Primeiro Estatuto do PCC : história, análises e significados

Este texto detalha a criação do Primeiro Estatuto do PCC 1533, suas metas e valores, e como a organização enfrenta injustiças no sistema penitenciário paulista.

Primeiro Estatuto PCC, as palavras ecoam como um raio de luz sombrio, iluminando uma história entrelaçada com a luta pela justiça e dignidade em um ambiente de prisão. Me acompanhe nessa viagem tensa e carregada de ansiedade, um passeio pelas sombras das celas superlotadas, onde este documento histórico foi meticulosamente concebido.

A cada passo, descobrimos as motivações profundas do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), a batalha silenciosa que eles travam contra a opressão e injustiça dentro do sistema penitenciário paulista. Uma narrativa que se desdobra como um romance noir, onde as palavras do estatuto se tornam personagens de um enredo em que a sobrevivência, a solidariedade e a resistência são os temas centrais.

Pode-se ouvir a batida do coração da organização, pulsando nos artigos cuidadosamente traçados, cada um um manifesto de resistência, cada palavra um sussurro de desafio. Venha, leitor, descubra os segredos do Primeiro Estatuto do PCC, deixe-se envolver nesta saga de determinação e coragem, onde a luta pelos direitos dos encarcerados se torna uma história de suspense eletrizante.

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Primeiro Estatudo do PCC: Pensado Palavra por Palavra

Era uma tarde tensa em um ambiente superlotado, quando Mizael, Sombra e outros detentos se reuniram em um espaço improvisado como escritório dentro de sua cela. O ar estava pesado, carregado de ansiedade e o barulho incessante da prisão abafava qualquer tentativa de silêncio. As paredes, desgastadas e marcadas, eram testemunhas da elaboração de um manifesto político que mudaria o destino de muitos. Com caneta e papel em mãos, delinearam 17 artigos bem definidos, meticulosamente pensados para servir de base para a coesão política de seu grupo.

O objetivo primordial era combater as mazelas do sistema penitenciário paulista, um ambiente opressivo, violento e desumano. Eles buscavam garantir os direitos básicos dos membros do PCC e suas famílias, lutando por justiça e dignidade. A cada palavra escrita, a cada linha traçada, sentiam que se aproximavam um pouco mais de seu objetivo.

No entanto, em 1997, o documento viria à tona, tornando-se público e causando alvoroço na opinião pública. As autoridades do governo paulista, encurraladas e desconfortáveis, tentaram desmentir a existência do estatuto, mas a verdade já havia escapado de suas garras, ganhando vida própria.

Primeiro Estatudo do PCC: Artigos de Solidariedade

  1. Lealdade, respeito, e solidariedade acima de tudo ao Partido
  2. A Luta pela liberdade, justiça e paz
  3. A união da Luta contra as injustiças e a opressão dentro das prisões
  4. A contribuição daqueles que estão em Liberdade com os irmãos dentro da prisão através de advogados, dinheiro, ajuda aos familiares e ação de resgate
  5. O respeito e a solidariedade a todos os membros do Partido, para que não haja conflitos internos, porque aquele que causar conflito interno dentro do Partido, tentando dividir a irmandade será excluído e repudiado do Partido.

No silêncio abafado da cela, os primeiros artigos do estatuto ganhavam vida. Traziam em suas linhas os ideais que deveriam ser a bússola de todos os membros: a luta incansável contra a desigualdade social, as injustiças e a opressão, inimigos tão presentes na realidade da população carcerária.

A solidariedade era o grito mudo que ecoava entre as palavras escritas, unindo os filiados da organização em um laço indissolúvel. Esse vínculo estendia-se além das grades enferrujadas, alcançando aqueles que, agora livres, caminhavam pelas ruas, carregando consigo o peso do passado e a esperança de um futuro melhor.

A ajuda mútua se manifestava de várias formas, sutis e diretas. Uma contribuição financeira aqui, um trabalho realizado ali, todos em prol da irmandade, formando um mosaico de tarefas econômicas e políticas que mantinham o coração da organização pulsando.

Desde o início, a centralização hierárquica era a espinha dorsal da estrutura política do PCC. Uma fortaleza edificada com o propósito de evitar fissuras internas que pudessem abalar a unidade política e a coesão do grupo. Um equilíbrio delicado, uma dança constante ao redor do abismo do conflito, onde a vigilância e a lealdade eram suas únicas defesas.

Assim, as páginas do estatuto se desdobravam, cada artigo um manifesto de resistência e determinação, um mapa para navegar nas águas turbulentas do sistema penitenciário, uma chama de esperança na escuridão opressiva da prisão.

Códigos de Ferro: Disciplina e Hierarquia na Facção PCC

  1. Jamais usar o Partido para resolver conflitos pessoais, contra pessoas de fora. Porque o ideal do Partido está acima de conflitos pessoais. Mas o Partido estará sempre Leal e solidário à todos os seus integrantes para que não venham a sofrerem nenhuma desigualdade ou injustiça em conflitos externos.
  2. Aquele que estiver em Liberdade “bem estruturado” mas esquecer de contribuir com os irmãos que estão na cadeia, serão condenados à morte sem perdão
  3. Os integrantes do Partido tem que dar bom exemplo à serem seguidos e por isso o Partido não admite que haja assalto, estupro e extorsão dentro do Sistema.
  4. O partido não admite mentiras, traição, inveja, cobiça, calúnia, egoísmo, interesse pessoal, mas sim: a verdade, a fidelidade, a hombridade, solidariedade e o interesse como ao Bem de todos, porque somos um por todos e todos por um.
  5. Todo integrante tem que respeitar a ordem e a disciplina do Partido. Cada um vai receber de acordo com aquilo que fez por merecer. A opinião de Todos será ouvida e respeitada, mas a decisão final será dos fundadores do Partido.

Nos corredores sombrios da organização, duas palavras ecoavam como um mantra: disciplina e punições. O sexto artigo do estatuto delineava com uma clareza brutal que o Primeiro Comando da Capital devia se sobrepor a qualquer forma de interesse individual que não buscasse o coletivo. Eles haviam estabelecido uma linha clara, e aqueles que ousassem cruzá-la, buscando lucrar à custa do partido ou abandonando suas funições para benefício próprio, seriam atingidos com as mais severas punições. A mentira, a traição, qualquer forma de quebra da aliança com o PCC, não seria tolerada.

A ideia de disciplina e punição não era nova, mas uma complexa técnica social, que Foucault detalhava em sua obra. A moralidade se entrelaçava com essas redes de sociabilidade, dando forma aos valores que os membros deveriam adotar em suas vidas cotidianas, ampliando essas teias sociais sob a supervisão vigilante do PCC.

O oitavo artigo era o fruto dessa intrincada rede de sociabilidade, unida pela disciplina e pela punição. A conduta exemplar que se esperava dos membros produzia uma espécie de legitimidade e aprovação moral, fortalecendo ainda mais o poder e a disciplina que permeavam a organização.

Assim, ações consideradas “imorais”, como assaltos entre os próprios presos, estupros e extorsões de presos mais poderosos, deveriam ser erradicadas. Antes da existência do grupo, tais práticas eram, infelizmente, comuns. O oitavo artigo, então, se tornou uma forte declaração contra os estupros, instaurando uma nova cultura política nos territórios dominados pelo PCC.

