Facção Criminosa PCC 15.3.3 em Portugal

Os relatórios que sugerem que a facção criminosa brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC 1533) estaria assumindo o comércio de cocaína em Portugal ainda não possuem fundamentação sólida.

Facção criminosa PCC 15.3.3 em Portugal, mito ou realidade?

A facção criminosa PCC 15.3.3 em Portugal é uma realidade e são frutos da conivência dos governos da esquerda brasileira. Será mesmo?

É fato que as organizações criminosas brasileiras estão ganhando espaço no mercado mundial, no entanto tudo mais é discurso político.

A organização criminosa Primeiro Comando da Capital há décadas é utilizada no Brasil como bandeira política, tanto pela direita quanto pela esquerda.

O jornalista João Amaral dos Santos, em artigo na Revista Visão, demonstra que a principal prova da ação do PCC em Portugal era inverídica.

Leonardo: o elo que liga o PCC à Portugal?

Leonardo Serro dos Santos, o Carioca, seria o suposto líder da facção paulista responsável pela logística do tráfico dos portos brasileiros para os europeus.

“…. o principal articulador do grupo, responsável pela logística de transporte e embarque dos carregamentos de droga, negociando pagamentos a motoristas e guardas portuários, tratando inclusive desde os fornecedores até os compradores no destino final, o continente europeu”.

No entanto, as investigações estão provando que, na realidade, ele gerenciaria a logística em nome da organização criminosa carioca Comando Vermelho (CV).

Após um longo trabalho de investigação descobriu-se que negociava na Europa em nome do traficante Rodrigo da Silva Caetano, o Motoboy, líder do CV na favela Nova Holanda.

Agora a dúvida: existe algum interesse de grupos políticos em repercutir que na realidade as drogas e o esquema não eram do PCC e sim do CV?

leia reportagem completa na Revista Visão: A verdadeira história do luso-brasileiro, apontado como líder do PCC em Portugal, mas que, afinal, trabalhava para o rival Comando Vermelho

É possível saber a importância da Facção Criminosa em Portugal?

A facção criminosa PCC e tráfico de drogas em Portugal tem chamado cada vez mais atenção da mídia e das autoridades.

Já que em 2022, suas apreensões de cocaína atingiram 16,3 toneladas, o nível mais alto em 16 anos.

Ainda mais agora que Portugal está agora entre os cinco principais países da União Europeia com as maiores apreensões de drogas.

Leia texto original em “Reports of Brazil’s PCC Taking Over Portugal Cocaine Trade Remain Unfounded” de Chris Dalby e Sean Doherty publicado no site InSight Crime.

Qual a participação real do PCC no aumento do tráfico?

As autoridades portuguesas estão preocupadas com o que pode estar a sustentar a crescente presença de integrantes do PCC.

O Diário de Notícias, em artigo de 16 de janeiro, cita uma fonte judicial brasileira sobre a importância do PCC em Portugal.

Desde 2021, as autoridades brasileiras teriam encontrado pelo menos 40 integrantes do PCC e seus aliados vivendo em Portugal.

Os integrantes da facção criminosa brasileira controlavam grande parte do comércio de cocaína entre o Brasil e Portugal.

No entanto, as fontes do Diário de Notícias dão poucos detalhes sobre quem são esses membros ou o que eles podem estar fazendo.

Duas prisões como estopins do crescimento

A expansão do PCC supostamente surgiu no verão de 2022, após as prisões de Sérgio Roberto e de Xuxas.

Um dos principais traficantes de drogas do Brasil, Sérgio Roberto de Carvalho, foi preso na Hungria em 21 de junho.

Grande parte do império de Carvalho estava baseado em Portugal, onde ele possuía ativos no valor de milhões de dólares.

Carvalho possuía, inclusive, uma empresa de voos fretados que ele usava para transportar cocaína e dinheiro.

Em poucos dias, Rúben Oliveira, conhecido como “Xuxas”, um dos homens mais procurados de Portugal, também foi preso.

Prisão de PCCs abala a facção criminosa PCC

Xuxas seria era o principal operador de Carvalho em Portugal, recebendo e distribuindo grandes remessas de cocaína.

Seria ele também o responsável por lavar grandes somas de dinheiro, segundo a revista portuguesa Visão.

O desmantelamento de sua operação deixou a porta aberta para o PCC, assumir diretamente algumas de suas rotas de tráfico de drogas.

Pelo que sabemos, Carvalho era o maior traficante de cocaína da Península Ibérica. Ele também era cliente do PCC.

João Amaral Santos – Revista Visão.

frustração na facção criminosa e preocupação na polícia

A prisão dos parceiros na Europa gerou frustração entre as lideranças brasileiras do PCC.

Por isso, o Primeiro Comando da Capital resolveu montar uma célula própria em Portugal, acredita Amaral Santos

De acordo com um chefe da polícia portuguesa, a situação é alarmante:

A Europa não está preparada para isso. Existe um possível cenário em que o PCC quer controlar o narcotráfico para a Europa a partir de Portugal.

As declarações das autoridades são um show de generalidades sem dados comprobatórios e a polícia não presta esclarecimentos.

Em 2021, essa falta de dados impediu um procurador brasileiro fornecer à Portugal informações que identificassem supostos membros do PCC.

Análise Criminal InSight

Geográfica e linguísticamente, Portugal se torna um centro crescente para o tráfico transnacional europeu de cocaína.

Sob esse ponto de vista, a surpresa é que demorou tanto para essa tendência se tornar tão aparente.

No entanto, a extensão da influência da organização criminosa Primeiro Comando da Capital em Portugal continua difícil de provar.

As denúncias feitas nas investigações dos periódicos portugueses Expresso e do Diário de Notícias falam de várias dezenas de integrantes do PCC no país.

Facção Criminosa PCC em processo de expanção

Os integrantes da facção criminosa paulista estariam preparados para ampliar o controle da entrada de drogas no país, mas há poucos detalhes além disso.

Em novembro de 2021, autoridades de São Paulo prenderam um integrante do Primeiro Comando da Capital com uma lista de membros de gangues no exterior.

Segundo o promotor de Justiça Lincoln Gakiya haveriam em Portugal, 42 pessoas já identificadas, mas apenas como números, como tendo recebido dinheiro da facção.

A facção criminosa PCC 1533 costuma recrutar membros entre os que buscam refúgio em Portugal ou que por lá já realizam algum tráfico de drogas.

As prisões de Wanderson e leonardo em Dubai

Em setembro de 2022, a polícia portuguesa prendeu Wanderson Machado de Oliveira, também relatado como membro da organização criminosa paulista PCC.

Ele foi acusado de tráfico de drogas e sequestro de dois homens que erroneamente pensou ter roubado 240 quilos de cocaína que pertenceriam à facção.

No entanto, as drogas haviam sido apreendidas pelas autoridades no porto de Sines, no sul de Portugal.

Em novembro, Leonardo Serro dos Santos foi preso em Dubai. Ele seria um dos líderes do PCC responsável pelo tráfico transnacional que passava por Portugal.

Ele negou todas as acusações contra e foi solto após 45 dias porque o Brasil não fez um pedido de extradição a tempo.

E posteriormente descobriu-se que nem ele, e nem a droga apreendida eram do Primeiro Comando da Capital, e sim do Comando Vermelho.

Restam ainda mais dúvidas que certezas

Em primeiro lugar, o PCC já faz parte da parceria de tráfico de drogas que sustenta grande parte do narcoduto de cocaína para a Europa.

Há quarenta anos a máfia italiana ‘Ndrangheta, mantém relações comerciais e culturais com São Paulo, de vêm a cocaína e a organização criminosa PCC.

Assim também estas relações ainda continuam e é graças a elas que o PCC fornecer uma grande percentagem de toda a cocaína que se dirige para a Europa.

No entanto, Portugal não é destino destes carregamentos de cocaína. Em vez disso, a ‘Ndrangheta manda suas drogas para a Bélgica, Holanda, Alemanha e Itália.

A pivatização do porto de Santos e a facção paulista PCC 1533

Se a privatização do Porto de Santos é de interesse da facção criminosa Primeiro Comando da Capital, qual a pressa do governo em agir?

Privatização do porto de Santos e o interesse dos grupos criminosos

A jornalista italiana Maria Zuppello chama a atenção para um possível interesse do Primeiro Comando da Capital na pivatização do porto de Santos.

“Primer Comando Capital y la ‘ndrangheta buscan una oportunidad para controlar toda la cadena logística” — leia reportagem completa no Infobae

É inegável que o porto de Santos é o principal escoadouro da organização criminosa paulista, no entanto é apenas um elo na cadeia portuária.

No Atlântico a facção paulista utiliza portos da Argentina e Uruguai, além de portos espalhados por toda a costa brasileira de norte a sul.

Roberto Bueno, especialista em gestão de segurança pública, explica que há fortes interesses políticos envolvendo os portos:

… o que leva a suspeitar do vastíssimo interesse de autoridades na região, cuja intervenção no modelo de operações mafiosas é central, servindo de muros de contenção às autoridades tanto quanto elaboradoras de rotas de fuga aos percalços de “outsiders” do esquema criminoso pactuado com segmentos delas.

Basta lembrar que uma das primeiras providências do presidente Jair Bolsonaro foi trocar o superintendente da Polícia Federal de Santos.

Bolsonnaro foi muito criticado a época pois a corporação vinha batendo recordes em apreensão de drogas.

Quando a presidente Dilma Rousseff apresentou uma apreensão recorde de drogas, o então deputado Jair Bolsonaro afirmou que aí estava a prova do aumento do tráfico de drogas, pois “todos sabem como funciona”.

Bolsonaro sugeria que os traficantes deixavam “cair” propositadamente parte da mercadoria para encobrir seus acordos as forças policiais.

Anos depois, já presidente, Jair Bolsonaro bateu um novo recorde de apreensão de drogas, e então? Isso seria prova do aumento do tráfico e o envolvimento das autoridades como ele mesmo afirmou poucos anos antes?

Após quatro anos de governo Bolsonaro, a jornalista Maria Zuppello lembra que o porto de Santos hoje é controlado pelo Primeiro Comando da Capital que…

… um exército de mais de 112 mil bandidos ferozes (…) que no tráfico de cocaína e maconha, faturam cerca de 600 milhões de dólares anuais.

Maria Zuppello

O especialista Antonio Nicasco afirma que a facção PCC nesse período fortaleceu as relações que já tinha com a organização mafiosa ‘Ndrangheta:

O poder do PCC cresceu muito nos últimos anos. Uma das novas rotas estudadas pela ‘Ndrangheta junto com o PCC é a do Equador ao Panamá pelo Oceano Pacífico. Do Panamá, os contêineres são desviados para o Atlântico.

Com a perda do controle do governo federal pelo grupo político que dominava o porto de Santos e a transferência de seus integrantes para o governo do Estado de São Paulo, a Polícia Federal deixa de ser um instrumento disponível.

É nesse contexto que a discussão da privatização do porto de Santos acontece com o governador Tarcísio de Freitas, ex-ministro de Jair Bolsonaro, tentando agilizar a pivatização do porto de Santos:

“… está pronto, vai ser um espetáculo e vai criar muitos empregos.”

