Biqueira Comprada: PCC e a favela do Issac no Jardim Novo Itu

O artigo explora a expansão do PCC no Jardim Novo Itu através da estratégia de “biqueira comprada”, mostrando como o grupo criminoso consolida seu poder no tráfico de drogas e na disciplina local.

Biqueira comprada: Neste artigo, abordamos a expansão do PCC e sua estratégia de aquisição de pontos de venda de drogas. Escrito originalmente em 7 de janeiro de 2012, o texto destaca como o grupo criminoso tem aumentado sua presença e domínio em áreas como Jardim Novo, impactando a segurança e a qualidade de vida dos moradores locais.

Biqueira Comprada: A Estratégia do PCC de Domínio Territorial

O PCC, uma das maiores organizações criminosas do Brasil, tem expandido seu controle sobre o tráfico de drogas em várias comunidades. Um exemplo disso é a situação em Jardim Novo Itu, onde o “caso da biqueira comprada” revela a estratégia adotada.

A expressão “biqueira comprada” se refere à aquisição de pontos de venda de drogas, também chamados de “biqueiras”, de outros traficantes ou grupos criminosos, ou a uma transação realizada entre “irmãos, companheiros e aliados” dentro da própria facção.

Vantagens da Estratégia de Biqueira Comprada

A estratégia de compra de biqueiras permite que o PCC assuma o controle desses pontos e aumente sua participação no tráfico de drogas na região sem ter que travar uma guerra pelo controle, além de também prevenir disputas pelos pontos de venda entre os criminosos do grupo.

Antes da implementação desse método de domínio territorial, era comum haver disputas entre biqueiras, rua a rua, cidade a cidade, resultando em mortes no mundo do crime e chamando a atenção da sociedade e das forças policiais.

Esse caso do Jardim Novo Itu demonstra como se dá esse método que tem consolidado o poder do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) através da compra de biqueiras.

Impacto na Vida dos Moradores Locais e a Ascensão do Irmão Bola de Fogo

Além disso, a estratégia de biqueira comprada também tem impactos na vida dos moradores locais. Com o aumento da presença do PCC, muitos moradores se veem forçados a conviver com os roubos, furtos e tráfico, que substituíram os crimes violentos causados por confrontos entre criminosos.

A biqueira comprada na Favela do Isaac, localizada no Jardim Novo Itu, por João Carlos, conhecido como irmão Bola de Fogo, e Júlio César, apelidado de Preto do Jardim Vitória, ilustra como a organização criminosa tem expandido seu controle sobre o tráfico de drogas no Brasil.

O peculiar apelido de Bola de Fogo foi escolhido por sua esposa Aline. Em 18 de novembro de 2008, ele foi batizado no PCC, após passar pelo teste de fidelidade ao assassinar um homem conhecido como Thiago.

Pela biqueira comprada, o irmão Bola de Fogo pagou 10 mil reais para Preto do Jardim Vitória, que estava preso na Penitenciária de Avaré. Preto é um exemplo de sucesso no mundo do crime, liderando dezenas de pontos de drogas e coordenando todos os “disciplinas” e “sintonias” da cidade.

O Controle da Disciplina na Cidade e a Distribuição de Drogas

O poder que Bola de Fogo recebeu de Preto do Jardim Vitória não se limitava apenas ao comércio de drogas. Ele comprou o direito de controlar a disciplina na cidade. Uma vez, ouvi Júlio César perguntar a Bola de Fogo quem estava na sintonia da cidade, e ele respondeu:

É eu que sou o geral aqui, mano.

Bola de Fogo também assumiu a distribuição das drogas da cidade. Em um dia, ele enviou os moleques para buscar drogas que estavam em falta no estoque da Favela do Isaac, mas quando chegaram na “lojinha” do Jardim Vitória, ela estava fechada, sem ninguém para atender. Bola de Fogo não hesitou e ligou para o patrão na Penitenciária de Avaré.

O Preto do Jardim Vitória manda da prisão uma mensagem à Bola de Fogo

Se estrutura no barato aí mano é a maior satisfação pra mim mano, amanhã ou depois é ver você estruturado aí mano, se eu chegar em você e falar pô, empresta uma arma pra mim, pra eu sair fora desse inferno aqui cara e você me emprestar é a maior satisfação ver você lindo e elegante, mantendo as caminhadas e indo pra cima da situação, ter a organização mano, os moleques que tão do seu lado tem que tê bala na agulha de verdade mesmo.

No dia 21 de agosto de 2009, Preto do Jardim Vitória foi transferido para a Penitenciária de Casa Branca. Posteriormente, rumores indicam que ele teria sido enviado para a Penitenciária de Presidente Venceslau, também conhecida como P2. Contudo, a partir desse momento, eu já não acompanhava mais sua trajetória.

O Desaparecimento da Favela do Isaac no Jardim Novo Itu

A Favela do Isaac no Jardim Novo Itu, mencionada nesta história, já não existe mais. Seus habitantes, que por muitos anos “incomodaram” os “cidadãos de bem” da cidade, foram transferidos para os prédios do CDHU nos Alpes, na periferia da periferia da cidade, seguindo a política de segregação social em vigor no Brasil desde a Lei Áurea e o retorno dos soldados negros da Guerra do Paraguai.

“Juízes sem rosto”: uma resposta às ameaças da facção PCC

As ameaças do PCC a membros do Judiciário impulsionaram a proposta de “Juízes sem rosto” no Brasil. A medida busca proteger as autoridades, mas levanta questões sobre transparência e responsabilidade.

A proposta de “Juízes sem rosto” e o impacto do Primeiro Comando da Capital na segurança do Judiciário

A proposta polêmica de “Juízes sem rosto” surge em resposta às ameaças do PCC 1533, uma das maiores organizações criminosas do Brasil.

A medida busca proteger os profissionais do Judiciário, mas levanta preocupações com transparência e responsabilidade em um país onde a Justiça nunca foi justa.

Facção PCC 1533 e a segurança das autoridades

A influência do PCC é significativa, pois coloca em pauta a segurança das autoridades. A proposta visa garantir o anonimato dos profissionais, dificultando a ação do PCC e outras organizações criminosas. Porém, questões sobre visibilidade e poder surgem.

Foucault e o poder

Analisando o artigo à luz das ideias de Michel Foucault, a proposta de “Juízes sem rosto” exemplifica o exercício do poder na sociedade moderna. O poder é um fenômeno disperso e presente nas relações sociais, exercido pelo PCC e pelo Estado.

Panopticon e vigilância

A criação de “Juízes sem rosto” pode ser interpretada como uma extensão do Panopticon, garantindo anonimato e vigilância invisível. A proposta levanta questões sobre a relação entre visibilidade e poder, um tema central na obra de Foucault.

Preocupações com transparência e responsabilidade

A proposta de “Juízes sem rosto” traz preocupações sobre transparência e responsabilidade no exercício do poder judiciário. É crucial questionar se a implementação dessa medida pode aumentar o poder estatal sobre os cidadãos e erodir garantias democráticas e direitos individuais.

Conselho Superior do Ministério Público

O procurador de Justiça Antônio Carlos da Ponte, membro do Conselho Superior do MP-SP, defendeu a adoção da estratégia “Juízes sem rosto” no Brasil.

Essa abordagem foi utilizada contra cartéis colombianos e proposta devido às ameaças constantes sofridas pelo promotor Lincoln Gakiya, principalmente após a descoberta de um novo plano de assassinato pelo PCC.

O Conselho Superior aprovou, por unanimidade, uma moção de solidariedade a Gakyia.

texto base: Ameaças do PCC: conselheiro do MP propõe juízes e pomotores sem rosto

MS-13 e PCC: Estudo Comparativo das Organizações Criminosas

Comparação entre as organizações criminosas MS-13 e PCC, analisando a expansão territorial, estrutura, atividades criminosas, impacto social e político, além do envelhecimento das lideranças. Rizzi enfatiza a crescente influência desses grupos e a preocupação que isso representa para a sociedade.

