Os Crias é uma gangue brasileira emergente que surgiu da Família do Norte (FDN) e esteve envolvida em disputas violentas pelo controle do narcotráfico na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, enfrentando o Comando Vermelho e grupos colombianos como os Caqueteños.
Origem e ascensão de “Os Crias” no cenário do crime organizado
“Os Crias”, grupo criminoso brasileiro, originou-se da Família do Norte (FDN), que já foi uma das três maiores organizações criminosas do Brasil e controlava vastas regiões do país.
A facção FDN destacou-se principalmente na década de 2000, fortalecendo-se no comércio de drogas e armas na região da Tríplice Fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.
Recentemente, “Os Crias” superaram seus antigos parceiros na Tríplice Fronteira, consolidando sua participação sobre o lucrativo comércio ilegal na área.
Entretanto, enfrentam dificuldades contra um poderoso inimigo, o Comando Vermelho, uma das mais antigas e poderosas facções criminosas do Brasil, além das organizações colombianas, incluindo Los Caqueteños, que também estão envolvidos no tráfico de drogas e atividades ilícitas na região.
A possível aliança entre “Os Crias” e o Primeiro Comando da Capital (PCC)
O Primeiro Comando da Capital não é considerado um dos principais atores criminosos na Tríplice Fronteira. Contudo, a facção paulista PCC tem presença na cidade de Letícia, localizada na fronteira entre Brasil e Colômbia, e parece ter interesse em estabelecer alianças com “Os Crias” para expandir suas atividades criminosas e fortalecer sua presença na região.
A potencial aliança entre o PCC e “Os Crias” poderia levar uma mudança do equilíbrio de forças e um aumento na violência e na disputa pelo controle do tráfico de drogas e armas na Tríplice Fronteira.
A violência é uma instituição tão natural como a própria vida humana. Decorre do nosso instinto de sobrevivência, sendo o grande motivo para o homem ter dominado a natureza. Mas essa afirmação não pretende trazer glamour à violência.
Talvez no último estágio da existência humana, a evolução definitiva seja exatamente vencer o instinto natural que nos propala a nos destruirmos mutuamente.
Aumento da violência na Colômbia e na fronteira do Peru devido à presença de gangues brasileiras
Uma onda de assassinatos na área da tríplice fronteira Colômbia-Brasil-Peru levantou preocupações sobre o poder crescente de grupos brasileiros e a violência que podem cometer para controlar este importante corredor do narcotráfico.
Duas pessoas foram mortas e outras duas ficaram feridas entre 24 e 26 de março em Letícia, capital do departamento do Amazonas, na Colômbia, segundo o jornal local La Silla Vacía. Um cidadão colombiano também foi morto em Tabatinga, cidade do lado brasileiro da fronteira com Letícia.
Os autores dos ataques permanecem desconhecidos, mas as autoridades acreditam que eles estejam ligados a grupos brasileiros de Tabatinga que conseguiram se estabelecer na Colômbia, informou o jornal.
A crescente violência na tríplice fronteira e o papel de “Os Crias”
O aumento da violência em Letícia e na tríplice fronteira é resultado de uma combinação explosiva. Grupos brasileiros estão fortalecendo suas posições no narcotráfico local, e a Colômbia está sentindo as consequências.
As investigações de campo da InSight Crime revelaram que a recente violência em Letícia é fruto de uma disputa entre o Comando Vermelho (CV), a organização criminosa mais antiga do Brasil, e “Os Crias”, uma emergente gangue brasileira.
“Os Crias” surgiram da Família do Norte (FDN), terceira maior organização criminosa do Brasil, e lutaram com ela pelo controle de Tabatinga em 2021. Antes de 2020, a FDN controlava a região.
“Os Crias” venceram a FDN, mas seu domínio foi rapidamente contestado pelo Comando Vermelho, que se aliou a grupos colombianos, incluindo os Caqueteños, para travar uma nova guerra em 2022. “Os Crias” foram derrotados, e o Comando Vermelho assumiu o controle da cidade, mas seus membros continuam sendo mortos em ambos os lados da fronteira.
O ressurgimento dos Caqueteños e a complexidade do cenário criminal
Embora os Caqueteños fossem considerados inativos, o grupo parece estar operando novamente por meio de grupos dissidentes, disseram fontes ao InSight Crime.
E assim, vem droga voando de todo o canto. Quem dominava tudo os caminhos do Peru e Colômbia era o Cabeça Branca.
Alguns líderes das comunidades nativas de Ucayali no Peru estimaram que havia 10 e até 15 voos diários trabalhando para os narcotraficantes e pousando na região. Isso, no entanto, não foi confirmado pelas autoridades antinarcóticos.
Além dos narcotraficantes peruanos e bolivianos, existem “enviados especiais” do temido Primeiro Comando da Capital que fiscalizam o transporte de drogas para o Brasil.
O ministro do Interior do Peru, Vicente Romero, explicou que a destruição dos aeroportos clandestinos (narcoportos) tem um grande impacto no combate ao narcotráfico, porque neutraliza os embarques de drogas para o exterior, especialmente para a Bolívia.
“Isso nos permite cortar as asas do narcotráfico e deter seu avanço.”
Enquanto o Cabeça Branca passava, dentro dos quartéis…
Os milicos ficam sonhando com porta aviões enquanto o céu do Brasil é cheio de buraco: tudo mané de farda engomada.
Enquanto os vacilões da Força Aérea sonham, os voos clandestinos vêm da Bolívia (65%), seguida pelo Paraguai (17%), Peru (8%), Colômbia (6%) e Venezuela (4%).
pelo rio Paraná-Paraguai ou por rodovias
A Colômbia domina as rotas do narcotráfico para a América do Norte, mas a Rota do NarcoSul e a Rota Caipira transportam cocaína da Bolívia e Peru através do Paraguai e do Brasil para a Europa.
A liderança é do grupo criminoso brasileiro mais importante, o Primeiro Comando da Capital, é tudo 3 e não tem para ninguém.
A facção PCC 1533 utiliza a hidrovia Paraná-Paraguai e as estradas brasileiras para chegar aos portos litorâneos da Argentina, Brasil e Uruguai.
Os criminosos brasileiros usam duas fases para transportar cocaína.