A Era do Resgate no PCC e o fim da caixinha do PCC

Atrair novos integrantes com o fim da cobrança da caixinha do PCC e chamar de volta antigos companheiros excluídos são algumas das estratégias da facção criminosa para um novo tempo.

A caixinha do PCC e as mudanças na facção paulista

O fim da caixinha do PCC 1533 não é apenas uma mudança no fluxo de caixa, é o sinal de uma nova Era do PCC.

Várias vezes nessas duas décadas, policiais e promotores de Justiça afirmam que a organização criminosa Primeiro Comando da Capital esteve com seus dias contados.

Faz muito tempo, muito tempo mesmo, o Secretário de Segurança de São Paulo afirmou que o então “Partido do Crime” tinha acabado — isso em 1997.

Depois dele, Secretários de Segurança, promotores de Justiça e políticos de plantão afirmam: É questão de tempo o fim do PCC!

MP-SP anuncia: é iminente a derrota da facção PCC (2018)

Família como base sólida

Todas as tentativas de acabar com a organização criminosa falharam.

Ao contrário das máfias tradicionais, o Primeiro Comando da Capital não se organizou em torno dos parentes de seus líderes.

A família é a base sódia de uma sociedade ou empresa, mas a Família 1533 não é formada apenas de parentes.

Os inimigos e as forças de segurança sabem que a família dos mafiosos são a força e o elo mais fraco da estrutura dessas organizações.

Mas como lidar com a Família 1533, que é uma família formada não pelo sangue do parentesco, mas pelo sangue das ruas, dos corres e dos ideais?

Cartilha de Conscientização da Família 1533

A facção PCC na Era do Resgate

Essa família impediu que os Secretários de Segurança, promotores de Justiça e políticos cumprissem suas promessas de acabar com a organização criminosa paulista.

Como toda a família, no Primeiro Comando da Capital também tiveram aqueles que não correram pelo certo, que erram e faltaram com a Família 1533.

Uma das faltas mais comum era a dos integrantes inadimplentes com o caixinha do PCC que eram expulsos.

Agora, como o filho pródigo da Bíblia, eles estão sendo recebidos de volta ao ceio da Família do Primeiro Comando da Capital.

A facção criminosa está indo atrás de cada um, em cada canto do Brasil para chamar para correr junto.

Regime Disciplinar — Dicionário do PCC

A facção PCC se reinventado para sobreviver

Atuando em quatro continentes, o Primeiro Comando da Capital é hoje a maior e mais abrangente organização de todas as Américas — dependendo do critério utilizado.

Ao conquistar um espaço territorial muito grande e sabendo que ainda tem todo um mundo à conquistar, as lideranças tiveram que mudar algumas estratégias.

Todos os integrantes da facção tem os mesmos direitos e obrigações, o que é motivo de orgulho para os seus “crias”.

Todos são iguais e não deve se cometer injustiça com ninguém.

Essa igualdade é a grande força da facção, mas também é o seu ponto mais fraco — seu calcanhar de Aquiles.

Todos os integrantes pagavam a caixinha, era o justo e o correto, no entanto, também era a maneira mais fácil das autoridades mapearem os integrantes.

Teve uma época em que as lideranças foram chamadas para garantir o pagamento da caixinha.

Administrar todos os picados sai caro

O fortalecimento alcançado pela organização criminosa permite que não se cobre mais de seus integrantes a mensalidade que colocava em risco toda a estrutura.

Agora, os Secretários de Segurança, promotores de Justiça e políticos que quiserem acabar com o Primeiro Comando da Capital terão também que se reinventar.

A cada baixa de uma liderança, novas surgem como um acender de lâmpada, e cada uma delas traz novas ideias, novas estratégias, novos arranjos pessoais e familiares.

A facção sobreviveu a tantos ataques das autoridades, pois foi unida por sangue e forjada no fogo, e para cada um que cai há dez querendo entrar.

Uma estória que contei há exatos 11 anos, em fevereiro de 2012

Acerto de contas no Primeiro Comando da Capital

Eu sabia que não devia ter me metido naquela enrascada.

Sempre disse que vira-latas não se mete em briga de pit-bull, mas falar é fácil, e eu entrei naquele assunto para o qual não tinha sido chamado.

Não podia dar outra coisa, dancei.

Desmaiei pouco tempo depois de começar a chutes de todos os lados.

Primeiro aquela dor indescritível, minha cabeça voava de um lado para outro, eu ainda sentia isso, não tinha perdido totalmente a consciência.

Não procurarei definir, ou descrever o que restava dela. Não era sonho, delírio, desfalecimento ou morte. Havia dor e imobilidade.

Sentia meu sangue quente fluir pelo meu nariz e escorre pelo meu rosto. O gosto do sangue agora era o único que sentia.

Sei que respirava, pois a cada inspiração havia muita dor, minhas costelas pareciam facas aguçadas querendo chegar cada vez mais fundo em meus pulmões.

Pronto, fui apresentado ao PCC, eu sabia disso.

Em meio a morte, em meio aquela teia de sonhos e alucinações acredito ter ouvido conversas, vozes que contavam histórias e discutiam seus assuntos como se eu não estivesse ali.

Um diálogo cabuloso definindo meu destino

Talvez imaginassem que eu não sobreviveria, ou talvez só estivessem esperando minha morte para poderem ir embora com a certeza da missão cumprida.

― Entendeu, eu acredito que você vai fazer o que é certo, o que se acha que é certo, entendeu irmão e, estou fechando junto e, é isso. Entendeu, por que tá demais, o mole que tá demais mesmo, né meu a gente sabe que a gente tem certo limite pra fazer as coisas, mas tem uns caras que tiram da linha, esse daí é o tipo que tira da linha. Eu vi ele trabalhando com o irmão Neizinho, ele tá trabalhando sim. Ta inclusive eu te liguei irmão, por que é o seguinte, tem um outro menino lá que tá trabalhando pro irmão Neizinho. Que é o Maicon, não sei se você já ouviu falar. Outro dia foi numa biqueira aí irmão e pegou lá parece um quilo de mercadoria lá no nome do irmão Pimenta, entendeu, moleque? Sem o conhecimento do irmão, moleque? – falou Luiz Carlos do Nascimento, o irmão Piloto.

― Vai vendo. – respondeu o outro.

― Até uns dias atrás ele trabalhava com o irmão Neizinho. Então é um problema, viu, esses meninos, esses funcionários do irmão Neizinho. Aí moleque. Não, e essa aí é grave, pô, que o movimento tá muito descabeçado lá moleque. – falou piloto.

― Então tá usando o nome do irmão aí, colocando o irmão em BO, aí. – concordou o outro.

― Entendeu meu irmão. Aí amanhã eu pego o irmão, eu coloco ele na linha pá nóis pode trocar uma idéia, e aí, cê faz uma viagem só prá lá, já vai e já explica o bê-á-bá prá eles irmão, vê o que eles querem né irmão. Por que pelo simples fato deles estarem todos eles trabalhando com o irmão, pô eles estão totalmente errados… Mas corre com o irmão, então tem que ser no mínimo o bem comportado. Sê viu o outro empregado do Neizinho, o Fuscão, as caminhadas erradas que ele seguiu, num sabe?… – continuava Piloto.

Sabia eu que os dois falavam a respeito dos problemas das biqueiras de Salto, Maicon pegando mercado sem autorização de Pimenta. Ouvi também Piloto dizendo para Edson Rogério França, o irmão Cara de Bola alguma coisa, mas sei como este respondeu:

― Aí o cara já foi pondo o dedo no peito do “M”, aí o bagulho ficou louco. (Marcelo José Marques, o Tio ou “M”)

― Aí imagino né, não. – Piloto.

― Aí soco prá lá, soco prá cá, aí os seguranças rápido já fecho, já fui embora também irmão.

Acho que eles falavam sobre o Fuscão que estava no hospital mando de Cara de Bola, não tinha adiantado o cara dizer que tinha um salve passado por Sandro no papel.

Piloto e Cara de Bola estavam em ordem com a família, Bad Boy estava morto, Fuscão tinha tido sua lição, e eu não sabia onde estava.

Sei que o corvo sobe para quem está com a situação, e que volta a cobrar com quem fechou a caixinha em atraso.

Sobrevivi, narrei aqui o que vi e senti naquela noite, hoje já não pertenço àquele mundo, do qual fui brutalmente retirado, e mesmo se quisesse não mais poderia voltar a pertencer.

Bolívia: ataque à envolvidos com o Primeiro Comando da Capital

Pai e filho envolvidos com o Primeiro Comando da Capital são atacado em um intervalo de poucas horas. O pai foi morto na Bolívia e o filho sobreviveu no Brasil.

O ataque a envolvidos com o Primeiro Comando da Capital foi realizado por duas equipes de criminosos em dois países.

Mapa mostra local dos dois atentados contra pai e filho envolvidos com a facção criminosa PCC.

O ataque foi a pai e filho, ambos advogados e empresários

Flavio Verdum de Almeida Júnior, foi baleado ao meio-dia na cidade de San Ignacio de Velasco, no Departamento de Santa Cruz, na Bolívia.

Ele estava ao celular falando com parentes no Brasil para saber sobre as condições de saúde de seu filho atacado uma hora antes.

Felipe Carlos de Almeida, seu filho, alvejado na cidade de Pontes e Lacerda, em Mato Grosso, no Brasil, a seis horas de distância.

Ambas as ações foram executadas por duplas de pistoleiros e a ação orquestrada indica o nível do crime organizado na região.

Em poucos meses, outros três familiares de Flávio foram alvos de ataques, o que leva os investigadores a trabalhar com a hipótese do envolvimento com o crime organizado.

mais notícias sobre o Primer Comando de la Capital na Bolívia

O envolvimento do pai e do filho na facção

Flávio esteve envolvido diretamente com a facção PCC 1533, estava foragido da Justiça brasileira, e foi atacado em uma oficina onde veio a falecer.

Já seu filho Felipe está respondendo criminalmente por lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Felipe foi atacado quando chegava pela manhã em seu escritório, mas sobreviveu aos ferimentos.

Ainda não se pode afirmar se os crimes foram por desentendimento dentro da facção, guerra entre facções, ou cobrança de dívidas.

As autoridades policiais de ambos os países tem ciência da presença e atuação das facções criminosas na região da fronteira.

No entanto, outros ataques relatados pela repórter Daniela Romero L. do Página Sete provam que a facção paulista atua também na capital e em outras regiões.

O narcotráfico está ganhando esta batalha contra o Estado, demonstrando supremacia no controle do território (…) Esses cartéis de drogas são organizados no exterior por grupos como Los Chapitos (um grupo de narcotraficantes do México), o PCC (Primeiro Comando da Capital), grupos combinados com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e, claro, eles têm equipamentos e armas de melhor qualidade do que as forças de ordem.

coronel do Exército da Bolívia Jorge Santistevan

A facção PCC desde sua origem até sua expansão em Portugal

Vídeo reportagem em Espanhol sobre a facção paulista Primeiro Comando da Capital.

A maior organização criminosa do Brasil também opera de Portugal

Assista o vídeo em espanhol no site da RTVE

Portugal apreendeu no ano passado 16 toneladas de cocaína. Cada vez mais drogas chegam ao país como forma de entrar na Europa.