Meu caro Francesco Guerra,

Espero que não se importe que lhe responda publicamente.

Recentemente, dediquei algum tempo à análise e comparação de dois grupos criminosos de grande notoriedade: o MS-13 e o PCC, já que minha análise e comparação de dois outros grupos, o Tren de Aragua e o Primeiro Comando da Capital, não lhe agradou.

Mas, acredito que os pontos em comum entre essas organizações possam ser de seu interesse e, por isso, compartilho minhas descobertas.

Origens e Expansão das Gangues MS-13 e PCC

O MS-13, também conhecido como Mara Salvatrucha, teve suas raízes em Los Angeles na década de 1980, formado principalmente por imigrantes salvadorenhos.

Com o tempo, a gangue se espalhou por diversos países da América Central, como El Salvador, Honduras e Guatemala.

Por outro lado, o Primeiro Comando da Capital foi fundado em São Paulo, Brasil, em 1993.

Esta organização criminosa cresceu e consolidou-se no sistema prisional brasileiro, expandindo-se para outros estados e até mesmo se espalhou por diversos países da América do Sul, como Bolívia, Paraguai e Argentina.

Ambos os grupos têm mostrado uma expansão territorial notável, buscando novos territórios e estabelecendo alianças com outras organizações criminosas, acumulando poder militar, econômico e político, na medida em que agora representam ameaças existenciais aos estados em que atuam.

Os dois grupos emergiram de bairros pobres e nas prisões onde o estado historicamente manteve uma presença brutal, repressiva e corrupta.

Estrutura e Organização das Organizações Criminosas

Francesco, é interessante notar que tanto o MS-13 quanto o PCC têm uma estrutura hierárquica bem definida. No MS-13, a liderança é composta por “palabreros”, que coordenam as atividades da gangue e supervisionam os membros mais jovens. O PCC, por sua vez, possui uma estrutura complexa com líderes, gerentes e soldados, organizados de forma a garantir a continuidade das operações mesmo com a prisão de membros-chave, comparei certa vez esse sistema a grama, não sei se se lembra:

Assim é a facção criminosa paulista. Cada unidade dessa estrutura gramínea é autônoma, mas suas raízes se emaranham por todo o jardim — por menor que seja a unidade, ela ainda é parte importante no fortalecimento do todo.

A facção PCC 1533 e o Exército do Povo Paraguaio EPP

Os líderes coordenam por meio de órgãos conhecidos como sintonias (PCC) e ranflas (MS-13), mas os grupos locais têm liberdade significativa para implementar as decisões tomadas pela liderança.

Atividades criminosas

A violência é uma instituição tão natural como a própria vida humana. Decorre do nosso instinto de sobrevivência, sendo o grande motivo para o homem ter dominado a natureza. Mas essa afirmação não pretende trazer glamour à violência.

Talvez no último estágio da existência humana, a evolução definitiva seja exatamente vencer o instinto natural que nos propala a nos destruirmos mutuamente.

Conexão Teresina: uma crônica sobre a atuação do PCC no Piauí

As principais atividades criminosas em que o MS-13 e o PCC estão envolvidos incluem tráfico de drogas, extorsão, sequestro e assassinatos.

Além disso, ambos os grupos utilizam violência brutal e demonstrações de força para intimidar rivais, autoridades e comunidades onde atuam, e tem conexões e atividade em três continentes: África, América e Europa.

Ambos compram cocaína diretamente de fornecedores atacadistas na Colômbia, Venezuela, Bolívia ou Equador para revenda na cadeia de valor. Ambos os grupos também fizeram incursões no controle de partes da cadeia de fornecimento de precursores químicos usados ​​na fabricação de drogas sintéticas.

Impacto social e político

Os dois grupos exercem um impacto social e político significativo nos países onde atuam. Eles afetam a vida das comunidades locais, alimentando o medo e a violência, e muitas vezes corrompendo as instituições governamentais. Isso resulta em uma deterioração da ordem pública e da estabilidade social.

O PCC tem um amplo alcance multicontinental, vínculos diretos com o tráfico e distribuição de cocaína na América do Sul, amplo controle territorial e capacidade militar no país economicamente mais significativo da América Latina, uma capacidade demonstrada de realizar ações espetaculares multimilionárias roubos de dólares e a capacidade de obter legitimidade social por meio da música e da mídia social.

Por outro lado, o estudo apresentado pelo Centro de Estudios Estratégicos del Ejército del Perú CEEEP:

Em muitos lugares, eles são vistos como autoridades mais legítimas do que o Estado. (…)  O resultado final deixa os grupos armados não estatais substituindo funções estatais, controle territorial e legitimidade percebida.

Os “crias” brasileiros, assim os integrantes do grupo criminoso salvadorenho, são fruto de fragmentação familiar e crescente desemprego juvenil e em ambos os casos, em ambos os casos, homens são mais de 90% de sua composição.

As organizações criminosas fornecem uma alternativa à economia formal e aos tradicionais mercados econômicos informais — mal remunerados e sem perspectiva de crescimento.

Em resumo, meu caro Francesco, as semelhanças entre o MS-13 e o PCC são notáveis. Ambos são organizações criminosas altamente estruturadas e violentas, com atividades que abrangem diversos países.

Legitimidade política

Francesco, como você sabe, o Primeiro Comando da Capital tem conquistado espaço nos governos da Bolívia, Argentina e Brasil.

Da mesma forma, o estudo do CEEEP mostra que o MS-13 também tem ganhado espaço dentro dos sistemas de governança locais, municipais e nacionais:

Ambas tornaram-se importantes impulsionadores da corrupção, do colapso do Estado e do controle criminoso de instituições e funções estatais no hemisfério.

Enfim, o envelhecimento

Meu caro Francesco,

Talvez o fenômeno que temos observado recentemente – o abandono de áreas menos rentáveis e a concentração na Rota Caipira e na Rota MarcoSur – não seja apenas uma escolha pelo lucro, mas também uma consequência do envelhecimento das lideranças:

Nosso trabalho de campo com o MS-13 nos últimos três anos descobriu que, à medida que os líderes e membros de gangues envelhecem e criam famílias, eles desejam cada vez mais um estilo de vida diferente e menos violento para seus filhos e netos, enquanto permanecem ativos no mundo do crime.

Os especialistas do Primeiro Comando da Capital disseram que a mesma tendência geral também está ocorrendo dentro desse grupo.

A crescente influência desses grupos deve ser motivo de preocupação para as autoridades e a sociedade em geral. Espero que minhas descobertas possam ser úteis para futuras investigações.

Atenciosamente,

Rícard Wagner Rizzi

Ah! Sugiro a leitura do artigo base deste texto, onde, além do que foi mencionado aqui, os autores também abordam as diferenças entre os dois grupos criminosos:

Evolution and Impact of Gangs in Central America and Brazil by Douglas Farah and Marianne Richardson.

O talarico de Itu, uma história de amor, traição e assassinato

O talarico de Itu, quando é encontrado morto, há suspeitas de que o crime tenha sido cometido por vingança. Leia agora!

Salvador, o talarico de Itu, o mistério de sua morte e a reflexão sobre a fidelidade em relacionamentos à distância.

No reino dos vivos, Salvador era um homem de contrastes. Quando sóbrio, era a personificação da gentileza, mas bastava beber um gole e um demônio adormecido acordava dentro dele. Era como se uma maldição o tivesse escolhido para fazer mal aos outros.

E foi assim que ele se envolveu com Pâmela, a esposa de um presidiário. Ninguém sabe ao certo como começou, mas na rua Dona Julia no bairro Alberto Gomes, todos sabiam do caso. E com o tempo, as fofocas e os olhares de reprovação se transformaram em ódio.