Primeiro, a droga é transportada de avião para atravessar as fronteiras para chegar no Brasil e no Paraguai.
Depois, a cocaína é transferida para navios e navegada por via fluvial ou rodoviária até os portos do Atlântico.
Fim! Simples assim.
O narcotráfico está ganhando esta batalha contra o Estado, demonstrando supremacia no controle do território (…) Esses cartéis de drogas são organizados no exterior por grupos como Los Chapitos (um grupo de narcotraficantes do México), o PCC (Primeiro Comando da Capital), grupos combinados com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e, claro, eles têm equipamentos e armas de melhor qualidade do que as forças de ordem.
São Paulo fechará 2022 com o mais baixo índice de homicídio do Brasil, aproximadamente 5,2 para cada 100.000 habitantes.
Segundo levantamento do site Insight Crime, São Paulo, se fosse um país, seria tão seguro quanto o Chile e a Argentina com índices: 4,6.
A exceção do Suriname que não possui grupos de crimes organizados expressivos, todas as outras nações sofreram com a guerra entre organizações criminosas.
Em pouco menos de um mês de governo Tarcísio de Freitas as milícias tentam o domino áreas pacificadas pelo Primeiro Comando da Capital.
A tendência para 2023 será o ressurgimento da guerra entre facções criminosas com o aumento da taxa de homicídios que será justificada como combate ao crime.
A taxa de homicídios no Brasil em 2022 é impulsionada pela guerra entre facções criminosas
Brasil: 18,8 por 100.000* (Pop. 214.326.223)
Nos primeiros nove meses de 2022, o Brasil teve uma leve queda de 3% nos homicídios em relação a 2021, com 30.187 homicídios.
A expectativa era terminar 2022 com 40.000 homicídios, marcando uma ligeira queda geral em relação aos 41.069 registrados em 2021 pelo mesmo índice.
Guerra entre facções criminosas como causa
A violência é uma instituição tão natural como a própria vida humana. Decorre do nosso instinto de sobrevivência, sendo o grande motivo para o homem ter dominado a natureza. Mas essa afirmação não pretende trazer glamour à violência.
Talvez no último estágio da existência humana, a evolução definitiva seja exatamente vencer o instinto natural que nos propala a nos destruirmos mutuamente.
O nordeste do Brasil, que há muito é um epicentro da violência da guerra entre grupos criminosos que buscam controlar as rotas do narcotráfico para a Europa, registrou uma queda de 5% nos homicídios.
A Bahia, o maior estado da região, liderou o ranking, mas também teve uma queda geral de 11%, talvez devido aos investimentos em segurança pública.
O Amapá, um pequeno estado do norte, teve uma queda de 34% nos homicídios, provavelmente devido a uma queda natural na violência após um 2021 particularmente sangrento, quando grandes facções criminosas, incluindo o Primeiro Comando da Capital (PCC) lutaram pelo controle do tráfico de drogas contra vários grupos criminosos locais.
Rondônia, estado que faz fronteira com a Bolívia, registrou um aumento de 29% nos homicídios, o maior do país por estar no centro da disputa entre o PCC e seu arquirrival cariocas, o Comando Vermelho (Comando Vermelho – CV), pelo controle da rota hiper lucrativa da cocaína Bolívia-Brasil.
Embora as facções do tráfico de drogas possam ter impulsionado grande parte da violência, a polícia do Brasil, notoriamente ágil no gatilho, também contribuiu.
Enquanto no primeiro semestre de 2022 as mortes causadas pela polícia caíram, milhares de brasileiros continuam sendo mortos pelas forças de segurança.
Em 2021, 84% desses assassinatos cometidos por policiais foram direcionados a negros.
Países da América Latina e do Caribe continuaram a registrar altas taxas de homicídios em 2022.
À medida que a produção de cocaína atingiu novos patamares, a fragmentação das gangues continuou e o fluxo de armas na região se agravou.
A situação no Equador foi absolutamente catastrófica.
Quantidades históricas de cocaína entrando no país alimentaram a violência, com assassinatos disparando à medida que os grupos criminosos atacavam funcionários judiciais e matavam policiais em taxas recordes.
Essa cocaína veio em grande parte da Colômbia, onde o recém-empossado presidente Gustavo Petro prometeu se afastar da guerra contra as drogas em favor dos esforços para alcançar uma “Paz Total” com os grupos rebeldes e criminosos do país.
A mudança da estratégia de combate aos grupos criminosos implementada pelo novo governo colombiano, até agora, porém, os níveis de violência permaneceram estagnados.
Em El Salvador, uma repressão decisiva às organizações criminosas reduziu enormemente a taxa de homicídios, embora à custa de supostos abusos sistemáticos dos direitos humanos.
No Haiti, uma quase total falta de capacidade política permitiu que a violência aumentasse, enquanto os bandos criminais paralisavam a capital do país, Port-au-Prince.
O Caribe se tornou o foco de assassinatos da região
A taxa de homicídios da Jamaica aumentou ainda mais, ainda assim o tráfico de armas continuou, mesmo os criminosos já estando fortemente armados.
As Ilhas Turks e Caicos provaram ser o país mais mortal da região per capita, pois os assassinatos mais que dobraram.
Em 2022 o InSight Crime incluiu nações e territórios menores do Caribe, muitos dos quais tiveram um aumento acentuado nos assassinatos.
Embora cientes de suas populações comparativamente pequenas e números de homicídios, nós os incluímos no ranking abaixo para mostrar como os padrões de violência estão afetando toda a região.
Ilhas Turks e Caicos: 77,6 por 100.000 (Pop. 45.114)
Embora 35 assassinatos possam parecer pouco motivo de preocupação, representam um salto de 150% em relação aos 14 assassinatos ocorridos em 2021 em um país com uma população total de pouco mais de 45.000 habitantes.
Muitos dos homicídios se concentraram no último terço do ano, com 21 homicídios ocorridos entre 3 de setembro e 8 de novembro, culminando com um triplo homicídio em 1º de novembro. ilha mais populosa.
Guerra entre facções Criminosas como causa
Embora os motivos para o aumento da violência permaneçam incertos, o chefe de estado nomeado pelo Reino Unido, Nigel Dakin, disse em um post no Instagram que os grupos criminosos jamaicanos estão “tentando remover toda a competição criminosa no território” usando “níveis sem precedentes de violência direcionada”.