Tem muito a ver com a maior organização criminosa do Brasil, o Primeiro Comando da Capital, mais conhecido como PCC 1533.

Começou como um sindicato de defesa dos direitos dos presos brasileiros na década de 1990.

Hoje é uma das organizações mais poderosas do mundo das drogas, intimamente ligada à máfia italiana da Calábria, a ‘Ndrangheta.

A presença do PCC em Portugal foi confirmada com a prisão de quatro de seus integrantes reconhecidos pela quadrilha.

Neoliberalismo e a facção PCC 1533 feitos um para o outro

O neoliberalismo e a facção PCC 1533 (Primeiro Comando da Capital) são resultado das políticas globalistas do final do século XX.

O neoliberalismo e a facção PCC: filosofia e mercado

O neoliberalismo e a facção PCC foram feitos um para o outro. Se hoje o Primeiro Comando da Capital germina como um cartel internacional de drogas, foi graças ao esforço de várias pessoas, e, entre elas, eu e você.

No final de 1991, eu e você acompanhamos a Queda do Muro de Berlim – o coroamento da vitória do neoliberalismo sobre o socialismo internacional.

leia também: A facção PCC 1533 e a rota africana

Facção PCC – Uma semente lançada em solo fértil

Foi graças aos nossos esforços que houve essa vitória e a consequente derrubada das rígidas fronteiras nacionais, deixando o solo menos árido para as sementes que então eram jogadas por Zé Márcio.

Não sei onde você estava e o que fazia, mas posso afirmar que Zé Márcio Felício caminhava pelos corredores e pátios ocultos por trás das muralhas das unidades prisionais, semeando a “boa nova” nos corações e nas mentes dos encarcerados.

Quem me deu os detalhes dessa história que vim contar a você foram: o Promotor de Justiça do MP-SP Marcio Sergio Christino, Antônio Marcos Barbosa de Quadros (UNINTER), e o doutor em Ciências Políticas pela UFPR Leonardo Mèrcher Coutinho Olimpio de Melo.

Fotomontagem com o PCC Geleião e uma mão semeando a sigla da facção PCC.
Geleião e o PCC 1533 semeando a união dentro do sistema

Facção PCC 1533 e o admirável mundo novo

Cabe ao semeador retirar as sementes do celeiro e levá-las ao campo, ou a safra não virá; mas a semente tendo sida jogada ao tempo certo e em solo fértil, trará a safra, independentemente de quem tenha sido a mão a jogar a semente ou a fertilizar o solo.

Na “parábola do semeador” o nome do personagem não é citado por nenhum dos evangelistas, pois sua identidade simplesmente não é importante, mas, sim, seu trabalho.

Por essa razão a nossa participação, a minha e a sua, fertilizando o solo para as sementes do Primeiro Comando da Capital não tem também nenhuma importância, e, por humildade cristã negaremos que os frutos agora gerados são resultado de nosso esforço.

Em 11 de março de 1991, durante o banho de sol, escureceu e começou a chover […] o PCC não nasceu em 1993 e em seguida se espalhou de maneira imediata, mas foi nesse ano que se consolidou […]

Jogando o peixe na água

Naquela tarde de chuva de 1991, Rato era morto por Cesinha em Taubaté. Era a primeira semente jogada ao solo utilizando o método que seria imortalizado na fundação oficial do Partido do Crime da Capital (PCC) – a Rebelião de Taubaté de 1993.

Cezinha começou a alicerçar o PCC utilizando o sangue de Rato na massa, enquanto Zé Márcio (Geleião) jogava sementes de presídio em presídio, pregando a “boa nova”, e nós, eu e você, derrubávamos o Muro de Berlin – era o fim da história segundo Fukuyama, só que não, era só o começo.

Finalmente conseguimos, eu e você, e o fruto de nosso esforço foi tornar as fronteiras mais permeáveis à circulação de pessoas e produtos: a grande vitória para nossa geração! – e sem a qual o Primeiro Comando da Capital não existiria…

… mas deixemos que os louros pela criação da Facção PCC 1533 sejam entregues a Zé Márcio, o semeador, apesar de que fomos nós que tenhamos preparado o solo.

Bem-vindo ao nosso admirável mundo novo. Está chegando o momento certo para se semear: o solo está quase preparado.

Ilustração com a antiga baia de Guanabara e trabalhadores do campo a lavrar sob a frase "A abertura dos Portos e o Primeiro Comando da Capital".
A abertura dos Portos e o Primeiro Comando da Capital

Facção PCC 1533 surfando na onda neoliberal

No Brasil, o presidente Fernando Collor de Mello abriu os portos para as nações amigas, permitindo a importação de produtos e derrubando taxas de importação. Com uma maior concorrência externa, os preços despencaram com o aumento da oferta e não houve mais desabastecimento nas biqueiras.

Em um mercado mais competitivo, os produtos ilícitos, como as drogas e as armas, que antes eram trazidos por muambeiros, passaram a chegar através de uma cadeia de distribuição gerida por grupos com expertise em comércio internacional:

E a América Latina, e em especial o Brasil, passaram a possuir filiais dos mais organizados e violentos grupos criminosos do mundo. Ndrangheta (Máfia da região da Calábria, Itália), Sacra Corona Unita (também italiana, do leste), BGang (paquistano norueguesa), além das máfias russas, que expandiram seus negócios além fronteiras, negociando agora, também, com produtores e distribuidores latinos.

Vários grupos latino-americanos já haviam muito antes formado cartéis criminosos nacionais, mas agora as fronteiras foram derrubadas por mim e por você, e Zé Márcio, que antes via suas sementes caírem sobre espinhos e pedras, agora já podia sorrir.

O Zé Márcio […] teve uma intuição parecida com a de Salvatore Lucania (1897-1962), mais conhecido como Charles “Lucky” Luciano, que criou o primeiro sindicato do crime nos Estados Unidos e depois na Sicília […] ‘Vamos juntar as lideranças aqui e fazer uma organização a partir da qual nós vamos dominar tudo.’

As drogas que sustentariam o crescimento da facção PCC nos presídios passou a chegar em um fluxo constante da Bolívia, da Colômbia e do Paraguai, afinal as fronteiras se tornaram mais permeáveis após 1991, e a distribuição dentro do sistema penal se profissionalizou.

A ideia de que aquele que participa do tráfico de drogas é um “empregado” do crime [é apresentado por diversos autores que] abordaram a temática do tráfico de drogas, principalmente após a década de noventa.

Bem-vindo ao nosso admirável mundo novo neoliberal. Chega o momento certo para se semear: o solo está preparado.

Fotomontagem com homens sob o Muro de Berlin e de outro lado amotinados no telhado de uma penitenciária.
Derrubando fronteiras e preparando o terreno para o PCC

Facção PCC 1533 levando ao mundo seu objeto de desejo

Em nosso mundo liberal podemos hoje nos fortalecer ou nos destruir como indivíduos, cabendo a cada um a escolha daquilo que acredita ser o melhor para si.

Mesmos sabendo que o álcool, o cigarro, as drogas legais e ilegais nos fazem mal, temos acesso a esses produtos:

O mercado de drogas ilícitas e suas organizações criminosas passaram de coadjuvantes a atores importantes e tremendamente influentes após a queda do muro de Berlim. […] Porém, para adquirir estes objetos de desejo, agora passíveis de importação […]

… e nós, eu e você, desejávamos comprar o que bem quiséssemos e nem imaginamos as consequências (aliás, como ocorre normalmente durante as eleições).

Eu e você, que somos cidadãos de bem, nunca vamos assumir publicamente que nossas decisões ou o apoio que demos, mesmo que dentro de nossas redes sociais (família, amigos e colegas de trabalho), foram fundamentais para o crescimento da facção PCC.

O solo já estava preparado, mas faltava ainda dar melhores condições de trabalho para aquele que estava a semear a “boa nova”.

Mas talvez você se lembre que vibrávamos quando havia mortes dentro dos presídios, preso matando preso. E os governantes e agentes públicos, para alimentar a nós e outros que estavam ávidos por ver sangue na televisão providenciavam os espetáculos.

Bem-vindo ao nosso admirável mundo dos espetáculos. Quem semeia deve ser jogado aos leões: o circo está preparado.

Fotomontagem com uma família assistindo pela TV mortos em uma chacina em penitenciária e a foto do Jair Bolsonaro ao lado.
Bolsonaro e o show da isegurança pública

Zé Márcio foi escolhido para ir ao picadeiro.

Aquele que pregava em solo fértil foi enviado pelos administradores do sistema prisional para morrer na Penitenciária de Avaré, comandada então por Zorro, líder da facção Comando Democrático da Liberdade (CDL), e que era amigo de Rato, morto em 1991.

Zé Márcio seria morto em uma vingança, seu corpo seria apresentado para a imprensa, algum dos presos seriam culpados por sua morte e o Primeiro Comando da Capital (PCC) perderia uma de suas principais lideranças… só que não.

Ao chegar a triagem em Avaré, Zé Márcio se recusa a ir para o “seguro”. Alguém lhe oferece uma faca na entrada e ele também recusa. Entra no complexo e segue direto para o pátio onde Zorro está jogando futebol, vai até ele e chuta a bola para fora do presídio:

Qual é o problema? Eu não tenho nada contra você. Estou aqui, então se é para me matar, mata logo, vamos resolver aqui mesmo, agora.

A coragem de Zé Márcio é reconhecida, e Zorro e a facção CDL se convertem. Dessa vez não houve espetáculo no circo para o meu e o seu prazer, mas, sim, o plantio de um vasto campo com as sementes da facção Primeiro Comando da Capital.

Aquelas mãos que jogaram Zé Márcio em Avaré, e ajudaram a consolidar o poder da facção PCC 1533 dentro dos presídios, jamais baterão no peito exigindo o mérito dessa semeadura, assim como…

… eu e você jamais assumiremos que assistíamos pela TV as chacinas que ocorriam dentro dos presídios, enquanto no silêncio de nossas salas aplaudíamos as mortes e pedíamos secretamente outras aos políticos e aos administradores do sistema carcerário.

A palavra chacina não tem uma conotação jurídica como homicídio ou latrocínio, sendo representada no âmbito jurídico como “homicídios múltiplos”. Chacina, portanto, é uma expressão popular que desencadeou um acúmulo de violência contra um grupo de pessoas estereotipadas, seja pela classe social, cor da pele ou ação política.

Camila de Lima Vedovello e Arlete Moysés Rodrigues+

Bem-vindo ao mundo real, onde nem sempre o que idealizamos acontece, mas sempre podemos negar nossa participação na culpa.

Fotomontagem com a símbolo da organização criminosa 1Ndrangheta e do PCC sob a frase "parceria no mercado internacional".
O PCC e a ‘Ndrangheta e a parceria internacional

Facção PCC 1533 fechando com a ‘Ndrangheta

“Se houver amanhã”, de Sidney Sheldon, era um dos preferidos de Zé Márcio, e esse amanhã chegou. Os campos já estavam prontos para serem colhidos por organizações feitas sob medida para o competitivo mundo do comércio globalizado.

