Da Humildade à Ostentação: A Mudança de Valores na Facção PCC

Este artigo explora a mudança de valores da primeira geração da facção PCC 1533 que valorizava a humildade, para as gerações atuais, que celebram a ostentação. O texto é uma homenagem aos 135 anos do conto “Elogio da Vaidade” de Machado de Assis.


Ostentação é o foco do nosso artigo. Abordamos como a primeira geração do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) valorizava a humildade. Agora, as novas gerações estão pendendo mais para a ostentação.

Esse texto, repleto de análises e reflexões, foi criado em comemoração aos 135 anos do conto “Elogio da Vaidade” de Machado de Assis. Você vai descobrir como os ideais mudaram ao longo do tempo dentro do PCC.

Não fique de fora dessa discussão! Comente aqui no site, participe do nosso grupo de leitores ou mande uma mensagem privada pra mim. Queremos saber o que você pensa sobre essa mudança de valores no PCC.

Ah! No final do artigo coloco um debate que ocorreu dentro do Grupo de WhatsApp do site.

Ostentação e a Nova Geração do Primeiro Comando da Capital

Paz, Justiça, Liberdade, Igualdade e União (PJLIU) se mantém como o norte do Primeiro Comando da Capital desde sua origem. Essa meta tem guiado os membros da facção desde o famoso jogo de futebol na Casa de Custódia de Taubaté, o Piranhão, em 31 de agosto de 1993.

Entretanto, a facção paulista passou por transformações significativas ao longo do tempo. A nova geração de faccionados de São Paulo não enfrentou a batalha pelo domínio nem o descrédito da sociedade, que considerava impossível que criminosos se organizassem de forma efetiva. Ela também não vivenciou a repressão do Estado, que tentou aniquilar, através da força bruta, o ideal do PJLIU nascido na opressão carcerária.

A nova geração, que domina a maioria das quebradas e cresceu em meio a desafios, tecnologias e tendências únicas, tem perspectivas e comportamentos diferentes. Ainda que tente manter os princípios originais do PCC, é provável que aja de maneira distinta, e em algumas ocasiões até contrária.

Testemunho essas mudanças entre os conhecidos do Primeiro Comando da Capital, e compreendo que as circunstâncias exigem respostas adaptadas. A nova geração, apesar das adversidades, prosperou após o período de expansão econômica durante o primeiro mandato do presidente Lula, quando muitos irmãos e irmãs da periferia puderam comprar sua primeira geladeira e fogão.

Possivelmente por esse motivo, a nova geração valoriza o consumismo e a ostentação, algo que hoje é viável. Ainda que não queira abandonar explicitamente os ideais da geração anterior, onde a humildade era um conceito recorrente nas quebradas, suas ações indicam uma mudança de comportamento, reflexo das demandas do ambiente em que se desenvolveram.

Atualmente, apesar de a palavra ‘humildade’ ainda ser bastante mencionada, o que mais observo é a busca pela ostentação. Por isso, no aniversário de 135 anos do conto “Elogio da Vaidade” de Machado de Assis, acho apropriado republicá-lo aqui.

Antecipo-me a qualquer discordância do texto a seguir, advertindo de antemão: caso não compartilhe do mesmo pensamento, sugiro que direcione suas queixas ao venerável Machado de Assis!

I – Ostentação passa o papo reto – Machado de Assis, ou quase

Quando a Humildade, de cabeça baixa, silenciou, a Ostentação, num salto, pegou o microfone e mandou a real sem dó:

Irmãos e irmãs, companheiros e companheiras, aliados e aliadas, cunhadas, minas e arlequinas, vocês acabaram de escutar a Humildade, a mais sem brilho, a mais parada, a mais sem movimento no coração da favela; e agora vão sentir o peso da mais firmeza das atitudes, da mais poderosa, da que faz chover dinheiro, drogas, bebidas e alegria na comunidade.

Não caia na neurose da Humildade; olha o que eu represento. Longe de ser só zoeira, minha parada é real, e os resultados você sente nos seus corres de sucesso. Convido todos vocês, sem o papo furado e o teatro de falsidades da Humildade, que eu até valorizo, pois sei o peso que carregou lá atrás.