Ele culpou a proximidade das ilhas com vizinhos instáveis “inundados de armas e drogas… onde os criminosos aparentemente conseguem se mover facilmente por toda a região”.
Pela primeira vez em três anos, a ilha caribenha não liderou as tabelas regionais de taxas de homicídios.
Infelizmente, isso tem menos a ver com o sucesso em erradicar a própria violência na Jamaica e mais a ver com taxas terrivelmente altas testemunhadas em outras partes do Caribe.
A Força Policial da Jamaica (JCF) registrou 1.498 assassinatos em 2022, 24 mortos a mais que no ano anterior.
Esse resultado coloca a taxa de homicídios da Jamaica em quase 53 mortos por 100.000, uma alta não vista desde 2017.
Vários fatores influenciam a violência implacável da Jamaica e a aparente incapacidade do governo de detê-la.
O tráfico de armas é desenfreado no país insular, com armas pequenas dos EUA inundando o mercado.
Em fevereiro, o primeiro-ministro Andrew Holness reciclou uma estratégia familiar de reprimir o porte ilegal de armas.
À medida que 2022 chegava ao fim, as ações do governo não reduziram os assassinatos na Jamaica.
Juntamente com as consequências crescentes para os proprietários de armas ilegais, o governo recorreu a outra abordagem testada e comprovada e geralmente nada assombrosa: decretar repetidamente estados de emergência em grande parte da ilha.
Aparentemente sem respostas, a Jamaica recorreu publicamente às Nações Unidas em busca de assistência para reduzir o tráfico de armas no país.
De forma desencorajadora, as apreensões recordes de armas e munições parecem ter feito pouco para virar a maré.
Santa Lúcia: 42,3 por 100.000 (Pop. 179.651)
Um total de 76 assassinatos pode não parecer muito.
Mas para Santa Lúcia, com uma população de pouco menos de 180.000 pessoas, isso o coloca perto do topo do ranking regional.
Em 2021, Santa Lúcia registrou 74 assassinatos, um recorde para a época.
O aumento em 2022 para 76 assassinatos significa que o país quebrou seu recorde de homicídios pelo segundo ano consecutivo e levou a pedidos do Partido Unido dos Trabalhadores para que o primeiro-ministro Philip J. Pierre renunciasse ao cargo de ministro da Segurança Nacional.
Guerra entre facções Criminosas como causa
Ao se tornar um centro de trânsito para a cocaína sul-americana para os EUA e Europa, as gangues locais passaram a disputar a hegemonia criminosa.
Isso foi agravado por um influxo de armas americanas: um homem da Pensilvânia preso em março passado por traficar quase 40 armas para Santa Lúcia.
Funcionários eleitos condenaram a “anarquia em nosso país” e prometeram “penalidades draconianas”, mas poucos detalhes foram divulgados.
Venezuela: 40,4 por 100.000 (Pop. 28.199.867)
As mortes violentas na Venezuela permaneceram relativamente estáveis em 2022 após vários anos de declínio, com a taxa geral caindo apenas 0,5%.
O número inclui homicídios comprovados, homicídios cometidos por policiais, mortes ainda sob investigação e desaparecimentos.
Se os desaparecimentos não forem incluídos no cálculo, a taxa geral cai para 35,3 mortos por 100.000 habitantes.
Houve um total de 10.737 mortes violentas em 2022 ou uma média de 29 por dia.
Cinco dos sete principais estados com as taxas mais altas estão localizados na zona centro-norte do país.
O crime organizado venezuelanos
Entre eles estão Aragua, lar da gangue local mais notória da Venezuela, Tren de Aragua, Miranda, onde gangues ultravioletas dedicadas a sequestros e extorsões tomaram conta de faixas de território, e Caracas.
Grande parte da violência está sendo conduzida não pelos maiores grupos do crime organizado, mas por pequenas gangues de rua predatórias.
A dolarização de fato do país criou grandes oportunidades para as gangues, pois indivíduos e empresas usam dólares americanos para transações em dinheiro, mas não podem depositá-los em contas bancárias nacionais, deixando-os na posse de grandes quantidades de dinheiro que os tornam alvos de roubos.
Das mais de 10.000 mortes violentas registradas no ano passado, aproximadamente 13% resultaram de intervenções policiais.
Entre a violência das gangues e da polícia
Essa alta taxa provavelmente está ligada à violência indiscriminada empregada em operações de segurança na Venezuela, onde a polícia se tornou conhecida por cometer execuções extrajudiciais, conforme documentado por agências internacionais de direitos humanos.
Três dos cinco estados com as maiores taxas de mortes resultantes de intervenções policiais, Aragua, Miranda e Guárico, tiveram operações de segurança em grande escala em 2022, acompanhadas por denúncias generalizadas de abusos de direitos humanos, incluindo execuções extrajudiciais.
Além disso, houve 1.370 denúncias de desaparecimentos em 2022.
Algumas áreas da Venezuela tornaram-se notórias por desaparecimentos ligados a atividades criminosas, sobretudo a região mineradora de Bolívar, onde gangues fortemente armadas, conhecidas como sindicatos, disputam o controle do comércio de ouro.
Esses grupos se tornaram notórios pelo desaparecimento de suas vítimas, como mostra a descoberta de várias valas comuns no final de 2022.
São Vicente e Granadinas: 40,3 por 100.000 (Pop. 104.332)
As razões para a alta taxa de homicídios em São Vicente e Granadinas em 2022 não são tão diferentes dos tradicionais focos de violência da região:
Muito disso está entrelaçado com o comércio de cocaína e outros derivados com retaliação.
primeiro-ministro Ralph Gonsalves
Em novembro, as forças de segurança destruíram 135 quilos de cocaína e 18 toneladas de maconha apreendidas nos últimos três anos.
Traficantes de Trinidad e Tobago, que enfrenta um grande problema de violência causada pelas drogas, estão por trás de algumas dessas importações de cocaína.
A maioria dos mortos são por armas de fogo
O governo trinitário-tobagenses está reunindo aliados regionais para impedir que as armas cheguem dos Estados Unidos.