Mas Salvador não se importava. Ele estava cego pelo amor proibido e pela luxúria. E, para piorar as coisas, ele espalhava mentiras sobre Pâmela para os vizinhos. Uma palavra que se espalha como fogo e queima tudo à sua frente.

E foi assim que Salvador foi encontrado morto na rua. As suspeitas recaíram sobre os companheiros de cela do marido de Pâmela. Dizem que eles o mataram como vingança pelo relacionamento com a mulher do presidiário.

Mas a verdadeira causa da morte de Salvador, assim como o real teor de seu relacionamento com Pâmela, nunca foi totalmente esclarecido. A verdade se escondeu no mistério, envolvida em sombras que se estendiam por toda a comunidade.

E agora, como resultado dessa tragédia, somos confrontados com a pergunta: é justo que um homem que passa anos fora de casa possa exigir fidelidade de sua parceira?

O Talarico de Itu deveria morrer?

No entanto a lei do Primeiro Comando da Capital é clara quanto ao ato de talaricagem:

1. Ato de Talarico:
Quando o envolvido tenta induzir a companheira de outro e não é correspondido, usa de meios como, mensagens, ligações, ou gestos.
Punição: exclusão sem retorno, fica a cobrança a critério do prejudicado e é analisado pela Sintonia.

Dicionário do PCC – Regime Disciplinar de 45 ítens

Fidelidade é possível

Mas há uma história antiga que pode nos ajudar a entender esse dilema: a lenda de Penélope e Ulisses.

A esposa de Ulisses esperou vinte anos por seu marido, demonstrando uma fidelidade inabalável.

Será que Pâmela poderia fazer o mesmo? Ou ela também seria vítima da talaricagem e da traição?

A resposta, como sempre, permanece oculta no enigma da vida.

E a morte de Salvador continua sendo um mistério, uma história de amor, traição e assassinato que ficará para sempre gravada na história da rua Julia, no Bairro Alberto Gomes, aqui em Itu.

O PCC existira sem o neocapitalismo? Por que isso é importante?

Ao tentar entender se o PCC existira sem o neocapitalismo, entendemos a razão dos crias do Primeiro Comando da Capital serem como são hoje.

Se a facção PCC existira sem o neocapitalismo, pode nem parecer importante para você, mas não é assim não.

O sonho do moleque de enriquecer e ostentar tem mais haver com essa teoria econômica que com as raízes da facção dentro na opressão carcerária e das periferias.

Entendendo se o PCC existira sem o neocapitalismo

O neocapitalismo e o PCC são duas coisas difíceis de entender e totalmente diferentes, né não? Não, é não!

Não teria o Primeiro Comando da Capital se não fosse o mercado globalizado, tá ligado?

É por isso que estou chegando para dar a real numa questão que parece assim ser tão complicada.

Onde o PCC nasceu? Com o Massacre Carandiru em 91,com o Comando Vermelho no Rio ou na Casa de Custória de Taubaté em 93?

Todas as respostas estão certas, mas vou te provar, mano, que o buraco é ainda mais fundo e que tem mais bagulho envolvido aí.

E só vamos entender direito quando descobrirmo se o PCC existira sem o neocapitalismo.

Volta comigo até 9 de novembro de 1989

Foi aí na virada dos anos 90 que o mundo viu a queda do Muro de Berlim e a vitória do neocapitalismo sobre o socialismo internacional.

Mas não foi só isso, irmão. Tem o que tinha por trás disso que todo mundo tava olhando.

Essa história da queda do muro abriu as portas do Brasil pro neocapitalismo e pra globalização.

No embalo acabaram com um monte de regras de mercado e veio a privatização de serviços públicos, deixando vários irmãos desamparados e vulneráveis à criminalidade.

E foi aí que a organização criminosa Primeiro Comando da Capital entrou, irmão.

Com uma estrutura organizacional forte e bem montada, os caras ofereceram proteção e serviços pra uma galera abandonada pelo governo.

E assim, a facção PCC 1533 mostrou que conseguia controlar o comércio de drogas nas comunidades periféricas, nas prisões e até em outros países.

Tá entendo da razão que eu tô questionando você se o PCC existira sem o neocapitalismo?

Mesmo com filosofias diferentes o PCC existira sem o neocapitalismo?

Mas, peraí, isso não quer dizer que o Primeiro Comando da Capital é só uma organização criminosa, que visa lucro.

Um ex-irmão do 31 dá a real, a facção PCC 1533 é uma Família:

Li a reportagem mas só quero fazer uma observação que um integrante do 1533 não visa o lucro como prioridade.

Pode ter alguns na organização que visam apenas o lucro, mas eles estão com uma visão equivocada em relação a causa que é maior.

Porque a expansão do Primeiro Comando da Capital veio com muita luta ao longo desses anos.

Se fosse necessário travar outras batalhas para a continuação da filosofia do PCC eu não exitaria, mas a guerra é apenas uma consequência extrema de uma situação quando não se tem concordância….

Fica na paz

Os crias do 15 têm uma filosofia própria, baseada em ideias de solidariedade, justiça e respeito aos direitos humanos.

Eles são uma reação ao individualismo e ao egoísmo que são valores fundamentais do neocapitalismo, mano.

Enquanto a filosofia capitalista promove a competição e o lucro a qualquer custo, o PCC se preocupa com o bem-estar da comunidade e com a proteção dos mais fracos.

Mas não dá pra ficar só falando do PCC sem entender como a organização paulista nasceu, irmão.

Sê vai ver que não tem nada de sonho de riquesa na origem, o que se queria era liberdade, igualdade e justiça. Essa história do lucro e da ostentação só veio depois — muitos ainda, bravamente resistem.

PCC existira sem o neocapitalismo? organização social X empresa de sucesso

O neocapitalismo é um sistema social e econômico que privilegia os mais ricos e poderosos em detrimento dos mais pobres e vulneráveis.

Então, se queremos mesmo entender o Primeiro Comando da Capital, precisamos entender o modelo econômico e político de nosso país, irmão.

A facção PCC nasceu para tentar construir um sistema de solidariedade, justiça social e direitos humanos, e não para acumular poder e dinheiro nas mãos de poucos.

Quando isso mudou? Será que mudou?

Facção PCC: uma semente lançada em solo fértil

Não vem tirar o corpo não! Fomos nós todos que deixamos o solo fértil pras sementes que eram jogadas por Zé Márcio Felício, o Geleião do PCC.

Não sei onde cê tava e o que fazia em 90, mas enquanto isso…

Zé Márcio caminhava pelos corredores e pátios ocultos por trás das muralhas das cadeias, semeando a ideia nos corações e nas mentes dos detentos.

Quem me deu os detalhes dessa história foram: Marcio Sergio Christino, Antônio Marcos Barbosa de Quadros, e Leonardo Mèrcher Coutinho Olimpio de Melo.

Facção PCC 1533 e o admirável mundo novo

Cabe ao semeador retirar as sementes do celeiro e levá-las ao campo, ou a safra não virá; mas se ele jogar no tempo certo e num solo fértil, a colheita vem, não importa quem jogou a semente ou quem botou adubo no solo.

Na parada do semeador, o nome do cara que jogou a semente nem é falado, o que vale é o trampo que ele fez.

E aí, mano, quando a gente ajuda a fertilizar o solo pras sementes do Primeiro Comando da Capital, a nossa participação é importante, mas nosso nome também não.

A gente fica na humildade, negando que o resultado da nossa participação, mas cara, no fundo tamo ligado que ajudamos também.

Cada um de nós ajudamos a construir a facção PCC, mesmo que a gente tenha só escolhido o Collor pra presidente achando que ia ser uma coisa.

Collor implantou fortaleceu a organização criminosa ao abrir os portos para o mundo e derrubar barreiras. Simples assim.