Eu convoco geral, porque quero todo mundo, pra que todos brilhem nas quebradas, ostentado com orgulho, assim como eu, os ganhos de seus corres, e não que nem uns zés-ninguém, fudidos e largados, manos e minas, coroas e muleques, crias ou lideranaçs, todos vocês que tão no mundo do crime ou que vão estar; eu chamo todos vocês, na mesma levada que a mãe chama os filhos pro rango, ou seja, na responsa e no afeto. Porque ninguém, ou quase ninguém, pode dizer que eu não dei uma chance.

II – Aqui na voz é a Ostentação!

Onde é que eu não estou presente? Onde é que eu não comando? Eu ando pelas quebradas, dos asfaltos aos becos, das coberturas luxuosas às vielas escuras. Faço minhas exceções, é verdade (infelizmente!); mas, em geral, quem me possui, me encontra no encosto do seu sofá, em sua tv e no seu celular de última geração, no vinho do seu copo e nas drogas de suas baladas, no ronco do motor do teu carro ou moto que todo mundo paga pau!

Dá uma olha em você mesmo, nos seus panos e pisantes de grife, nos seus cordões de ouro, no seu visual; procura em seu próprio coração. Você, que não me possui, vasculha bem seus panos velhos, nos cantos do seu barraco; lá eu estou também, mas somente entre sonhos envergonhados; ou ali, no solado desgastado do seu tênis, ou na fé que impulsiona você a querer e lutar por mais. Tudo que você faz ou sonha em fazer é em meu nome, a Ostentação.

Fala sério que você não dá valor a mim! Fala sério que tu paga pau para a Humildade!

Foi pra esconder ou pra exibir que você trouxe essa garrafa de vodka, essas carreiras de pó e esses pacotes de dinheiro? Foi pra esconder ou pra exibir que você comprou esses panos de marca, esses cordões de ouro e prata que tão no seu pescoço e esse carro todo equipado que leva suas minas pra passar uma semana no litoral? Foi pra esconder ou pra exibir que você preparou esse churrascão e você pediu esses pacotes da cerveja mais gelada pagando com notas de 200 e de 100?

E tu, que não possuis nada, foi pra esconder ou pra exibir que vestiu essa camisa velha e meteu no pé esse pisante rasgado? Não, não foi pra exibir, mas porque não teve como ostentar, se tivesse ostentava, como eu!

Pra você, que não me possui, eu trago a esperança de ter, o prazer de sonhar, de querer mais. Pra você, que me possui, eu trago a satisfação de ser respeitado, invejado, admirado. Sou eu, a Ostentação, que incito os manos e as minas a buscarem a excelência, a sonharem com a grandeza, a desejarem a admiração. Eu sou o barulho dos alto-falantes que chama pro palco da vida e impulsiona você a brilhar. Porque sem mim, o que seria de você?

III – O dolorido abraço da ostentação


Mano, deixa eu contar essa parada. Vê aquele mano ali com a mina dele, desfilando feito rei da quebrada? Ele tava sempre no corre na comunidade, mas ninguém valorizava, ele até tropeçava nas responsas, esquecia a rima, mas daí, eu, a Ostentação, entrei na jogada. Ele manteve o foco em mim, botou fé, seguiu no passo certo, e eu do lado dele, e o mano foi ganhando respeito, grana e seu espaço.

Aí, os mesmos que zoavam o mano, agora tão lá, puxando saco, trocando ideia no bar, na mesa de jogo, de boa, como se fossem amigos de infância. E quem aliviou essa treta antiga? Fui eu, a Ostentação. Quem deu aquele up nele e fez todo mundo esquecer das tretas antigas? Eu, a Ostentação, sempre mal falada, mas amiga da quebrada.

Falam que minha presença é pesada, que traz problemas. É caô! Eu só mostro a real; a vida é braba, mas eu dou um jeito em tudo!

Ah, a mãe que cria o filho, que dá de mamar e embala, que coloca nessa criança todo o amor puro, até ela, com todo respeito a senhora, não consegue fazer o que eu faço. Os conselhos da velha não batem com a força no coração.

Aqueles que se sentem pequenos, que se sentem insultados, quando se veem de novo na minha presença, eles se sentem grandes, porque se o amor de mãe é a maior forma de dar sem esperar nada em troca, o amor que esses manos têm por si mesmos quando buscão a ostentação é egoísta, isso é verdade, mas na real? É o caminho mais seguro para o progresso no mundo do crime. Fala que não!