A organização criminosa ‘Ndrangheta buscava um parceiro no Cone Sul capaz de suprir suas necessidades e o volume de negócios da organização italiana em 2008 equivalia ao PIB reunido de todos os estados do Norte do Brasil: 163 bilhões de Reais.

Apenas um grupo poderia encarar o desafio de trazer drogas das lavouras da Bolívia, da Colômbia, do Peru e do Paraguai passando por trilhas, estradas e rios, atravessando pelo Brasil e enviá-las para a África e a Europa: o Primeiro Comando da Capital.

“Os corretores da máfia são tão poderosos que lidam diretamente com o PCC. Traficando da Colômbia, da Bolívia e do Peru, passando pelo Paraguai como rota de trânsito.” — Zully Rolón, ministro da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai

A parceria entre as duas organizações criminosas possibilitou que a ‘Ndrangheta passasse a hegemonia do tráfico de drogas da América para a Europa com o dominando 80% do fluxo. — Última Hora

Um dos esquemas, tinha como base as esteiras do Terminal do Aeroporto de Guarulhos:

As bolsas seguiam pelas esteiras rolantes até a área restrita, onde funcionários aliciados pelo Primeiro Comando da Capital recebiam dos comparsas as fotos com as imagens das malas recheadas com drogas, e as embarcavam para Portugal, França e Holanda, na Europa, e também para Johannesburgo, na África do Sul.

A estrutura do Primeiro Comando da Capital no exterior está muito bem estruturada: conexões políticas e logística em Moçambique permite a reexportação para os Estados Unidos, Europa e Austrália, através de conexão em Malawi.

O Ministério Público de São Paulo revelou que Marcos Roberto, conhecido como Tuto, é adido no Consulado de Moçambique no Belo Horizonte, Minas Gerais. O quê? Isso mesmo! Por essa via, não espanta que tivesse passaporte diplomático moçambicano! Vejam…até onde tráfico brasileiro penetrou em Moçambique: até o tutano do Governo, traficante recebendo honrarias de diplomata.

Marcelo Mosse

Um sistema político e econômico sob medida

Assim como essa, outras organizações internacionais que buscaram parcerias para se manterem no mercado globalizado tiveram que negociar com o PCC.

[…] o mesmo tipo de relacionamento é feito com organizações, como, por exemplo, ‘Ndrangheta, […] se você quiser pode conferir, barcos com bandeira boliviana foram pegos pela Marinha grega e depois pela guarda costeira turca, que tinha levado primeiro cocaína, depois levaram haxixe, […] é que essa aqui é uma organização criminosa que conseguiu o que o Pablo Escobar só sonhou […] É a primeira vez na história do Ocidente, aliás, eu acho que é a primeira vez na história da humanidade que uma organização criminosa consegue esse tipo de sucesso.

Hugo Antonio Achá Melgar

Todo o dinheiro movimentado nessas operações são lavados por uma série de processos independêntes, desde uma pizzaria em um bairro ao envio ao exterior:

O dinheiro das drogas, cigarros e armas vendidas no Brasil voltam ao Paraguai utilizando os mesmos transportadores que levaram as mercadorias.

Em solo paraguaio, os reais são entregues em dinheiro às casas de câmbio, que os repassam aos importadores e comerciantes de mercadorias da China.

Estes repassam os recursos aos bancos paraguaios, argumentando que receberam aqueles reais do Paraguai.

Revela documento de inteligência americana citada em artigo: „Erstes Kommando der Hauptstadt“ und italienische ‚Ndrangheta in Paraguay

Bem-vindo ao futuro, onde a movimentação de pessoas e mercadorias é livre e controlada pelas organizações transnacionais.

Emprego de Risco: Lavar dinheiro da facção PCC 1533

Estar sendo acusado de lavar dinheiro da facção PCC Primeiro Comando da Capital é hoje a menor preocupação de empresário de segurança privada.

Preso empresário acusado de lavar dinheiro da facção PCC

Lavar dinheiro da facção PCC 1533 (Primeiro Comando da Capital) é uma das atividades mais rentáveis e tem muitos integrantes querendo essa função.

Todos querem para si colocar as mãos nesse dinheiro, mesmo sabendo que os próprios colegas cobrarão qualquer desvio.

Todos querem para si essa posição, mesmo sabendo que as autoridades estão de olho para pegar como informante.

É muito dinheiro. É muita tentação. É muita informação.

Certa vez, um contador da facção criminosa Primeiro Comando da Capital caiu e para reduzir a pena entregou a estrutura da facção.

Theodorelli, o cagueta X9, garantiu a prisão de nada menos que 175 integrantes, entre eles a alta cúpula do PCC, incluindo o próprio Marcola.

Dicionário da Facção PCC – Regimento Disciplinar da Organização Criminosa

  1. Caguetagem:
    Fica caracterizado quando são exibidas provas concretas ou reconhecimento do envolvido. A
    sintonia deve analisar todos os ângulos, porque se trata de uma situação muito delicada.
    Punição: Exclusão, cobrança a critério do prejudicado.

Não prestou. Theodorelli não foi preso e entrou no Programa de Proteção às Vítimas e Testemunhas (Provita).

Por algum motivo ele saiu do Provita e foi assassinado logo em seguida no bairro Pedregal, em Novo Gama, Goiás, no entorno do Distrito Federal.

leia também como são os setores da facção e qual a função dos Disciplinas

Contador resolve Matar para não morrer

Pense em um lugar onde se pode procurar proteção contra o crime: algo assim como uma empresa de segurança.

Vinícius é o dono da empresa que conta com a colaboração de agentes públicos como policiais e agentes penitenciários.

Para não morrer Vinícius mata “Cara Preta” e “Sem Sangue”, integrantes do PCC — não em nome do combate ao crime, mas para salvar a própria pele.

O empresário era responsável por lavar dinheiro do Primeiro Comando da Capital, mas como a ganância é incontrolável acabou metendo a mão na cumbuca.

Tem como fugir da punição da facção PCC?

Dicionário da Facção PCC – Regimento Disciplinar da Organização Criminosa

  1. Mão na cumbuca:
    É caracterizado quando rouba algo da organização, dinheiro, drogas, armas, etc… Trata de uma situação grave.
    Punição: exclusão e morte, depende da situação com análise da Sintonia.

Ele seria julgado e condenado a morte pelo Tribunal do Crime do PCC, mas para evitar a sentença, matou seus antigos parceiros de negócios.

Assim, em 2021, matou um dos Sintonias da Rua, Anselmo Santa Fausta, o “Cara Preta”, e o seu braço direito, conhecido como “Sem Sangue”.

O contador foi o mandante e dois os executores. Um deles foi morto no ano seguinte e o outro, um agente penitenciário continua desaparecido.

Agora Vinícius quer dar uma de Theodorelli e se propôs a entregar toda a cúpula da facção ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa de São Paulo.

Boa sorte.

leia matéria completa no R7

As drogas proibidas pelo Primeiro Comando da Capital

Há drogas proibidas pelo Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533). Agora é a vez das maconhas sintéticas, mas já foi do crack. O PCC vende crack em suas biqueiras? Qual é a lei do crime para as drogas pesadas?

Drogas proibidas pelo Primeiro Comando da Capital sendo usadas como arma

Primeiro Comando da Capital e seu aliados proíbem que seus membros utilizem crack e loló, e mesmo outras drogas liberadas têm que ser usadas com moderação. Você é quem tem que controlar a droga, não ela você.

43º – Uso de droga não permitida:

Caracteriza-se quando faz uso do crack ou óxi, que a organização não permite. Em alguns estados foi solto um comunicado em cima do roupinol (comprimido e álcool) o que pode ser também punido.
Punição: no caso do crack e óxi: exclusão de início sem retorno.

→ Punição: no caso do crack e óxi: exclusão de início sem retorno. No caso do roupinol: de 90 dias à exclusão depende da situação. Deve ser bem analisado pela Sintonia.

Dicionário Disciplinar Atualizado — PCC 1533

Como pimenta nos olhos dos outros é bobagem, o delegado carioca Marcos Vinícius Braga nos conta que:

… a entrada do crack nas favelas cariocas foi a condição imposta pela facção criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) para continuar a vender cocaína para o Comando Vermelho.

leia texto completo: O gato preto, a facção PCC e a Seita Satânica

Drogas proibidas pelo Primeiro Comando da Capital: maconha sintética

Não é a primeira vez que a imprensa noticía que há drogas proibidas pelo Primeiro Comando da Capital, mas sempre a polêmica começa na Cracolândia.

Não é a primeira vez que a imprensa noticia que há drogas proibidas pela facção paulista PCC, mas sempre a polêmica começa na Cracolândia.

Agora é a vez da spice, a maconha sintética, tem efeito colateral que leva alguns dos usuários a buscar socorro médico de urgência.

O “salve” da Facção PCC 1533 tenta diminuir a presença de equipes de socorro e policiais na área de comércio prejudicando os negócios.

(Os usuários) têm de ser socorridos, então chama mais atenção do que normalmente o tráfico de crack chama.

delegado Ronaldo Sayeg, diretor Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc)

Ao contrário de outras vezes, a proibição vale apenas para a a cracolândia, mas pode ser um processo que termine por proibir dentro do sistema carcerário.

Assim como o crack que tem sua venda controlada (a facção diz onde e quem pode comercializar ou usar) o spice deixa agressivo o usuário.

Além desse problema a droga causa psicose, paranoia, taquicardia e arritmia, precisando então de atendimento médico.

A organização criminosa permitiu o uso até o dia 1º de fevereiro de 2023 para que os estoques fossem zerados.

Passado o prazo, se alguém insistir na comercialização responderá pelo artigo 44 do Dicionário do PCC 15.3.3 (Regime Disciplinar da Facção).

leia artigo completo no Metrópolis

PCC Proibindo o crack nos presídios

O Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) proíbe o uso do crack dentro dos presídios? O PCC vende crack em suas biqueiras? Qual é a lei do crime para as drogas pesadas?

Você já experimentou a cocaína 100% do Comando? Fala sério! Aquela branquinha cujos cristais brilham…

Não quero te falar nada não, mas essa não é a 100% do Comando — se te disseram que é, só lamento.

Faltava oportunidade para vir falar para você sobre essa super droga, de edição limitada e de fabricação e distribuição controlada pelo alto escalão do PCC, mas agora, graças à pesquisadora Iara Flor Richwin Ferreira, vou tratar desse assunto.

Antes de começar, eu vou propor a você um acordo: você posta a fórmula da Coca-Cola e eu posto a fórmula da 100% do Comando.

Iara, em sua tese para a UnB Crack: substância, corpos, dispositivo e vulnerabilidades. A psicanálise e a prática clínico-institucional com usuários de crack, traça um perfil do usuário dessa droga e das suas relações com a sociedade e com os traficantes:

“… os usuários de crack, apesar de alimentarem o comércio de drogas, são humilhados, escarnecidos e violentados inclusive pelos próprios traficantes, que consideram que os ‘nóias’ atrapalham as dinâmicas dos pontos de venda com seu constante ir e vir, e, principalmente, os classificam moralmente como degradados que perderam o controle sobre o próprio corpo, sobre o próprio consumo, sobre a própria dívida, sobre o próprio caráter”

Iara descreveu com perfeição o que é visto nas ruas.