Os EUA precisam fazer algo sobre … o fácil acesso a armas e a fácil exportação de armas. Eles têm os recursos para nos ajudar nisso.
primeiro-ministro Ralph Gonsalves
Poucos cidadãos e empresas acreditam que a polícia tenha condições de investigar e combater os criminosos e menos da metade dos crimes são denunciados.
Trinidad e Tobago: 39,4 por 100.000 (Pop. 1.525.663)
A taxa de homicídios de Trinidad e Tobago saltou mais de 22% em 2022 em relação a 2021.
Após um ano de derramamento de sangue em que os grupos criminosos da duas ilhas ganharam notoriedade em todo o mundo.
Dados do Serviço de Polícia de Trinidad e Tobago mostram que 502 assassinatos foram cometidos no país entre janeiro e outubro.
Policiais disseram ao InSight Crime que outros 47 homicídios foram cometidos em novembro e mais 52 em dezembro, elevando o total de 2022 para 601.
Este é o maior número de assassinatos no país, muito acima dos 550 registrados em 2008.
As várias razões para o aumento da violência
O assassinato de Anthony Boney, líder de um crupo criminoso muçulmano, quebrou o equilíbrio que havia no mundo do crime trinitário-tobagenses.
O resultado foi a fragmentação caótica das grandes organizações criminosas e grupos menores e muito mais violentos.
Essas facções estão lutando pelo controle das múltiplas economias criminosas do país, incluindo contrabando humano, extração de pedreiras e roubo organizado.
Cerca de 12 mil armas circulam no país
A falta de confiança na polícia é reconhecida por ela mesma, principalmente entre a população mais pobre.
Honduras: 35,8 por 100.000 (Pop. 10.278.345)
Honduras continua como o país mais mortal da América Central em 2022, com uma taxa de homicídios de 35,8 mortos por 100.000 pessoas.
Apesar do resultado, o país conseguiu reduzir os homicídios em 12,7% em relação a 2021, o menor número de homicídios desde 2006.
O presidente Xiomara Castro gerou polêmica perto do final do ano ao implementar uma repressão anti-gangues que prendeu 652 supostos membros de gangues e desmantelou 38 gangues.
Muitas das mortes violentas em Honduras são atribuídas a grupos criminosos conhecidos por tráfico de drogas e extorsão.
O setor de transporte de Honduras tem sido particularmente perseguido por extorsão e violência subsequente, com pelo menos 60 trabalhadores perdendo suas vidas em 2022.
Embora o estado de exceção tenha como alvo esses grupos criminosos, é muito cedo para dizer como a estratégia afetará os homicídios do país.
As Bahamas terminaram 2022 com 128 assassinatos, quando o comissário de polícia Clayton Fernander, que esperava terminar o ano com menos de 100 homicídios.
Guerra entre facções Criminosas como causa
O país continua como centro de tráfico de cocaína, e em março, o governo admitiu que há disputa pelo narcotráfico na ilha de New Providence.
Chegando em 2023, o governo do primeiro-ministro Philip Davis está enfrentando uma reação negativa.
A oposição baamesa critica a política pública pelo aumento dos crimes: tráfico de drogas, e assaltos e homicídios com o uso de armas de fogo.
O governo por sua vez afirma que são criminosos libertados sob fiança que voltaram a cometer crimes.
Colômbia: 26,1 por 100.000 (Pop. 51.516.562)
Os 13.442 homicídios registrados em 2022 pela Polícia Nacional da Colômbia deram ao país uma taxa de homicídios de 26,1 por 100.000 no ano, ligeiramente abaixo dos 26,8 por 100.000 em 2021.
Talvez não surpreendentemente, os homicídios foram maiores em regiões onde predominam os grupos armados, de acordo com um relatório da Universidad Externado de Colombia.
Os departamentos de Arauca, Putumayo, Cauca, Chocó, Guaviare e Valle del Cauca tiveram a maior concentração de homicídios.
Guerra entre facções Criminosas como causa
A maioria desses departamentos são corredores estratégicos do narcotráfico sobre os quais grupos criminosos lutam pelo controle e pelas receitas do crime.
Desde o início de 2022, o Exército de Libertação Nacional (Ejército de Liberación Nacional – ELN) e grupos mafiosos das ex-FARC travam uma sangrenta batalha pelo controle de Arauca, no sul do país, ao longo da fronteira com o Equador, Peru e Brasil.
Os assassinatos de líderes sociais continuaram inabaláveis em 2022.
Até dezembro do ano passado, 33 líderes sociais foram assassinados em Nariño, enquanto outros 25 foram mortos em Cauca.
O ELN e a ex-máfia das FARC estão presentes em ambos os departamentos, assim como as Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (Autodefesas Gaitanistas de Colombia – AGC), também conhecidas como Urabeños ou Clã do Golfo (Clan del Golfo).
O presidente Gustavo Petro chegou ao poder com ambições de “Paz Total”.
Vários grandes grupos armados assinaram um cessar-fogo bilateral que deve vigorar nos primeiros seis meses de 2023, embora o ELN seja uma ausência notável.
Resta saber como a medida vai se desenrolar.
Equador: 25,9 por 100.000 (Pop. 17.797.737)
Pelo segundo ano consecutivo, o Equador teve uma das taxas de homicídios que mais cresceram na região.
Guerra entre facções Criminosas como causa
Em 2022, o país foi dilacerado por grupos criminosos que brigavam por quantidades impressionantes de cocaína vindas da Colômbia e registraram 4.603 assassinatos.
Isso representa um aumento de algo em torno de 82% e 86,3% em relação ao ano anterior, de acordo com a base de cálculos.
Os especialistas atribuem a culpa diretamente à violência associada ao narcotráfico. Isso é amplamente correto.
Choneros e Lobos na disputa
Duas organizações criminosas, Choneros e Lobos, reuniram em torno de si aliados para disputarem o mercado criminoso com extrema violência.
]O foco é dominar áreas de controle da infraestrutura do narcotráfico, incluindo o porto marítimo de Guayaquil, o epicentro da violência no país, e Esmeraldas, uma província que faz fronteira com a Colômbia e é um centro de trânsito de drogas.
Em Esmeraldas os assassinatos atingiram um novo recorde, com corpos sendo deixados pendurados em pontes e assassinatos em larga escala ocorreram em todo o país.