VI – Da quebrada à igreja

Vê aquele mano ali batendo um papo com o chefão da quebrada? Nem tá ligado no que o cara fala, só quer se mostrar, pra todo mundo ver que ele tá no corre com alguém de peso. Ele nem se liga no que a liderança tá falando, só quer ser notado. E quem dá essa moral pra ele? Eu mesma, a Ostentação.

Agora, dá uma olhada naquele moleque com aquela novinha top? Ele nem tá aí pra ela não, se pá nem quer ficar com ela, ele só quer ser visto com a mina. Por que não? Ela é gata, causa inveja. Ele força a barra pra parecer que tem intimidade com ela, até ri das coisas mais nada a ver que ela fala, só pros manos pensarem que eles são chegados.

Mas não é só no mundo do crime e das quebradas que eu tô presente, sacou? Você acha que eu não apareço até na igreja? Claro que apareço. Até os mais crentes às vezes esquecem das coisas do céu e se ligam nas coisas da terra. Olha aquela coroa entrando na igreja, toda produzida, com roupas e aquela Bíblia que nem pode bancar, só pra causar. Todo mundo na igreja vira pra olhar pra ela, mesmo com o culto rolando. Ela se ajeita, abre a Bíblia e faz questão de levantar alto, se exibindo. Ah tá, que que “foi Deus quem comprou” aquele carro que ela ainda nem pagou mas faz questão de parar bem perto do culto e dar carona para os irmãos e irmãs mais pobres. Ela tem dois amores no coração: a fé e eu, a Ostentação. E sabe qual de nós chegou primeiro? Eu mesma, a Ostentação.

V – Ostentação: tem uma pá de seguidores!

Ia perder um tempão pra listar todo mundo que me segue, ia ser mó trampo. Pra que listar tudo, se quase todo mundo me tem no coração? Digo quase, porque tem gente que tá na bad e onde tem tristeza, lá reina a minha rival, a Humildade. Mas o bagulho é que a felicidade é mais forte que o tédio e a felicidade sou eu, a Ostentação. E se deuxar eu, acompanho o mano e a mina desde o berço até o caixão.

Ah, a Humildade! O que ela fez no mundo que valha a pena mencionar? Ela que ajudou a construir as Pirâmides? Ela fecha a avenida para rachas ou para o proibidão? O que vale o cara ir pro trampo de buzão perto de mim que levo pro litoral num Audi? As virtudes dos santos são realmente virtudes? As ideias dos pensadores são ideias mesmo? Ela que traga uma lista das conquistas dela, dos heróis dela, das grandes obras dela; que ela me mostre, e eu vou mostrar que a vida, a história, os séculos não são nada sem mim.

Não caia na tentação da Humildade: é a virtude dos fracos. Talvez você encontre alguém dos antigos da facção que realmente acredite nela. Mas essas palavras bonitas são fáceis de falar, até cheira bem, mas morre rápido. Só ver quem ficou para trás e quem foi para frente. Quem ficou na comunidade e quem mudou para os condomínios e prédios de luxo.

Sacou aquele rolezinho que a Humildade dá, né? É só decepção, mano, e no fim, você tá lá na solidão. Comigo, a parada é outra: vai ter uns malandro que vai falar mal de você; vai ter uns derrotado que vai dizer que eu, a Ostentação, sou inimiga da consciência. É mentira, véi! Eu não tô nem aí pra consciência; eu só dou uma força quando vejo que a consciência tá na pior e eu coloco ela pra se olhar no espelho. Agora, se você prefere o barato da Humildade, manda aí; mas saiba que vai tirar do mundo o sangue quente e a alegria de viver.

Acho que deixei claro quem eu sou, a Ostentação, e quem ela é, a Humildade; e na moral, só nesse papo já mostrei que eu sou de verdade, porque falei tudo, sem medo, sem esconder nada; dei meu próprio salve, que alguns vão achar que é zica; mas eu não tô nem aí pra esses papos furados. Cê viu que eu sou a mãe da vida e da alegria, a cola que segura a comunidade, o aconchego, a força, o bagulho mais firmeza do povo; eu boto uns pra subir, destaco outros, e tenho amor por todos; e quem faz isso é tudo, e não pode ser derrubado por quem não é nada.