O Partido do Crime da Capital é fundado no sangue de Rato

Mano, no dia 11 de março de 1991, as sementes do PCC foram plantadas em solo fértil durante um banho de sol no presídio do Carandiru.

O PCC não brotou em 1993 lá no Piranhão e se espalhou de uma vez só, mas na real, ele já tinha começado lá atrás, mas foi nesse ano que ele se consolidou…

Naquela tarde de chuva de 93, o Rato caiu morto pelas mãos do Geleião no Piranhão, como era chamado a Casa de Custódia de Taubaté.

Gelião fundava o PCC, regando-o com o sangue do Rato, enquanto o Zé Márcio (Geleião) jogava sementes de presídio em presídio, pregando a “boa nova”.

E assim foi a fundação oficial do “Partido do Crime da Capital – PCC”, mas também se definia o método que viria a ser adotado pela organização criminosa prá poder dominar territórios: botar terror sobre as lideranças inimigas para dominar todo o grupo que eles lideram.

Enquanto Rato morre o Muro de Berlim cai

Enquanto Rato morria, eu e você, derrubávamos o Muro de Berlim – o fim da história segundo o mano Fukuyama, só que não.

Deixamos as fronteiras livres para a circulação de pessoas e produtos, e nossa grande vitória foi a chave para o crescimento da facção PCC 1533.

É isso aí, irmão!

A facção PCC 1533 tava surfando na onda neocapitalista que varria o mundo, mano.

O Collor abriu os portos pra negociação com os parceiros gringos, baixando as taxas de importação e aumentando a concorrência no mercado.

E aí, cê sabe o que aconteceu?

Os preços das drogas e armas caíram e a gente nunca mais passou sufoco nas biqueiras.

Neocapitalismo e o PCC: feitos um para o outro

Com o mercado mais disputado, o tráfico deixou de ser coisa de muambeiro e passou a ser gerido por grupos que manjavam de comércio internacional.

Aí, meu chapa, começaram a surgir filiais de grupos criminosos de todo canto: Ndrangheta, Sacra Corona Unita, BGang, e até as máfias russas.

A fronteira já não era mais barreira, agora eles tavam negociando direto com os produtores e distribuidores daqui.

Muita gente já tava formando cartéis nacionais aqui na América Latina, mas aí, eu, você e o Zé Márcio derrubamos as barreiras que existiam.

Agora ele sorria, porque suas sementes não mais caíam em espinhos e pedras.

O Geleião teve uma visão foda, parecida com a de Lucky Luciano, que criou o primeiro sindicato do crime nos States e depois na Sicília.

Ele disse:

Vamos juntar as lideranças aqui e fazer uma organização que vai dominar tudo. 

E assim foi.

Morte alimentando o fim do ciclo da opressão carcerária

Eram espetáculos de morte dentro dos presídios, preso matando preso, que alimentavam nossa sede por sangue na televisão.

Os governantes e agentes públicos providenciavam tais espetáculos, mas sem saber fortaleciam a divulgação da “boa nova” de Geleião e do PCC.

O solo tava pronto, mas quem planta deve se arriscar e era hora de começar mais o show.

Zé Márcio foi escolhido e mandado pra Avaré, pra morrer, mas a história não foi fácil assim

Os administradores da prisão queriam vingança e botaram Geleião no meio dos inimigos, jogaram ele na cova dos leões.

Mas Zé Márcio não se acovardou, foi até o campo de futebol onde Zorro, líder da facção Comando Democrático da Liberdade (CDL) jogava, chutou a bola pra fora e desafiou:

O que você quer? Se quer me matar, então me mata agora, resolve aqui mesmo!

A atitude corajosa de Geleião não foi ignorada e Zorro e sua gangue CDL se converteram naquela hora para o Primeiro Comando da Capital.

E mais um campo fértil foi plantado pro PCC florescer, mas não se engane, a culpa pelas chacinas é nossa também.

Nós e as chacinas nos presídios

Todo mundo aplaudia a violência nos presídios e pedimos mais morte em segredo.

“Chacina” pode ser uma palavra popular, mas no mundo jurídico é só um jeito que descreve a violência contra um grupo de pessoas por outra que se acha superior.

Enquanto isso, os “cidadãos de bem”, podem escolher seu caminho superior ao nosso.

Mas essa liberdade tem um preço, e somos nós quem vendemos para eles as drogas que, mesmo sabendo que fazem mal, eles consomem porque é difícil resistir ao seu apelo fatal.

Mas é o livre mercado de um mundo sem fronteiras, não era isso que queriam? Então, enquanto se achavam mais inteligentes, foram os PCCs que dominaram o mercado.

E o mercado negro de drogas tá aí, é poderoso e influente.

Quem jogou a semente não assume

A semente foi plantada, o PCC cresceu e se consolidou nos presídios, mas quem deu as sementes que jogou Zé Márcio em Avaré nunca vai assumir sua culpa.

E nós, que negamos nossa participação nas chacinas, também temos nossa parte obscura.

E aí a gente se pergunta: onde foi que erramos, como chegamos aqui?

É só lembrar como tudo isso começou, com a ganância de uns e o sofrimento de outros.

Será que alguém quer o fim da opressão carcerária, e um mundo mais justo e mais humano, enfim?

Será que o Primeiro Comando da Capital esqueceu suas origens se curvando para o lucro prometido pelo neocapitalismo das fronteiras abertas?

O ex-irmão do 31 afirma que não, que continuam fiéis, mas o que eu vejo, é cada vez mais é o sonho por riqueza, poder e ostentação predominar.

A nova geração do PCC 1533: uberização e economia de mercado

A nova geração do PCC teve origem e objetivos diferentes dos primeiros integrantes do Primeiro Comando da Capital, e onde isso nos levará?

A nova geração do PCC e a antiga geração

A nova geração do PCC vai me fazer mudar? Sei não. Acho que nem eu vou mudar os moleques e nem eles vão me fazer mudar.

Cê tá ligado que eu já tô sacando qual é a treta que separa a mente dos mano da nova e da antiga escola do Primeiro Comando da Capital, né?

Antigamente, a maioria dos caras que entrava na facção tava preso e precisava se juntar com os irmãos pra garantir o mínimo de sobrevivência no cárcere e na rua. Mas hoje em dia, a rapaziada nova que tá entrando no crime tá sonhando em ficar rico e subir na vida, e vê no PCC uma porta pra alcançar esse objetivo.

Lá em casa funciona assim…

Vou te falar a real da lei aqui de casa, e é mais importante do que muito maluco imagina.

Aqui é regra: nada de roupa de bandido. Nem esses short, camiseta ou blusa cheio de Charadas, Arlequinas, Yin-yang, carpas e essas paradas.

Não tô afim de chamar atenção dos vizinhos, da população e muito menos da polícia pra minha quebrada. Aqui é só paz e tranquilidade.

Todo mundo aqui segue na moral minhas regras e os mais velhos já puxaram essas ideias também para suas casas.

Só louvando o lucro do crime

Só que meu sobrinho novo ainda rateia, é verdade que não chega aqui com roupa de malandro, mas vem na ostentação, cheio de: Tio Patinhas, diamante, dinheiro.

Só tô te contando isso para você se ligar em uma parada muito maior.

Uma parada que você não vai ver nas quebradas e nem nos corres do crime mesmo que teja de frente e olhando pro bagulho.

A nova geração do PCC e o mundo do crime mudaram

É importante botar na cabeça que entre os das antigas e os novos chegados da facção PCC 1533 tem um mundo de diferença.

Mesmo eu convivendo de boa com gente das antigas e da nova geração do PCC, eu não tinha sacado essa parada.

Cada geração tem sua visão própria do corre do crime, mas o mais loko ainda, é que cada uma vê de forma diferente o seu lugar  no Primeiro Comando da Capital e quem merece ou não ser da Família 1533.