Nas ruas — especialistas para venda do crack

Não é qualquer biqueira que distribui o crack, e, por algum tempo, o Primeiro Comando da Capital tentou retirar das ruas essas drogas, mas a demanda não pode ser reprimida, então, antes de perder o monopólio, voltou ao mercado.

No entanto, nem todos os comerciantes trabalham no varejo com esse tipo de cliente, mas a aproximadamente a metade dos pontos de venda de drogas no interior e 80% na capital paulista tem o crack entre as opções oferecidas ao consumidor.

Para atender aos usuários de crack, o vendedor tem que ser diferenciado. São: os mais violentos; aqueles que ainda não conquistaram espaço para atender a um público mais selecionado; alguém que está pagando uma dívida — alguns vendem por opção comercial, mas são minoria.

Na capital paulista, nas regiões da classe média como Higienópolis, Itaim Bibi ou Pinheiros, o quilo do crack sai para o varejista a 30 mil Reais o quilo, já na região da Cracolândia no centro é vendido por 45 mil.

A razão para essa diferença é que na região central onde são negociados diariamente 12 quilos do produto por dia há muitos usuários, pouca concorrência e pouca presença da polícia.

Um retrato nada colorido do centro de São Paulo

A repórter Paula Lópes Barba em artigo no El País“Los caminos de ‘Cracolândia’ – el mayor mercadillo de droga de Brasil”, apresenta a inútil guerra contra o tráfico de drogas travada há 25 anos no coração da cidade de São Paulo pelo governo do Estado.

Há muito tempo as drogas são vendidas em barracas ou de mão em mão a céu aberto no que é conhecido como Cracolândia.

A reportagem questiona o uso da força para combater o vício. Afinal, qual seria o melhor caminho: o tratamento compulsório e redução de danos ou a repressão policial?

O tráfico na região é monopolizado pelo Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533): do fornecimento dos insumos à venda ao varejo, impondo regras de disciplina para esse mercado que há seis anos supria 4.000 usuários e gerava uma receita de 550 mil de Reais por dia (105 mil de dólares).

O Estado tentando controlar o incontrolável

Durante as últimas décadas o Estado foi comandado pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) que combateu o problema integrando as ações das polícias investigativa e coercitiva, com equipes de saúde pública e assistência social — mas o resultado foi pífio ou de pouca duração.

Tarcísio Freitas do Partido Republicano assumirá em 2023 o governo do Estado devendo priorizar o uso da força para coibir o tráfico, alinhado com o discurso do então ex-presidente e seu padrinho político Jair Bolsonaro.

Nesse meio tempo, o que se vê, são os prédios eram como cortiço e nos quais ofereciam prostituição, inclusive de menores, e receptação de objetos roubados que eram trocados por drogas.

Pelas ruas, legiões de usuários continuam a vagar de um ponto para outro em busca das drogas em frente das “fachadas históricas repletas de grafites com símbolos do PCC como Yin-Yangpalhaços ou tendas. Os números 1533 escritos em todos os lugares”.

Nas trancas — nada de crack

Iara continua…

“Também nas cadeias controladas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), é possível observar a estigmatização e depreciação moral em relação ao crack, onde o fim da circulação e consumo dessa droga teve alcance. O que está na base da justificação da ‘extinção’ do crack nessas cadeias, […] relaciona-se ao seu grande potencial de promover a contração de dívidas e desencadear conflitos, mas […] também está estreitamente associada ao limite moral que o crack representa. ‘Degradação’, ‘falta de controle’ e ‘droga que faz o cara roubar a mãe, matar a mãe e tudo mais’ são os argumentos levantados por Marcola…”

O Marcola era homicida, sequestrador, roubava banco, não tinha nada a ver com a facção, mas é um homem articulado. E quando ele foi levado para o presídio de Tremembé [no interior de SP] começa a conversar com os últimos presos políticos no sistema prisional e aprende com eles sobre como estruturar o tráfico, a gerenciar como uma empresa, ao mesmo tempo em que vende internamente para os detentos a ideia de uma irmandade revolucionária.

desembargadora Ivana David

A pesquisadora faz um diagnóstico preciso, irretocável, expondo casos de dentro do sistema, mas faço uma correção — se a cadeia é “controlada pelo Primeiro Comando” não há crack em hipótese alguma.

A regra não vale para todas as unidades prisionais

Se existe comércio e consumo de crack, a facção paulista PCC ainda não está no controle da tranca.

Quando eu era criança achava que os usuários de drogas e alcoólatras saiam da prisão limpos, já que com tanta polícia e com tanta muralha não entraria drogas.

Quando crescemos, aprendemos que as regras impostas pelo Estado de Direito nem sempre são levadas a sério, principalmente nas periferias e no Sistema Prisional.

Mas nos presídios sob o controle efetivo da facção o crack não entra, pois está proibido no Regimento Interno da facção, assim como o uso abusivo de drogas:

Artigo 43 — Uso abusivo de drogas:

Se caracteriza no efeito da droga ou álcool. É um mau exemplo pois se prejudica, fica paranoico, agressivo, e até mesmo tendo que ser medicado devido ao abuso.

Punição: 90 dias se o mesmo se comprometer a mudar, a exclusão depende da situação.

Dicionário do PCC 15.3.3

A cocaína 100% do Comando e o Crack

Se você não está dentro do Sistema, e em uma das unidades em que estão autorizadas a entrada da 100% do Comando, só lamento, mas vai morrer sem experimentar.

Vou te contar: nessas unidades, até os ASPENs sabem quando ela chegou, pois a tranca fica agitada e parece que vai virar, mas é só sairem da frente e esperarem a normalidade voltar.

A 100% do Comando — amarela e opaca — é uma super cocaína sem os efeitos colaterais trazidos pelo crack, uma droga especial, de edição limitada e de fabricação e distribuição controlada pelo alto escalão do PCC.

Antes de terminar, retiro o acordo que lhe propus.

Se você postar a fórmula da Coca-Cola, vai ser processado e fica por isso mesmo, mas eu, se postar a fórmula da 100% do Comando.

Vou ter que responder a um Salve — fala sério! Não é uma troca justa.

Um caso real de um aliado do PCC

Uso de drogas proibidas pela facção

O Bonde dos 40 do Maranhão corria a época com os garotos do Primeiro Comando da Capital.

Como acontece com a maioria dos aliados, algumas práticas da facção paulista são absorvidas.

Ricardo matou seu companheiro de facção que não conseguiu abandonar uso do “loló, uma droga baseada baseado em clorofórmio e éter e que está na lista negra das facões criminosas.

Primer Comando Capital e o Hezbollah

O Primer Comando Capital e seu crescente poder na região da Tríplice Aliança chama a atenção das autoridades para seu poder de fogo.

La Nacion dá destaque ao Primer Comando Capital

O Primer Comando Capital, como é chamada a facção paulista PCC 1533 em parte da comunidade de língua espanhola, é destaque na imprensa argentina.

La Nacion destaca que em ações em Rosario, o grupo criminoso utilizou como arma mais poderosa a metralhadora FMK3 e uma pistola 9 mm metralhadora.

O jornal ainda lembra que no Paraguai os criminosos do PCC tem a disposição metralhadoras antiaéreas calibre 12.7 montadas em caminhões.

O tráfico de armas não é um dos braços da facção paulista, descobriu-se uma manobra para abastecer o PCC com armamento militar do Paraguai.

As armas circulam por todos os lados da Tríplice Fronteira.

A Polícia Militar do Paraná interceptou dois caminhões com pistolas. espingardas e fuzis escondidos em um carregamento de arroz.

Em 2019, foi descoberta uma linha de abastecimento de armas militares que chegou às mãos do PCC a partir de um eixo estabelecido em Buenos Aires-Rosário.

Na ocasião, inclusive um canhão antiaéreo com projéteis de 20 mm fazia parte do acervo de armas e munições que era realizado em nosso país para embarque ao Paraguai, onde o PCC se estabeleceu em vigor.

A interceptação desse contrabando de armas foi mais uma prova de que as redes dessa organização criminosa têm tentáculos cada vez mais longos.

leia matéria completa no artigo de Daniel Galo no La Nacion

Não se deve no entanto pensar que a organização brasileira age apenas oomo um grupo comercial no ramo ilegal de drogas e armas, a facção paulista, possúi uma ideologia como é usual nos grupos terroristas.

Manifesto del Primer Comando de la Capital — organización criminal brasileña PCC 1533

Os terroristas islâmicos e o Primer Comando Capital

Pensemos em um grupo de pessoas que no início tinham poucos adeptos, mas na humildade foram conquistando moral e espaço.

Em determinado momento quando já tinham certa força passaram a utilizar da violência para fortalecer sua posição e conquistar rapidamente ainda mais seguidores.

Com o crescimento essas pessoas criaram uma estrutura piramidal para melhor gerenciar e controlar seu crescimento, implantando uma hierarquia semelhante das organizações militares.

Eles inclusive adotavam regras rígidas de conduta e a busca de um objetivo intangível.

Por um objetivo seus membros, por considerar justo, fariam qualquer esforço em pról de seu grupo, até entregando a sua própria vida ou a de outros.

Facções criminosas e extremistas religiosos

O parágrafo acima pode ser utilizado igualmente para descrever o nascimento, o crescimento, e o amadurecimento tanto do Primeiro Comando da Capital de Marcola quanto do Islamismo de Maomé.

Ambos os grupos quando retiramos a tinta ideológica vemos que foram feitos com mesmo barro e queimados no mesmo forno e ambos criaram para si e para seus atos justificativas para o injustificável.

Se por um lado o islamismo radical considera lícito matar soldados israelenses e ocidentais em nome da Guerra Santa contra os opressores americanos, a facção paulista acredita ser justo matar policiais e servidores públicos para combater o sistema opressor.

Gente de paz também mata

A maioria absoluta dos membros de ambos os grupos são pessoas que abominam a violência feita pela minoria radical, mas são esses poucos intolerantes, dominadores, e suicidas que mantêm a identidade assassina do grupo e impõe o medo e o respeito perante a sociedade e aos inimigos.

A proximidade dos métodos é tão grande que o islã converte para sua religião, e o PCC batiza aqueles que aderem aos seus ideais.

Ambos são jihadistas, visto que é exigido o jihad (esforço e sacrifício) tanto dos seguidores de Maomé quanto os de Marcola, mas coincidências entre as filosofias dos dois grupos não para por aí.

Johana Catherine Pérez Calderón no artigo “La Triple Frontera como polo de atracción del yihadismo en la región de América Latina: Orientación teórico-histórica”, alerta que a soma de vários fatores deu base para que os serviços de inteligência dos países do hemisfério norte focassem sua atenção no intercâmbio entre os grupos extremistas estrangeiros e as facções brasileiras: Primeiro Comando da Capital PCC 1533 e Comando Vermelho CV.