A Humildade tá sempre aí, com as palavras suaves, de cabeça baixa, com respeito, mas tá ligado, se puder o mano que vem nesse sapatinho, de mansinho quer ver você por trás. Pergunto pra você, dá pra confiar em quem tá de olho baixo, cara fechada, boca selada sem soltar a voz? Cê poderia afirmar que esse mano é sangue bom e não vai apunhalar você na primeira chance?

Mas e comigo, a Ostentação? Quem pode se enganar com esse sorriso aberto, que vem do fundo do coração; com esse rosto firmeza, esse olhar de satisfação, que nada escurece, que nada apaga; esses olhos, que não se escondem, que não fogem, mas encaram diretamente você, o sol e as estrelas?

VI – Humildade Win?

O quê? Cês acham que não é assim? Será que perdi todo meu dom de convencer, e no fim do papo, tô aqui na frente de um bando que não entendeu nada? Meu Deus! Será que minha concorrente, a Humildade, levou vocês de novo? Todo mundo vai pensar isso ao ver a cara de vocês que tão me ouvindo; ao ver o desprezo daquela mina que tá me olhando. Uma outra levanta os ombros; um outro ri de deboche. Vejo ali um mano me desafiando: outro balançando a cabeça em desaprovação; e todos, todos parecem fechar os olhos, movidos por um mesmo sentimento. Saquei, saquei! Cês tão curtindo o prazer supremo da ostentação, que é se ostentarem como humildes. Venci.

No grupo de Zap do site um debate: Pq no início a luta era do preso oprimido contra o sistema opressor

Luciana do 11

Boa boa

Com meus 46 anos, observado a organização lá no início (anos 90) em região periférica na norte de Sampa, e acompanhado ainda em Sampa essa ascenção, noto que houve mudanças drásticas após essa série de acontecimentos na aplicação das “leis” da família.

Posterior a essa ascenção estive em duas cidades do interior de São Paulo e pude observar de perto a realidade do domínio do PCC, que não condiz com a conduta esperada pela própria organização, e muito diferente do que conheci em São Paulo.

É fundamental que o PCC se mantenha fiel aos propósitos inicias: PAZ, JUSTIÇA, LIBERDADE, IGUALDADE E UNIÃO. Foi assim que cresceu e se solidificou e somente assim perpetuará o respeito e crença na organização (pontuo essa questão por ter cansado de ouvir de inúmeras pessoas que estão desacreditadas principalmente da justiça da organização).

scarp metal do 46

Muitos emocionados que não sabe de fato o que é o crime. Por isso eu falo que cadeia é escola.

Wagner do Site

Verdade! Aqueles que conheceram a facção atrás das grades ou em comunidades hostis, onde a morte, o sofrimento insuportável e a injustiça emergem como inimigos incansáveis, foram forjados na fornalha da adversidade. Não é por menos que não só enfrentaram as dificuldades com uma coragem indomável, enquanto suas almas conheceiam o abismo e ao retornarem, voltaram mais fortes do que nunca. Pois é na escuridão mais profunda que se acende a chama mais brilhante, e aqueles que atravessaram o vale das sombras estão preparados para iluminar o caminho para os que não conheceram a mesma tormenta.

Luciana do 11

Concordo, mas não posso deixar de considerar que há também: “Infelizmente, o crime pode parecer uma forma de sobrevivência e ascenção social– fatores que eram secundários para as primeiras gerações do PCC, que lutavam por direitos mínimos de sobrevivência e dignidade.

Lá nos anos 90 entrava se para a organização pura e simplesmente por ideiais, de uns anos pra cá a molecada quer a “ascenção social” e o “poder”. E já vi muitos “emocionados” mais velhos também scarp metal do 46 …rs

Pra falar a verdade tenho saudades de encontrar gente que tá no PCC por acreditar nos ideiais e criminosos por opção não pela falta de opções…
Sabe? Gente que prática crimes pq gosta, não por outros interesses.

scarp metal do 46

Pq no início a luta era do preso oprimido contra o sistema opressor. Depois que o PCC tomou as ruas, as ideias de muitos mudaram. Tem uns aí que sai com a missão de resgatar os irmãos, mas depois de conhecer o luxo esquece dos seus, uns até pensa em dar golpe de estado. É como vc ralou, é quase impossível administrar tanta gente como hoje em dia.