Mano, foi mó sinistro, mas dois leitores aqui do site, o “irmão do 31” e o “Jerick do 11” e meu sobrinho mais novo, é que me ligaram a atenção pra essa parada…

Só que ela não encaixa nas ideias que recebi de “sintonía do pé quebrado”, agora vai daí.

Eu vou jogar as ideias aqui, se alguém quiser depois me procura para esclarecer melhor as ideias.

O “irmão do 31”, eu e o “Jerick do 11”

Eu entendi o que o “irmão do 31” queria, ele deixou bem clara a ideia:

Ele quer “poder melhorar, poder expandir”.

O irmão tá ciente que tá cercado em um campo minado e que mesmo entre os que falam que fecham junto, nas atitudes do dia a dia, não condizem.

Mas tudo isso ele está disposto a enfrentar e esse não é o problema, o que trocar ideia para poder fortalecer os negócios.

… eu e o “Jerick do 11”

Minha resposta foi seca ao “irmão do 31” não teve nada a ver com o que ele queria.

Eu foquei no problema e não na solução que ele buscava. Eu vi o inimigo e a falta de fortalecimento das lideranças da família.

Faz uns anos, se alguém mandava um salve de Minas Gerais, já chegava de uma pá de lugar irmãos e companheiros querendo colar pra acalmar a quebrada junto com o irmão.

Mas hoje em dia não é assim, e eu meti a boa criticando essa falta de união da família.

A ganância tomou conta da Família 1533?
O bagulho é o seguinte:

Tá parecendo que a liderança do Primeiro Comando da Capital só tá ligada nos grandes negócios e tão se afastando dos irmãos nas trancas e nas quebradas.

Mas é perigoso demais seguir por esse caminho, sem cada um, em cada canto, todo mundo fica mais fraco, até mesmo os que hoje tão no topo.

Família forte e paz nas quebradas é ruim, mas sem isso é só morte

Mas agora eu vejo que eu estava errado. O que o “irmão do 31” não era isso que queria.

Ele, assim como a nova geração do PCC, tá ligado que o corre é fortalecer o negócio, não é querer treta.

Claro que ele vê a disputa como parada normal, mas não tá afim de abrir guerra não.

Quem me abriu os olhos para essa realidade foi o “Jerick do 11”

… o “Jerick do 11”

O comando está passando por uma metamorfose.

Hoje em dia as pessoas estão associando luxos com o Primeiro Comando da Capital.

Por exemplo:

Quando alguém via um “noia” na rua já pensavam, esse aí deve ser do pcc, mas agora eles pensam isso quando vêem alguém passando de Landrover preta blindada em um condomínio de luxo.

O comando está crescendo muito e se afastando das raízes. Não sei até que ponto isso é bom.

Crescer sempre é bom mas sem perder a humildade e sem esquecer o que te levou o que levou o comando até lá.

Então. Eu com minha cabeça das antigas me foquei no problema enquanto a nova geração está focada no progresso.

Entendo de boa. Aceitar… fazer o que?

Mano, eu conheço essa história faz um tempo já.

Desde 2007, trombando com aqueles irmãos dos corres do tráfico e do crime, já rolava a uberização do trampo deles.

Aí agora vem os caras falando que oferecem serviços on-demand para consumidores como se isso fosse novidade.

Que isso, irmão, lá atrás já tinha moleque da facção PCC nos bairros parados esperando uma ligação pra fazer uma entrega ou ir buscar o bagulho lá no Paraguai.

Eles falam em conectar prestadores de serviços independentes com consumidores que precisam desses serviços.

Mas isso é a mesma coisa que rola no tráfico, usam trabalho precarizado e sem direitos trabalhistas e ainda pior, porque pode perder a liberdade.

As lideranças, os patrões e gerentes pegam o moleque que faz o serviço melhor pelo preço mais barato, fazendo uma disputa entre os moleques pra ver quem oferece mais vantagem pra pegar os corres.

Todo mundo se achando empresário autônomo, mas seja UBER,

Tanto na correria quanto no UBER, as crianças ficam olhando pra chefia dos grupos, sonhando em um dia ser líder e ficar rico.

Daí vem as roupas de ostentação do meu sobrinho, daí o sonho de muitos.

Entre o sonho e a realidade

“Jerick do 11” acaba por resumir o que é o pensamento da nova geração do PCC que vivem e sonham com a vida do crime.

O que eu to ligado do PCC hoje em dia é que os caras cresceram muito, mano. Expansão de área, dinheiro rolando solto pra certos membros. E aí já viu, né, isso tudo aparece na mídia direto. Sempre tem um suposto membro do comando indo em cana com uma coleção de carros de luxo, imóveis, helicóptero, iates e tudo mais.

E isso é parada que eu já vi de perto também, irmão. Há muitos anos atrás conheci um mano do comando (hoje ele saiu e tá na igreja) que morava numa casa gigante de 500 metros quadrados num condomínio fechado. Tinha coleção de carros, caminhão avaliado em 400 mil e jetskis. Só descobri o que o cara fazia de verdade depois de anos de convivência e confiança.

Isso me fez pensar sobre o perfil dos membros do PCC, mano. Será que é só favelado ou também tem os chiques de condomínio? E agora a referência que a gente tem dos membros do PCC (pelo menos a referência que eu tenho e que a mídia mostra) é que eles são milionários e se passam por empresários na baixada santista e tal.

Será que o comando virou um cartel, irmão? E os membros que são considerados de “baixo nível”, ficam pra trás? Ou o comando se dividiu entre alta e baixa cúpula?

Pois é. Faço minha a dúvida de “Jerick do 11”.

Faz uns tempos já que eu soltei um texto sobre como o Primeiro Comando da Capital entrou nesse mundo do neoliberalismo com sua uberização que ilude com sonhos de jardins, carros de luxo e muitas mulheres e entrega trabalho explorado e vida atás das muralhas.

E só agora vejo que era óbvio onde íamos parar se continuássemos caminhando nessa em direção a esse liberalismo concervador onde chegaríamos.

Sei que o “Vinny do 11” vai falar para mim que “isso aí é coisa de caduco”, mas fazê o que?

Até pago pau para os novos que não querem guerra, mas não acho certo não abandonar todos aliados pelo Brasil que deram o sangue pela Família 1533.

A análise do companheiro Francesco Guerra

Saca só: o Francesco Guerra do site latinoamericando.info fez uma análise que bate com o que a do “Jerick do 11”. Ele deu as seguintes ideias:

O PCC tá querendo expandir no atacado e deixar o varejo só em certas áreas, principalmente em São Paulo, deixando outras regiões nas mãos de uma molecada.

Mas essa escolha pode trazer problemas pro futuro da facção, porque essa rapaziada não tá pronta pra administrar as quebradas de São Paulo.

E essa parada de deixar a base de lado pode ser um problema no futuro, porque tá rolando uma administração muito amadora em vários lugares.

A galera tá empolgada com o atacado, onde já tá com uma participação majoritária nas rotas NarcoSur e na Rota Caipira.

E esse esforço tá valendo a pena, pelo menos por enquanto. O próprio Promotor de Justiça Lincoln Gakiya já disse que o PCC tá no patamar de um cartel internacional de droga.

A gente ainda não pode afirmar que a facção vai continuar nesse caminho, mas tudo indica que vão manter essa rota.

E apesar de tudo, São Paulo deve continuar sendo mantido como berço da facção, mas o Tribunal do Crime pode ficar mais fraco nessa mudança porque muitas vezes ele é formado por membros que não tão tão na linha da facção.

Irmão excluído da facção PCC 1533 — entrevista de Camila Nunes

Irmão excluído da facção PCC 1533, Primeiro Comando da Capital, conta seu trajeto no mundo do crime até se tornar líder da facção paulista.

A socióloga Camila Nunes Dias

Entrevista com um irmão excluído da facção PCC 1533 dando a real na tv? Fala aí, quantas vezes você viu? Nunca né?