O décimo artigo lembrava a todos a necessidade de obediência dentro da estrutura disciplinar. A estrutura inicial do PCC, de caráter piramidal, garantia o “direito” dos componentes de falar e julgar em favor do partido, mas a decisão final e o poder sempre retornavam às mãos dos fundadores. Nessa divisão interna, havia os que mandavam, os “generais”, e os que obedeciam, os “soldados”. Uma clara divisão do trabalho, uma hierarquia incontestável.

Nesse sistema, o poder se manifestava sem disfarces, sem necessidade de mascarar a realidade. “Soldado”, “general”, os termos deixavam evidente a estrutura rígida e intransigente que governava cada membro, cada decisão, cada ação dentro do Primeiro Comando da Capital.

Lema e Legado: A Batalha Simbólica do PCC

  1. O Primeiro Comando da Capital PCC fundado no ano de 1993, numa luta descomunal e incansável contra a opressão e as injustiças do Campo de concentração “anexo” à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, tem como tema absoluto a “Liberdade, a Justiça e Paz”.
  2. O partido não admite rivalidades internas, disputa do poder na Liderança do Comando, pois cada integrante do Comando sabe a função que lhe compete de acordo com sua capacidade para exercê-la.
  3. Temos que permanecer unidos e organizados para evitarmos que ocorra novamente um massacre semelhante ou pior ao ocorrido na Casa de Detenção em 02 de outubro de 1992, onde 111 presos foram covardemente assassinados, massacre este que jamais será esquecido na consciência da sociedade brasileira. Porque nós do Comando vamos mudar a prática carcerária, desumana, cheia de injustiças, opressão, torturas, massacres nas prisões.
  4. A prioridade do Comando no montante é pressionar o Governador do Estado à desativar aquele Campo de Concentração “anexo” à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, de onde surgiu a semente e as raízes do comando, no meio de tantas lutas inglórias e a tantos sofrimentos atrozes.

O lema “Paz, Justiça e Liberdade”, outrora entoado pelo Comando Vermelho, agora ecoava nos corredores do PCC, um emblema de seus ideais e batalhas políticas. As linhas rígidas da unidade e disciplina, delineadas no estatuto inicial, foram forjadas para a preservação da organização, um escudo contra as injustiças, um grito silencioso contra novos massacres como o de 1992 no Carandiru. Eles lutavam por direitos básicos que lhes eram negados, direitos que pareciam evaporar ao cruzar as portas de ferro do sistema prisional.

Disciplina e punição, essas eram as ferramentas que mantinham o equilíbrio delicado do poder entre generais e soldados. Uma estabilidade necessária para evitar divisões dentro da organização. Se os presos não estivessem unidos por uma causa comum, o sistema prisional continuaria a triunfar, a manter seu status quo inabalado.

O décimo quarto artigo carregava um objetivo simbólico, mas ao mesmo tempo, incrivelmente palpável. A desativação da Casa de Custódia de Taubaté era um sonho, quase um mito, para os membros do PCC. Ali, onde tudo começou, onde a fama de ser uma das prisões mais violentas de São Paulo foi cimentada, eles desejavam provocar uma mudança. Expor os crimes de José Pedrosa, libertar as celas da tortura, essa era uma meta que se estendia além do simbólico, era uma meta que precisava ser alcançada.

O Juramento: Centralização e Aliança contra a Opressão do Sistema

  1. Partindo do Comando Central da Capital do QG do Estado, as diretrizes de ações organizadas simultâneas em todos os estabelecimentos penais do Estado, numa guerra sem trégua, sem fronteira, até a vitória final.
  2. O importante de tudo é que ninguém nos deterá nesta luta porque a semente do Comando se espalhou por todos os Sistemas Penitenciários do estado e conseguimos nos estruturar também do lado de fora, com muitos sacrifícios e muitas perdas irreparáveis, mas nos consolidamos à nível estadual e à médio e longo prazo nos consolidaremos à nível nacional.

    Em coligação com o Comando Vermelho – CV iremos revolucionar o país dentro das prisões e nosso braço armado será o Terror “dos Poderosos” opressores e tiranos que usam o Anexo de Taubaté e o Bangu I do Rio de Janeiro como instrumento de vingança da sociedade na fabricação de monstros.

    Conhecemos nossa força e a força de nossos inimigos Poderosos, mas estamos preparados, unidos e um povo unido jamais será vencido.

    LIBERDADE! JUSTIÇA! E PAZ!

    O Quartel General do PCC, Primeiro Comando da Capital, em coligação com Comando Vermelho CV
    UNIDOS VENCEREMOS

As sombras do cimento frio da cela pairavam sobre os homens que se reuniam, seus rostos tensos iluminados apenas pela fraca luz que se infiltrava pelas estreitas janelas. O ar estava espesso, carregado com a importância do que estava prestes a ser discutido. Os últimos dois artigos do estatuto – o coração da sua visão política – estavam em jogo.

A centralização do poder e a aliança com o Comando Vermelho eram questões cruciais, a essência que moldaria a identidade do Primeiro Comando da Capital. A figura do “bandido” estava em processo de evolução, de uma presença individual para um sujeito coletivo, uma nova forma de organização que se espalharia por todo o Brasil na década de 2000.

O PCC, desde o seu início, alimentava a visão de uma frente unida de organizações de presos contra o estado – um inimigo comum. O 17º artigo do estatuto delineou a esperança de uma coligação nacional entre o PCC e o CV, uma fortaleza que se estenderia além das fronteiras de São Paulo e Rio de Janeiro.

A desativação das penitenciárias Bangu I e Piranhão – dois ícones sinistros do sistema carcerário – era mais do que um objetivo prático; era uma declaração simbólica de intento. A mensagem era clara: unidade contra a injustiça, a desigualdade e a opressão.

O estatuto, revolucionário e inovador em sua época, representou uma rejeição coesa e organizada do falido sistema penitenciário. O PCC se tornou conhecido por seus rituais simbólicos, como o “batismo”, um rito de passagem que, apesar das mudanças ao longo dos anos, manteve seu objetivo fundamental: acolher novos membros na irmandade do Primeiro Comando da Capital.

A tensão na sala se dissipou, substituída por uma resolução silenciosa. As palavras finais do estatuto foram escritas, selando o compromisso de luta por paz, justiça e liberdade. Sob a luz fraca, esses homens haviam forjado um novo caminho, uma nova forma de resistência, cujas ondas ressoariam em todo o sistema penitenciário brasileiro.

Iniciação e Juramento: O Batismo no Submundo do PCC

Imagine-se na pele de um novato no Primeiro Comando da Capital, o temido PCC. O processo de admissão, longe de ser algo simples, requer a indicação de um padrinho, um membro já consolidado que lhe avalia e indica para a facção. A sua entrada não é uma questão de oferecer-se, mas sim de ser convidado. Uma vez convidado, a preparação para a entrada começa, sempre sob a vigilância atenta do padrinho.

E nesse universo, a interdependência entre o padrinho e o afilhado é crucial. Seu padrinho assume uma responsabilidade quase paternal por você e, caso cometa algum erro, é ele quem sofrerá as consequências até o final deste sinistro “ritual de passagem”. O laço que os une é reforçado por valores como lealdade, honestidade, confiança e a obrigação de seguir as regras da facção. Se conseguir respeitar estes princípios, você é admitido na organização.

A cerimônia de batismo é uma ocasião de gravidade sombria, onde o padrinho, o afilhado e um terceiro membro se reúnem. O novato deve proferir um juramento de lealdade, comprometendo-se a cumprir o estatuto, assumir responsabilidade e manter uma reputação respeitável no mundo do crime, para assim consolidar sua posição no universo do PCC.