Tem muitos kk, faz pq gosta e não por necessidade. Mas essa não é mais uma realidade da periferia. Esses que faz pq gosta estão na moita, longe da vista de muitos. A verdade é que nem todo mundo nasceu pra bandido, assim como para ser cantor ou escritor. Por isso poucos se destacam no mundo do crime como mente pensante.

Luciana do 11

“Mente pensante”, adorei isso

scarp metal do 46

Aquela frase que diz “quer conhecer o homem? Dê poder a ele.” É exatamente isso. Leva 10 pessoas para um assalto a banco, quem ostenta na comunidade ou cidade onde mora termina rodando, os que “pensam” prefere investir o dinheiro e continuar passando despercebido sem ostentar ou esbanjar riqueza.

Antigamente o bandido pensava em bancar fugas, pagar advogados e ajudar a família dos irmãos. Hoje em dia muitos querem um carro de luxo, passeio de lancha e fechar camarote.

Luciana do 11

Concordo plenamente. O poder é o maior revelador de personalidades. A ostentação e a alteração de personalidade por “ter o poder” de muitos de dentro da organizacao acaba por denigrir os verdadeiros ideais. É triste demais, como disse sou uma expectadora de uma vida do PCC, e sinto saudades dos anos 90 de verdade. É triste demais, como disse sou uma expectadora de uma vida do PCC, e sinto saudades dos anos 90 de verdade. É desse jeito, a irmandade tem se perdido com os egos.

scarp metal do 46

A verdade é que abriu as portas com a guerra, aí entrou muita gente sem ideologia. Só que isso é um ciclo como qualquer coisa na natureza, uma hora a própria natureza se encarrega de separar o joio do trigo. Infelizmente alguns acaba com o nome do PCC, mas só pra quem tá de fora. Mesma coisa é na política, nas polícias e demais profissões. Sempre tem as maçã podre.

Luciana do 11

Essa é minha preocupação sabia? Que essas atitudes erradas manchem o nome do PCC. Os que estão de fora também são parte importante, principalmente na credibilidade dentro das quebradas. A luta sempre foi contra o sistema. Quem é de quebrada sabe que não é política social ou empresário que ajuda os necessitados, e sim o crime.

scarp metal do 46

O crime aparece onde o sistema falha. É ajuda na feira, no gás, remédios… resolve broncas… é nós pelos nossos. Mas tem locais que os frentes não estão de frente de vdd, aí que acontece a judaria e os erros de muitos. Como já foi dito aqui antes, pessoas que passam por cima dos mandamentos achando que não vai ter cobrança, mas a lei do PCC serve pra todos integrantes.

Já passei pelo sistema 4 vezes, e lá de 4mil uns 300 sabe articular um plano bem feito, sabe trocar uma ideia, sabe conduzir as situações. Só que esses são um perigo para os governantes e diretores de presídios, por isso são exilados na federal. Para o sistema, quanto mais burro for o bandido é melhor. Só que até no crime surge um Nicola Tesla da vida. São esses que muda o cenário no submundo e muitas vezes as mudanças passam despercebida pra quem tá de fora.

Mas aí basta ver o que vem acontecendo com a ascensão do PCC que vão notar que tudo que a mídia fala é balela. Esses dias prenderam um cara que na casa dele tinha peças de carro roubado, parecia um ferro velho de tanto lixo e falta de higiene na casa. Mas a mídia taxou o cara como um chefão do PCC e braço direito de Marcola só pq tirou cadeia em Presidente Vencenslau 2.

Esses dias eu vi uma pessoa defendendo a PM e falando que quem é contra eles é pq comprou a cartilha de esquerda e suas pautas. Mas quem vive na favela sabe que eles oprimem e é comum matar inocente e taxa a vítima como bandidos. No nordeste é comum o PM ser integrante de grupo de extermínio.