Grupos menores, mas altamente organizados, estão aparecendo agora, esculpindo brutalmente sua própria fatia do bolo do narcotráfico.
O tráfico de armas está aumentando constantemente, com armas semiautomáticas, revólveres e munições inundando o país, principalmente dos Estados Unidos e do Peru.
E a influência do crime organizado mexicano e colombiano apenas estimula ainda mais a violência.
Com uma ligeira queda nos homicídios em 2022, os homicídios no México ultrapassaram 30.000 pelo quinto ano consecutivo.
No ano passado, ocorreram menos 30.968 homicídios, ou 85 por dia, além de 947 feminicídios — valores são calculados separadamente.
Somando 31.915 assassinatos, 25,2 por 100.000 habitantes, uma ligeira queda em relação à taxa de 2021.
Quase 50% desses assassinatos se concentraram nos mesmos seis estados de 2021: Guanajuato, com 3.260, Baja California, Chihuahua, Jalisco, Michoacán, o estado do México.
Guerra entre facções criminosas como causa
Há muito tempo os estados fronteiriços de Baja California e Chihuahua convivem com a violência dos grupos do crime organizado que disputam o controle das rotas do narcotráfico para os Estados Unidos.
Já Jalisco está localizada ao norte de Michoacán e Colima, cujos portos – Lázaro Cárdenas e Manzanillo – são pontos de chegada de precursores químicos da Ásia necessários para a produção de drogas sintéticas.
Belize: 25 por 100.000 (Pop. 400.031)
Belize encerrou 2022 com 113 assassinatos, uma queda em relação aos 125 em 2021, para uma taxa de homicídios de 25 por 100.000 pessoas.
O comissário de polícia Chester Williams disse à mídia local que o país agora saiu da lista dos dez países mais assassinos do mundo.
No entanto, o governo americano alerta que muitos dos crimes violentos em Belize ocorreram no lado sul de Belize e estão “relacionados a gangues”.
Os crimes violentos, incluindo assaltos à mão armada, são “comuns mesmo durante o dia e em áreas turísticas”.
Porto Rico: 17,4 por 100.000 (Pop. 3.263.584)
O território dos EUA viu uma queda bem-vinda na violência em 2022, registrando 567 homicídios, ante 616 em 2021, segundo a mídia local.
A disponibilidade de armas de fogo continua sendo um problema para as autoridades de Porto Rico, com crimes relacionados a armas permanecendo muito mais altos do que nos estados dos EUA e em outros territórios.
Traficantes ilegais de armas trouxeram milhares de armas para o país, enquanto a Lei de Armas de Porto Rico de 2020 tornou a obtenção e o porte legal de uma arma de fogo muito mais fácil.
E o tráfico de cocaína, responsável por grande parte da violência no território, continuou em ritmo acelerado com apreensões maciças feitas regularmente em 2022.
Os 3.004 homicídios registrados na Guatemala em 2022 deram ao país uma taxa de homicídios de 17,3 por 100.000 habitantes.
Foi um aumento de 5,7% em relação aos 2.843 homicídios registrados no ano passado.
De acordo com a ONG de Direitos Humanos, Grupo de Apoio Mutuo – GAM, foram 3.609 assassinatos, houve um aumento de 7% nos homicídios entre janeiro e outubro de 2022.
As descobertas do GAM também revelaram um salto preocupante no número de vítimas de assassinato que apresentaram sinais de tortura, de 104 em todo o ano de 2021 para 164 nos primeiros 10 meses de 2022.
Guerra entre facções criminosas como causa
A atividade criminosa provavelmente está por trás desses aumentos.
Em outubro, pelo menos sete pessoas foram mortas a tiros na piscina de um hotel em El Semillero, na costa do Pacífico da Guatemala, e o crime estaria relacionado ao Barrio 18.
Também em outubro, cinco nicaraguenses foram encontrados mortos com as mãos amarradas nas suas costas no município de Atescatempa.
Barbados: 15,3 por 100.000 (Pop. 281.200)
Assim como em seus vizinhos caribenhos, a pronta disponibilidade de armas de fogo foi responsabilizada por um aumento acentuado nos assassinatos em Barbados em 2022.
Dos 43 homicídios registrados, mais de 75% foram cometidos com armas de fogo.
Isso apesar da polícia de Barbados alegar sucesso em uma campanha contínua de recuperação de armas, com 75 armas apreendidas até setembro de 2022.
Isso foi superior às 36 recuperadas em todo o ano de 2021.
Um aumento persistente nos assassinatos, apesar de mais armas serem coletadas, só pode significar uma coisa: muitas armas estão entrando em Barbados.
Em junho, três homens americanos foram condenados por enviar pelo menos 30 armas de fogo para Barbados por meio de serviços de correio.
Em setembro, o comissário de polícia de Barbados confirmou que o Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF) dos EUA estava trabalhando com Barbados para conter o fluxo de armas.
Mas há uma confusão persistente sobre o cenário do crime organizado do país, apesar de seu tamanho modesto.
Em uma entrevista para a televisão em novembro, o membro do gabinete de prevenção ao crime, Corey Lane, afirmou que havia apenas duas gangues em Barbados e não 52, como afirmam algumas fontes não especificadas.
O Panamá conseguiu reverter sua tendência recente de aumentar gradualmente os assassinatos.
Os 501 homicídios registrados em 2022 representam uma queda de 8,9% no número de homicídios em relação aos 550 de 2021.
Antes de 2022, a taxa de homicídios do país vinha subindo lentamente, de 9,6 por 100.000 em 2018 para 12,8 por 100.000 em 2021.
Enquanto alguns países continuaram a adotar uma abordagem militarizada para combater o crime, a polícia do Panamá adotou uma estratégia diferente.
O diretor da polícia nacional do Panamá, John Dornheim, destacou a importância de a aplicação da lei incorporar soluções tecnológicas e contar com informações.
“Você não persegue o crime com músculos, persegue-o com inteligência”
John Dornheim
A decisão parece estar valendo a pena, com um quarto das acusações contra suspeitos de homicídio ocorrendo graças à vigilância por vídeo.
Ainda existem áreas problemáticas
Com cerca de 7% da população, a província costeira de Colón foi responsável por 21% dos assassinatos — taxa de homicídios próxima à de Honduras.