O PCC tem sua própria linguagem, um código criado para reforçar o vínculo entre seus membros. Essa linguagem codificada cria novos laços de interdependência dentro e fora das prisões, e provoca uma profunda transformação do indivíduo durante o processo de batismo. Nessa transformação, um novo vocabulário nasce, um glossário do crime, se preferir, influenciado pela dura realidade do mundo do crime, conforme documentado meticulosamente por Feltran.

Uma vez admitido no PCC, o novato torna-se um “Irmão”. Não importa onde ou como ocorreu o batismo, em São Paulo ou em outra unidade federativa, dentro ou fora das prisões – uma vez batizado, será sempre um irmão. Tal como em qualquer organização, o PCC tinha a sua própria hierarquia no início, com os generais – os fundadores e líderes da organização – no topo, e os soldados – os membros da base que seguem as ordens dos generais – formando a coluna vertebral da facção.

Linguagem Codificada: A Semiótica do Submundo do PCC

Imagine-se agora imerso em um universo onde o vernáculo é tão estranho e específico quanto o ambiente em si. No mundo do PCC, os inimigos de facções rivais são denominados “Coisas”, enquanto os policiais militares, carcereiros ou qualquer outro agente de segurança pública são chamados pejorativamente de “Vermes”. Qualquer intruso que não pertence a este universo é designado como “Zé Povinho”.

Para entender melhor esta classificação peculiar, convém citar uma etnografia sobre o assunto: Segundo o sistema classificatório usado pelos presos, “irmão” é o termo usado para um membro batizado do PCC; “primo” se refere ao preso que vive em prisões do PCC, mas que não é membro batizado; “coisa” é o termo usado para os inimigos, que podem ser tanto presos de outras facções quanto funcionários da segurança pública. Aqueles que não pertencem ao mundo do crime, que não são irmãos, primos ou coisas, recebem a denominação pejorativa de Zé Povinho.

A terminologia estende-se ainda ao espaço territorial dominado pela “família” PCC. Os bairros periféricos são conhecidos como “quebradas”. Qualquer indivíduo, pertença ele ou não ao mundo do crime, reconhece o bairro de origem como “sua quebrada”. Esse local de pertencimento transcende as barreiras do espaço físico, carregando consigo costumes, hábitos, gírias e a nostalgia de suas origens. O indivíduo se orgulha de onde veio, tornando-se uma parte integral de sua identidade.

O glossário do PCC é vasto e pode ser encontrado em uma grande variedade de bibliografias. A semiótica dentro deste universo é vasta e complexa, proporcionando uma significação única que os indivíduos atribuem a determinados significados. Eles reinterpretam diversos procedimentos, normas e comportamentos, criando dialetos dentro do mundo da periferia que são incorporados ao mundo do crime e vice-versa. E assim, um novo mundo linguístico é forjado, tão complexo e fascinante quanto o próprio universo do PCC.

Baseado no trabalho do pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna: “As faces da mesma moeda: uma análise sobre as dimensões do Primeiro Comando da Capital (PCC)”

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Contrato Social: Análise do Estatuto da Facção PCC – 5ª parte

O Estatuto do Primeiro Comando da Capital é o primeiro documento registrado de um contrato social do mundo do crime no Brasil. Ele teve seu registro no Diário Oficial da Assembléia do Estado de São Paulo em 20 de maio de 1997.

Contrato Social no PCC: o estatuto do Primeiro Comando da Capital propõe um pacto entre ladrões, destacando princípios como justiça, igualdade e solidariedade entre os irmãos do mundo do crime.

Explorando Ideais e Princípios

Neste estudo, foco apenas no Estatuto do PCC, não na facção criminosa em si. Já discuti em outros artigos: aspectos administrativos e militares, a visão do especialista Eduardo Armando Medina Dyna, e seus resultados práticos após 26 anos.

Contrato Social: a visão pioneira dos fundadores

Nesta fase, analiso as posições dos fundadores do PCC, expressas no documento de fundação da facção, em relação aos seus ideais e como disso se chegou a um contrato social no mundo do crime. Sem julgar a realidade, analiso apenas o documento de fundação – o Estatuto do Primeiro Comando da Capital.

Este documento apresenta temas como justiça, igualdade, liberdade, solidariedade, responsabilidade coletiva, ética, moralidade, conflito e resistência. Examinando esses temas, fica fácil entender as motivações e valores que guiaram os fundadores e como conseguiram cooptar membros para a irmandade.

Já aviso que alguns conceitos se repetem em diferentes capítulos, demonstrando sua relevância em várias perspectivas analisadas.

Contrato Social: um acordo entre partes

Entendendo o Estatuto do PCC

Ao ler o Estatuto do Primeiro Comando da Capital, percebi que ele contém várias diretrizes sobre justiça, igualdade, ética e solidariedade entre seus membros. Analisando o documento, me lembrei do conceito de contratualismo e como ele se relaciona com o estatuto, estabelecendo regras e promovendo cooperação entre os integrantes.

O contratualismo sugere que sociedade e governo são criados por um contrato social. Nesse acordo, as pessoas seguem regras em troca de proteção e benefícios. O estatuto do PCC pode ser visto como um contrato entre os membros, criando normas a serem seguidas em troca de apoio mútuo.

Justiça e Igualdade e a Ética no Crime

A ideia de justiça aparece várias vezes no estatuto, como no item 2, que fala sobre lutar pela paz, justiça, liberdade, igualdade e união. O item 14 enfatiza tratar todos os membros com igualdade, enquanto o item 15 defende a solidariedade do grupo para solucionar conflitos pessoais. Esses princípios mostram o compromisso do PCC com justiça e igualdade entre seus integrantes.

A ética do crime é mencionada em itens como o 6, que afirma que o PCC não aceita estupradores, pedófilos e outros crimes antiéticos. Essas restrições criam um código moral dentro da organização, mesmo em um contexto criminoso.

A solidariedade é fundamental no estatuto, como nos itens 5 e 8, que mostram a responsabilidade dos membros em ajudar uns aos outros em dificuldades financeiras ou sociais.

Analisando o estatuto como um contrato, fica fácil ver que o PCC busca estabelecer princípios de justiça, igualdade e solidariedade entre seus membros por meio de regras e normas. Apesar de ser uma organização criminosa, é interessante notar como esses princípios são aplicados no contexto do estatuto.

Em um outro artigo “A facção PCC, a polícia e o Contrato Social“, comento como o Contrato Social funciona na prática no mundo do crime: A polícia e o Primeiro Comando da Capital gerenciando as normas nas comunidades carentes paulistas.

PCC e sua estratégia militar: Análise do Estatuto do 1533 – 4ª parte

PCC e sua estratégia militar: analise do Estatuto do Primeiro Comando da Capital (PCC 1533), destacando sua estrutura hierárquica e disciplina, e comparando-os às doutrinas militares, enfatizando que o objetivo da análise é compreender o documento de fundação da organização criminosa, e não discutir a prática da facção.

PCC e sua estratégia militar: este trabalho foca no estatuto da facção, não em suas ações, analisando as táticas aplicadas desde sua criação.

Explorando o Estatuto do PCC e sua estratégia militar

No estudo do Estatuto do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533), é possível identificar pontos que lembram a doutrina militar. Apesar disso, o PCC nunca teve como objetivo ser um grupo militar, mas sim um grupo civil, cujo foco inicial foi o fim da opressão no sistema carcerário.