Fatores determinantes na Tríplice Fronteira (Brasil, Argentina, e Paraguai):

  • proximidade das ideologias e métodos das organizações;
  • desigualdade social e econômica nacionais;
  • explosão demográfica a partir da década de oitenta;
  • comunidade de imigrantes muçulmanos;
  • células do Hezbollah, do Hamas, do Al-Qaeda, e do Estado Islâmico (EI);
  • dificuldade dos governos de controlarem a circulação pelas fronteiras;
  • corrupção de funcionários públicos, policiais, e militares; e
  • geografia e biodiversidade que dificultam a fiscalização do tráfico de drogas e armas.

A Tríplice Fronteira como um solo fértil

O autor conclui esse trecho do trabalho trazendo a preocupação do diretor do jornal Vanguardia, Hector Guerin: a experiência em operações de guerra convencional e não convencional trazida pelas organizações estrangeiras poderá se somar ao conhecimento tático das facções criminosas brasileiras, e esses últimos serão as fontes de recrutamento dos futuros terroristas.

Essa região é conhecido como um centro financeiro e de tráfico de armas do Hezbollah, sofrendo permanente monitoramento dos serviços secretos dos países do hemisfério norte, e é exatamente nesse local que o PCC tem investido para obter o monopólio das atividades ilícitas.

Não há como negar o intercâmbio comercial entre as organizações, cabe descobrir apenas analisar o quanto ela estaria influenciando dentro da estrutura cultural e operacional da gangue, e qual o seu envolvimento no complexo jogo internacional de poder e espionagem.

A morte do megatraficante como fagulha no palheiro

O assassinato de Jorge Rafaat Toumani e de quase uma dezena de pessoas ligadas ao Primeiro Comando da Capital apenas nesse ano, talvez não seja apenas fruto da guerra declarada entre ela e o Comando Vermelho CV.

Essa possibilidade tem tirado o sono dos que estudam o assunto, pois pode ser o caminho de entrada do terrorismo internacional em terras brasileiras ou a exportação da tecnologia gerencial e de método desenvolvido pela organização criminosa PCC para outros países.

A Tríplice Fronteira também sofre forte influência da máfia Chinesa, no entanto não parece estar havendo interesse da facção paulista na integração com esse grupo, mas a proximidade geográfica e de interesses paralelos terá efeito na transferência de conhecimento na lavagem internacional do dinheiro do tráfico.

A Guerra como ponto de desrruptura

A guerra entre o PCC X CV se dá em um momento de mudança cultural, os governos mais sensíveis aos direitos humanos e civis: Barack Obama e Lula/Dilma estão sendo substituídos por Donald Trump e Michel Temer.

O primeiro sinal de alerta de que haverá uma maior fiscalização das células criminosas é a declaração do novo Ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, que o tráfico de armas e drogas dentro das fronteiras só será alcançado com o esforço internacional envolvendo todas as nações interessadas.

Para o Primeiro Comando da Capital e para o Comando Vermelho isso significa que o jogo só está começando, ou então que está acabando.

A facção PCC 1533 planta sua própria maconha no Paraguai?

Facção PCC 1533, o Primeiro Comando da Capital, passa a produzir a sua própria maconha para exportação no Paraguai, é o que afirma o SENASP, mas um pesquisador questiona essa conclusão.

Facção PCC 1533: direto das fazendas paraguaias para as cidades européias

A facção PCC 1533, a maior organização criminosa brasileira, está expandindo seus negócios para o cultivo de maconha no Paraguai?

Relatórios governamentais paraguaios afirmam que sim, mas, de fato, não há certeza de como o Primeiro Comando da Capital (PCC) está agindo.

As especulações começaram no final de agosto, com a descoberta de seis plantações de maconha em Colônia Estrella, município no departamento oriental de Amambay.

Uma placa informava que os campos eram propriedade do PCC e que invasores seriam mortos, disseram os agentes da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (SENAD).

Leia também: A facção PCC 1533 no nordeste do Paraguai

Outras apreensões com a marca da facção PCC 1533

Em julho, funcionários da SENAD na Colônia Estrella descobriram sacos plásticos cheios de maconha, com as iniciais “PCC” rabiscadas neles.

Então, nas redes sociaism o SENAD afirmou que essas apreensões provavem que o PCC controla o cultivo de maconha na Colônia Estrella.

Os campos desativados “formavam um centro de produção e armazenamento de maconha em grande escala” da organização criminosa paulista em solo paraguaio.

“(O PCC) busca monopolizar o tráfico de drogas desde a fonte”, afirma um agente da SENAD.

Análise Criminal InSight

Será uma mudança, se confirmado que a facção PCC 1533 que é tradicionalmente um comprador atacadista de maconha, agora cultiva a própria maconha no Paraguai.

Certamente, o departamento de Amambay, que fica na fronteira do Brasil, é uma das principais áreas de produção de maconha da América Latina.

Amambay é também o principal reduto da facção brasileira no Paraguai, que por lá se consolidado como a maior compradora de maconha dos produtores locais.

No entanto, assumir a produção marcaria uma grande mudança na forma como o comércio de maconha funciona no Paraguai.

Carlos Peris, cientista político e especialista em tráfico de drogas da Universidade Católica de Assunção afirma explica como funciona o mercado de drogas no Paraguai:

Os agricultores raramente cultivam exclusivamente para um grupo ou traficante, mas geralmente têm vários clientes.

Podemos dizer que a droga plantada e apreendida pela SENAD era para o PCC? É claro.

Podemos dizer que essa plantação era exclusiva do PCC? Absolutamente não.

Leia também: A facção PCC 1533 e o Exército do Povo Paraguaio EPP

De acordo com Peris, o comércio de maconha de Amambay tem um modelo de cadeia de abastecimento com acordos de longo prazo.

Os agricultores locais cultivam e colhem apenas algumas toneladas do total disponível para vender a intermediários que, posteriormente, vendem o produto na fronteira.

Só nesse ponto do processo é que grupos criminosos brasileiros, como o Primeiro Comando da Capital agem abertamente.

Se o PCC estivesse experimentando sua própria produção de maconha, a quadrilha estaria tentando eliminar os dois primeiros elos dessa cadeia de abastecimento, aumentando potencialmente sua margem de lucro.

O PCC atua há muito tempo no narcotráfico no Paraguai

A facção paulista aumentou com sucesso o número de membros recrutando nas prisões e ganhou dinheiro com o tráfico de armas e sequestros.

O site InSight Crime revelou anteriormente, e as recentes apreensões por parte de autoridades paraguaias confirmaram que o grupo passou ao cultivo de maconha.

Apesar dos fatos, resta a dúvida:

Em síntese, pode ser um fazendeiro usando o nome da temida organização criminosa Primeiro Comando da Capital para afastar invasores e ladrões.

Enfim, mesmo que o PCC não seja proprietário direto das plantações de maconha, afinal, qualquer associação com o grupo pode ajudar os agricultores a proteger suas terras.

Leia também as últimas notícias do “Primeir Comando Capital” no Paraguai

Quem são os Disciplinas do PCC 1533? Como e onde atuam?

Os Disciplinas do PCC 1533 dentro da hierarquia da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (facção PCC).

“Disciplina do PCC 1533” retrata a força unificadora na facção criminosa de São Paulo. Integrantes do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) demonstram orgulho na disciplina rígida. Porém, descobrir os genuínos representantes da hierarquia da facção tornou-se um desafio.

Submersos na complexidade do crime, estes “Disciplinas” personificam o controle estrutural similar a grandes corporações. Cada faceta da organização, do financeiro à transmissão de regras, evidencia uma estrutura intricada de poder que define o PCC.

Incentivamos vivamente os leitores a compartilharem suas opiniões sobre a matéria em nosso site, no grupo de leitores ou por mensagem privada. Explore a complexidade do PCC e participe da discussão.

Os Disciplinas do PCC 1533 na hierarquia da facção

Os “Disciplinas do PCC” representam o músculo robusto que mantém coeso o conglomerado criminal de São Paulo. A Primeiro Comando da Capital é conhecida por sua disciplina rigorosa, um ponto de orgulho para seus membros. No entanto, recentemente, tornou-se uma tarefa cada vez mais desafiadora localizar nas periferias e no submundo do crime os autênticos representantes da hierarquia da facção.

A hierarquia dentro da organização criminosa

É evidente que não utilizam termos como “departamento” e “setores”, mas na prática a facção criminosa reproduz a organização administrativa de qualquer grande empresa legal.

Departamentos:

  • Financeiro: recebimento das contribuições e controle: dinheiro, contas bancárias e investimentos;
  • Sintonia do Cadastro: gerencia o ingresso e a situação cadastral dos batizados, tendo registro de nome, local e padrinhos;
  • Salveiro: transmite as atualizações de regras da cúpula para toda a base operacional — alguns comparam com o cargo de Relações Públicas da empresas, mas seus comunicados são apenas comunicados internos;
  • Sintonia do Progresso: são os responsáveis pela execução das missões especiais e cotidianas; e
  • Sintonía dos Gravatas: são os advogados da facção.

Ficha de Cadastro no sistema PCC 1533

Além dos departamentos existem os cargos de gerenciamento. Os chamados “Resumos” podem ser “Geral dos Estados e Países” ou “Geral do Estado”, mas podem ter um local específico de atuação, como o “Geral das Trancas do estado” ou o “Geral das Trancas da unidade prisional”.

Facção PCC: Mensagem do Resumo às lideranças dos estados

O Conselho de Administração da organização criminosa Primeiro Comando da Capital é chamado Sintonía Final.

Os Disciplinas recebem as informações dos Salveiros e agem de acordo com o Sintonía da comunidade para manter a paz entre os ladrões.

A Sintonia Final comunica a todos os irmãos que foram feitas algumas mudanças necessárias em nosso Estatuto. O PCC foi fundado em 1993…

OS Disciplinas da facção PCC na Cracolândia em São Paulo

Houve um tempo em que eu acreditava em um mundo ideal, caberia a polícia defender as pessoas com justiça, mas esse tempo acabou.

Assim como eu, a pesquisadora Deborah Rio Fromm Tinta também aprendeu que o mundo é mais complexo do que vemos nos filmes.

Logo me dei conta que uma rodinha de disciplinas estava por ali também. Fiquei mais tranquila.

Vários pontos de conflito que emergiram foram apaziguados graças à mediação dos disciplinas.

O humorista Márcio Américo, que certa época da vida foi um assíduo frequentador da Cracolândia concorda:

A polícia e a prefeitura apenas fingem ter controle do local que é completamente dominado pelo Primeiro Comando da Capital.

Observando o Papel do Disciplina do PCC na Cracolândia

No turbulento epicentro da Cracolândia, a pesquisadora Deborah Rio teve a oportunidade de acompanhar em primeira mão as operações dos “Disciplinas do PCC 1533”.

Eram esses homens que orquestravam as negociações com traficantes, dependentes químicos, jornalistas, forças policiais e autoridades governamentais.

Os Disciplinas do PCC 1533 constituem a espinha dorsal da facção, presentes nas ruas, nas biqueiras, nos presídios e onde mais a organização criminosa marca sua presença.

A eles é confiada a responsabilidade de aplicar o Dicionário do PCC (o Regime Disciplinar) e os salves (alterações temporárias ou locais à regra geral).

O medo e o ódio alimentam seu poder e sua autoridade – cordeiros não balem em terras onde lobos uivam.

