio Franca

1 de janeiro de 2019 até 1 de abril de 2022
João Doria

1 de abril de 2022 até 1 de janeiro de 2023
População carcerária: O Brasil é o terceiro país com maior população carcerária do mundo, com mais de 773.000 presos. Só no Estado de São Paulo são 231.287 presos
Rodrigo Garcia

1 de janeiro de 2023 a
Tarcísio de Freitas

Governador de São Paulo, a política carcerária e a Facção PCC

A política de cada governador de São Paulo em relação ao sistema prisional e a facção PCC. Da política de humanização à guerra nas ruas, acompanhe essa narrativa.

“Governador de São Paulo” é o tema do nosso novo artigo, irmão. O Primeiro Comando da Capital (Facção PCC 1533) e os governantes de SP estão no foco. A quebrada quer entender como a política rolou e como o PCC nasceu daí. No final, tem um fichamento com os dados que embasaram a ideia. Cola lá!

Ah! Quem me passou toda essa visão, foi o mano Dyna. Forte e leal abraço!

Governor de São Paulo: cada um com sua gestão prisional

Governador de São Paulo: já tevivemos um Franco Montoro e um Mario Covas

Segura a visão, irmão, dos role dos governo de São Paulo. Montoro (1983-1987), chega no corre e traz uma ideia nova, de humanizar os presídios, dar chance pro preso buscar os direitos dele. Tipo, uma luz no fim do túnel, saca?

Mas aí, Quércia (1987-1991) assume o poder e muda o jogo. Troca a ideia de Montoro e chega com uma pegada mais pesada, violenta. Cê lembra, né? Foi nessa época que rolou aquele pico do 42° DP e o massacre do Carandiru, treta pesada.

Na sequência, Covas sobe no comando. Ele criticou a treta de Quércia e Fleury, e escolheu outro caminho. Ao invés de botar a PM pra bater de frente, ele preferiu o diálogo, uma patrulha mais tranquila.

Só que, no segundo mandato de Covas, o sistema prisional começou a crescer muito. O cara priorizou a criação de vagas nos presídios como uma das principais ações políticas dele. Isso afetou a relação com o Primeiro Comando da Capital, e ainda hoje sentimos os efeitos disso na quebrada.

Ninguém sabe como nós escolher o caminho mais sinistro

Na sequência do baile, mano, Carandiru já era, prisões superlotadas, aí rolou a política de interiorização. Distribuíram os irmãos pelo estado, pra dificultar a união da massa. A estratégia foi clara, os governantes decidiram espalhar os presos, fugindo da aglomeração.

Construíram novas penitenciárias, mano, pros regimes fechado e semiaberto, espalhadas pelo oeste paulista. As novas casas do sistema são diferentes, menores, compactas, modernas, evitando a treta das fugas e o descontentamento da massa.

Mas saca só, o desenho do lugar tá ligado na vigilância, fazendo o preso virar a base da própria opressão, sacou? Igual aqueles filmes loko de futuro, onde o sistema oprime a massa.

Segura a visão, que vou te mostrar como a parada desenrolou pra gente chegar onde estamos, tá ligado? Mas primeiro a lista com o nome dos governadores porque ninguém tem obrigação de lebrar de cor, né não?

Governadores do Estado de São Paulo

15 de março de 1983 até 15 de março de 1987
humanizou os presídios na sua gestão, priorizando a democracia, a transparência e os direitos dos detentos
Franco Montoro

15 de março de 1987 até 15 de março de 1991
estratégia violenta e repressiva de lidar com a criminalidade, foi a primeira grande ruptura na era democrática
Massacre do 42º DP – fevereiro de 89
Orestes Quércia

15 de março de 1991 até 1 de janeiro de 1995
massacre do Carandiru – 2 de outubro de 1992
desativação e demolição do Carandiru
política de interiorização e divisão dos presídios
fundação do PCC – 31 de agosto de 1993
Luiz Antônio Fleury

1 de janeiro de 1995 até 6 de março de 2001
criticou a ausência de direitos humanos nos governos anteriores e optou por políticas de negociação e patrulhas mais brandas
criação de vagas no sistema penitenciário como uma de suas principais ações políticas
Mário Covas

6 de março de 2001 até 31 de março de 2006
política de aumento da repressão policial e mais mortes em confrontos
mega rebelião em 29 unidades prisionais – fevereiro 2001
PCC ganha visibilidade pública e demonstra eficácia em suas ações
massacre Operação Castelinho – fevereiro de 2002
Regime Disciplina Diferenciado RDD – dezembro de 2003
muitos que trabalharam na repressão ganharam fama na vida política
Geraldo Alckmin

31 de março de 2006 até 1 de janeiro de 2007
mega rebelião e ataques do PCC – maio de 2006
Cláudio Lembo

1 de janeiro de 2007 até 2 de abril de 2010
manutenção da política de Segurança Pública de Alckmin
hegemonia do PCC com queda da taxa de homicídios
Crescimento progressivo da população carcerária
Fotalecimento da ROTA e investimentos na PM
José Serra

2 de abril de 2010 até 1 de janeiro de 2011
Alberto Goldman

1 de janeiro de 2011 até 6 de abril de 2018
aumento da população carcerária
investimento em ferramentas de investigação contra as organizações criminosas
número alarmante de encarcerados durante a gestão de Alckmin, com aumento de mais de 50.000 presos em apenas 4 anos
aumento da violência e letalidade policial
Geraldo Alckmin

6 de abril de 2018 até 1 de janeiro de 2019
Márcio Franca

1 de janeiro de 2019 até 1 de abril de 2022
João Doria

1 de abril de 2022 até 1 de janeiro de 2023
População carcerária: O Brasil é o terceiro país com maior população carcerária do mundo, com mais de 773.000 presos. Só no Estado de São Paulo são 231.287 presos
Rodrigo Garcia

1 de janeiro de 2023 a
Tarcísio de Freitas

As Heranças do Governador de São Paulo Geraldo Alckmin 1: RDD e o Estouro do Sistema Carcerário

Covas partiu dessa para uma melhor em 2001, e quem pegou o bonde foi Alckmin, de 2001 a 2006. O mano foi contra a maré, intensificando a treta com as organizações dos presídios.

Aí teve as mega rebeliões, aumento da letalidade policial e o Primeiro Comando da Capital entrou na mira da opinião pública.

Na quebrada, a violência da polícia disparou, e como toda ação tem uma reação, a facção PCC 1533, organizou a maior revolta das trancas em 2001.

Foi nessa época que Alckmin criou o RDD, o Regime Disciplinar Diferenciado, mano. Uma medida pesada, que cortou direito dos irmãos atrás das grades, trancados em solitárias, sem visita de família e advogado.

Em 2002, rolou a Operação Castelinho. PM fechou o cerco e 12 suspeitos de serem do PCC foram mortos. Apesar dos protestos, o barato continuou.

A Herança do Governador de São Paulo Cláudio: os ataques do PCC de maio de 2006

Em 2006, Alckmin saiu e Cláudio Lembo entrou. Nesse ano, rolou a maior crise de segurança, com a PCC tocando o terror em mais de 70 cadeias e nas ruas. Ficou pouco, mas foi o bastante para jogar farofa no ventilador.

No auge da treta, a mega rebelião e os ataques de maio, a cidade virou um caos, todo mundo em pânico. Depois da tempestade, José Serra assumiu o poder, manteve a linha do PSDB e os índices de violência deram uma diminuída.