Ressalto mais uma vez, esse artigo não se debruçou sobre a realidade na qual se tornou o Primeiro Comando da Capital, mas simplesmente está analisando o Estatuto de fundação da organização criminosa pelo prisma das doutrinas militares.

Nesta análise, foram citados os itens do Estatuto do PCC referentes ao período de 2007 a 2017, e não ao Estatuto original de 1997. Embora contenham os mesmos itens, o detalhamento nos documentos difere entre as versões.

Táticas militares no contexto do crime

Ao analisar os documentos de 1997 e de 2017, encontro em diversos ítens descrição do PCC e sua estratégia militar. Mesmo assim, elas estão adaptadas ao crime organizado. São conceitos presentes: hierarquia, disciplina, objetivos, unidades, adaptação, expansão territorial e alianças. Isso mostra que a facção soube aplicar estratégias eficientes em suas ações.

Hierarquia e disciplina

Na minha análise do Estatuto do Primeiro Comando da Capital, percebi que a organização possui regras e uma estrutura hierárquica que refletem a importância da ordem e da disciplina, assim como nas doutrinas militares convencionais:

  • Item 3: Aborda a importância da hierarquia e disciplina dentro da organização, ressaltando que todos os integrantes têm o direito de expressar suas opiniões, mas também o dever de respeitar as opiniões alheias e seguir a estrutura hierárquica estabelecida.
  • Item 9: Enfatiza a importância da lealdade e comprometimento com a organização, mencionando que aqueles que demonstrarem desinteresse pela causa após usufruírem dos benefícios do PCC podem ser considerados traidores e sofrerem consequências graves.
  • Item 10: Esclarece que a Sintonia Final é uma fase da hierarquia do PCC composta por integrantes que foram indicados e aprovados pelos membros da Sintonia Final. A Sintonia Final tem como objetivo lutar pelos ideais do PCC e pelo crescimento da organização.
  • Item 12: Estabelece que o PCC não possui limite territorial, e todos os integrantes batizados, independentemente de onde estiverem, devem seguir a disciplina e hierarquia do Estatuto.
  • Item 14: Declara que todos os integrantes serão tratados com igualdade, e seus méritos e atitudes serão avaliados, dando prioridade àqueles que merecem.
  • Item 15: Ressalta que os ideais do PCC estão acima dos conflitos pessoais e que a organização será solidária com os integrantes que estiverem em desvantagem para resolver seus problemas pessoais, desde que estejam agindo de acordo com os ideais do PCC.
  • Item 18: Determina que todos os integrantes têm o dever de agir com severidade em casos de opressões, assassinatos e covardias realizados por agentes do estado ou inimigos, demonstrando a importância da disciplina e lealdade à organização durante as missões.

Ao comparar o PCC e sua estratégia militar com as doutrinas militares convencionais, observei que ambas enfatizam a importância da hierarquia, disciplina e lealdade para o funcionamento eficiente e tomada de decisão dentro de suas respectivas organizações.

Objetivos claros e foco na missão

As doutrinas militares enfatizam a importância de estabelecer objetivos claros e manter o foco na missão. Isso garante que as operações militares sejam eficientes e eficazes, alcançando os resultados desejados com o mínimo de recursos e tempo necessários. A clareza dos objetivos e o foco na missão são fundamentais para garantir que todos os membros da força militar estejam alinhados e trabalhem em conjunto para cumprir sua missão.

Ao analisar o Estatuto do PCC, identifico alguns aspectos semelhantes relacionados ao estabelecimento de objetivos e foco na missão. O Estatuto define objetivos específicos, como lutar pela liberdade, justiça e paz (Item 2), além de melhorar as condições prisionais. Essa abordagem é semelhante ao planejamento de missões militares, onde os objetivos são claramente estabelecidos e as ações são planejadas para atingir esses objetivos.

Outros aspectos do Estatuto que demonstram foco na missão incluem:

  • Item 7: Ressalta o dever de todos os integrantes em colaborar e participar dos “progressos” do Comando, contribuindo para o sucesso das missões.
  • Item 10: Descreve o papel da Sintonia Final, que deve orientar a tropa em busca dos objetivos.
  • Item 11: Enfatiza a responsabilidade dos integrantes em cumprir missões designadas, garantindo que todos estejam alinhados e comprometidos com os objetivos da organização.
  • Item 12: Destaca a intenção do PCC de expandir suas operações e influência além das fronteiras geográficas, evidenciando a ambição de expansão territorial da organização criminosa.

PCC e sua estratégia militar apresenta aspectos semelhantes às doutrinas militares convencionais no que diz respeito ao estabelecimento de objetivos claros e foco na missão. A organização define objetivos específicos e mantém uma estrutura hierárquica e disciplinada para garantir que todos os membros trabalhem juntos para alcançar esses objetivos. Embora os contextos e as finalidades do PCC e das forças militares sejam distintos, a importância do foco na missão e dos objetivos claros é evidente em ambos os casos.

Unidade e cooperação nas doutrinas militares

Nas doutrinas militares, o conceito de unidade e cooperação é fundamental para o funcionamento eficiente e eficaz das forças armadas. A cooperação entre diferentes unidades e ramos das forças armadas é crucial para realizar operações conjuntas e alcançar os objetivos estabelecidos.

  1. O item 2 do estatuto do PCC estabelece objetivos que refletem a missão da organização e seu foco nas atividades, incluindo a luta pela paz, justiça, liberdade, igualdade e união. Embora o contexto e os objetivos sejam diferentes das doutrinas militares, o conceito de unidade e cooperação é semelhante na medida em que ambas as organizações buscam alcançar seus objetivos através da colaboração e do trabalho conjunto entre seus membros.
  1. No caso do PCC, a ênfase na união é explicitamente mencionada no item 2 e também no item 10, que descreve a Sintonia Final como uma instância que visa lutar pelos ideais do Comando e pelo crescimento da organização. A Sintonia Final é um exemplo de como a estrutura do PCC promove a unidade e a cooperação entre os membros, já que os integrantes são indicados e aprovados pelos “irmãos” que fazem parte da Sintonia Final.

Embora as doutrinas militares e o Estatuto do PCC estejam em contextos diferentes e tenham objetivos distintos, o conceito de unidade e cooperação é fundamental para o funcionamento eficiente e eficaz de ambas as organizações. A colaboração e o trabalho conjunto entre os membros são cruciais para alcançar os objetivos estabelecidos tanto nas doutrinas militares quanto no Estatuto do PCC.

Adaptação e resiliência

No Item 4, o estatuto menciona a necessidade de os integrantes manterem contato com a “Sintonia” de sua área, sempre estarem à disposição do Comando e mostrarem empenho e união. Essa disposição indica uma adaptação às diferentes situações e a capacidade de se recuperar de adversidades.

Além disso, o Item 5 destaca a importância da dedicação ao Comando e da participação em projetos que visem criar soluções para o desamparo social e financeiro dos integrantes, demonstrando resiliência e adaptação às necessidades dos membros da organização

Delimitação, expansão e consolidação e domínio territorial

Nas doutrinas militares, a expansão e o domínio territorial são frequentemente abordados no contexto de estratégias nacionais e objetivos geopolíticos. Isso envolve o emprego de forças militares para proteger os interesses nacionais, garantir a segurança das fronteiras e, em alguns casos, estender a influência política e econômica de uma nação.