Para se defender o policial falar que a polícia que mais mata é a que mais morre, mas bandido não quer confronto, é se ele enfrenta é pq sabe que não resta outra opção. Falta planejamento para apreensões e por isso a polícia investe no confronto. O país Israel é um dos menores e não perde guerra pra nenhuma super potência, pois eles estão encurralados rodeados de inimigos e o mar vermelho atrás. Assim é o crime, enquanto houver mão branca as mortes não acabam.

Já dizia Sun Tzu: Quando cercar o inimigo, deixe uma saída para ele, caso contrário, ele lutará até a morte.

Luciana do 11

Eu realmente admiro demais o propósito da causa, muito mesmo. Mesmo não fazendo parte da organização diretamente, sempre estive a disposição para todos os integrantes que precisaram/precisam de algum tipo de ajuda.

Simplesmente pq acredito no propósito inicial do PCC, a irmandade de coração mesmo. A luta é sempre mais gratificante, mesmo que não se alcance o sucesso total em tudo o tempo todo (impossível né?!) quando a gente sabe que tem quem corre com a gente ou pela gente.

Se suas contas estiverem certas scarp metal do 46, só 7,5% 😕 de todos os presos no sistema tem capacidade de liderança e cabeça para fazer os negócios da facção.

Esses que defendem a PM são estão sob a influência bolsonarista na opinião de desavisados…

Falta planejamento sim para as ações das polícias, até o pq o investimento no Brasil em segurança ainda é 10 vezes maior do que em inteligência. Logo, subtende se que investem no confronto em primeiro lugar.

Moleques dos Corres: O magnetismo da Facção PCC 1533

Este artigo explora a complexa relação entre os jovens, conhecidos como “moleques dos corres”, e o Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533). Analisamos as razões pelas quais esses jovens são atraídos para a vida do crime e a influência do PCC em suas vidas e como isso influenciará nosso futuro.

“Moleques dos corres”, uma expressão que retrata uma juventude em busca de aceitação e identidade. Na periferia de São Paulo, estes jovens encontram no Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) uma rota para a tão desejada ascensão social. Neste texto, mergulhamos na realidade complexa destes jovens, explorando a atração pela vida criminosa.

Desvendamos as experiências e aspirações desses “moleques dos corres”, bem como a influência do PCC em suas vidas. Apresentamos uma visão equilibrada e reflexiva da situação, buscando entender, não julgar. O convite é para que você conheça, através das nossas palavras, a realidade desconhecida por muitos.

Nós valorizamos a sua opinião sobre esse tema delicado e relevante. Deixe o seu comentário no site, participe do nosso grupo de leitores ou envie uma mensagem direta para mim. Queremos ouvir o que você pensa sobre esses “moleques dos corres” e a presença do PCC em suas vidas.

A Formação dos Moleques dos Corres sob a Sombra do PCC


Compreender a ligação dos moleques dos corres com o Primeiro Comando da Capital é um desafio intrincado. Esses jovens, sem experiência dos tempos pré-PCC, se desenvolveram sob a influência poderosa desta organização em suas comunidades. Hoje, uma geração inteira foi moldada pela presença e as regras da facção criminosa nos arredores de São Paulo.

Existe uma conexão entre as experiências desta geração e sua relação com o “mundo do crime”. Enquanto as primeiras gerações de integrantes da facção PCC lutavam pela sobrevivência, os moleques dos corres que cresceram após o boom econômico dos anos 2000, e sob a constante presença do PCC, encontraram um ambiente criminal já pacificado, sem as violências, roubos, extorsões e abusos, uma realidade sem precedentes históricos dentro da criminalidade.

Para muitos moleques dos corres, o crime surge como uma fuga da dura realidade da periferia. A falta de oportunidades e a negligência social direcionam esses jovens para a vida criminosa, muitas vezes associada ao PCC. Infelizmente, o crime pode parecer uma forma de sobrevivência e promessa de ascensão social – fatores que eram secundários para as primeiras gerações do PCC, que lutavam por direitos mínimos de sobrevivência e dignidade.

O Mundo do Crime: Uma Atração Irresistível para os ‘Moleques dos Corres’?

Os moleques dos corres muitas vezes buscam no Primeiro Comando da Capital uma identidade e camaradagem que sentem faltar em outros aspectos de suas vidas. O desejo de aceitação, respeito e até proteção em um ambiente hostil é profundo. Nosso site costumava receber mensagens de jovens ansiosos para aderir à organização criminosa.