As Heranças do Governador de São Paulo José Serra: Lotando as Trancas e a Violência na Periferia

No entanto, quando Serra assumiu o trono (2006-2010), a parada ficou mais tensa. O discurso era de vitória, mas o que rolou mesmo foi o aumento da população carcerária. Alckmin voltou em 2010, ficou até 2018, e o sistema só piorou. A vida na periferia seguia na mesma, enquanto as celas enchiam cada vez mais.

As Heranças do Governador de São Paulo Geraldo Alkimin 2: Mais Violência, Confronto com o PCC e Aumento do Encarceramento

Na quebrada, Alckmin chegou no poder novamente, em 2010. Daí, a coisa não mudou, irmão. A treta com o PCC continuou e a violência só aumentou. Em 2012, rolou uma fita diferente. O sistema policial passou por uma reforma. Antônio Ferreira Pinto, um ex-milico, assumiu a fita, botando a polícia pra cima do crime organizado. A PM e a ROTA, na gestão do cara, só cresciam, levando a violência às alturas.

Porém, em 2012, o bagulho ficou doido. A PM e o PCC bateram de frente, deixando São Paulo em estado de sítio. Nessa parada, Ferreira Pinto e os comandantes da PM e ROTA tiveram que sair do jogo. Eles foram pro lado da política, mas o estrago já tava feito. O número de presos aumentou demais, mais de 50.000 em 4 anos.

O Brasil é o terceiro do mundo em população carcerária, mais de 773 mil presos, mano. Em São Paulo, são mais de 231 mil. Mas tá ligado que essa treta toda, essa disputa entre as políticas dos governantes, só beneficiou quem tá no poder, os que precisam do discurso da violência pra se manter no comando.

No final, a gestão do Alckmin ficou marcada pela treta com o PCC e a violência das polícias. A quebrada sangrou, e a pergunta é: quem vai limpar essa bagunça agora, Governador de São Paulo?

Aquele salve pro pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna, que é o responsa por passar essas fitas todas pra mim. Se tiver chance, dá uma conferida nos corres dele, mano, porque é de lá que vem a ideia reta.

Fichamento com os dados que embasaram as ideias

  1. Mário Covas falece em 2001, seu vice-governador, Geraldo Alckmin assume (2001-2006).
    • Alckmin intensifica a violência policial e a repressão.
    • Fortalecimento da PM e estratégia de confronto elevam o número de mortes pela ação do Estado.
  2. Mega rebelião organizada pelo PCC em 2001.
    • Primeiro grande desafio do governo Alckmin.
    • PCC ganha visibilidade pública e demonstra eficácia em suas ações.
  3. Alckmin cria o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
    • Medida mais dura do Estado de São Paulo contra líderes do PCC.
    • RDD restringe direitos básicos dos presos, como tempo de banho de sol, visitas de familiares e advogados.
  4. Operação Castelinho em 2002.
    • 12 suspeitos de pertencerem ao PCC são assassinados pela PM em uma emboscada, gerando críticas.
  5. Cláudio Salvador Lembo assume o governo em 2006, após renúncia de Alckmin.
    • Ano marcado pela maior crise da segurança pública em São Paulo, com mega rebelião em mais de 70 unidades prisionais e ataques a prédios públicos a mando do PCC.
  6. José Serra Chirico assume o governo (2006-2010).
    • Continua as políticas de Alckmin de fortalecimento das polícias e enfrentamento ao crime.
    • Após os ataques de 2006, os índices de homicídio e violência diminuem.
    • Crescimento progressivo da população carcerária refletindo as políticas de segurança pública.
  7. Geraldo Alckmin retorna ao governo (2010-2018).
    • Neste período, a população carcerária continua a crescer além da capacidade dos presídios.
    • Alckmin vence novamente e se reelege em 2014, totalizando 8 anos de governo nesse segundo mandato.
  8. Alckmin, em sua segunda gestão (2010-2018), continuou as políticas de segurança pública do PSDB, com enfoque na repressão e confronto.
  9. Em 2012, a força policial foi reestruturada sob Antônio Ferreira Pinto, policial militar e procurador da justiça, promovido como secretário da SAP após os ataques de 2006.
  10. Ferreira Pinto utilizou força policial e instrumentos de investigação para combater grupos criminosos.
  11. Em 2009, Álvaro Batista Camilo e Paulo Adriano Lopes Lucinda Telhada foram nomeados para postos chave na Polícia Militar e ROTA, respectivamente.
  12. Aumento significativo nos investimentos para a Polícia Militar e ROTA.
  13. Em 2012, aumento da violência em São Paulo devido aos confrontos entre a PM e o PCC.
  14. Retirada de Ferreira Pinto e dos comandantes da PM e ROTA em 2012, que migraram para a vida política.
  15. Número alarmante de encarcerados durante a gestão de Alckmin, com aumento de mais de 50.000 presos em apenas 4 anos.
  16. Os últimos anos da gestão de Alckmin marcados por violência policial e embates com o PCC.
  17. Montoro humanizou os presídios na sua gestão, priorizando a democracia, a transparência e os direitos dos detentos.
  18. Muitos que trabalharam em gestão ganharam fama na vida política.
  19. Governo Quércia, marcado por uma estratégia mais violenta e repressiva de lidar com a criminalidade, foi a primeira grande ruptura na era democrática.
  20. Aumento substancial dos homicídios cometidos pela PM durante o governo Fleury, com destaque para os episódios do 42° DP e o massacre do Carandiru.
  21. Mário Covas se elegeu em 1995 e iniciou o governo tucano, que já dura 25 anos.
  22. Covas criticou a ausência de direitos humanos nos governos anteriores e optou por políticas de negociação e patrulhas mais brandas.
  23. A expansão do sistema prisional foi acelerada a partir de 1998, durante o segundo governo de Mário Covas, que priorizou a criação de vagas no sistema penitenciário como uma de suas principais ações políticas.
  24. Política de interiorização: Com a desativação do Carandiru e a superlotação das cadeias, uma política de interiorização foi implementada, expandindo-se por todo o estado. Essa política visava dificultar a organização de grupos criminosos.
  25. Construção de novas penitenciárias: As grandes cadeias foram descentralizadas e novas penitenciárias foram construídas para os regimes fechado e semiaberto em todo o oeste paulista. As novas instalações, mais compactas e modernas, diferiam das antigas construções do século XIX e XX.
  26. Panóptico: O novo arranjo das penitenciárias é comparado a um “Panóptico”, onde a arquitetura do local é atrelada à vigilância e ao poder, tornando o preso o princípio de sua própria sujeição.
  27. Governador Geraldo Alckmin: Após a morte de seu antecessor em 2001, Alckmin assumiu e adotou uma postura mais dura contra o crime, enfrentando situações como as mega rebeliões e o aumento da letalidade policial.
  28. Primeiro Comando da Capital (PCC): Durante o governo de Alckmin, o PCC ganhou visibilidade pública. Medidas punitivas, como a criação do RDD, foram implementadas para combater o grupo.
  29. Mega rebelião de 2006: Esta rebelião elevou o pânico social em todas as classes da sociedade paulista. Posteriormente, José Serra assumiu o poder, mantendo a política do PSDB e presenciando uma diminuição nos índices de violência.
  30. População carcerária: O Brasil é o terceiro país com maior população carcerária do mundo, com mais de 773.000 presos. Só no Estado de São Paulo são 231.287 presos.
  31. Disputa política: Há uma disputa entre políticas mais moderadas (como as de Montoro e Covas) e políticas mais radicais. As últimas foram vencedoras, beneficiando os setores que necessitam do discurso sobre a violência para manter seus micropoderes.
  32. Efeito das políticas na criação do PCC: O texto argumenta que o Estado, por meio de suas políticas, produziu as condições para a criação do PCC.

