Bolívia quer combater o PCC, mas não o narconegócio

O recém formado Primer Gabinete Binacional de Seguridad Bolivia-Brasil, questionando as intenções dos governos envolvidos. O autor menciona o caso de um juiz suspenso na Bolívia por beneficiar um membro do PCC.

Peço a todos que me perdoem, mas não consigo sentir firmeza no recém formado Primer Gabinete Binacional de Seguridad Bolivia-Brasil. Talvez seja a forte luz vinda dos holofotes que estão iluminando o palco, ou as sombras que estão por detrás dele, mas algo está me impedindo de ver com clareza aonde esse Gabinete Binacional vai nos levar.

O narcotráfico está ganhando esta batalha contra o Estado, demonstrando supremacia no controle do território (…) Esses cartéis de drogas são organizados no exterior por grupos como Los Chapitos (um grupo de narcotraficantes do México), o PCC (Primeiro Comando da Capital), grupos combinados com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e, claro, eles têm equipamentos e armas de melhor qualidade do que as forças de ordem.

coronel do Exército da Bolívia Jorge Santistevan

O inferno está repleto de boas intenções, e tenho acompanhado pelas últimas décadas a formação de inúmeras comissões, reuniões, sistemas, planos – se bem que com nome de gabinete é o primeiro. Será que realmente há uma boa intenção por parte dos governos?

Quem coloca essa dúvida não sou eu, é Robert Evan Ellis no artigo La stratégie des États-Unis pour l’Amérique latine et les Caraïbes, no qual apresenta o governo boliviano como um ávido combatente dos interesses norte-americanos e aliado militar e comercial da China e da Rússia. Conjuntamente com esse último país, segundo Ellis, o governo da Bolívia estaria montando um reator nuclear experimental, perto de El Alto.

O pesquisador faz crer que a recusa boliviana em aceitar apoio do governo americano na luta contra o narcotráfico foi uma forma discreta de manter o país como um dos principais produtores mundiais de coca. A agência noticiosa Vise publicou a declaração de um camponês produtor da folha, que demonstra a ação do Estado:

Agora é diferente. A polícia é nossa amiga. Antigamente, nós desviávamos os olhos quando eles passavam. Agora paramos sempre para dizer um ‘olá’.

afirma o agricultor

Quando incentivou uma economia baseada no narconegócio, Evo Morales não contava com o ingresso do Primeiro Comando da Capital no país: a facção paulista está conseguindo desconstruir os acordos feitos pelo governo com as diversas etnias e grupos sociais, o que está colocando em risco o mandato do presidente da Bolívia.

O interesse do PCC na Bolívia começou em 2007 com o objetivo de estabelecer relações com narcotraficantes bolivianos e foi implementada inicialmente por aproximadamente 100 integrantes da facção.

jornalista Allan de Abreu

Peço a todos que me perdoem, mas se for para ter minha vista ofuscada pela forte luz vinda dos holofotes, que seja aquela que está iluminando Luana, a belíssima modelo brasileira que é a mensageira do Primeiro Comando da Capital – e nem vou me preocupar com as sombras que estão por detrás dela.

Já o juiz suspenso de San Pedro de La Paz, que beneficiou com a prisão domiciliar um possível brasileiro integrante do Primeiro Comando da Capital, não conseguiu provar que sua vista estava ofuscada pelo brilho do processo, e o Ministério Público da Bolívia solicitou formalmente sua prisão preventiva. Pelo menos é o que nos conta o noticioso El Deber.

Autor: Ricard Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porém, é que aqui, assim como ninguém sabe que você é um cachorro, não dá para sacar se a pessoa do outro lado é do PCC. Na rede, quase nada do que parece, é. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fã no Facebook pode ser um robô; e, como é o caso da página em questão, um aparente editor de site de facção pode se tratar de Rícard Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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