Assassinatos indiscriminados ligados ao crime organizado na província resultaram em homicídios em hospitais e escolas, disputas territoriais e aumento do desemprego também estão entre as causas das mortes que assolam a região.
Guerra entre facções criminosas como causa
Colón detém o ponto de entrada do Atlântico para o Canal do Panamá e é um ponto crucial para a logística do tráfico de cocaína.
O país quebrou novamente seu recorde anual de apreensão de drogas, em meio a notícias de que atuava como um importante centro de envio de cocaína para uma coalizão de grandes traficantes de drogas na Europa.
O principal traficante de drogas do Panamá, Jorge Rubén Camargo Clarke, chefe da federação de gangues de Bagdá, foi preso em fevereiro de 2022, mas os números não sugerem que tenha ocorrido uma luta sangrenta pelo controle do mercado entre os rivais.
Uruguai: 11,2 por 100.000 (Pop. 3.426.260)
Houve 383 homicídios registrados no Uruguai em 2022, um aumento de 25% nos homicídios de 2021, que reverte alcançada em 2021.
Os cálculos do InSight Crime mostram um aumento ligeiramente maior de 27,6%.
Guerra entre facções criminosas como causa
O presidente Luis Lacalle Pou colocou diretamente a culpa pelo aumento da violência nos confrontos de gangues relacionados ao tráfico de drogas.
As brigas entre grupos criminosos pelo controle do tráfico de drogas em Montevidéu, capital do país, parecem ter aumentado.
Em junho, a polícia uruguaia informou ter identificado até 45 clãs familiares criminosos em Montevidéu e, em novembro, tiroteios entre alguns desses clãs confinaram moradores de Villa Española e Peñarol em suas casas.
Uruguai na rota das drogas
Essas gangues também foram cruciais para o crescente perfil do Uruguai como nação de trânsito para o comércio de cocaína.
As conexões com o Brasil, Paraguai e Argentina têm visto uma maior quantidade de drogas fluindo pelo Uruguai, trazendo maiores índices de violência criminal.
Enquanto isso, o surgimento do Primeiro Cartel Uruguaio (Primer Cartel Uruguayo – PCU), liderado pelo misterioso narcotraficante Sebastián Marset, aumentou a pressão sobre as forças de segurança do país e levantou a tampa da corrupção generalizada nas fileiras políticas do país.
Paraguai: 8 por 100.000* (Pop. 6.703.799)
Foram 489 homicídios entre janeiro e novembro de 2022, o que levará a superar a taxa de 2021 de 7,4 para 100.000 habitantes.
Guerra entre facções criminosas como causa
O ano passado viu mais da mesma violência, já que assassinatos de alto escalão e assassinatos entre gangues pareciam encerrar o ano.
A disputa entre Primeiro Comando da Capital e o clã local Rotela monopolizaram as mortes na disputa pelo domínio territorial dos corredores de tráfico de drogas e armas, particularmente a província de Amambay, no Paraguai, na fronteira leste com o Brasil.
Gangues menores e clãs familiares também contribuem para os assassinatos nas áreas mais violentas do Paraguai.
O conhecido Clã Insfrán teria sido ligado ao assassinato em maio de 2022 do promotor paraguaio Marcelo Pecci.
A violência do país é ajudada em parte pelo fato de que armas e munições fornecidas aos militares acabam rotineiramente nas mãos de organizações criminosas.
O papel ascendente do Paraguai como um nó-chave no drogoduto de cocaína da Europa significa que o conflito entre as principais gangues do país provavelmente continuará a transbordar.
Foram 495 homicídios em 2022 contra 1.147 no ano anterior, mantendo uma tendência de baixa desde 2015, quando o índice era de 103 por 100.000 habitantes, o que fazia de El Salvador o país mais violento do Hemisfério Ocidental.
A queda nos assassinatos no ano passado ocorreu em meio a uma das repressões anti-gangues mais brutais já vistas na América Latina.
Um violento assassinato de gangues em março que custou 87 vidas respaldou a política de forte repressão aos grupos criminais do presidente Nayib Bukele.
O governo alavancou poderes de emergência para atacar as principais gangues de rua do país, a MS13 e a Barrio 18, prendendo cerca de 60.000 pessoas, ou quase 2% da população adulta no processo.
Os resultados foram surpreendentes, com assassinatos e extorsões caindo drasticamente. A repressão forçou as gangues a se esconderem, embora continuem bem armadas.
Suriname: 7,7 por 100.000 (Pop. 612.985)
O menor país sulamericano registrou 47 assassinatos entre janeiro e meados de dezembro de 2022 — taxa de 7,7 por 100.000 habitantes.
Este é um aumento acentuado em comparação com os 32 assassinatos registrados em 2021, mas inferior aos 54 registrados em 2020.
O aumento da taxa de homicídios pode ser em decorrência do papel do Suriname como país de trânsito para a cocaína.
O presidente Chandrika Persad Santochi disse ao InSight Crime em outubro de 2022 que o tráfico de drogas afetou seriamente o crime violento no Suriname.
Especialistas identificaram o tráfico de cocaína como a maior ameaça à segurança nacional do Suriname e responsável por alguns dos eventos mais violentos recentes.
Em julho de 2021, três corpos carbonizados foram encontrados no oeste de Paramaribo, capital do Suriname. Um dos supostos autores do crime declarou que foi morto em relação à apreensão de cerca de 1 tonelada de cocaína pelas autoridades.
Mas em comparação com seus vizinhos, principalmente no Caribe, o Suriname tem uma baixa taxa de homicídios.
Um dos fatores que possivelmente explicam a diferença entre o Suriname e países como Jamaica, Trinidad e Tobago e Santa Lúcia é que o Suriname não possui gangues urbanas sofisticadas.
Nicarágua: 6,7 por 100.000 (Pop. 6.850.540)
A total falta de dados confiáveis ou relatórios sobre homicídios na Nicarágua, mais uma vez, dificulta um levantamento de homicídios para o país.
Fontes oficiais colocam a contagem de homicídios no país em 460, mas esses números “não são confiáveis”.
A falta de transparência do país parece improvável que mude em breve.
Em novembro de 2022, o presidente Daniel Ortega conquistou um quarto mandato em uma eleição duramente criticada pela comunidade internacional.