Eleições no Paraguai: foi bom o resultado para a Facção PCC

A investigação policial revela a crescente influência da facção PCC 1533 nas eleições paraguaias e destaca a importância da cooperação internacional para combater o crime organizado.

Eleições no Paraguai revelam conexões perigosas entre o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) e forças políticas, desafiando a cooperação internacional no combate ao crime.

Eleições no Paraguai: Relatório de inteligência do GAECO / SENASP

Memorando nº 325/2023

De: Inspetora Rogéria Mota
Para: Exmº. Sr. Dr. Promotor de Justiça
Assunto: Resultado das investigações realizadas em cooperação com a SENAD no Paraguai

Data: 5 de maio de 2023

Exelentíssimo Senhor Doutor Promotor,

Por meio deste memorando, apresento os resultados e considerações obtidas durante minha missão no Paraguai, onde estive a convite da Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) para investigar a influência da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no país.

  1. Expansão do Primeiro Comando da Capital no Paraguai

Durante a investigação, constatamos que o PCC expandiu significativamente suas atividades no Paraguai, estabelecendo conexões com políticos, autoridades e outros grupos criminosos locais. A facção tem se beneficiado da corrupção e da impunidade prevalentes no país, principalmente em razão da longa permanência do Partido Colorado no poder.

  1. Relação entre o PCC e as elites políticas paraguaias

Identificamos que a facção PCC possui relações estreitas com membros do Partido Colorado e outras elites políticas no Paraguai. Essas conexões facilitam as operações da organização criminosa no país, incluindo o tráfico de drogas e o contrabando de cigarros. Além disso, observamos que a vitória do Partido Colorado nas recentes eleições no Paraguai pode fortalecer ainda mais essas relações, dificultando avanços significativos no combate à corrupção e ao crime organizado.

  1. Cooperação internacional entre Brasil e Paraguai

A cooperação entre as forças policiais do Brasil e do Paraguai é essencial para combater efetivamente o PCC e outros grupos criminosos que operam na região. Entretanto, é necessário que as autoridades paraguaias demonstrem genuíno comprometimento no combate à corrupção e ao crime organizado, a fim de enfraquecer a influência do PCC no país.

  1. Recomendações

Com base nas informações obtidas durante a investigação, sugiro que o GAECO continue trabalhando em cooperação com as autoridades paraguaias para compartilhar informações, experiências e estratégias, visando aprimorar a luta contra o crime organizado na região. Além disso, é crucial que as instituições brasileiras continuem pressionando as elites políticas do Paraguai a implementar medidas efetivas de combate à corrupção e ao Primeiro Comando da Capital.

Atenciosamente,

Inspetora Rogéria Mota

Análise do InSight Crime não indica mudanças

texto baseado em artigo de Christopher J. Newton para o InSight Crime: Las elecciones de Paraguay reducen las posibilidades de acabar la corrupción

resumo do caso Facção PCC e política paraguaia

  1. INTRODUÇÃO

O objetivo da investigação era desvendar a influência do PCC nas eleições no Paraguai e na sociedade em geral, bem como identificar e desmantelar as operações da facção criminosa no país vizinho.

  1. METODOLOGIA

Analisar o histórico da organização paulista ao longo das últimas décadas no Paraguai, explorando seus negócios legais e ilícitos, bem como a relação com as elites políticas do país.”

  1. RESULTADOS

A análise revelou as seguintes informações cruciais:

  • Cartes, ex-presidente do Paraguai, enfrenta diversas acusações criminais, incluindo lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, contrabando de cigarros e envolvimento com o PCC.
  • A ex-procuradora-geral Sandra Quiñones nunca apresentou acusações contra Cartes, apesar de suas atividades criminosas serem amplamente conhecidas.
  • Vários legisladores do partido Colorado estão envolvidos em tráfico internacional de cocaína, em conexão com grupos criminosos como o Comando Vermelho do Brasil, o clã Insfrán do Paraguai e o traficante uruguaio Sebastián Marset.
  • A corrupção se estende além do partido Colorado, afetando despachantes aduaneiros, a Marinha do Paraguai e o desvio de munições das Forças Armadas.
  • As tentativas anteriores de combate à corrupção no Paraguai foram frustradas e, sem mudanças significativas no cenário político, é provável que o problema com o crime organizado permaneça.

Relações Perigosas: PCC e Elites Políticas Paraguaias

A análise também apontou que a organização criminosa Primeiro Comando da Capital saiu ganhando com o resultado das eleições. Apesar do discurso de endurecimento do presidente eleito, o fato de ser ele do Partido Colorado, que está há décadas no poder, permitiu que a facção PCC ganhasse grande espaço e mercado no país.

O atual presidente, Horacio Cartes, e grande parte dos políticos eleitos têm relações diretas ou indiretas com o poder, sinalizando continuidade nas relações entre a facção PCC e as forças políticas paraguaias. A estabilidade e a manutenção dos elos é um bom sinal para os negócios da organização criminosa.

CONCLUSÃO

A influência do grupo criminoso Primeiro Comando da Capital na sociedade paraguaia é extensa, afetando as elites políticas, instituições governamentais, empresas comerciais e até mesmo as forças armadas do país. A falta de vontade política e a corrupção generalizada dificultam os esforços para combater o crime organizado, e sem mudanças significativas.

Apesar dos desafios, a cooperação internacional entre Brasil e Paraguai são passos cruciais na luta contra o crime organizado na região. A troca de informações e experiências entre as forças policiais de ambos os países pode levar a avanços na compreensão das estratégias e operações do PCC, bem como na identificação de políticos e autoridades envolvidas na corrupção.

No entanto, para que mudanças significativas ocorram, é necessário que haja uma vontade política genuína e um compromisso sério com a luta contra a corrupção e o crime organizado por parte das elites políticas e das instituições do Paraguai. Apenas então será possível enfraquecer a influência do Primeiro Comando da Capital e de outras organizações criminosas no país e na região.

A investigadora Rogéria Mota é personagem fictício criado por leitores do site faccaopcc1533primeirocomandodacapital.org

O Partido Colorado é nosso!

É um fenômeno que remonta à época em que os militares abriram caminho para grupos criminosos internacionais que se envolveram na produção de maconha, heroína e cocaína. O Paraguai começa a construir sua indústria no ramo da maconha e isso ocorre a partir de lideranças políticas locais em cidades como Capitán Bado e Pedro Juan Caballero no departamento de Amambay. Depois estende-se a praticamente todo o território, sobretudo à fronteira. 

Todos esses produtores, traficantes e facilitadores do inicialmente tráfico de maconha para o Brasil eram líderes políticos do Partido Colorado. O clã Morel, formado por prefeitos e presidentes da sucursal vermelha de Capitán Bado, foi o canal por onde passou o Comando Vermelho. Situação semelhante ocorre em diferentes áreas do país. O fenômeno dessa vinculação com a política também conta com alguns sujeitos de outros partidos políticos, mas são minoria. A presença de políticos e funcionários do Partido Colorado é tremendamente majoritária.

