Análise do Estatuto da facção PCC 1533 – 2ª parte: após 26 anos

Muito tempo se passou desde que, em 1997, o Primeiro Comando da Capital trazia ao conhecimento público seu Estatuto. Afinal, o que podemos afirmar após esses 26 anos?

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Análise do Estatuto: O mundo mudou e a facção PCC também? Esta reflexão busca entender como o Primeiro Comando da Capital se adaptou às transformações sociais e tecnológicas desde sua fundação em 1997. Embora a organização tenha alcançado alguns objetivos e abandonado outros, é evidente que, assim como o mundo, a facção PCC também evoluiu ao longo dos anos, enfrentando novos desafios e adaptando-se às mudanças.

Análise do Estatuto: A evolução da facção PCC

Esta análise busca compreender como a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) se desenvolveu desde sua fundação. Ressaltando que a sociedade e o contexto em que o Estatuto foi criado, em 1997, eram bem diferentes dos dias atuais.

Em 1997, a era digital ainda engatinhava, e o Brasil vivia em um contexto de luta por justiça social e direitos humanos. Já em 2023, a era digital avançou, e a sociedade enfrenta outros desafios. Mas como o PCC se adaptou a essas mudanças?

Duas imagens, duas realidades

Em 1997, o disco dos Racionais MCs “Sobrevivendo no Inferno” foi lançado, retratando a opressão carcerária, e na mesma época, manifestações na Praça dos Três Poderes ocorriam com grupos pedindo mais justiça social. Nesse contexto, o Primeiro Comando da Capital apresentou seu Estatuto, estabelecendo os princípios e objetivos da organização criminosa.

Em 2023, o livro “A Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil” e as manifestações de grupos “patriotas bolsonaristas” na Praça dos Três Poderes, pedindo a volta do Regime Militar, evidenciam as transformações ocorridas na sociedade e a evolução da facção no mundo do crime.

Análise do Estatuto: o balanço é favorável

O Estatuto de 1997 estabeleceu princípios, objetivos e regras para a organização criminosa. Passados 25 anos, é possível analisar o que foi cumprido ou abandonado pela facção. Em geral, os resultados são favoráveis aos administradores da organização criminosa paulista.

Alguns objetivos alcançados incluem:

  1. Lutar pela liberdade, justiça e paz: O PCC consolidou-se no sistema prisional, influenciando condições carcerárias em algumas regiões. Houve avanços, mas ainda existem muitas regiões de disputa com facções rivais e violência entre integrantes e grupos dentro da própria irmandade.
  2. União na luta contra injustiças e opressão na prisão: O PCC estabeleceu uma rede de apoio entre os presos, porém nem sempre houve melhorias tangíveis ou duradouras nas condições prisionais. No entanto, nos presídios sob seu controle, a morte, o estupro e a extorsão de detentos e seus familiares, tanto por agentes públicos quanto por grupos de presos, foram eliminados.
  3. Contribuição dos membros em liberdade aos irmãos na prisão: Essa proposta foi amplamente alcançada, porém, há críticas internas sobre a distribuição dos recursos entre os membros.
  4. Respeito e solidariedade entre os membros: O PCC conseguiu estabelecer uma forte cultura de lealdade e solidariedade, porém precisa lidar constantemente com conflitos internos, disputas pelo poder e rivalidades entre os criminosos.

O objetivo abandonado

A coligação com o Comando Vermelho (CV) não se manteve, resultando em rivalidades e conflitos, assim como não conseguiu ganhar a hegemonia por concenso. Além disso, o PCC expandiu sua influência, mas não de forma revolucionária, focando-se na expansão de suas atividades criminosas.

Razões da mudança de rumo

Muitos fatores contribuíram para que o PCC não alcançasse todos os seus objetivos. Além das mudanças na sociedade, também houve uma mudança na própria facção.

Se em 1997 os integrantes eram internos e egressos do sistema carcerário que tinham como objetivo a luta por direitos, hoje, os membros do PCC se consideram empresários autônomos e, em sua maioria, evangélicos.

O PCC continua a afirmar que a união e igualdade são seus pilares fundamentais, mas será mesmo? A verdade é que o mundo mudou, e o Primeiro Comando da Capital também precisou se adaptar a essa nova realidade.

Ao longo dos anos, algumas propostas do Estatuto foram abandonadas, enquanto outras permaneceram. Mas, no fim das contas, a facção PCC se mostrou capaz de evoluir e enfrentar os desafios do mundo moderno.

Autor: Ricard Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porém, é que aqui, assim como ninguém sabe que você é um cachorro, não dá para sacar se a pessoa do outro lado é do PCC. Na rede, quase nada do que parece, é. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fã no Facebook pode ser um robô; e, como é o caso da página em questão, um aparente editor de site de facção pode se tratar de Rícard Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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