Continua Deborah:

Porém, o clima era de tensão. Em determinado momento, um usuário, M., começou a questionar exaltadamente o coordenador do programa e da ação, o Capitão Renato Lopes da Silva.

Nesse momento, chegou um disciplina.

Ele se aproximou, passou na minha frente, não tocou em ninguém, só pediu licença com uma voz grossa.

Todo mundo abriu passagem.

O disciplina colocou a mão no ombro de M., cuja fisionomia já havia mudado totalmente … M. se acalmou e disse que respeitava os ‘entendimentos’.”

Discionário da organização criminosa PCC 1533 — Regime Disciplinar da facção

Em um ambiente pacífico não aparece polícia

Os chamados “Disciplinas do PCC 1533” assumem a tarefa complexa de instaurar a ordem em territórios sob controle do Primeiro Comando da Capital. Eles cobram civilidade de usuários e traficantes locais, garantindo um verniz de paz nas proximidades dos pontos de venda de drogas, evitando, assim, o olhar incisivo da polícia.

Essa função social e política dos Disciplina do PCC 1533 os colocam em posição de negociar com as comunidades e as autoridades:

… o Prefeito Fernando Haddad também estava lá. Alexandre de Moraes, o prefeito e um dos Disciplinas discutiam no interior do espaço do Programa Recomeço… o local estava fechado e havia muitos policiais na porta…

Deborah Rio Fromm Tinta

Houve um tempo em que alimentei a utopia de que a manutenção da ordem e a defesa dos cidadãos seria uma prerrogativa da polícia, mas esse período idealista se foi.

A pesquisadora Deborah Rio, através de seus estudos, ilustra que a segurança pode ser um papel desempenhado por personagens não ligados ao aparato estatal.

Em determinadas comunidades, a proteção e a paz não são garantidas pelo governo, mas sim pelos Disciplinas do Primeiro Comando da Capital. Para vislumbrar a realidade, precisamos primeiro abandonar as miragens.

É uma verdade incontestável que nas regiões sob o claro domínio do PCC há uma redução nos índices de homicídios e crimes menores. No entanto, a “opressão do sistema” é substituída por uma força mais sombria, que não hesita em mutilar e matar.

Os Disciplinas do PCC 1533 dividem-se em atuações específicas, alguns operando dentro das prisões e outros nas ruas.

Nas ruas – os Disciplinas das Quebradas:

O Disciplina da Quebrada opera numa “biqueira” ou num bairro. Dependendo do tamanho e da importância do local, podem existir várias cidades e bairros sob a tutela de um Disciplina. Em geral, onde há vários, um se sobressairá como o “Disciplina Final da Cidade”. Há também os “Disciplinas do estado”, que atuam em qualquer lugar para resolver conflitos mais sérios. E, finalmente, os “Disciplinas dos Estados e Países”, que são enviados para áreas de confronto com outras facções ou para mediar problemas com lideranças locais.

Nos presídios – os Disciplinas da Trancas:

Os Disciplinas do PCC 1533 que permanecem atrás das grades são conhecidos como “jets”. Eles também obedecem a uma hierarquia: “Jet da unidade” e “Jet do estado” – embora possam também ser denominados como Disciplinas.

Leia a tese completa da pesquisadora Deborah

Facção PCC 15.3.3: Volksgeist ou Patologia Social?

Erstes Hauptstadt Kommando, volksgeist: o Primeiro Comando da Capital (Facção PCC 15.3.3) como espírito de um povo oprimido e reprimido.

Facção PCC 15.3.3 como força revolucionária

Publicar que os integrantes da facção PCC 15.3.3 são revolucionários já me mandou à delegacia para prestar depoimento, no entanto é um fato.

O Primeiro Comando da Capital age com violência para conquistar visibilidade e se apresentar como alternativa de opção de poder para uma fração da sociedade.

A omissão do poder público em proteger essa fração da sociedade joga-á nos braços de qualquer um que se mostre capaz de lhe defender.

…o PCC esboça reação transgressora perante o exercício daquilo que classificam como alienação, perversão e aceitação passiva da sociedade, perante os valores estabelecidos a partir do conceito de justiça, face aos aspectos representativos do universo do
crime.

Alvaro de Souza Vieira e Renato Pires Moreira

Com esse espírito revolucionário, os Crias do 15 se empoderam e enfrentam a sociedade constituída com apoio de grupos marginalizados: criminosos ou não.

Os corpos aprisionados nos cárceres transformaram as prisões em um espaço “vivo” dotado de um “espírito próprio” e esse espectro dominou corpos sociais nas periferias.

Transpondo para o fenômeno PCC o conceito de “cidade dentro das Cidades” de Robert Ezra Park posso afirmar que os Crias do 15 são revolucionários.

Essa fração raivosa da sociedade assume para si a perspectiva da promoção de melhores condições, normas e critérios dentro de hábitos, costumes e práticas comuns da parcela da sociedade a qual pertencem, sejam prisões ou periferias das cidades.

Facção PCC 15.3.3 como uma força interior silenciosa

Volksgeist: o espírito do povo como um ser vivo marcado por forças interiores silenciosas com consciência que é mantida permanentemente sufocada e controlada para não se rebelar.

Em alguns momentos na história esse espírito do povo salta depois de aguentar por muito tempo viver com brasa aos seus pés.

Em maio de 2006 assistimos esse raro fenômeno.

Os ataques da facção PCC obrigaram a sociedade parar e ouvir. A ação, criticada pela sociedade constituída, mas com forte apoio de grupos marginalizados.

Carta para o mundo do crime do país

A facção PCC 15.3.3 não é uma força interior silenciosa

Vai pensando que Primeiro Comando da Capital adormece em sua cidade.

Não, os Crias do 15 não adormecem, são homens e mulheres perseguidos por homens e mulheres, à espera do momento de mudar a sociedade.

Desprezados fora da comunidade, para sobreviver se uniram aos gaviões, aos falcões, e aos seres selvagens que lhe deram acolhida.

Venham olhar de perto e de dentro, venha sentir o sangue pulsando, os dentes rangendo, e os barulho dos tiros nos cárceres e nas periferias.

Definitivamente não há nada de silencioso em sua cidade, mas você não quer ouvir e para que não ouçam o som da mídia badra alto.

Cartilha de Conscientização da Família PCC 1533

para não ver Olhe para fora e para longe

Só ignorando a realidade é possível ignorar a influência da organização criminosa PCC 1533 na construção histórica de sua cidade.

Hoje a urbanidade das grandes cidades levam em consideração as alterações sociais que os ataques do PCC incorporaram no modo como as pessoas se relacionam.

Há quem não tem consciência disso são os que, segundo Étienne de La Boétie em seu Discurso da Servidão Voluntária, se alimentam, se protegem e pastam bovinamente.

Facção PCC 15.3.3 como uma comunidade que se opõe à sociedade

A oposição de uma comunidade se opondo à sociedade é um conceito descrito por Émile Durkheim, Ferdinand Tönnies, Georg Simmel e Max Weber.

Mas foi Tönnies quem melhor descreveu as características de uma comunidade: laços de sangue, relações primárias, consenso entre seus membros, e rígido controle social.

Não há melhor forma de descrever o PCC — será Tönnies leu o Estatuto do Primeiro Comando da Capital, quando ele escreveu “laços de sangue”?

Mas no tempo de Tönnies esse termo tinha um entendimento diferente do que temos hoje.

Facção PCC 15.3.3 um grupo de “communitas”

Max Weber lembra que as cidades ocidentais se formaram da mesma intenção que os fundadores do Primeiro Comando da Capital tiveram para criar a facção:

… uma forma dos excluídos amotinados moradores dos burgos medievais fazerem frente ao poder do príncipe ou do bispo formando irmandades (communitas).

A base desses amotinados seria o interesse mútuo de proteção e eram garantidos por um juramento (conjuratio), ou no caso da facção PCC, o batismo feito para que um integrante se torne “irmão”.

A psicóloga Silvia Ramos garante que a possibilidade da facção manter a ordem é superior ao do Estado de Direito, pois ninguém duvida de sua capacidade de ação.

A força da facção é uma característica típica das comunidades em contraposição com a da sociedade, essa última sim um um ser vivo marcado por forças silenciosas.

Facção PCC 15.3.3 unindo os que fogem da opressão

Os camponeses que fugiram da miséria e se juntaram nas cidades medievais no século 9.

Escravos libertos e exilados europeus empobrecidos que fugiram da miséria se juntaram nas favelas e nas periferias dos centros urbanos no início do século 18.

Seja nos séculos 9, 18 ou 21, essas pessoas empobrecidas eram consideradas “patologias sociais”.

Foram combatidos e mortos como pessoas preguiçosas e criminosas, mas foram eles que enterraram a Idade Média e forjaram a Era Industrial.

O Primeiro Comando da Capital assim como eles é tido como uma patologia social, e talvez o seja, mas não é o que pensa Durkheim.

Émile Durkheim, no entanto, afirma que não há como saber quando uma sociedade está no ponto de ruptura e quais serão os atores dessa mudança.

Sendo assim, ainda não podemos cravar se a facção PCC 1533 é uma relação social de ruptura ou patologia social, pois estamos cegos pela proximidade.

E vamos considerar os Crias do 15 heróis, criminosos dependendo dos interesses da classe social, das condições de vida e comunidade a qual pertencemos.

Texto publicado originalmente em 16 de agosto de 2016.

Primeiro Comando da Capital eleito pelos não eleitos

O Primeiro Comando da Capital foi eleito pelos não eleitos como força capaz de lutar contra as injustiças do sistema de Justiça.

Primeiro Comando da Capital e o mundo ideal e pacífico

O Primeiro Comando da Capital foi eleito pela parcela dos não “eleitos” para tensionar a ordem considerada por alguns como sendo a ideal e pacífica.

A organização criminosa PCC 1533 conquistou os corações não apenas do mundo do crime, mas de toda uma parte da sociedade alijada de seus direitos.

Enquanto uma parcela da sociedade defende que os “Direitos humanos para os humanos” — de forma a garantir seus direitos enquanto negá-os à outros.

Quando os “direitos humanos” deveriam ser inalienáveis para todos — não apenas para os “eleitos”, se bem que nunca foi em lugar algum.

Gerciel afirma que o mundo não é ideal e e nem pacífico

Gerciel Gerson de Lima, cujo artigo posto abaixo desse texto, lembra que a pena é um instrumento de vingança e castigo — nós só douramos a pílula.

Alguns tem seus corpos apropriados e dominados e pagam pelos seus erros quando condenados, enquanto outros não, estão acima do encarceramento.

Todos vimos poderosos cometendo crimes e sabemos que ficarão impunes, enquanto nas comunidades periféricas pessoas são aprisionados por quase nada.

Os pesquisadores Álvaro e Renato em seu artigo apontam que a criação do Primeiro Comando da Capital só foi possível graças a essa trágica realidade.

Alvaro de Souza Vieira Renato Pires Moreira
Análise de inteligência: das ações ideológicas disciplinares e correcionais promovidas pelo Primeiro Comando da Capital.