O presidente dos EUA, Joe Biden, chamou de “eleição de pantomima”. Durante o governo de Ortega, 160 jornalistas foram forçados ao exílio.
Chile: 4,6 por 100.000 (Pop. 19.493.184)
Os homicídios cresceram mais de 32% no Chile em 2022 em relação a 2021, marcando o ano como um dos mais mortais do país.
Os números da polícia mostram que 960 assassinatos foram cometidos no ano passado, em comparação com 726 no ano anterior.
A região norte de Tarapacá viu novamente a criminalidade elevar as taxas de homicídio a novos patamares, enquanto o contrabando de migrantes controlado pela mega-gangue venezuelana Tren de Aragua emergiu como uma séria ameaça à segurança nacional.
O tráfico de drogas no país cresceu, o roubo de cobre se expandiu e as máfias madeireiras que controlam a extração ilegal de madeira se tornaram mais violentas.
Embora o aumento de assassinatos seja alarmante, as autoridades alertaram que o retorno às regulamentações e à vida pré-pandêmica favoreceu o aumento da criminalidade, que foi artificialmente baixo em 2020 e 2021.
Os aumentos registrados em 2022 são irregulares porque, à medida que a vida cotidiana foi retomada , o número de crimes ocorridos também normalizou para antes da pandemial.
coronel Gutiérrez, comandante da polícia militar do Chile
O Chile com 4,6 homicídios para 100.000 habitantes continua entre as nações menos violentas da América Latina.
A Argentina normalmente publica suas estatísticas anuais de crimes em abril do ano seguinte.
Em 2021, o Ministério da Segurança registrou 2.092 assassinatos, para uma taxa de homicídios de 4,6 por 100.000 habitantes, continuando sua tendência de queda nos assassinatos desde um ano particularmente violento em 2014.
Guerra entre facções criminosas como causa
Certos focos de violência, porém, são acessíveis, principalmente na província de Santa Fé.
Na Santa Fé, que abriga a cidade de Rosario, 406 pessoas mortas em 2022, o maior número desde 2015, elevando a taxa de homicídios da província para 11,31 por 100.000.
O ano sangrento de Rosario cativou as manchetes, dado o fato de que sua taxa de homicídios quadruplica a média nacional.
Uma rivalidade entre gangues locais de tráfico de drogas, os Monos e o Clã Alvarado, alimenta grande parte dos assassinatos da cidade.
A leste de Santa Fé, a província de Entre Ríos registrou seu terceiro ano consecutivo de redução de homicídios, com as autoridades elogiando uma postura dura contra o narcotráfico como a chave para o sucesso.
O tráfico de cocaína de fato tem aumentado na província, mas as autoridades locais intensificaram os esforços para combater os traficantes na esperança de evitar uma nova queda na violência.
Bolívia: N/A (Pop. 12.079.472)
As autoridades bolivianas não divulgaram estatísticas oficiais de homicídios nos últimos três anos, mas os interesses criminosos de grupos locais e regionais – particularmente em relação à expansão da capacidade de produção de cocaína da Bolívia – garantiram que a violência continuasse.
Guerra entre facções criminosas como causa
Em fevereiro do ano passado, o assassinato de dois traficantes de drogas brasileiros no departamento de Santa Cruz destacou a ameaça contínua do Primeiro Comando da Capital do Brasil (Primer Comando Capital – PCC) e rival, companheiro de gangue brasileira, o Comando Vermelho CV, para a Bolívia. Santa Cruz é um importante centro de tráfico de cocaína sendo contrabandeada para o Brasil ou Paraguai da Bolívia e do Peru.
Em julho do ano passado, o povoado de Porongo, na periferia de Santa Cruz de la Sierra, capital do departamento de Santa Cruz, foi palco de uma violência incomum contra policiais na Bolívia.
Três foram mortos a tiros depois de tentar prender um homem local. O suspeito do assassinato era genro de um narcotraficante local.
A violência das gangues causou a morte de 2.183 pessoas em 2022, um aumento de 35,2% em comparação com o ano passado.
Mas esses números quase não fazem sentido.
A catástrofe de segurança na ilha atingiu níveis sem precedentes que acredita-se que nenhum funcionário eleito em nível nacional permaneça lá.
Desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021, evaporou-se qualquer influência política que pudesse conter as gangues do país.
A guerra de gangues que antes se opunha às duas maiores organizações criminosas do país, G9 e G-PEP, se dissolveu ainda mais em uma colcha de retalhos de guerras territoriais ao redor da capital, Porto Príncipe, que viu a maior parte dos assassinatos, incluindo execuções sumárias e adolescentes portando armas de nível militar.
Os sequestros mais que dobraram. A violência sexual e o estupro também são comuns.
Acho que é a primeira vez que vimos esse nível de ilegalidade, esse nível de violência de gangues em que a vida das pessoas não importa.
Cécile Accilien, professora de estudos haitianos na Kennesaw State University
Peru: N/A (Pop. 33.715.471)
O Peru não divulgou números oficiais de homicídios para 2022 e os números do Ministério da Saúde parecem não ter base na realidade histórica.
Segundo o Ministério da Saúde houve 1.307 assassinatos — uma taxa de homicídios de apenas 3,9 por 100.000 habitantes.
Em 2021, houve 2.166 mortes — uma taxa de 6,6 por 100.000, um aumento em relação a 2020, mas ainda menor do que em qualquer ano desde 2013.
Embora o governo tenha declarado vários estados de emergência com o objetivo de combater a criminalidade em Lima, mas os corpos continuaram se acumulando.
No início do ano, um legista disse à TV Perú que os assassinatos em partes da capital dobraram ou até quadruplicaram.
Guerra entre facções criminosas como causa
Em outros lugares, uma série de assassinatos resultantes de gangues que lutam pela mineração ilegal em La Libertad, uma região na costa oeste, levou as autoridades a impor estado de emergência.
Quatro líderes de comunidades indígenas que se opunham à mineração ilegal e ao tráfico de drogas foram mortos em uma única semana de março.
Em meio à agitação social após a deposição do ex-presidente Pedro Castillo em dezembro, a Procuradoria-Geral de Ayacucho confirmou que havia aberto investigações de homicídio contra militares e chefes de polícia após a morte de manifestantes.