Jorge Rolón Luna para o LaPolíticaOnline

PCC também teria conseguido outros cargos

Juan Martens, Doutor em Criminologia, alertou que indivíduos identificados em uma investigação do Primeiro Comando da Capital triunfaram nestas eleições e ocuparão cargos em governadores de fronteira e na Câmara dos Deputados.Ele não quis citar nomes por questões de segurança, mas destacou o quão perigoso é o grupo criminoso estar em ascensão e ocupando posições de poder.

Após o resultado das eleições, constatamos que várias pessoas ligadas ao PCC foram eleitas governadores e deputados em três departamentos de fronteira, disse ele.

Entwarnung für den Senat – wochenblatt.cc

Pânico Social: a Realidade e a Relação com a Facção PCC 1533

Neste texto, exploramos o pânico social, os discursos que o alimentam e as causas históricas e sociais, tudo no ritmo e a relação de tudo isso com a facção PCC 1533.


Pânico social, cê tá ligado? Cola com a gente pra entender como essa parada mexe com a vida da geral e a sociedade, e qual é a relação com o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533).

Pânico Social: a mídia e o pânico social: qual é a fita?

E aí, irmão, tá ligado na fita do pânico social, né?

Eduardo Armando Medina Dyna mandou a real, falando que a violência urbana com fitas tipo o Primeiro Coamando da Capital deixa a geral com medo. Pânico social é o nome da parada, e não é só causa e efeito dos corres do dia a dia.

Mano, é uma fita complexa envolvendo racismo, desigualdade, treta econômica e política, tudo isso cria a “criminalidade” que a gente vê por aí, e alimenta esse monstro do tal pânico social.

A mídia tá sempre de olho, reforçando as ideias erradas e botando mais lenha na fogueira. A relação entre o governo e os presos, tipo a facção PCC, só aumenta o medo e a insegurança da galera.

Pra entender a fita toda, tem que analisar o que a mídia, a polícia e os conservadores tão falando. Foucault explica que esses discursos tão cheios de poder e moldam como a gente enxerga as coisas.

Tipo em 1920, Rui Barbosa mandou um papo reto no discurso de 37 páginas chamado “A imprensa e o dever da verdade“. A ideia foi da Valeria e do Márcio que botaram a pilha nesse assunto: a verdade da mídia e o PCC.

baseado em As Faces da Mesma Moeda: uma análise sobre as dimensões do Primeiro Comando da Capital — UNESP de Marília

Pânico Social: cidadãos de bens X cidadãos do mal

Nas quebradas da vida, irmão, a cena é tensa. A história é contada em dois lados, os “cidadão do bem” e os “cidadão do mal”. Mas nessa selva de pedra, a coisa não é tão simples, não.

Pra quem nasce na periferia, o jogo é bruto, irmão. Uns tentam levar a vida na linha, buscando o pão de cada dia, enquanto outros tão encurralados, sem muita saída, sem chance de mudar a rota dessa trajetória. A sociedade marca a cara, rotula a gente, mas cê acha que é fácil assim, preto?

O “cidadão do bem” se esforça, tenta se virar, mas a parada é sinistra, as oportunidades são poucas e a realidade não dá trégua. E o “cidadão do mal”? Será que ele escolheu o caminho do crime ou foi a vida que o empurrou pra lá?

A verdade é que entre o “do bem” e o “do mal”, a linha é tênue, os dois vivem no mesmo mundo, enfrentando a mesma batalha. A gente precisa abrir os olhos pra entender o que tá rolando, buscar as causas lá no fundo, e não só julgar a superfície.

A vida é complexa, as lutas são duras e a esperança é escassa. Mas a gente resiste, mano, mesmo com a sociedade tentando nos dividir. Chega de rótulos, chega de preconceito. Só juntos a gente vai mudar essa história e escrever um novo capítulo.

A lei que é implacável com os oprimidos

Tornam bandidos os que eram pessoas de bem.

Eles são os certos e o culpado é você

Se existe ou não a culpa

Ninguém se preocupa

Pois em todo caso haverá sempre uma desculpa.

Racistas Otários – Racionais MCs

Buscando soluções: como sair dessa treta?

Só que também tem a parada da moral e religião nesses discursos, tipo a divisão entre “cidadão de bem” e “bandido do mal”. Essa fita dificulta a compreensão do pânico social, que tem raízes profundas e precisa de solução.

A mídia fica de olho no que rola perto e longe, saca os esquemas, os que sonegam e roubam a pátria e a galera, mas fica na moita e aponta pra outro lado, sem enxergar o mal de verdade onde a gente vive, e essa é a fita em que a gente tá metido.

Então, tem que olhar a história e as causas, desvendar os discursos e ver a relação entre o Estado e as organizações dos presos, como o PCC, pra entender o pânico social e buscar soluções que mudem o jogo.

No final das contas, mano, pânico social é uma fita complexa que envolve vários aspectos da nossa vida. A ideia é desvendar os discursos e enxergar a realidade, pra criar uma sociedade mais firmeza e justa.

Dois lados da moeda: a sociedade moderna e a facção PCC 1533

Nessa parada, a gente desvenda os “Dois lados da moeda”, buscando o equilíbrio entre a liberdade individual e a segurança coletiva no corre da sociedade de hoje.

“Dois lados da moeda” mostra a fita do equilíbrio entre liberdade individual e segurança coletiva no rolê da sociedade moderna, e a treta entre a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) e a segurança pública no Brasil. Cola pra conhecer!.

A origem e evolução do Primeiro Comando da Capital

Tô ligado num trampo maneiro do pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna, vou soltar a letra aos poucos durante a semana. O mano analisa os dois lados da moeda com o Primeiro Comando da Capital e a segurança pública na área.

As Faces da Mesma Moeda: uma análise sobre as dimensões do Primeiro Comando da Capital (PCC) — Universdidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Campus de Marília

O mano Dyna fala da origem e do corre da facção PCC, que nasceu em 1993 nas prisões de São Paulo. Ao longo dos anos, o bagulho ficou sinistro e o grupo virou prioridade nas políticas de segurança pública de todo o país. Vai vendo.

Na sequência, o pesquisador investiga o jogo de poder entre o PCC, a mídia, a polícia, os políticos e a galera conservadora da sociedade. Essa parada cria o “sujeito bandido” no imaginário do povo e mexe com as políticas de segurança pública.

Dois lados da moeda: O corre das políticas públicas e das leis

Por outro lado, o autor mostra que algumas políticas públicas favorecem a rapaziada específica da sociedade. Esses caras aproveitam o medo do “sujeito bandido” pra se fortalecerem e ganharem uma grana.

Nesse trampo, Dyna faz uma revisão teórica pesada e descreve a história do PCC, passando pelas fitas e a estrutura política interna. Ele analisa cada fase da organização, marcada por tretas e inovações.

O mano pesquisador explora os corres do PCC, como a política, a guerra, a economia e o social. Essa fita mostra a complexidade do PCC e a relação de interesses no rolê da segurança pública.

Então, esse estudo traz um conhecimento da hora, fortalecendo as ciências sociais e a segurança pública. Durante a semana, vou soltar mais detalhes sobre o trampo do Dyna pra você.

PCC no Uruguai: Entraves da Facção Paulista em Território Platino

Por que razão o PCC no Uruguai não conseguiu o domínio do mundo do crime? As tensões geopolíticas no Uruguai e Paraguai e seu reflexo no narconegócio.

PCC no Uruguai: adentre o intrigante universo do crime organizado sul-americano, e descubra como essa facção se estabeleceu no país. Leia e surpreenda-se!