A mídia só mostra um lado do mundo do crime, só vê a violência, o sangue, o tráfico, o terror.

Mas e o que tem por trás de tudo isso? A mídia não fala disso, não.

E as histórias dos manos, as razões que levaram eles a seguir esse caminho?

Aí vem a socióloga Camila Nunes Dias e faz a diferença e por isso ela foi atrás de falar direto com o irmão exlcuído da facção PCC.

Ela mostra que tem mais do que essa gente da imprensa consegue ver: tem um contexto social, político, econômico que tá por trás de tudo isso.

Camila Nunes Dias mostra que os manos não são monstros, que são seres humanos como todo mundo, que tem sonhos, que tem medos, que tem esperanças.

É por isso que a gente fica feliz quando vê Camila falando sobre o Primeiro Comando da Capital em lugares tão importantes mundo afora.

Novo artigo de Camila é a entrevista com o irmão excluído da facção PCC

Agora trombo com ela publicando um trecho de uma entrevista com um irmão excluído da facção PCC no site do Centro Estratégico para Pesquisa do Crime Organizado (SHOC) do Royal United Services Institute (RUSI).

Ela tá dando voz pros manos, tá mostrando a realidade deles, tá desmistificando a imagem que a mídia quer passar.

E é isso que eu tento aqui fazer nesse Site também. A gente tenta mostrar que tem mais do que a violência, que tem um contexto social que explica tudo isso.

Claro que não é pra passar a mão na cabeça do crime, não é pra romantizar a violência.

A gente sabe que o mundo do crime é pesado, que tem muita trairagem, que tem muita injustiça.

Mas a gente também sabe que tem muita gente boa envolvida nisso, muita gente que tá ali por falta de oportunidade, por falta de opção, por falta de alternativa.

Então é isso, mano. A gente fica feliz quando vê a Camila Nunes Dias falando sobre o PCC, porque ela tá dando voz pros manos, tá mostrando a realidade deles, tá humanizando essa galera que a mídia só vê como bandido.

Irmão excluído da facção PCC falando a real

Se quiser ler a entrevista original, com as palavras dela e as resposta do irmão, o link é esse aqui…

A Conversation with Carlos: Former Member of the Primeiro Comando da Capital (PCC), by Camila Nunes Dias

… mas se preferir, acompanha aí minha visão, que não é a mesma coisa, mas também dá para entender.

Irmão excluído da facção, eu entendo a tua situação

Aqui não tem julgamento, não tem condenação

Vamos conversar, vamos trocar ideia

Pode falar a real, sem medo de ser repreendido ou censurado

Aqui o respeito é mútuo, a dignidade é valorizada

Não importa o que você já passou, aqui você é acolhido e respeitado

Então fala, irmão, desabafa, expõe a tua verdade

Aqui nós somos uma família, unidos na busca por paz, justiça e igualdade.

Ele começa falando sobre sua adolescencia e ingresso na facção…

Tive uma infância pobre e simples.

Durante a adolescência, fiquei muito zangado com a minha realidade e suas limitações, descrente de que conseguiria qualquer coisa mesmo que me dedicasse aos estudos.

Naquele momento, as drogas e o contato com o narcotráfico entraram no meu cotidiano, até que perdi de vista meus próprios objetivos.

Na adolescência, me envolvi com drogas e comecei a conhecer membros importantes do PCC que trabalhavam no tráfico local.

Eles logo me recrutaram, identificando o potencial que eu tinha para administrar seus negócios.

Ele fala de como foi sua prisão e crescimento na organização criminosa…

Aos 18 anos fui preso, aos 19 fui batizado no PCC e aos 20 estava no topo da estrutura da organização, no estado mais importante e rico do Brasil no coração da organização criminosa, São Paulo.

O primeiro ano na prisão serviu como um curso intensivo sobre a vida na prisão.

Aprendi como funcionava o PCC e tive alguns mentores.

No meu segundo ano, fui transferido para uma penitenciária para prisioneiros de primeira viagem.

Depois de alguns anos fui dispensado de minhas responsabilidades e, a partir disso, analisei eticamente minha situação e entendi que a vida das drogas não era o que eu queria para o meu futuro.

Saí e fui embora, mas não tive uma segunda chance no meu país e decidi começar uma nova vida fora do Brasil.

Ele conta então de como chegou na liderança da facção PCC…

Eles precisavam de um líder local de confiança e começaram a me dar responsabilidades e poderes.

À medida que fui correspondendo às expectativas, eles me deram mais poder e tarefas mais difíceis até que fui transferido para uma cadeia de liderança do PCC: o depósito dos líderes da organização, onde aconteceu meu batismo.

Depois que fui batizado, fui nomeado padrinho de aproximadamente 60 outras pessoas que foram meus afilhados.

A prisão é um mundo com suas próprias regras, leis e estrutura de liderança.

Nos espaços prisionais, você assume um papel social em uma microssociedade criminosa.

E também sobre a ideologia da Família 1533…

O PCC é uma federação criminosa democrática que parasita o Estado por dentro, organiza o crime em todas as escalas, fornece segurança, proteção, equipamentos, e rede criminal.

Por algum tempo, a ideologia dominante me fez perceber o Estado tradicional como um inimigo e me deu motivos para resistir e lutar.

Quando a liderança local vê que um preso entende e subscreve os ideais do Comando e tem qualidades para avançar nos objetivos da organização, ambas as partes sabem que é hora do batismo.

Não me lembro quando decidi me dedicar totalmente a essa ideologia, simplesmente aconteceu.

No fim, ele termina falando de como virou um irmão excluído da facção

Você só pode sair do PCC por morte, mas pode obter permissão para sair do PCC por motivos religiosos.

Aos olhos do PCC, você sempre será um marginal que pode a qualquer momento tentar uma reviravolta.

No meu caso, fui afastado das minhas funções na sequência de um “processo administrativo” que constatou a minha “falta de responsabilidade” que resultou na perda de dinheiro do Comando.

6. Abandono de responsa:
Quando fecha em uma responsa e deixa de cumpri-la sem motivos (fora do ar, transferências, saúde, etc…). A Sintonia deve analisar todos que serão cadastrados para evitar esses tipos de situações.
Punição: De 90 dias à exclusão (depende da gravidade analisada pela Sintonia).

Dicionário da Facção 1533 – um dos três pilares da organização criminosa Primeiro Comando da Capital – afinal, no PCC é “Tudo 3”

Quebrei uma das regras que estruturam o PCC e fiquei afastado por dois anos. Após esse período, decidi que não queria voltar à organização.

Entendendo a pessoa por trás do criminoso

Sabe, a mídia só mostra a violência e o mal da quebrada, mas nossa irmã Camila Nunes Dias iria mais além.

Ela provavelmente veria, o que eu e você vemos, mas que a imprensa que só pega a visão da polícia e dos políticos não veria nunca.

Olha só…

Uma vida de pobreza e dificuldades pode ter gerado um vazio e falta de oportunidades, levando a desacreditar nas chances de sucesso com estudo e trabalho normal.

Entrando no mundo das drogas e do tráfico, talvez tenha sido uma forma de lidar com essa falta de perspectiva, oferecendo uma solução rápida e aparentemente vantajosa para ganhar dinheiro e status.

Ser recrutado pelo PCC pode ter rolado por ter habilidades de liderança e organização valorizadas pelos chefes do crime.

Esse reconhecimento e posição dentro da organização também pode ter suprido a autoestima e propósito que faltava na vida da pessoa.

Pra resumir, pelo que dá para entender das respostas do irmão excluído da facção PCC, ele vem de uma história de privação e falta de oportunidades, combinada com uma falta de confiança nos governos e na sociedade.

É isso. E não é só ele. Taí o recado.