As forças militares desempenham um papel fundamental na manutenção e expansão do controle territorial, seja por meio de ocupação direta ou por meio do apoio a aliados e parceiros regionais, e no caso da facção, essa ação foi prevista pelo PCC e sua estratégia militar:

O Item 12 do estatuto do PCC afirma que a organização não possui limite territorial e que todos os integrantes batizados fazem parte do PCC, independentemente de cidade, estado ou país. Essa afirmação indica a intenção da organização de expandir suas operações e influência além das fronteiras geográficas, destacando sua ambição de expansão territorial.

A ideia de expansão e domínio territorial do PCC pode ser comparada em alguns aspectos às previstas nas estratégias militares. No caso da organização criminosa, a expansão territorial se manifesta na intenção de estender sua influência e atividades criminosas além das fronteiras locais e regionais. Isso pode incluir o estabelecimento de redes de tráfico de drogas, armas e outros bens ilícitos em outras áreas geográficas e a colaboração com outros grupos criminosos fora de sua área original de atuação.

Alianças e inimigos:

As doutrinas militares tradicionais abordam os conceitos de aliados e inimigos com base em critérios geopolíticos e ideológicos, geralmente em um contexto de defesa nacional e cooperação internacional. No caso do Estatuto do Primeiro Comando da Capital (PCC), a análise dos itens apresenta alguns aspectos similares e divergentes desses conceitos.

No Item 12 do Estatuto, como mencionado em sua análise, fica claro que o PCC busca expandir suas operações e influência além das fronteiras geográficas, destacando sua ambição de expansão territorial. Essa estratégia, de alguma forma, é análoga ao conceito de alianças entre nações, embora não se trate de cooperação entre Estados, mas sim de uma organização criminosa.

Os aliados do PCC são indicados no Item 13, que estabelece que a organização não tem coligações com outras facções, mas vive em harmonia com facções de outros estados. No caso de algum integrante de outra facção chegar em uma cadeia dominada pelo PCC, este será tratado com respeito e receberá apoio, e espera-se o mesmo tratamento para os integrantes do PCC em cadeias dominadas por outras facções amigas.

Os inimigos do PCC são descritos no Item 18, que determina a ação com severidade em cima de opressões, assassinatos e covardias realizadas por Policiais Militares e a máquina opressora. A organização criminosa busca dar respostas proporcionais às ações de seus inimigos, pagando vida com vida e sangue com sangue.

Em resumo, o Estatuto do PCC aborda o conceito de aliados e inimigos de maneira diferente das doutrinas militares tradicionais, mas ainda assim apresenta uma estrutura que busca expandir a influência da organização e estabelecer relações de cooperação ou confronto com outros grupos.

Decreto: pena de morte para traidores

O Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969) estabelece em seu Capítulo II, Artigos 355 a 359, os crimes de traição em tempo de guerra, que incluem traição, favorecimento ao inimigo, espionagem, auxílio à espionagem e revelação de segredo a inimigo. A pena de morte pode ser aplicada em casos específicos de traição e favorecimento ao inimigo conforme o Art. 355 e Art. 356, algo que no Estatuto do Primeiro Comando da Capital está previsto (ítem 9) com o nome de “decreto”: “traição é morte”.

Tanto na legislação brasileira quanto no Estatuto da facção PCC 1533, as penas capitais são exceção e devem ser aplicadas em caso de guerra, a questão é que a organização criminosa paulista se vê em Estado de Guerra desde sua criação, seja contra o estado opressor ou grupos criminosos inimigos.

PCC como empresa: Análise do Estatuto da Facção 1533 – 3ª parte

Este artigo analisa o PCC como empresa, analisando o Estatuto da organização criminosa sob a perspectiva das teorias da administração. A análise busca identificar paralelos entre as práticas da facção paulista e os conceitos de administração estruturalista, neoclássica, comportamental e contingencial.

O PCC como empresa tem sido um tema intrigante para muitos estudiosos e curiosos. Ao analisar o estatuto da organização criminosa, podemos encontrar semelhanças com as teorias da administração que são aplicadas às empresas tradicionais. Neste artigo, abordaremos os paralelos entre o PCC e as diversas teorias da administração, lembrando que a análise é apenas uma interpretação e não deve ser vista como uma legitimação ou endosso das atividades ilegais do grupo.

PCC como empresa na perspectiva de um administrador

Minha formação é em Administração de Empresas, e sempre observo negócios, desde entregadores até gigantes como o Google, imaginando como funcionam. Então, é natural analisar a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC 1533) dessa maneira. Esse grupo criminoso se tornou uma das maiores e mais complexas empresas brasileiras, com administradores muito capacitados.

Desafios enfrentados pelo PCC

Se competir no mercado legal já é difícil, imagine quando sequestros, torturas e mortes estão envolvidos. Apesar disso, as lideranças do PCC lutam diretamente contra as forças públicas para manter seu negócio. A comunicação digital é rápida e global, mas o PCC precisa emitir ordens oralmente através de um sistema complicado de telefone sem fio e, mesmo assim, conquista mercados e enfrenta adversários maiores.

É impressionante ver como uma organização criminosa pode ter uma dimensão tão grande, a ponto de superar empresas legítimas em termos de faturamento.

A comparação com a Bayer, uma empresa alemã fundada em 1863 e presente no Brasil desde 1896, que é no país uma das líderes no agronegócio e com atividades em medicamentos e produtos químicos, é um exemplo que ilustra bem a magnitude das operações do PCC.

Segundo o COAF, a organização paulista movimenta aproximadamente 8 bilhões de Reais anuais apenas da parcela do dinheiro lavado nas empresas que caíram na investigação, contra 9,77 bilhões de Reais da Bayer de resultado total da subsidiária brasileira apontado pela empresa alemã, que é reconhecida e respeitada no mercado.

Reconhecer a capacidade de gestão e resiliência dos administradores do Primeiro Comando da Capital não é um elogio ou apologia a organização criminosa, mas uma analise do fenômeno e um convite ao estudo para aprender as razões que levaram ao sucesso de tão arriscado empreendimento.

Analisando a estrutura do PCC

Ao longo dos anos, várias opiniões foram dadas sobre a organização criminosa. No começo, muitos duvidavam que um grupo de negros semianalfabetos pudesse manter tal estrutura. Porém, pesquisadores sérios discutiram se a gestão era horizontal ou vertical, cada grupo defendendo seu ponto de vista com argumentos sólidos.

As diferentes perspectivas já foram debatidas exaustivamente neste site nos últimos 16 anos. No início, eu acreditava em uma estrutura vertical e piramidal, mas hoje defendo algo mais horizontal. Uma comparação interessante foi feita por Gabriel Feltran, que comparou o PCC às ordens e fraternidades maçônicas.

PCC como empresa: O sucesso do Primeiro Comando da Capital e a lealdade na facção

O estatuto do PCC e sua perspectiva administrativa

Se a maioria das empresas no Brasil fecha as portas em até 5 anos, é surpreendente ver que o Primeiro Comando da Capital, mesmo com seu estatuto cheio de erros gramaticais, está prestes a completar 30 anos — a fundação se deu em 31 de agosto de 1993 na Casa de Custódia de Taubaté.

empresas formais costumam recorrer a profissionais qualificados, como advogados e contadores, para elaborar seus estatutos sociais. Esses profissionais garantem que a documentação esteja em conformidade com as leis e regulamentações vigentes, além de garantir a correta estruturação das atividades e responsabilidades da empresa.

Por outro lado, o Estatuto do Primeiro Comando da Capital não segue os mesmos padrões formais e legais das empresas regulares; no entanto, em sua elaboração, foram utilizadas uma série de regras e códigos do mundo do crime. Essa elaboração pode ser feita por indivíduos com baixo nível de escolaridade, sem perder sua eficácia para o público a que se destina: encarcerados, egressos e moradores de comunidades periféricas.