Geopolítica do Mercosul e o PCC no Uruguai

Apresento o interessante estudo de Nicolás Centurión, que narra os eventos recentes em terras sul-americanas são de grande interesse e relevância para todos nós que estudamos o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533).

Segundo ele, as organizações do narcotráfico brasileiras e argentinas têm se fortalecido em decorrência do maior controle na Tríplice Fronteira, deslocando suas operações para o sul, tornando evidente a presença não só do PCC no Uruguai, mas também de outras organizações nesta área fronteiriça.

A organização criminosa Primeiro Comando da Capital é um fenômeno exclusivo dos presídios brasileiros. O “PCC no Uruguai” não prosperou, mesmo tendo havido uma tentativa de infiltração. A razão para isso não se deve a questões de segurança e inteligência, mas sim à desorganização dos detentos uruguaios.

Por outro lado, o PCC 1533 encontrou sucesso em sua expansão no Paraguai. Aparentemente, a cultura prisional guarani era mais parecida com a brasileira, o que pode ser explicado pela presença de criminosos brasileiros por um período maior e em maior número, ou até mesmo por outras razões culturais. O resultado é que, hoje, a facção paulista domina vários presídios próximos à Tríplice Fronteira.

A importante rota do narcotráfico: a hidrovia Paraná-Paraguai

As conexões entre as organizações criminosas começam a se entrelaçar quando descobrimos que o PCC possui ligações com Sebastián Marset, um uruguaio que se tornou traficante e é suspeito de ser um dos mandantes do assassinato do promotor paraguaio Marcelo Pecci em terras colombianas. Além disso, o PCC tem ligações com a máfia calabresa através da ‘Ndrangheta, sendo a porta de entrada da cocaína na Europa.

Essa complexa rede de criminosos envolve também o grupo brasileiro “Os Manos”, que domina a fronteira nordeste do Uruguai com o Brasil e pretende avançar para o interior do país. A hidrovia Paraná-Paraguai, que liga o Brasil ao Uruguai, é uma rota importante para o tráfico de drogas e, entre 2021 e 2022, cerca de 46 toneladas de drogas saíram dessa região.

Este cenário é um verdadeiro desafio para os investigadores e as autoridades locais, que enfrentam corrupção policial, forças de segurança mal equipadas e uma série de outras dificuldades no combate ao crime, e ao analisar o último relatório da Senaclaft, pude observar uma piora significativa na situação do país em relação a esses problemas.

O Uruguai é, infelizmente, um país de trânsito para o tráfico de pessoas, com ênfase na exploração sexual comercial e trabalho forçado de mulheres e meninas. Além disso, apresenta condições favoráveis para o narcotráfico, como fronteiras secas com o Brasil, conexões com a hidrovia Paraná-Paraguai e um porto controlado por uma multinacional belga. A ausência de radar aéreo em metade do território e a corrupção policial dificultam ainda mais o combate a esses crimes.

Grupos criminosos locais e o tráfico transnacional

A fronteira nordeste com o Brasil está sob o domínio do grupo criminoso brasileiro “Os Manos”, que busca expandir sua influência no Uruguai. A hidrovia Paraná-Paraguai, ligando o Brasil ao Uruguai, é uma rota importante para o tráfico de drogas para a Europa e África, com cerca de 46 toneladas de drogas saindo dessa rota entre 2021 e 2022.

Na Argentina, a área conhecida como Gran Rosario, que abrange a cidade de Rosario e arredores, é dominada por uma perigosa e violenta organização criminosa chamada “Los Monos”. Este grupo tem envolvimento em atividades ilícitas, como tráfico de drogas e extorsão.

Por outro lado, o Banco Provincial é uma instituição financeira que foi privatizada na década de 1990, o que significa que passou do controle público para o controle de entidades privadas. Há relatos de que este banco tem ligações com a lavagem de dinheiro do Cartel de Juarez, uma notória organização criminosa mexicana especializada em tráfico de drogas e outros crimes.

Além disso, o Banco Provincial também está relacionado ao colapso do Banco Comercial uruguaio durante a crise financeira de 2002, que afetou a economia da região. Este evento ocorreu quando o Banco Comercial, uma importante instituição financeira no Uruguai, faliu devido a diversos fatores, como má gestão, corrupção e instabilidade econômica generalizada.

a Geopolítica e a política local

No contexto político e midiático, o uso do nome da facção criminosa brasileira Primeiro Comando da Capital tem sido uma estratégia para tentar vincular políticos à organização criminosa, gerando desconfiança e descredibilidade. Esse tipo de tática é semelhante à situação na Argentina, onde a gangue “Los Monos” e as atividades ilícitas do Banco Provincial são usadas como instrumentos de manipulação política e midiática.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, o país busca garantir sua influência no Paraguai, independentemente de quem vença as eleições de 30 de abril. A estratégia americana inclui acusações de corrupção contra figuras políticas e apoio a empresas em disputa com grupos poderosos. Há também preocupação com a crescente influência chinesa na região, incluindo negociações com Argentina, Brasil e um possível acordo comercial entre Uruguai e China.

Neste cenário, o uso do nome PCC e a associação a políticos é uma ferramenta para desestabilizar e enfraquecer oponentes políticos, enquanto os Estados Unidos buscam garantir sua posição na região e enfrentar a crescente presença chinesa. Essa tática, assim como a situação na Argentina, destaca a complexidade das relações políticas e a manipulação midiática na América Latina.

Uruguai está imerso em uma complexa situação geopolítica envolvendo bandos criminosos, megaprojetos, eleições no Paraguai e a possível instalação de uma base militar americana na Tríplice Fronteira. Apesar desses desafios, o governo uruguaio concentra-se em combater o tráfico de drogas em pequena escala, enquanto grandes quantidades de drogas chegam à Europa por meio de contêineres com bandeira uruguaia.

texto base: El criminal Primer Comando Capital, en Uruguay hubo un intento de importar dicha organización pero fue estéril, no por razones de seguridad e inteligencia, sino por la lumpenización de los reos uruguayos y su falta de organización.

Eleição no Paraguai: a facção PCC e a expansão da Família 1533

Nesta emocionante história, acompanhe a inspetora Rogéria Mota em sua missão no Paraguai para combater o Primeiro Comando da Capital (PCC). Ao explorar as conexões entre as eleições no Paraguai e a crescente influência do PCC, Rogéria Mota e seus aliados enfrentam desafios para desvendar a realidade do crime organizado.

A eleição no Paraguai e a luta contra o crime organizado! Acompanhe a inspetora Rogéria Mota em uma jornada de cooperação internacional para combater o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533).

A crescente influência na eleição no Paraguai do Primeiro Comando da Capital

O que intrigava a investigadora do GAECO de São Paulo, Rogéria Mota, era a aparente onipresença do Primeiro Comando da Capital no Paraguai, apesar das crescentes apreensões.

Se antes sua presença e influência ´na eleição no Paraguai em especial na cidade de Pedro Juan Caballero, eram ostensivas, agora havia notícias da organização criminosa em todos os cantos da nação guarani.

A facção criminosa deixou de ser uma gangue de ladrões e, após investir em empresas legais para lavar dinheiro e financiar políticos e entidades sociais, passou a ser um player importante no xadrez social, influenciando as diretrizes políticas das corporações policiais e judiciais, que em tese deveriam coibir e ameaçar sua existência.