*As estimativas para esses países são projeções. Os dados do ano inteiro não estavam disponíveis para esses países no momento da publicação. As taxas de homicídio calculadas pelo InSight Crime são baseadas nos melhores dados de homicídio disponíveis e na população estimada do país para 2021, de acordo com o Banco Mundial. Quaisquer pontos de dados não calculados por este método foram atribuídos às suas fontes. Esta lista será atualizada à medida que mais dados estiverem disponíveis.
**Parker Asmann, Douwe den Held, Alex Papadovassilakis e Juan Diego Posada contribuíram para este artigo.
O tráfico internacional disputa o controle do Departamento de Pando, Bolívia, utilizando jovens como mulas no transporte de drogas do Peru para o Brasil. O interesse do PCC na região começou em 2007, visando estabelecer relações com narcotraficantes bolivianos. A cocaína produzida no Vale dos rios Apurímac, Ene e Mantaro (Vraem) chega à tríplice fronteira entre Peru, Bolívia e Brasil, onde é transportada para Cobija e, em seguida, o Brasil. A reportagem do El Deber detalha o envolvimento do PCC e da gangue boliviana Los Choleros no tráfico de drogas através da Bolívia.
Tráfico internacional disputa o Departamento de Pando. Os peões nesse jogo são jovens que são usados como mulas no transporte da droga do Peru para o Brasil passando pela Bolívia.
Maldonado é um dos últimos municípios peruanos na fronteira norte com a Bolívia. Daí chega a cocaína produzida no Vale dos rios Apurímac, Ene e Mantaro (Vraem). Depois segue para Iñapari, que é município fronteiriço com Bolpebra, já em solo boliviano. Na frente está Assis, do lado brasileiro. Lá está a tríplice fronteira, no meio da selva amazônica.
O narcotráfico está ganhando esta batalha contra o Estado, demonstrando supremacia no controle do território (…) Esses cartéis de drogas são organizados no exterior por grupos como Los Chapitos (um grupo de narcotraficantes do México), o PCC (Primeiro Comando da Capital), grupos combinados com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e, claro, eles têm equipamentos e armas de melhor qualidade do que as forças de ordem.
A cocaína passa facilmente até Bolpebra e de lá são apenas 86 quilômetros até Cobija. O percurso é geralmente rápido e com poucos controles. Mukden é uma comunidade em Bolpebra e lá a Polícia realiza algumas operações. Uma recente foi a apreensão de cinco quilos de cocaína que passaram de Iñapari. O destino era Cobija e depois iria para o lado brasileiro. A pessoa que transportava a droga era um jovem que carregava os pacotes na mochila…
O banda criminal los Choleros disputa o estratégico eixo de tráfico de drogas do Departamento boliviano de Pando com o Primeiro Comando da Capital (PCC 1533) e facção carioca Comando Vermelho (CV).
Pando faz fronteira com o Acre, Rondônia, e Peru, além de dar acesso ao centro da Bolívia — controlar essa rota reduz o custo do tráfico devido ao menor risco de perda da liberdade, de investimentos e de vidas.
A capital Cobija se localiza ao lado dos núcleos urbanos brasileiros de Brasiléia e Epitaciolândia, e as organizações lutam também para tomar o controle do comércio local, como ilustra artigo do El Dia:
Essa ação coroou a tentativa do controle hegemônico do mercado ilegal paraguaio por parte da facção PCC 1533, mas acabou criando dificuldades além das previstas para o grupo paulista.
Inicialmente, o Primeiro Comando da Capital uniu-se a um grupo desmembrado da Família do Norte, denominada a Cartel do Norte (CDN), para eliminar os crias que resistiam da facção Comando Vermelho e do que sobrou da FDN.
E do outro lado da fronteira de Pando, na Bolívia, o grupo local Choleros tomasse coragem e fôlego para enfrentar de igual para igual e ao mesmo tempo os dois mais importantes grupos criminais do Cone Sul.
Na ocasião, a Brigada Parlamentar e o Comando da Polícia Departamental do Departamento de Pando apresentaram um plano para ação conjunta de combate aos grupos criminosos.
A ideia era localizar criminosos e controlar áreas de fronteira com o Brasil impedindo a presença de criminosos brasileiros em Cobija.
O recrutamento de menores de idade por criminosos já era conhecido e foi considerado uma das prioridades:
“É preocupante que menores de idade estejam envolvidos em atos criminosos, são bolivianos comandados por brasileiros que estão à frente das quadrilhas”.
Deputada Ariana Gonzales (MAS) presidente da Brigada Parlamentar Pando
No entanto, passado quase um ano, todos os problemas apontados parecem apenas que se agravaram.
O narcotráfico está ganhando esta batalha contra o Estado, demonstrando supremacia no controle do território (…) Esses cartéis de drogas são organizados no exterior por grupos como Los Chapitos (um grupo de narcotraficantes do México), o PCC (Primeiro Comando da Capital), grupos combinados com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e, claro, eles têm equipamentos e armas de melhor qualidade do que as forças de ordem.
A morte de Cláudio, Gabriel e Thiago no bairro Teixeirão em Porto Velho em Rondônia está levando pânico a comunidade dos predinhos do Residencial Orgulho do Madeira que fica a 5 quilómetros, mas que é ninho do Comando Vermelho.
Através da organização criminosa brasileira Primeiro Comando da Capital a família mafiosa italiana ‘Ndrangheta unificou a rota de distribuição de drogas do Cone Sul para a Europa.
“Os corretores da máfia são tão poderosos que lidam diretamente com o PCC. Traficando da Colômbia, da Bolívia e do Peru, passando pelo Paraguai como rota de trânsito.” — Zully Rolón, ministro da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai
A parceria entre as duas organizações criminosas possibilitou que a ‘Ndrangheta passasse a hegemonia do tráfico de drogas da América para a Europa com o dominando 80% do fluxo.
A droga saída da Bolívia, Peru e Colômbia, chega no Paraguai e é colocado em containers que seguem por via terrestre ou fluvial/marítima para portos na Argentina (Buenos Aires), Uruguai (Montevidéu) e Brasil (Santos e Paranaguá) e desses para os portos europeus. — Última Hora