No entanto, vale ressaltar que a organização e estruturação de grupos criminosos podem variar amplamente. Alguns grupos podem ser altamente organizados, com uma hierarquia bem definida e regras internas mais elaboradas, enquanto outros podem ter uma estrutura mais informal e menos rígida.

É importante não subestimar a capacidade de organização de grupos criminosos, uma vez que muitos deles podem ser altamente adaptáveis e resilientes às medidas de repressão. A prevenção e o combate ao crime organizado exigem uma abordagem multidisciplinar e a cooperação entre diferentes setores da sociedade e agências governamentais.

Então, o que faz o estatuto da facção PCC ser diferente e bem-sucedido?

A resposta pode estar na lealdade, respeito e solidariedade entre seus membros, algo raro em empresas comuns. Esses valores criam uma mentalidade coletiva, enfatizando a importância da unidade e da luta conjunta contra a opressão e as injustiças no sistema prisional.

A irmandade e a luta por um ideal

Ao colocar esses valores em seu documento de fundação, o PCC cria uma irmandade em prol de um ideal. Essa ideia é muito mais difícil de ser vencida ou quebrada do que um simples relacionamento econômico.

Além disso, os fundadores do PCC demonstram consciência política e social ao mencionar eventos como o massacre do Carandiru e criticar as condições desumanas nas prisões.

Essa abordagem cria a figura do inimigo comum que deve ser combatido, e as lideranças se colocam como contraponto lado ao utilizar os termos “irmãos” e “companheiros” pavimentando o caminho daquilo que em poucos anos se tornará a “Família 1533”.

O ódio como ferramenta de engajamento

Por fim, nada melhor que o ódio como ferramenta de engajamento. As redes sociais e grupos extremistas provaram isso nos últimos anos, mas essa técnica já estava expressa no Estatuto do PCC de 1997. Ao unir os membros em torno de um inimigo comum, a facção consegue fortalecer sua base e garantir sua sobrevivência.

Em resumo, o PCC se destaca como uma “empresa” bem-sucedida devido à lealdade, respeito e solidariedade entre seus membros. Seu estatuto, apesar de informal, é eficaz em promover uma mentalidade coletiva e criar uma irmandade em prol de um ideal. Esses fatores, aliados ao ódio como ferramenta de engajamento, garantem a longevidade da facção.

PCC como empresa: sob a ótica das teorias administrativas

O objetivo de qualquer sistema administrativo é criar uma estrutura e hierarquia para atingir suas metas. Vamos analisar o Estatuto do Primeiro Comando da Capital usando as principais teorias da administração.

O Estatuto do PCC definitivamente mostra uma organização preocupada em estabelecer uma estrutura e hierarquia, seguindo regras específicas e valorizando as relações humanas e o bem-estar de seus membros.

Teoria clássica da administração

Criada por Henri Fayol, foca na estrutura organizacional, divisão de trabalho e coordenação para garantir eficiência. No Estatuto do PCC, encontramos uma hierarquia com um “Comando Central” e a divisão de funções e responsabilidades entre os membros, o que vai de encontro aos princípios dessa teoria.

Teoria da burocracia na administração

Desenvolvida por Max Weber, destaca a importância de regras, procedimentos e normas. O Estatuto do PCC apresenta várias normas, como lealdade ao grupo, proibição de atos específicos (por exemplo, estupro, assalto e extorsão) e a responsabilidade de ajudar membros presos. Essas normas buscam garantir o bom funcionamento da facção PCC e evitar conflitos internos.

Teoria das relações humanas

Proposta por Elton Mayo, ressalta a importância das relações interpessoais, motivação e bem-estar dos membros de uma organização. No Estatuto do PCC, vemos a ênfase na solidariedade, lealdade e apoio mútuo entre os membros, mostrando a relevância das relações humanas. Além disso, a busca por justiça, liberdade e paz sugere preocupação com o bem-estar e dignidade dos membros e das pessoas afetadas pelo sistema prisional.

Teoria da Administração Estruturalista

O Estatuto do PCC destaca a importância da hierarquia, disciplina e respeito à estrutura da organização (itens 3, 10, 12 e 14). Esses aspectos estão alinhados com a teoria estruturalista, que foca na estrutura organizacional e nas relações entre os diferentes componentes dessa estrutura.

Teoria Neoclássica da Administração

A teoria neoclássica se concentra na eficiência e eficácia das organizações e na importância da tomada de decisões baseada em objetivos. O Estatuto do PCC menciona a busca pela paz, justiça, liberdade, igualdade e união, além de respeitar a ética do crime (item 2). Embora os objetivos do PCC sejam ilícitos, a organização busca alcançá-los de maneira eficiente e eficaz.

Teoria da Administração Comportamental

A teoria comportamental foca no comportamento humano e nas relações interpessoais dentro de uma organização. O Estatuto do PCC enfatiza a importância do respeito mútuo entre os integrantes, lealdade à organização e a necessidade de dar bons exemplos (itens 1 e 3). Além disso, o estatuto também menciona a responsabilidade dos integrantes em ajudar uns aos outros e em solucionar conflitos pessoais (itens 5, 8, 15 e 16). Esses aspectos refletem a importância das relações interpessoais e do comportamento humano no funcionamento do PCC.

Teoria da Administração Contingencial

A teoria contingencial afirma que não existe uma abordagem única para a administração e que a melhor estratégia depende das circunstâncias específicas. O Estatuto do PCC aborda a necessidade de adaptação e flexibilidade em várias situações, como a realização de missões (item 11), a relação com outras facções (item 13) e a reação a opressões e injustiças (item 18). Esses aspectos podem ser relacionados aos princípios da teoria contingencial.

Ao longo desta semana, continuarei analisando o documento por outros ângulos. Caso tenha perdido ou se interesse, segue o link para análises anteriores.

Análise do Estatuto da facção PCC 1533 – 2ª parte: após 26 anos

Muito tempo se passou desde que, em 1997, o Primeiro Comando da Capital trazia ao conhecimento público seu Estatuto. Afinal, o que podemos afirmar após esses 26 anos?

Análise do Estatuto: O mundo mudou e a facção PCC também? Esta reflexão busca entender como o Primeiro Comando da Capital se adaptou às transformações sociais e tecnológicas desde sua fundação em 1997. Embora a organização tenha alcançado alguns objetivos e abandonado outros, é evidente que, assim como o mundo, a facção PCC também evoluiu ao longo dos anos, enfrentando novos desafios e adaptando-se às mudanças.

Análise do Estatuto: A evolução da facção PCC

Esta análise busca compreender como a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) se desenvolveu desde sua fundação. Ressaltando que a sociedade e o contexto em que o Estatuto foi criado, em 1997, eram bem diferentes dos dias atuais.

Em 1997, a era digital ainda engatinhava, e o Brasil vivia em um contexto de luta por justiça social e direitos humanos. Já em 2023, a era digital avançou, e a sociedade enfrenta outros desafios. Mas como o PCC se adaptou a essas mudanças?

Duas imagens, duas realidades

Em 1997, o disco dos Racionais MCs “Sobrevivendo no Inferno” foi lançado, retratando a opressão carcerária, e na mesma época, manifestações na Praça dos Três Poderes ocorriam com grupos pedindo mais justiça social. Nesse contexto, o Primeiro Comando da Capital apresentou seu Estatuto, estabelecendo os princípios e objetivos da organização criminosa.