O Primeiro Comando da Capital hoje é como um polvo, cujos tentáculos se estendem por todos os aspectos da sociedade paraguaia, se não de toda sociedade sul-americana.

Cooperação Internacional e Ação no Paraguai

Em uma ação de cooperação internacional de combate ao crime organizado, Rogéria Mota, ao encerrar a investigação do “Estranho Caso dos Dois Reais de Pau de Ferros”, seguiu direto para o Paraguai a convite da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad).

Com sua vasta experiência e talento investigativo, a inspetora Rogéria Mota unia forças com os agentes paraguaios para desvendar os segredos e desmantelar as operações da facção paulista PCC 1533 no país vizinho.

Funcionária da Polícia Civil de São Paulo, Rogéria Mota há anos atua no GAECO do Ministério Público de São Paulo em investigações comandadas pelo promotor de Justiça Lincoln Gakiya.

A Emoção da Investigação

A força conjunta, a expertise de Rogéria Mota e a determinação dos parceiros da Senad a enchiam de esperança, mesmo porque, ela acreditava que pelo menos parte dos planos para o assassinato de Gakiya estavam escondidos na província de Assunção no Paraguai.

A emoção da investigação consumia Rogéria Mota, que mergulhava no submundo do Paraguai, desvendando os segredos por trás das conexões do PCC e do tráfico de drogas que chegariam a influenciar na eleição no Paraguai.

A inspetora testemunhava as vidas quebradas, os sonhos despedaçados e as esperanças desaparecidas, enquanto pessoas comuns eram atraídas para o negócio sujo do narcotráfico.

Camponeses, populações indígenas e moradores das periferias eram lançados aos tubarões e consumidos pelo engodo do dinheiro fácil.

Rogéria Mota enfrentava a dor e o sofrimento das vítimas e de seus entes queridos com um olhar calmo e compreensivo, mas sua determinação em desmantelar a organização criminosa PCC.

O Crescimento do PCC e o Desafio da Sociedade Paraguaia

Apesar de todos os esforços das autoridades sul-americanas, incluindo os de Rogéria Mota, o poder econômico, social e político do Primeiro Comando da Capital continuava a crescer.

A história se desenrolava como uma sinfonia sombria, trazendo mais emoção, tensão e complexidade a cada nota.

A inspetora Rogéria Mota enfrentou o que mais temia: o verdadeiro desafio era a própria sociedade paraguaia.

Enquanto mergulhava na escuridão do crime organizado, buscando aplicar a lei com rigor e proteger os mais vulneráveis, a sociedade se fechava cada vez mais para ela.

Com habilidade e perspicácia, Rogéria descobriu as motivações por trás do PCC e seus planos sinistros. A luta contra o crime e a corrupção se intensificou, mas a inspetora estava sozinha.

A solidariedade e coragem dos paraguaios ajudavam-na a enfrentar o mal, mas eles entendiam melhor do que ela a dinâmica da sociedade guarani.

Riscos e consequências e as razões históricas

Por mais que seus colegas paraguaios demonstrassem boa vontade, todos tinham famílias e contas a pagar, além de uma vida a viver.

Rogéria conheceu agentes públicos e privados que trabalhavam para organizações criminosas, muitos motivados pela proximidade com esses criminosos no dia a dia.

Para Rogéria, era fácil agir e voltar para sua cidade e sua vida, no entanto, convencer funcionários a colaborar significava colocar em risco suas vidas e as de seus filhos.

A sombra dessas forças ocultas pairava sobre a aparente boa vontade de seus colegas paraguaios.

A parceria entre o PCC e outros grupos criminosos no Paraguai tem raízes históricas, iniciadas após a Guerra do Paraguai, também conhecida como “Guerra de la Triple Alianza” ou “Guerra contra la Triple Alianza”. Rogéria Mota sabia que não mudaria a cultura política e social do Paraguai sozinha.

Relatório da Inspetora Rogéria Mota para o GAECO Aponta Problemas Estruturais

Rogéria enviou um relatório à sua chefia em São Paulo, detalhando suas investigações e levantando questões sobre a confiabilidade das forças policiais paraguaias. O documento também apontava problemas estruturais que precisavam ser enfrentados para combater o crime organizado no país:

  1. A eleição no Paraguai é diferente da que ocorre no Brasil. Lá os candidatos ficam mais vulneráveis à influência do poder econômico de lobbies legais e ilegais. Um especialista afirmou: “Isso efetivamente levou a financiamento ilegal, financiamento disfarçado e, a realidade nos mostra que muito desse financiamento vem do dinheiro das drogas”;
  2. O narcotráfico cresce e se complexifica devido aos espaços dentro do Estado e daqueles que administram a esfera pública; e
  3. O narcotráfico se expande como opção de sobrevivência e alternativa de trabalho para pessoas à margem da sociedade, como setores camponeses e populações indígenas.

Não é só que o narcotráfico esteja apenas ganhando mais mercados, mas está atingindo uma parcela maior da população paraguaia: a pobreza, os programas fracassados ​​de substituição de cultivos, a escassa presença do estado e a corrupção policial contribuíram para a continuação da produção de maconha em Amambay, e a Família 1533, como se intitulam os integrantes da facção paulista, não para de crescer.

texto base para essa história: El Primer Comando de la Capital y el Comando Vermelho son los compradores mayoristas de la marihuana y podrían estar ascendiendo en la cadena de suministro para controlar la producción de la droga.

30 Anos Preso: O Apocalipse do Primeiro Comando da Capital

A ameaça do apocalipse do PCC, associado aos 30 anos de prisão de Marcola, desperta medo e incerteza na sociedade. O adiamento do evento catastrófico e a possível libertação de líderes notórios geram questionamentos sobre o futuro.

Um apocalipse anunciado

“30 anos preso” era a palavra-chave que ecoava pelos presídios e quebradas, alimentando a tempestade do apocalipse.

O fim do mundo planejado pelos chefes do Primeiro Comando da Capital se daria no exato momento em que Marcola, o líder maior da facção, fosse impedido de sair do encarceramento após cumprir o seu tempo normal de prisão.

Antigamente, era comum ouvir sobre o apocalipse vinculado ao Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), e a atmosfera se carregava.

Em 2015, um sobrinho relatou, em uma saidinha, os preparativos para o aniversário de 30 anos de prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola do PCC. Preso pela primeira vez em 1986, a chegada de 2016 marcaria sua detonação automática do apocalipse, caso não fosse libertado. Esse apocalipse significava uma revolta total nas ruas e presídios, uma espiral de violência e terror.

O adiamento do apocalipse

Contudo, 2016 veio e se foi.

Em 2019, Marcola foi transferido para um presídio federal, gerando apreensão e receio de retaliações por parte do PCC. Na época, Bolsonaro chegou a ligar para Moro, buscando impedir a transferência devido ao medo da reação da facção. Entretanto, a ordem judicial obtida pela promotoria de Justiça de São Paulo prevaleceu, e a transferência ocorreu sem reações por parte do PCC. Hoje, Bolsonaro afirma que a decisão de transferir Marcola foi sua, em uma tentativa de reivindicar o controle da situação e demonstrar seu posicionamento contra o crime organizado.

Mas, novamente o apocalipse não ocorreu. A liderança do PCC optou por não deflagrar a temida revolta, talvez calculando os riscos e ponderando as consequências.

30 anos de prisão como cálculo político

Há exceções em que condenados permanecem presos mesmo após cumprir 30 anos. O comportamento na prisão, a periculosidade e o acúmulo de penas são considerados na avaliação de liberação.

