Parabenizo pelo aniversário, inicialmente, a geração que viveu o Regime Militar – regime que criou o ambiente propício para o nascimento da organização PCC –, que cuidou e alimentou a filha mais velha da família do Crime Organizado, a Falange Vermelha, em seus primeiros anos de vida. Essa, por sua vez, depois de crescidinha, ensinou os primeiros passos a seus irmãos mais novos em todo o país.
Parabenizo também a geração que viveu durante os regimes democráticos, a princípio com os governos moderados do PMDB e PSDB que, sob o manto da moderação, acalentaram as facções em sua infância; depois, os governos de caráter popular do Partido dos Trabalhadores fortaleceram esse grupo em sua pior fase: a adolescência.
Parabenizo, finalmente, essa nova geração que tem que conviver com ou enfrentar a questão das facções criminosas – agora profissionalizadas, violentas, mais organizadas e com proteção social e midiático. Quanto maior o desafio, maior será o louro da vitória – seria uma vitória e tanto, mas, pelas características culturais brasileiras, provavelmente não será alcançada, ainda.
Claro, podemos nos “incluir fora” do rol dos causadores dos problemas, como se nós, enquanto população, não tivéssemos participado por ação ou omissão no que está aí. Seguimos, então, acusando os governos, o destino, a globalização, a chegada do Apocalipse…
Os admiradores do Regime Militar e os democratas de todos os matizes jamais admitirão que são os pais do Primeiro Comando da Capital, chamado pelos colegas de PCC 1533; eu, comodamente, também negarei a paternidade.
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Mas o fato é que tudo começou assim:
Nasceu em 1979 a Falange Vermelha na Prisão da Ilha Grande, localizada na formosíssima Angra dos Reis, durante o governo do último presidente da república do Regime Militar, o General João Batista Figueiredo, já com as bandeiras de apelo social do fim da opressão do sistema carcerário e o abandono pelo Estado dos morros cariocas.
Para que uma criança nasça, é necessária a união de duas pessoas de gêneros distintos, e os militares resolveram essa questão colocando em uma mesma cela bandidos comuns de alta periculosidade e prisioneiros políticos – nove meses depois nasceu a Falange Vermelha.
Amanhã postarei uma antiga entrevista de alguém que participou dos primeiros anos da Falange Vermelha, contando mais sobre as características dessa organização em seus primórdios. Desta forma, será possível analisarmos a evolução de pensamento e de condução da facção até os dias de hoje.
Confesso a Deus Onipotente, à bem-aventurada sempre Virgem Maria, aos santos apóstolos, a todos os Santos e a vós, Padre, porque pequei, por que aplaudi e me calei quando em 1979 o governo colocou os “bandidos políticos e comuns” em uma mesma cela, e eu em pensamentos e palavras apoiei, mea culpa, mea culpa, mea máxima culpa, portanto, rogo a ti Padre, que rogueis por mim a Deus Nosso Senhor.
O estudioso Diorgeres de Assis Victorio do Canal Ciências Criminais me lembra que originalmente o lema Paz, Justiça, e Liberdade, era utilizado apenas pelo Comando Vermelho, enquanto o Primeiro Comando da Capital adotou o “Liberdade! Justiça! E Paz!”, conforme consta nos primeiros estatutos apreendidos pelas autoridades policiais.
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