Os narco-submarinos do Primeiro Comando da Capital (PCC 1533)

Submarinos do Primeiro Comando da Capital dominam os mares, mas muitos manos morrem para alimentar a ganância de uns e o vício de outros.

E aí, tá ligado na tecnologia dos equipamentos da firma?

Pois é, os narco-submarinos do Primeiro Comando da Capital é construído pelos próprios caras.

O PCC arrumou um jeito de construir seus próprios submarinos, que tão sendo usados pra levar um monte de drogas pra Europa e outros lugares.

Os manos sacaram que usar submarinos é uma forma de diversificar as operações e diminuir a dependência de rotas terrestres ou aéreas, que são mais fácil de cair na mão dos polícias.

E ainda por cima, esses submarinos permitem que a organização transporte grande quantidade de drogas de forma discreta e segura.

Emprego nos narco-submarinos do Primeiro Comando da Capital

Sobre os narco-submarinos do Primeiro Comando da Capital. Olha só, tá rolando muita conversa.

Aí é isso, não queria nem entrar nessa, mas vamos lá. Não tem como negar que os equipamentos da firma estão chamando atenção.

Se você está pensando em entrar nessa parada, é bom abrir o olho, porque o esquema é cabuloso.

Pra mandar esses bagulhos pra frente, a tripulação precisa ter de três a cinco manos na parada.

Os caras são escolhidos pelo trampo deles e pela capacidade de operar o submarino na responsa, sacou? Não é qualquer um, assim que chega e vai entrando.

Os moleques ficam encarregados de tudo, desde a preparação da nave até a navegação e a entrega das paradas no destino certo.

Sonharam com malote, glória e fama, mas acordaram mortos

Tem várias fatalidades envolvendo esses equipamentos do tráfico, Os narco-submarinos do Primeiro Comando da Capital também são cabulosos.

Mano, só lamento, mas é triste morrer assim, para alimentar ganância de viciado e de líder que fica, um só no vício e outro só no lucro.

Nem ligam para a vida dos manos que tão precisando do trampo para alimentar a família.

Os caras constroem as paradas usando alta tecnologia, mas fazem de qualquer jeito, sem ligar pra se os parceiros que vão nele morrem.

Quanto mais cheio, mais lucro, menos seguro. O que os caras vão escolher? Bidu!

Situações que rolaram e ninguém pode negar

Teve uma vez em 2010 que a Marinha colombiana interceptou um submarino cheio de drogas no Oceano Pacífico.

A polícia chegou e prenderam três dos moleques da nave, mas outros quatro morreram por causa dos gases tóxicos dentro do bagulho.

Imagina só! Você viajando com o corpo de seus manos!

Teve outro caso em 2011, mano, que um submarino cheio de drogas afundou no Caribe, perto da costa da Colômbia. Só um dos quatro manos que tavam lá dentro sobreviveu, foi resgatado por uns pescadores locais.

E não é só isso não, tem outras histórias de acidentes e mortes ligados aos submarinos do tráfico em todo canto desse mundão.

Mesmo com as mortes na caminhada, o fluxo continua

Mano, a Organização das Nações Unidas ONUDC soltou um relatório que está deixando a polícia de toda Europa arrepiada. E não é à toa.

Olha só, em março, lá na Normandia, surgiram do mar 2,3 toneladas de cocaína em bolsas brasileiras, algumas até presas em colete salva-vidas brasileiros, usados normalmente em barquinhos ou veleiros.

E tem mais, um narco-submarino abandonado foi encontrado na costa da Espanha, carregando cocaína do Brasil!

Lá dentro, só tinha roupas, mantas e comida, tudo de fabricação brasileira.

E sabe o que isso confirma? O papel cada vez maior do nosso país no tráfico internacional de cocaína.

A gente precisa ficar ligado, porque o bagulho está ficando cada vez mais louco. Os narco-submarinos do Primeiro Comando da Capital tão rodando o mundo, mano!

A História dos submarinos do tráfico

Olha só, irmão, se você quer saber tudo sobre esse assunto, eu te recomendo dar uma olhada no artigo da companheira Irene Hernández Velasco.

Ela manda muito bem, e consegue explicar tudo com mais clareza do que eu poderia fazer.

A gente só ouviu falar desses submarinos usados pelo tráfico de drogas na década de 90.

Fala sério! O que você estava fazendo naquele tempo? Lembra aí! Comenta aqui!

O que você fazia enquanto já tinha mano traficando debaixo d’água.

Os colombianos pularam na frente

Lá em 97, a Colômbia pegou um submarininho, no Equador na fronteira da Colômbia caiu outro.

Foram os primeiros apreendido dos traficantes tramsportando cocaína pros EUA e tinham capacidade pra transportar umas duas toneladas de pó. Esse do Equador foi o primeiro a ser pego em águas internacionais.

Nos anos seguintes, as autoridades de vários países, tipo a Colômbia, Estados Unidos, México e Espanha, relataram que pegaram vários submarinos do tráfico de drogas em rotas marítimas diferentes.

Essas paradas eram cada vez mais feitas com uma tecnologia mais sofisticada, capaz de levar muito pó por distâncias cada vez maior.

De lá pra cá, essa prática de usar submarinos virou moda entre as organizações criminosas que querem traficar drogas internacionalmente, sempre procurando formas cada vez mais modernas e difíceis de serem detectadas.

Esse novo equipamento é mais moderno, mas continua matando nossos irmãos

Mano, as informações sobre a tecnologia dos submarinos do tráfico de drogas são muito limitadas, já que essas embarcações são construídas em segredo.

Mas sabe-se que esses submarinos agora são equipados com tecnologia sofisticada pra serem eficientes e seguros.

Os narco-submarinos do Primeiro Comando da Capital usados pra traficar geralmente são feitos com materiais leves e resistentes, como fibra de vidro e kevlar, pra ficarem mais leves e difíceis de serem detectados pelos radares das autoridades.

Além disso, essas organizações criminosas utilizam tecnologia de comunicação via satélite e sistemas de navegação por GPS para monitorar a localização dos submarinos e garantir que eles cheguem ao destino final sem serem detectados pelas autoridades.

Eles também têm motores silenciosos e sistemas de filtragem de ar pra garantir que a tripulação possa respirar debaixo d’água por bastante tempo.

Só que tô ligado que para colocar mais carga, muitas vezes a chefia tira espaço do ar interno e daí os respiradores não tem nem o que limpar.

Esses submarinos são foda, alguns baixam até 30 metros no oceâno e navegam mais de 5.000 quilômetros.

De três a cinco moleques bem treinados conseguem transportar várias toneladas de drogas por viagem.

Mas, ó, pra construir essas embarcações é preciso gastar uma grana preta, porque eles usam tecnologia sofisticada e materiais de alta qualidade, além de exigir mão de obra especializada e treinada.

quando você chega eu já fui

E aí, irmãos, para terminar vou te falar sobre as rotas dos narco-submarinos do Primeiro Comando da Capital.

Como todas as rotas usadas pelo tráfico de drogas, tem que variar e mudar bastante e constantemente, se não cai.

Quando a autoridade descobre onde a gente vai chegar, nós já não vamos mais, já fomos, ficam no vácuo caçando ar.

Macaco velho não trepa sempre no mesmo galho.

Algumas rotas são bastante conhecidas até das autoridades, porque aí não tem jeito não, mas vai da sorte.

Uma dessas é a que parte das costas da Colômbia, Equador ou Peru e segue em direção à América Central, com destino aos Estados Unidos ou México.

Essa rota, os submarinos são usados para transportar grandes quantidades de cocaína, que é produzida nas regiões andinas da América do Sul e traficada para o mercado norte-americano, mas aí é coisa dos carteis lá de cima.