A questão política também pesa: Lula ficou preso sem provas, enquanto Bolsonaro, Trump e militares brasileiros permanecem impunes, apesar das evidências contra eles.

A coragem de soltar réus notórios

No caso de Marcola e Charles Bronson, outro preso famoso, qual magistrado teria a coragem de soltá-los, dentro ou não dos limites da lei?

Em suma, a sombra do apocalipse do PCC paira sobre a sociedade, impregnada de medo e incerteza.

Rogério Jeremias Simone, conhecido como Gegê do Mangue, deixou o presídio pela porta da frente em 2018, cumprindo as normas legais. No entanto, a repercussão negativa de sua soltura e a subsequente fuga para o exterior dificultaram ainda mais a possível libertação de Marcola. Diante desse cenário, a Justiça passou a buscar subterfúgios para mantê-lo detido.

Por enquanto, o evento catastrófico foi adiado, mas a pergunta permanece: o que ocorrerá quando Marcola e outros líderes do PCC eventualmente deixarem a prisão? O apocalipse bíblico pode ser apenas uma metáfora, mas o medo gerado pelo apocalipse do PCC é tangível e real.

Deu chabu! Mas por quê?

Contudo, atualmente, o Primeiro Comando da Capital é uma organização mais horizontal, composta por subgrupos que não são diretamente afetados pela transferência de Marcola e outros líderes para fora do estado ou pela imposição do regime disciplinar diferenciado.

A estrutura da organização criminosa persiste, tanto dentro quanto fora dos presídios. Parece natural que ocorra uma disputa interna para ocupar o lugar das lideranças isoladas nos presídios federais. Não tenho nenhuma esperança que o PCC acabou.

afirma Lincoln Gakiya à Revista Isto É

Neste novo cenário, o Apocalipse tornou-se apenas uma opção. A decisão de colocá-lo em prática ou não será tomada levando em consideração os interesses políticos, econômicos e sociais da maioria dos membros da facção.

30 Anos Preso: A Sombra de Charles Bronson do PCC

Charles Bronson e a contagem regressiva

“30 anos preso” é uma palavra-chave que ressoa no imaginário popular, conectando-se às sombras do Primeiro Comando da Capital e ao seu líder máximo, Marcola.

Neste cenário surge a figura de Charles Bronson, cuja história se entrelaça com o temido apocalipse do PCC. Charles Bronson, condenado a 99 anos de prisão, completou recentemente 28 anos de reclusão.

Seu advogado busca abatimentos de benefícios, acreditando na possibilidade de libertação. Porém, o medo do Primeiro Comando da Capital permeia o ar, e as perspectivas de libertação trazem consigo um rastro de incertezas e terror.

A libertação de líderes notórios da facção paulista PCC

A facção PCC tem como uma de suas principais marcas a capacidade de gerar medo e um sentimento de iminente apocalipse. A possibilidade de libertação de líderes notórios, como Charles Bronson, alimenta esse sentimento e incita preocupações na sociedade.

Quando se fala em “30 anos preso”, muitos associam esse marco ao líder do PCC, Marcola. Contudo, essa marca também atinge outros personagens do mundo do crime, como Charles Bronson. A libertação de tais indivíduos pode desencadear eventos catastróficos, evocando a atmosfera de um apocalipse bíblico.

Em suma, a sombra de Charles Bronson, assim como a de Marcola, paira sobre a sociedade, trazendo consigo o medo do apocalipse do PCC. A libertação desses líderes notórios pode representar um ponto de virada na luta contra o crime organizado, e o temor de um apocalipse real cresce a cada dia.

texto base: Charles Bronson Prudentino já Cumpriu 28 dos 99 Anos a que foi condenado

A facção PCC e os políticos bolivianos — a Caixa de Pandora

A facção PCC e os políticos bolivianos são dois grupos mais próximos do que a sociedade gostaria de crer e a prova é o assassinato de Ruddy.

Você acredita que a facção PCC e os políticos bolivianos estão do mesmo lado?

Caro Francesco Guerra,

Gostaria de compartilhar com você um caso intrigante que, se devidamente investigado, teria muitos desdobramentos.

Trata-se da morte de um boliviano chamado Ruddy Edil Sandoval Suárez, encontrado em Corumbá, Mato Grosso do Sul, uma cidade próxima à fronteira da Bolívia.

O corpo de Ruddy foi encontrado dentro de um Toyota FJ Cruiser com placa da Bolívia. Ele estava com as mãos amarradas nas costas e com tiros na cabeça.

A perícia ainda não foi concluída; portanto, ele pode ter sido morto na Bolívia e seu corpo trazido para o Brasil ou não.

Deputado vincula a facção PCC e os políticos bolivianos

O mistério se aprofunda ainda mais quando descobrimos que Ruddy era acusado de ser narcotraficante e de ter ligações com políticos na Bolívia.

No entanto, ele sempre negou todas as acusações, embora tenha admitido que apoiava financeiramente tanto os grupos políticos Unidad Cívica Solidaridad (UCS) quanto o Creemos.

Curiosamente, pouco depois de Ruddy ser acusado pelo deputado do Creemos, Erwin Bazán, de ser narcotraficante ligado a políticos de outro partido, surgem fotos nas redes sociais de Ruddy com líderes da aliança de Bazán, o Creemos, e não com opositores.

Bazán agiu como centenas de políticos pelo mundo afora, buscando vincular seus inimigos às bruxas, ao comunismo ou ao Primeiro Comando da Capital.

Grupos políticos buscam criar um ambiente de terror com alguma finalidade específica, seja chegar ao poder ou se manter nele, e parece ser o caso de Bazán.

No entanto, o assassinato de Ruddy coloca-o praticamente dentro do Palácio do Legislativo da Bolívia, e sugere que a facção PCC e os políticos bolivianos poderiam ter ordenado sua morte.

Estranhos caminhos ligando estranhos atores

Uma complexa teia de interesses políticos e econômicos envolve os integrantes do cartel de drogas Primeiro Comando da Capital.

Com o lucro do tráfico, a facção paulista investiu em joias, clínicas, restaurantes, fazendas, entre outros, e seus membros passaram a caminhar com segurança pelas ruas de Santa Cruz.

A cidade se tornou o centro de poder do grupo e seus integrantes passaram a financiar candidatos de todas as legendas, como provou o caso Ruddy.

Mas isso ainda é apenas uma especulação, pois a investigação está apenas começando.

Pulando a fronteira

O ex-procurador Joadel Bravo afirma que as organizações criminosas brasileiras atuam na Bolívia e muitos de seus integrantes se refugiam lá quando têm problemas com a justiça brasileira ou com as próprias organizações criminosas.

O Primeiro Comando da Capital teria chegado ao país em 2007 com cerca de 100 integrantes, com o objetivo de estabelecer relações com narcotraficantes e produtores bolivianos.

Desde então, o negócio não parou de crescer e, atualmente, a facção PCC 1533 está aproveitando a localização estratégica de Santa Cruz, que serve como refúgio para os maiores cartéis da Colômbia, para expandir a venda de drogas na Europa, África e Ásia, intermediando parcerias entre esses grupos e organizações criminosas europeias.

Inicialmente, o Primeiro Comando da Capital usava rotas que atravessavam o Brasil por estradas, a chamada Rota Caipira, mas agora também inclui transporte aéreo e fluvial para chegar aos portos da Argentina e do Uruguai.