Sonhar é preciso, mesmo para os não eleitos

Essa camada alijada por uma parcela de seus direitos e até de seus corpos passaram a sonhar com paz, justiça, liberdade, igualdade e união.

Assim, a facção paulista foi reconhecida como defensora do sonho desses todos que não foram “eleitos” como estando acima do encarceramento.

Alguns julgam serem eles relevantes para a sociedade e justos, enquanto “outros” seriam aqueles que tensionam a ordem social considerada ideal e pacífica.

A organização criminosa PCC 1533 foi eleita por essa parcela dos não eleitos para sim, tensionar a ordem considerada por alguns como ideal e pacífica.

Cartilha de Conscientização da Família da organização criminosa PCC 15.3.3

Os mais abastados raramente são de fato punidos pela lei

Tem sido usual no seio social, a opinião no sentido de concepção da pena como instrumento de vingança e castigo, assim poucos se lembram de que a finalidade da pena é retributiva, preventiva e ressocializante, conforme consta da própria Lei de Execuções Penais, sendo defendida pela maioria dos doutrinadores, é a teoria da finalidade utilitária da pena, daí a necessidade de vinculá-la à coação, na condição de resposta a algo ou a determinado fato.1

Porém, o que não se pode desconsiderar é que a pena, pelo menos no que diz respeito ao direito penal, é um exercício de poder do homem sobre o próprio homem.

Já fizemos breve exposição sobre a pena, baseada em Michel Foucault, no que diz respeito à questão do suplício, que nada mais é do que uma pena na qual a coletividade se “apropria” do corpo do condenado como forma de dominação e repressão a ações contrárias ao status quo estabelecido àquela época.

É incoerente afirmar que a pena será maior ou menor, mais ou menos intensa, de acordo com o contexto histórico em que é definida e aplicada.

A prisão como forma de protejer as elites

Vera Malaguti Batista2  instrui a questão explicando que “na primeira metade do século XIX, a possibilidade de rebeldia começa a assombrar as elites.

Os números de delitos contra a propriedade aumenta desde o final do s éculo XVIII”, haja vista que “as necessidades da burguesia modelaram amplamente as funções de defesa social do direito penal, e mantiveram as antigas diferenciações de classe da legislação penal.

E completa a autora explicando que a prisão se converte na pena mais importante de todas no mundo ocidental.

Essas penas tomaram diversas formas e gradações de acordo com a gravidade do delito e com a posição social do condenado.

Fica de fácil apreensão, neste contexto, que a pena não atinge a todos de forma igualitária, já que, como exposto anteriormente no caso das prisões, os mais abastados raramente sofrem as conseqüências na prática de determinado ilícito e, assim, a pena não cumpre qualquer papel no que diz respeito à restauração da justiça.

Camila Cardoso de Mello Prando3 complementa o assunto lecionando ser praxe entre os historiadores, que o “controle punitivo se desenvolve em consonância às mudanças estruturais relativas ao novo sistema econômico e político capitalista”, completando a discussão ao expor que “o foco principal recai sobre o surgimento das prisões enquanto punição central desta nova forma de controle.”

Até aqui é possível conceber uma ideia básica a respeito da pena, mas também é necessário entender que, aliada à norma, ela tem a finalidade de tutelar os bens jurídicos garantidos pelo Estado.

Juridiquês para justificar o injustificável

Em outras palavras, seu caráter repressor busca impor aos agentes que compõem o tecido social o alerta de que o desvio de conduta nas normas pré-estabelecidas será punido e, dessa forma, tenta evitar o aviltamento dos referidos bens, mas aqui novamente se torna necessário expor a fragilidade de tal conceito, uma vez que a pena não tem caráter erga omnes, pelo menos no que diz respeito à posição social do criminoso.

Todavia, há que se destacar como fator principal deste tópico o caráter de retribuição e ressocialização da pena. Para isso basta uma simples consulta ao Código Penal brasileiro, especificamente em seu artigo 59, para compreender que:

O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:

I – as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II – a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III – o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV – a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

Fonte e Biografia

Este texto é um trecho da Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP, do Dr. Gerciel Gerson de Lima, sob orientação da Professora Doutora Ana Lúcia Sabadell da Silva do Núcleo de Estudos de Direitos Fundamentais e da Cidadania em 2009 – SISTEMA PRISIONAL PAULISTA E ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS: A PROBLEMÁTICA DO PCC – PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL.

  1. Cf. JAKOBS, Günther; MELIÁ, Manuel Cancio. Direito penal do inimigo: Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p.22.
  2. BATISTA, Vera Malaguti. Difíceis ganhos fáceis. Rio de Janeiro: Renavan, 2003. p.46.
  3. PRANDO, Camila Cardoso de Mello. A contribuição do discurso criminológico latino-americano para compreensão do controle punitivo moderno: controle penal na América Latina. In: Veredas do Direito.  Belo Horizonte: Escola Superior Dom Helder Câmara, jan.-jun. de 2004. p.79.

Pacificação: a paz entre entre ladrões

A paz entre os ladrões foi conquistado pela pacificação do Primeiro Comando da Capital após o massacre do Carandirú.

A Pacificação PCC como gestora da “paz entre ladrões”

Paz entre ladrões é uma missão impossível, apesar de teóricos imaginarem há milênios formas de controlá-los…

Estamos no ano 1993 depois de Cristo. Todo o mundo do crime está em guerra… Todo? Não! Uma Casa de Custódia povoada por irredutíveis sobreviventes do Carandiru ainda resiste ao opressor.

Se considerarmos apenas nossa realidade recente podemos ver duas experiências bastante distintas: a do Regime Militar e os do Período Democrático:

Conheça a Carta do PCC ao Mundo do Crime de 3 de agosto de 2017

Quem poderá trazer a pacificação ao mundo do crime

Ambos os regimes tentaram cada um a seu modo controlar, sem sucesso, a violência nas comunidades dominadas pelo crime.

… o governo, não conhece a realidade das cadeias, o PCC criou raízes em todo o sistema carcerário paulista.

Nas prisões, diretores ultrapassados, da época repressão, tentavam resolver o problema de maneira que em foram doutrinados: porretes, choques, água fria, porrada…

Não foi suficiente. Em menos de três anos, já eram três mil. Em menos de dez anos, 40 mil.

Carlos Amorim

Álvaro e Renato, policiais e pesquisadores, afirmam que foi aí que o a facção PCC 1533 aproveitou a lacuna deixada pelo poder público.

Análise de inteligência: das ações ideológicas disciplinares e correcionais promovidas pelo Primeiro Comando da Capital — Álvaro de Souza Vieira e Renato Pires Moreira

A paz entre ladrões só pode vir de dentro para fora

Aqueles criminosos conheciam e se fizeram ser respeitados nas comunidades em que estavam inseridos: nas carceragens, nas comunidades periféricas e no mundo do crime.

Esses grupos, por milênios, foram excluídos do controle social do Estado, sendo deixados à própria sorte para viverem sob o julgo dos mais fortes.

Nesse meio o Primeiro Comando da Capital assumiu a “gestão da violência”, dentro do conceito aceito do “monopólio do uso da força pelo Estado”.

Gabriel Feltran nos conta que as comunidades periféricas, criminosas ou carcerárias, terminaram se adequando às normas da facção e não colaborando mais com a polícia.

Assim, um modo específico de gestão do uso da violência nas interações entre a polícia e o crime é estabelecido. Não existe agressão física, tampouco troca de tiros ou enfrentamento, mas um conflito ‘contido’ inserido numa esfera de interação discursiva voltada ao alcance de acordos financeiros.

Indaiatuba SP: um exemplo prático da paz entre ladrões

Em 27 de fevereiro de 2012 produzi um dos primeiros artigos onde descrevi a pacificação promovida pelo Primeiro Comando da Capital em uma comunidade periférica:

Edgar Allan Poe ensinava que existia uma forma correta para se açoitar uma criança: devia ser da esquerda para a direita.

O escritor explica a razão:

Todas as pancadas devem ser na mesma direção para lançar para fora os erros, mas cada pancada na direção oposta, soca para dentro os erros.

Talvez ele tenha razão.

Apesar das surras impostas pela sociedade, o tráfico de drogas e o crime se mantêm fortes e robustos.

Passamos pelo Regime Militar e pela Redemocratização e, com lágrimas nos olhos, vejo que não há mais esperança para o problema: falhamos.

Açoitamos a criança em todos os sentidos, e não em uma única direção como Allan Poe orientou.

E em rebento crescido não haverá açoite que possa ser dado pelo sistema policial e jurídico que surta qualquer efeito, o mal feito está feito.

Só nos cabe abaixar a cabeça e apreciar a divisão dos despojos entre os criminosos que se organizaram e se fortaleceram sob nossos próprios açoites.

continua após o mapa…

Diálogo entre ladrões: assim fundiona a paz entre ladrões

Esse diálogo trocado sobre um conflito no Morada do Sol demonstra como a organização criminosa gere os conflitos de maneira natural e com profundo conhecimento:

Edson Rogério França, o “Irmão Cara de Bola”, “Torre” da organização criminosa em Indaiatuba conversa com Willian do bairro Morada do Sol.

Willian Neves dos Santos Vieira, o “Irmão Sinistro”, é soldado da facção criminosa e morador da rua Custódio Cândido Carneiro no bairro:

— O espaço que tem lá na rua 59 é bom, é meu e do Mateus, tá ligado irmão? O irmão Matheus, conhece o Matheus? — pergunta Sinistro.

— Não, não conheci. Você fala o do trailer?

— Não irmão, lá embaixo na 59, lá embaixo, no trailer é o Marcelo, é outro menino, inclusive ele pega mercadoria de ti. — explica Sinistro.

— Não, de mim não. — se defende Cara de Bola.

— O sol brilha para todos, tenho este espaço lá há mais de treze anos. Agora, um menino meu estava precisando de uma força e eu ajeitei um canto para ele fazer a caminhada, e o Cláudio agora está ameaçando matar a mulher dele. Pô, o Cláudio é prá cá, eu sou mais prá lá, pro fundão, sou lá do lado da rua 80 e da rua 78. Já o TG do CECAP é firmeza.

Tribunal do Crime do PCC – o mediador aceito

Eu não conheço o Cláudio, portanto eu não posso afirmar que ele tenha sido açoitado quando criança do lado certo ou errado.

O que sei é que ele também negocia as drogas do Primeiro Comando da Capital e, portanto, deve ter tido as mesmas aulas que os outros criminosos.

Cláudio teve que prestar contas de sua atitude. Ele já estava sem saber em análise por suas atitudes.

Outro dia ele foi mostrar uma pedra de crack para Keiti Luis Von Ah Toyama, o “Irmão Japa”, mas este não gostou, disse que era um pouco melada.

Cláudio explicou que é a mesma que não é a da boa, é da comercial, a mesma que vende em suas lojas:

— Se quer quer, se não quer não quer, é R $10,50 a grama, é pegar ou largar.

Seja como for, as crianças cresceram e aprenderam a brincar sozinhas, agora não adianta mais bater do lado certo e nem reclamar o leite derramado.

Cláudio foi julgado por quem obteve o direito de impor as regras naquele local aproveitando a omissão do Estado.

Conheça o Dicionário do PCC (Regulamento Disciplinar da facção)