Em 2023, o livro “A Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil” e as manifestações de grupos “patriotas bolsonaristas” na Praça dos Três Poderes, pedindo a volta do Regime Militar, evidenciam as transformações ocorridas na sociedade e a evolução da facção no mundo do crime.

Análise do Estatuto: o balanço é favorável

O Estatuto de 1997 estabeleceu princípios, objetivos e regras para a organização criminosa. Passados 25 anos, é possível analisar o que foi cumprido ou abandonado pela facção. Em geral, os resultados são favoráveis aos administradores da organização criminosa paulista.

Alguns objetivos alcançados incluem:

  1. Lutar pela liberdade, justiça e paz: O PCC consolidou-se no sistema prisional, influenciando condições carcerárias em algumas regiões. Houve avanços, mas ainda existem muitas regiões de disputa com facções rivais e violência entre integrantes e grupos dentro da própria irmandade.
  2. União na luta contra injustiças e opressão na prisão: O PCC estabeleceu uma rede de apoio entre os presos, porém nem sempre houve melhorias tangíveis ou duradouras nas condições prisionais. No entanto, nos presídios sob seu controle, a morte, o estupro e a extorsão de detentos e seus familiares, tanto por agentes públicos quanto por grupos de presos, foram eliminados.
  3. Contribuição dos membros em liberdade aos irmãos na prisão: Essa proposta foi amplamente alcançada, porém, há críticas internas sobre a distribuição dos recursos entre os membros.
  4. Respeito e solidariedade entre os membros: O PCC conseguiu estabelecer uma forte cultura de lealdade e solidariedade, porém precisa lidar constantemente com conflitos internos, disputas pelo poder e rivalidades entre os criminosos.

O objetivo abandonado

A coligação com o Comando Vermelho (CV) não se manteve, resultando em rivalidades e conflitos, assim como não conseguiu ganhar a hegemonia por concenso. Além disso, o PCC expandiu sua influência, mas não de forma revolucionária, focando-se na expansão de suas atividades criminosas.

Razões da mudança de rumo

Muitos fatores contribuíram para que o PCC não alcançasse todos os seus objetivos. Além das mudanças na sociedade, também houve uma mudança na própria facção.

Se em 1997 os integrantes eram internos e egressos do sistema carcerário que tinham como objetivo a luta por direitos, hoje, os membros do PCC se consideram empresários autônomos e, em sua maioria, evangélicos.

O PCC continua a afirmar que a união e igualdade são seus pilares fundamentais, mas será mesmo? A verdade é que o mundo mudou, e o Primeiro Comando da Capital também precisou se adaptar a essa nova realidade.

Ao longo dos anos, algumas propostas do Estatuto foram abandonadas, enquanto outras permaneceram. Mas, no fim das contas, a facção PCC se mostrou capaz de evoluir e enfrentar os desafios do mundo moderno.

Estatuto da Facção Primeiro Comando da Capital: análise 1ª parte

Este texto narra a descoberta e publicação do Estatuto da Facção1533, revelando como o autor se envolveu com a facção e compartilhou análises do documento em seu site.

Estatuto da Facção: descubra como um enigmático documento se revelou, levando a discussões e análises detalhadas sobre a facção criminosa Primeiro Comando da Capital.

Encontro o Manuscrito do Estatuto da Facção

Em um balcão do Fórum da Comarca de Itu, deparei-me com o Estatuto do Primeiro Comando da Capital, sem o segredo de Justiça. Com zelo e precisão, transcrevi-o à mão tal manuscrito e o apresentei no interessante site aconteceuemitu.net, onde, entre outros tópicos relevantes, explorava a facção paulista.

Com o passar do tempo, fui jogado em diversos grupos de WhatsApp da facção PCC 1533, uns com crias, outros com mais responsas. Acredito que foi por volta de 2008, época em que celulares nas mãos dos “sintonias das trancas” eram comuns nas carceragens.

Estatuto da Facção: Alterações e Consequências

Recebi pelo WhatsApp do então “Sintonía Geral das Trancas do MS” o estatuto de 2007, atualizando o que eu já havia publicado. Admito, que fiz algumas alterações – o texto estava todo em maiúsculo e com erros de ortografia que corrigi –, mas mantive o conteúdo e os erros gramaticais.

Por conta dessa publicação, fui convocado duas vezes para depor na delegacia. Entretanto, apontei como fonte primária o processo – o que era parcialmente verdade – e mencionei que órgãos de imprensa também haviam publicado o mesmo conteúdo – o que também era parcialmente verdadeiro.

Dessa forma, o tema findou-se e, hoje, o Estatuto do Primeiro Comando da Capital, composto por 18 itens e oficializado pela facção, é a versão que revelei no site, e que hoje preservo unicamente no domínio faccaopcc1533primeirocomandodacapital.org .

O Original por Mim Desconhecido e a Busca por Análises

O pesquisador Diorgeres de Assis Victorio chamou minha atenção para o fato de que eu não havia citado nem publicado o “Estatuto do PCC de 1997”. Confessei-lhe minha ignorância quanto à existência desse documento. Ele me mostrou o caminho e também o publiquei.

Por muito tempo, busquei em vão alguém que tivesse analisado o Estatuto da facção PCC, mas sem sucesso, até encontrar uma publicação do pesquisador Eduardo Armando Medina Dyna, cujo conteúdo parcial compartilho na segunda parte deste artigo.

Nesta semana, compartilharei várias análises do Estatuto do Primeiro Comando da Capital, abordando diferentes aspectos.

Estatuto da Facção segundo Eduardo Armando Medina Dyna

Introdução ao Estatuto

O Primeiro Comando da Capital é uma facção criminosa que surgiu em São Paulo em 1993, com o objetivo de combater as injustiças e opressões no sistema penitenciário paulista. A elaboração do Estatuto da Facção com 17 artigos foi realizada por Mizael, Sombra e outros detentos na penitenciária, como forma de proporcionar coesão política dentro da organização.

Divulgação e Análise

Embora o Estatuto fosse conhecido nas cadeias paulistas, somente veio à tona para a opinião pública em 1997. O documento enfrentou negação por parte das autoridades do governo paulista, mas pesquisadores apontam a construção coletiva das normas e ética da organização, baseadas nas reivindicações da população carcerária.

Artigos e Ideais

O Estatuto apresenta artigos que estabelecem lealdade, respeito e solidariedade ao partido, luta pela liberdade, justiça e paz, e união na luta contra as injustiças e opressões dentro das prisões. Os ideais e bandeiras políticas do PCC incluem discurso pautado contra a desigualdade social e injustiças, e ajuda mútua entre os filiados através de contribuição financeira ou trabalho em prol da irmandade.

Disciplina e Punição

A estrutura do PCC enfatiza a importância da disciplina e punição como instrumentos sólidos para manter a estabilidade da organização. Violações como tentar obter benefícios próprios, mentir, trair ou quebrar aliança com o PCC levam a severas punições, seguindo os princípios abordados por Foucault.

Mudanças nas Prisões

Após o surgimento do PCC, houve uma redução nos homicídios e agressões entre prisioneiros, fim do consumo de crack e abusos sexuais, e proibição da venda de espaço na cela e troca de favores com agentes penitenciários. A organização também reivindicou visitas íntimas para os presos, promovendo uma nova jurisdição e ética nas prisões coordenadas pelo PCC.

Conclusão

O Estatuto da Facção é um documento fundamental para compreender a origem e o legado do Primeiro Comando da Capital. Através de seus artigos e ideais, a organização buscou enfrentar as desigualdades e opressões no sistema penitenciário, promovendo mudanças significativas e desafiando as autoridades.