Com base nessas informações, fica claro que a morte de Ruddy é um mistério complexo que envolve não apenas questões do tráfico transnacional e de negociação entre cartéis de drogas, mas também questões políticas.

É mais complicado que parece

Será que realmente haverá empenho das autoridades para desvendar esse caso, ou os investigadores esbarrarão em alguns políticos intocáveis?

O ex-promotor de Justiça Jodael Bravo afirma que a Bolívia já é um narcoestado, se bem que até mininiza sua afirmação ao vincular a ligação entre tráficantes e políticos nos entes municipais.

Embora não gostemos, a Bolívia é um narcoestado pela proximidade de muitos políticos com o narcotráfico, neste último caso com políticos de nosso município.

Por outro lado, Jodael Bravo, alerta para que o judiciário também está comprometido, já que a escolha dos magistrados passa pelo crivo, justamente desses políticos que deveriam ser investigados.

Se tivesse que apostar, colocaria minhas fichas que alguém será entregue como bode expiatório para que a situação continue a aparentar normalidade.

Espero ter compartilhado informações úteis para saciar sua curiosidade. Por favor, mantenha-me informado sobre qualquer pensamento ou informação que possa ajudar na resolução deste mistério.

Sinceramente,

Rícard Wagner Rizzi

leia o texto base: Santa Cruz se ha convertido en un oasis o un refugio del Primer Comando de la Capital (PCC)

O PCC e a caça às Bruxas: medo, política e crime organizado

O uso político do nome PCC e a caça às bruxas são produtos da mesma lógica política de domínio social através de uma narrativa de medo.

O uso político da facção PCC e a caça ao inimigo imaginário

A organização criminosa PCC e a caça à organização que grupos políticos de direita apregoam fazem parte da mesma narrativa de ódio.

Grupos criminosos há muito são usados para encobrir as reais intenções de grupos políticos e a bola da vez é o Primeiro Comando da Capital.

Por todo o mundo partidos de direita afirmam que a facção brasileira chegou à seu pais trazendo insegurança graças a conivência dos partidos de esquerda.

É o fantasma utilizado como desculpa da vez para justificar governos como Trump e Bolsonaro, baseados em uma falsa moralidade e segurança do povo cristão.

Tomado o poder sob esse falso argumento, começam o processo de corrosão do sistema democrático e de suas instituições.

Medo: ferramenta de sobrevivência da espécie

O medo é um sentimento poderoso intimamente ligado à nossa sobrevivência, e para nós humanos é impossível separar um medo real de um imaginário.

Grupos políticos e sociais em todas as nações e em todas as épocas de nossa história utilizaram de nossos medos para dominar e conduzir.

Há 3,7 milhões de anos, deixamos pegadas nas cinzas vulcânicas em Laetoli liderados por algum de nós que apontou a iminente erupção vulcânica: sobrevivêmos.

Desde os tempo bíblicos até hoje, adeptos de crenças judaico-cristãs caçam: bruxas, adivinhos, mães e pais de santos — levados por medo ou razões insanas.

Novecentos anos antes de Cristo, Saul consultava a pitoniza que seu povo tanto combatia — o ser humano não é pródigo em aprender com seus erros.

Medo: inimigo atemporal

O medo do imaginário é tão forte que ultrapassa gerações, fronteiras e culturas.

No passado eram apenas as bruxas e pitonizas, e hoje são os comunistas e a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533).

Como seres humanos, estamos programados para detectar e responder ao perigo.

Quando percebemos uma ameaça, o nosso sistema nervoso autônomo desencadeia uma resposta de “luta ou fuga”, que nos prepara para enfrentar ou escapar do perigo.

Devido a essa conexão com a sobrevivência, o medo pode ser um gatilho poderoso para a ação.

Medo: como ferramenta política no Brasil

Políticos e outras autoridades frequentemente usam o medo como ferramenta para motivar as pessoas a tomar determinadas ações ou apoiar determinadas políticas.

Eles podem criar narrativas que exploram as emoções mais profundas das pessoas, como o medo de perder a segurança, o medo da incerteza ou o medo da ameaça à identidade e ao bem-estar.

Infelizmente, às vezes essas narrativas são exageradas ou usadas para manipular as pessoas, muitas vezes para fins políticos.

Quando os políticos usam o medo dessa maneira, é importante que as pessoas mantenham um senso crítico e procurem informações precisas e confiáveis para tomar suas próprias decisões informadas.

No Brasil, o político da direita cristã, Roberto Jefferson representa esse grupo que constroi narrativas exageradas para manipular o medo de bruxas.

Jeffersom soube usar como poucos narrativa com grande poder de assombro no imaginário popular como: o comunismo, pautas morais e religiosas, inimigos externos como a Venezuela e Cuba, e o Primeiro Comando da Capital.

Medo: como ferramenta política no Chile

O PCC e a caça às Bruxas garantem voz para aqueles que precisam de um inimigo, mesmo que imaginário.

Passada a onda pelos Estados Unidos e Brasil, chega ao Chile, onde deputados do União Democrática Independente (UDI) bradam: “Malles Maleficarum, as bruxas chegaram!”

Uma das ferramentas utilizadas com brilho por esses grupos políticos é a apropriação de mecanismos investigatórios e cooptação de profissionais de segurança pública.

Dados da Comissão de Investigação sobre Crime no Norte do Chile justificariam a crença na presença do Primeiro Comando da Capital no país.

O deputado Juan Manuel Fuenzalida é um dos que defendem que a segurança nacional e da população estão ameaçadas pela presença da facção brasileira PCC.

Os parlamentares pediram ao governo que revelasse as informações a esse respeito. O executivo preferiu minimizar a essa grave situação pela qual estamos passando.

No entanto, o governo tem a obrigação da transparencia. Deve apontar a situação que estamos vivendo, embora isso implique reconhecer que o cenário é sério.

Deputado Juan Manuel Fuenzalida

PCC e a caça às Bruxas: nem aqui, nem no Chile

O PCC e a caça às Bruxas sempre foram usados como pretesto para ações violentas dos órgãos de repressão policiais e sociais.

Políticos de direita unificaram o discurso que os governos e o Judiciário estão acobertando a real situação por estarem em conlúio com a organização criminosa.

Estudo o PCC e acompanho há anos esses ataques, mas nesses últimos meses me surpreendo com a avalanche de réplicas dessa mesma acusação pelo mundo.

Se houve ou não houve prisões de integrantes da facção durante o governo não faz diferença, há sempre um discurso pronto para justificar o envolvimento.

Essas afirmações são absolutamente irresponsáveis.

Eles cobram transparência do governo e forçam uma situação para a qual não têm experiência ou relevância.

A única coisa que eles pretendem é gerar medo na população.

Raúl Leiva da Comissão de Segurança da Câmara Baixa

É irresponsável que toda semana seja um parlamentar ou parlamentar anunciando a chegada de uma nova banda criminosa ao país.

Parece -me que é uma agenda construída para semear medo na população e eu pediria a esses parlamentares que cumpram suas posições.

Deputada Alejandra Placencia 

Já o deputado Jaime Araya (tucano, muito provavelmente) pede que se encontre um meio termo: “com seriedade, responsabilidade, rigor, sem minimizar e sem exagerar o problema que temos, porque o que as pessoas precisam é que você sabe o que o estado vai fazer para enfrentar o crime organizado .”

fonte: Diputados UDI advierten la presencia de banda criminal brasileña Primer Comando Capital en Chile — Canal Sur Patagonia

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