O êxtase e a adrenalina frequentemente associados ao crime podem ser irresistíveis para esses jovens. As atividades ilícitas proporcionam uma sensação de empoderamento e audácia, criando uma gratificação emocional. A associação ao PCC pode incutir uma sensação distorcida de poder e controle sobre suas vidas.

Esses moleques dos corres podem ser influenciados pela normalização do crime e da violência em suas comunidades. Com a presença constante do PCC e a escassez de alternativas viáveis, a percepção deles sobre certo e errado pode ser distorcida, fazendo do crime uma opção aparentemente aceitável.

Facção PCC: Uma Escada para a Ascensão Social

Fascinante perceber que os moleques dos corres em instituições como a Fundação Casa tendem a adotar rigorosamente os códigos morais do Primeiro Comando da Capital. Nesses ambientes, a violência e o roubo declinaram. Os ideais de Paz, Justiça, Liberdade e Igualdade, pilares do PCC, são frequentemente citados por esses jovens.

Apesar de muitos ansiarem pela entrada na facção, o PCC tem uma política de não ‘batizar’ menores de idade. No entanto, existem jovens líderes dentro e fora das instituições, assumindo responsabilidades significativas. Nas unidades da Fundação Casa, observam-se medidas para garantir a observância das regras da facção.

A complexidade e as contradições nas relações desses moleques dos corres com o PCC são impressionantes. Em geral, aqueles em posições de liderança são parentes próximos de líderes fora das instituições ou ganharam ‘moral na rua’ com essas figuras. Um ponto é certo: a presença do PCC afeta profundamente a vida desses jovens, e no futuro, toda a sociedade brasileira e sul-americana será transformada por essa juventude que hoje habita nas fundações e nas periferias.

Baseado no trabalho de Evando Cruz Silva: Molecada no Corre: Crime, geração e moral no Primeiro Comando da Capital

Comentário no grupo de Zap do site sobre esse artigo

Luciana do 11

Lá nos anos 90 ao menos onde cresci, zona norte de Sampa o irmão que comandava aquela região não admitia presença de menores no crime e a ordem era para nem vender drogas para menores.

A visão dele é que o menor não tinha capacidade de discernimento para fazer escolhas com responsabilidade. Ao longo do tempo tudo mudou e a presença de menores hoje em dia é intrínseca e prevalece em toda quebrada. Eu particularmente conheci vários menores que sonhavam com o batismo no PCC.

Mas cresceram e tudo mudou. Vi vários que persistiram no sonho, se batizaram e em pouquíssimo tempo depois “entregaram o papel”. Outros que permaneceram também.

Volto ao início do texto, lá no irmão da quebrada (alvejado pela rota há 3 anos atrás no sofá da sua casa em uma saidinha, emboscada armada) e confesso que por mais essenciais que os menores podem parecer para o funcionamento da organizacao, vale a ressalva do discernimento que falta a eles para tomar uma decisão que deveria ser pra uma vida, a entrada para o Primeiro Comando da Capital.

A Virada de Jogo rápida e a Nova Geração da Facção PCC 1533

Este texto traz uma análise das mudanças na mentalidade da nova geração do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), focando no conceito da “virada de jogo” no mundo do crime.

“Virada de jogo”, mano, é o que tá rolando na mentalidade da nova geração do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533). Aquele mundo do crime que a gente conhece tá sendo reescrito por essa molecada que já tá chegando nos cargos de comando.

Não é mais só o corre das droga, a parada agora é ainda mais cabulosa. Esses moleques tão moldando o futuro do PCC e, mano, do nosso Brasil também.

Então, bora entender essa “virada de jogo”? Vem com a gente nesse papo reto e descubra como a nova geração do PCC tá mudando as regras do jogo.

A Virada de Jogo no PCC: Uma Nova Mentalidade

Cinco anos atrás, Evando Cruz Silva me mostrou a real da molecada do corre do Primeiro Comando da Capital. Naquele tempo, pré-pandemia e pré-Bolsonaro, a coisa era outra. Mas as histórias que ele trouxe ainda tão ligadas à realidade e mostram como a virada de jogo na mentalidade das novas gerações, que já tão chegando nos cargos de comando, difere da visão dos fundadores da facção.

