Vivemos em uma sociedade cristã mas poderíamos não viver e a frase de João Pereira Coutinho continuaria verdadeira para explicar o fracasso do ENAFRON e do SISFRON, se contrapondo ao sucesso do PCC 1533..
As siglas ENAFRON e SISFRON significam “Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras” e “Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras” ambas do Governo Federal, e como todos sabem PCC 1533 se refere ao “Primeiro Comando da Capital”.
O ENAFRON nasceu em 2011 para integrar as forças de públicas de segurança brasileiras entre si e com as dos países fronteiriços Paraguai, Bolívia, Argentina, Venezuela, e Colombia, além de agir junto a sociedade fronteiriça diminuindo a pobreza dentro e fora de nossas fronteiras.
Um resumão da história que envolve a ação de Segurança Pública nas regiões de fronteira pode ser encontrado no trabalho “Crimes Transfronteiriços em Cidades Gêmeas do Mato Grosso do Sul” elaborado pela Policial Militar Gleice Aguilar dos Santos.
Se por um lado Gleice não faz uma análise profunda, por outro mostra como as coisas realmente funcionam enquanto dos trabalhos é apenas teórico, graças a sua experiência profissional e as entrevistas que colheu com as pessoas que estão no front.
É belíssima a meta proposta na ENAFRON, de profunda base teórica, mas que na prática apenas brilha na mídia através das ações policiais e militares como as Operações Ágata e Sentinela, tendo tido a primeira grande impacto midiático em 2012 e 2013 segundo dados Google Trends.
Apesar do empenho dos profissionais participantes das operações e planejamento só restou o espetáculo para a mídia que, segundo alguns, é o último reduto dos derrotados. A Operação Ágata afundou junto como o ENAFRON sobrevivendo de apresentar belas imagens para a imprensa.
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A causa do fracasso foi a incapacidade dos Estados nacionais de se integrarem vencendo as vaidades locais, e a emaranhada burocracia legal de cada território. A cortina da farsa publicitária se abriu graças aos dois mega-assaltos do Primeiro Comando da Capital:
- ao carro forte da Brinks em Santa Cruz na Bolívia em Março (1.3 milhões de dólares),
- e ao PROSEGUR em Ciudad del Este no Paraguai em Abril (40 milhões de dólares).
O Ministro do Governo da Bolívia, Carlos Romero, pouco tempo depois de informar que a facção paulista não atuava em seu país, voltou a público para dizer que vai (isso mesmo o verbo no tempo futuro) trocar informações com as agências de seguranças brasileiras. O governo paraguaio também se declarou aberto ao intercâmbio de informações.
Ora, eles talvez não saibam, mas isso já acontece segundo o SENASP – Secretaria Nacional de Segurança Pública da Presidência da República do Brasil há pelo menos cinco anos.
João Pereira Coutinho diz que precisamos de santos e pecadores, mas como fica uma sociedade onde os santos enganam? Como ficamos nós meros pecadores que precisamos e queremos desesperadamente acreditar?