Mensagem Oficial do 24º aniversário da facção PCC 15.3.3

Hoje é o dia do 24º aniversário do Primeiro Comando da Capital, vulgo PCC 1533. Havia me decidido a não postar nada hoje, mas, sempre tem um mas, Luis Fernando Veríssimo acabou de postar no Estadão uma crönica que me fez mudar de ideia.

O texto do mestre tem um trecho que é mais ou menos assim:

“Qualquer pessoa sensata que parar para pensar na origem e na expansão do Universo e no que nos espera quando nosso Sol se extinguir ou explodir […], pensará: “Isso não vai acabar bem…”.

Bem, aí ele faz o contraponto com um personagem de Voltaire que vê com encantamento tudo a sua volta, por pior que seja a situação.

E é exatamente assim que a sociedade se comporta em relação a organização criminosa PCC: uns veem o colapso do Universo e outros acham que está tudo muito bem.

Marcola como detonador do Apocalipse

Nem Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, nem eu, nem qualquer pessoa em sã consciência pode achar que a existência de um facção criminosa possa ser algo positivo, mas tem gente que passa sua vida achando que pelo fato do PCC existir chegou o dia do Apocalipse – se bem que um dia ele poderá chegar, mas não é hoje.

Em muitos estados, é verdade, ainda não se chegou a um equilíbrio, a pacificação, mas no geral a vida segue com todos buscando o progresso e o que todo mundo quer em um aniversário, comemorar em paz e ser feliz.

Uma mensagem que trombei por aí reflete como está o clima dentro da facção:

“Bom dia a todos sem exceção, olha a nossa disciplina que temos que seguir. Para todos verem como que a família cresceu, e está evoluída! Nossa luta não para!

Antes de dormir colocar a cabeça no travesseiro e falar: hj eu fiz tantas coisas, amanhã vou fazer um pouco mais. Aí, todos fazendo sua parte dentro do seu setor a engrenagem não para e sempre vai evoluir.

Eu tenho orgulho de fazer parte do 1533! 👋Várias noites e vários dias sem dormir, tudo por meu esforço e dedicação ao Primeiro da Capital, amo minhas irmãs, meus irmãos, meus companheiros, que fecham em responsa do p.c.c, que se dedicam.

As companheiras que nos ajudam e acreditam na nossa luta. Com todo meu carinho e respeito, bom dia a todos Irmão… 1533 p.c.c até o fim! Olha nosso aniversário em família, todos fechadão na mesma batida”

É isso, azar da imprensa e dos datenas que terão que procurar sangue para vender audiência em outro lugar.

Ah! Tem um áudio feito especialmente para essa ocasião, e o mais importante, uma mensagem oficial:

Comunicado Geral – Interno e Externo


O Resumo Disciplinar vem através deste deixar um forte abraço a todos, e também a agradecer a todos os nossos irmãos e irmãs, os companheiros e companheiras, que se mantém forte na luta ao nosso lado apesar de todas dificuldades – sempre vendo uma forma para seguir em frente.
A todos aqueles que se foram fica nossa gratidão e agradecimentos por tudo que fizeram enquanto tiveram com nós. Foi onde nos ensinaram que a semente nunca morrerá, pois é uma corrente.

Nesse aniversário da nossa Família PCC nos lembraremos de todos com lagrimas nos olhos, pelas perdas que jamais voltarão. Vocês também nos dão forças para continuar, e para que todo esse sacrifício não seja em vão, e vejam como que essa semente plantada no concreto, regada com muito sangue, se tornou uma árvore de muita esperança.

Nosso agradecimento a todos os nossos queridos que se foram, a todos que se encontram nas trancas federais ou estaduais, que deixaram muitas vezes de viver sua vida para mover essa família.

Deixamos claro que essa semente plantada não morrerá por eles, por nós, e por vocês que nos deram bons exemplos, que essa data sirva para comemorar mas também sirva para refletir o que perdemos em prol a essa luta justa.

Que cada um de nós se faça essas perguntas:

  • Quem acredita na mudança?
  • O que somos?
  • Qual são os nossos objetivos?
  • Quais são nossas metas?

E que podemos honrar essa Família que vai comemorar mais um ano, mas que também está sentindo falta de todos que se foram.

Deixamos um forte abraço a todos em nome da Família PCC e que juntos e unidos venceremos: onde o crime fortalece o crime.

Nota oficial do Primeiro Comando da Capital: sem paz com o CV

É verdade que houve um acordo entre as facções rivais: PCC e CV?

Através das redes sociais, o Primeiro Comando da Capital (facção PCC) divulga nota desmentindo o relatório da Polícia Federal, divulgada pela UOL, que alertava para a formação de uma aliança entre as organizações criminosas PCC e Comando Vermelho (CV) para atacar autoridades públicas.

☯ PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL🇧🇷 ☯
NOTA ESCLARECEDORA
  1. Nós do PCC, viemos deixar claro que não temos e nunca teremos nenhum tipo de aliança com Comando Vermelho, não existe a mínima chance de uma coisa dessas acontecer.
  2. Seria fora da ética PCC fechar aliança com o Comando Vermelho, esquecendo quanta mães de famílias, crianças, irmãos de sangue, e cidadãos eles assassinaram, e também nossos eternos irmãos, heróis que lutaram na guerra e acabaram caindo em prol de melhorias para todo o crime.
  3. Sabemos que o Comando Vermelho tem aliança com a Polícia Militar, Civil, e Federal, e também com os governos e diretores de penitenciárias.
  4. Eles usam dessas alianças para tentar prejudicar nossa Família PCC 1533, sem saber que a nossa luta e a nossa ideologia são exatamente contra essa raça opressora, que cada gota de suor e de sangue que estamos derramando é para que tenhamos um crime com ética em cima do justo, certo, e correto.
  5. A Família PCC completou 24 anos de luta em todo Brasil e outros países. Somos a facção mais perseguida dentro do Sistema porque batemos de frene com qualquer tipo de opressão que nossos integrantes ou nossos familiares possam sofrer.
  6. Mais uma vez o Comando Vermelho fechou acordo com diretores dos presídios federais e estaduais para terem visitas enquanto todos os outros criminosos do Brasil que estão sofrendo nesses presídios não tivessem visitas. É muita coincidência o PCC ser acusado de matar agentes federais e sofrer opressão nos presídios enquanto o CV tem privilégios nesses presídios federais se diferenciando dos demais criminosos tendo suas visitas asseguradas pelo governo.
  7. O Primeiro Comando da Capital é puro e verdadeiro e mesmo aqueles que nos acusam, reconhecem nossa luta contra a opressão e o governo que é clara e objetiva dentro de todos os estados e sem nunca se esconder.
  8. Agradecemos a todos os criminosos do estado do Ceará por juntar as forças, lutando nas ruas contra o Comando Vermelho. Sabemos quão é grande o mal que sofremos com eles aqui no estado e vamos todos juntos acabar com todos eles.
  9. Comando Vermelho, vocês e seus aliadados, policiais, diretores de presídios, e governo, não fiquem inventando mentiras, porque nascemos para combater vocês e estamos lutando contra todos.
☯ PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL – 24 ANOS DE LUTA CONTRA OPRESSÃO E OPRESSORES – PCC 1533 ☯

Estaremos firmes e fortes a cada dia até derrubar o último de vocês, pois somos o Primeiro Comando da Capital – 1533.

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