Clareza aos nossos objetivo, que as metas ativem a consciência de todos, não queremos regalias mas sim um sistema humanizado para um futuro melhor para toda a sociedade, pois nossas famílias, nossos filhos, assim como as famílias e filhos de todos aqueles que estão fora dos muros depende do respeito aos nossos direitos.

Mas o nosso sacrifícios é pela consciência da nossa luta, e que tem o significado de tudo por que lutamos e acreditamos que esse significado é pela mais bela prova de amor, a liberdade, coragem e crença pela luta.

Cartilha de Conscientização da Família 15.3.3

Cinco anos, irmão, pode parecer nada, mas no mundo do crime é uma eternidade. A virada de jogo é rápida. Os líderes caem, os moleques sobem, trazendo uma nova visão pro crime organizado. Evando já tinha visto essa mudança, e agora o que ele falou faz sentido. Entender essa virada de jogo rápida é chave pra ver o presente e futuro do PCC e da sociedade brasileira.

Evando mandou o papo de como tá ligada a perifa, o corre e o mundo do crime em São Paulo. E a letra que ele soltou sobre a virada de jogo no comando da organização criminosa PCC é o que tá mantendo a facção viva e forte nas últimas três décadas. A ideia é essa: bora captar a nova fita dessa molecada no tráfico e do “proceder”, o código que dá a diretriz nas quebrada?

Virada de jogo: líderes vão, proceder fica

O mano sacou a real: PCC tá numa virada de jogo, os cria mais nova tão pegando os bagulho de comando, tá reinterpretando o “proceder”, esse é o norte moral do Comando. Essa visão ele pegou de papo reto com a molecada que passou pelo socioeducativo de São Paulo entre 2014 e 2016.

Então, as ideias de Evando ainda ecoam hoje, descrevendo a evolução do PCC e a molecada do corre. Essa virada de jogo, essa transformação, é o que vai moldar o futuro do PCC e do nosso Brasil.

No rolê dos anos 2010, o Primeiro Comando da Capital tava expandindo o domínio. Não só fechando negócios internacionais, mas também buscando poder político e burocrático. Nessa mesma época, a fala nas quebradas era de um corre desenfreado, um caos nas comunidades periféricas, ligado à molecada nova que tava entrando no crime.

Essa molecada do corre, como são conhecidos, entraram no nosso radar. Tão no front de batalha urbano do crime, vendendo drogas nas esquinas, dando canseira na polícia, sendo presos, revistados, presos e mortos.

Molecada dos corres: fundamentos e desafios

No mesmo compasso, é essa molecada do corre que faz o estado perder a mão nas quebrada, cravando a bandeira do PCC nos becos e nas mente da perifa. E agora, esses crias tão puxando uma nova virada de jogo na pegada da facção PCC, que tá expandindo o domínio, trocando a ideia, entrando em outros corres.

Por aqui, “nova geração” é mais que um número na certidão. É vivência tecida socialmente, entrelaça cor, classe, gênero, território e as oportunidades que o destino joga. Essa molecada encara dois fundamentos da vida no crime: o trampo das droga e os códigos de conduta que comandam esse rolê.

Entendendo o corre das droga e o tal “proceder” fica claro, que a vivência da nova geração tá mudando o jogo. Mira nos moleque de 12 a 21 anos, que já rodaram ou tão na contenção, lá no interior de São Paulo. Eles tão no epicentro dessa “virada de jogo” no crime, e no Primeiro Comando da Capital.

A velocidade da vida faz o jogo mudar rápido, o que a molecada fala hoje, vai ser o que precisamos pra sacar o tráfico, o crime e o “proceder” do PCC daqui pra frente.

Quando o PCC tava crescendo (anos 1990-2000), o comando virou um norte de conduta e oportunidade pros cria da periferia de São Paulo. Mas o jogo não para, nunca para. Com os irmão do PCC agora nos corres internacionais, a nova geração já pensa diferente dos fundadores.

Essa “virada de jogo”, cheia de mistério, é o que a gente tem que desenrolar pra entender o futuro dos cria e do Primeiro Comando da Capital nas quebrada e na sociedade do Brasil.

Baseado no trabalho de Evando Cruz Silva: Molecada no Corre: Crime, geração e moral no Primeiro Comando da Capital

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