Ó prá terminar, vou soltar um versinho aí:

Os manos tão no controle, mas é fato
Que os militares tão fracos, não fazem nada
Tem submarino saindo do Amazonas
Eles sabem, mas não conseguem controlar
É a vergonha do país, a situação é triste
As autoridades falham, e a população que assiste
O tráfico de drogas ganha força e se expande
E as autoridades nada fazem, só ficam de bobeira
É difícil entender, a situação é crítica
Enquanto os mano nadam de braçada
Os militares ficam no leite condeçado e no viagra

Como a cocaína chega aos portos do Atlântico? Facção PCC 1533

A cocaína chega aos portos vinda da Colômbia, Bolívia e Peru. Vale tudo: o bagulho atravessa fronteira de avião, helicópitero e até de buzão.

Cocaína chega aos portos: descendo o ladeirão

Como a cocaína chega aos portos? Desce o morro dos Andes voando e depois desce o rio ou pega as estradas!

Não é mole não, mas é o Primeiro Comando da Capital. Segue o fio que o pai não vai deixar você se perder.

Vale de tudo para chegar aos portos do litoral, mas começa assim a caminhada.

A cocaína enviada sai do Peru, Bolívia e Colômbia vai por terra ou ar, em aviões, helicópteros, carros, caminhões e ônibus.

Tem tanda droga descendo ao ladeirão que tá faltando avião e caminhão, então perguntei pro meu sobrinho como estão fazendo por lá:

É verdade que os cocaleiros estão sem transportes para sua produção?

Verdade. Estão sem aviões e caminhões para transportar toda a produção.

Não me lembro de uma quantidade tão grande de tijolos de pasta base e de prensados esperando para o embarque.

Está valendo tudo para conseguir escoar a produção: micro-ônibus, táxis, caminhões, carros e até qualquer um com uma mala na mão ou uma mochila nas costas!

Cocaína chega aos portos: vem da onde e vai para onde?

A droga colombiana é destinada principalmente ao mercado europeu, mas chega um tanto por aqui também.

Já as que giram nas biqueiras da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai é a cocaína do Peru e Bolívia.

E assim, vem droga voando de todo o canto. Quem dominava tudo os caminhos do Peru e Colômbia era o Cabeça Branca.

Alguns líderes das comunidades nativas de Ucayali no Peru estimaram que havia 10 e até 15 voos diários trabalhando para os narcotraficantes e pousando na região. Isso, no entanto, não foi confirmado pelas autoridades antinarcóticos.

Além dos narcotraficantes peruanos e bolivianos, existem “enviados especiais” do temido Primeiro Comando da Capital que fiscalizam o transporte de drogas para o Brasil.

O ministro do Interior do Peru, Vicente Romero, explicou que a destruição dos aeroportos clandestinos (narcoportos) tem um grande impacto no combate ao narcotráfico, porque neutraliza os embarques de drogas para o exterior, especialmente para a Bolívia.

“Isso nos permite cortar as asas do narcotráfico e deter seu avanço.”

leia no site do La Republica

Enquanto o Cabeça Branca passava, dentro dos quartéis…

Os milicos ficam sonhando com porta aviões enquanto o céu do Brasil é cheio de buraco: tudo mané de farda engomada.

Enquanto os vacilões da Força Aérea sonham, os voos clandestinos vêm da Bolívia (65%), seguida pelo Paraguai (17%), Peru (8%), Colômbia (6%) e Venezuela (4%).

pelo rio Paraná-Paraguai ou por rodovias

A Colômbia domina as rotas do narcotráfico para a América do Norte, mas a Rota do NarcoSul e a Rota Caipira transportam cocaína da Bolívia e Peru através do Paraguai e do Brasil para a Europa.

A liderança é do grupo criminoso brasileiro mais importante, o Primeiro Comando da Capital, é tudo 3 e não tem para ninguém.

A facção PCC 1533 utiliza a hidrovia Paraná-Paraguai e as estradas brasileiras para chegar aos portos litorâneos da Argentina, Brasil e Uruguai.

Os criminosos brasileiros usam duas fases para transportar cocaína.

  • Primeiro, a droga é transportada de avião para atravessar as fronteiras para chegar no Brasil e no Paraguai.
  • Depois, a cocaína é transferida para navios e navegada por via fluvial ou rodoviária até os portos do Atlântico.

Fim! Simples assim.

O narcotráfico está ganhando esta batalha contra o Estado, demonstrando supremacia no controle do território (…) Esses cartéis de drogas são organizados no exterior por grupos como Los Chapitos (um grupo de narcotraficantes do México), o PCC (Primeiro Comando da Capital), grupos combinados com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e, claro, eles têm equipamentos e armas de melhor qualidade do que as forças de ordem.

coronel do Exército da Bolívia Jorge Santistevan

Moleques do PCC em 3 continentes: América, África e Europa

Para o tráfico de drogas o Primeiro Comando da Capital utiliza a mão de obra de moleques do PCC em três continentes: América, África e Europa

Moleques do PCC são a base dos corres

Tem moleques do PCC nos corres em três continentes, além da América Latina, também na África e Europa.

Eu falo moleque, porque no Brasil quase tudo tem de 14 até 19 anos, mas tem até com até menos, com 10 ou 12 anos.

No tráfico internacional aí é diferente, mas mesmo assim, é quase tudo jovem de até 25 anos.

Tem moleques na produção na Bolívia e no Paraguai, no tráfico internacional e local no Uruguai, na Argentina e no Brasil.

Fora da América ainda tem moleques do PCC nos grupos associados na África e na Europa.

Lá fora, o PCC tem negócios com um monte de grupos estrangeiros do crime organizado internacional, são muitos, mas a máfia nigeriana se destaca.

Para o tráfico para a África, os nigerianos usam células tribais pequenas, compostas por quatro ou cinco pessoas da mesma etnia.

Cada célula tem poucos criminosos e não conhece os líderes, que fazem acordos internacionais.

Sobra pros nigerianos fazerem os corres e por isso eles são a maioria dos mulas do tráfico presos em aeroportos brasileiros são nigerianos.

O mundo aposta que o PCC vai pro chão

Caiu no relatório das Nações Unidas (UNODC) o crescimento gigante da organização criminosa Primeiro Comando da Capital.

Em Londres, um documento de pesquisadores garantem que o PCC já está fazendo o dinheiro sujo do tráfico ficar limpo.

A África também se tornou um continente crucial para a gangue brasileira, principalmente em Moçambique.

A facção PCC ainda é o dono do jogo, controlando várias etapas da cadeia de abastecimento, com a ajuda dos mano da máfia italiana ‘Ndrangheta.

Mas os caras dos governos de fora ainda tão sossegados e destacam que a cena do crime no Brasil tá cada vez mais fragmentada.

É só ver aí a bagunça que tá acontecendo no Rio Grande do Norte! Tudo bagunçado. Não era assim!

Aí eles apostam que com pequenas gangues operando no tráfico de drogas, especializadas na logística, o Primeiro Comando da Capital vai perder lugar.

O Sport Club Corinthians Paulista e o Primeiro Comando da Capital

Corinthians Paulista e o Primeiro Comando Comando da Capital. É mito ou realidade a interferência da facção no clube de futebol de São Paulo?

Mito ou realidade Corinthians Paulista e o Primeiro Comando?

Vincular o Corinthians Paulista com o Primeiro Comando da Capital me parece mais preconceito social que fato.

Meu caro Francesco Guerra,

Bem sabe que não estou mais disposto a me dedicar ao estudo da organização criminosa PCC 1533.

No entanto, ao abrir meu note deparo-me com uma situação intrigante.

O site The Football Lovers, especializado em artigos baseados em opinião, escritos por apaixonados fãs de futebol de todo o mundo, alega que sete clubes estão ligados ao mundo do crime:

  • Juventus e Lazio da Itália;
  • Leeds United e Sheffield Wednesday da Inglaterra;
  • Boca Juniors da Argentina; e
  • Corinthians do Brasil.

Corinthians is a Brazilian club has also been linked to organized crime, with connections to the notorious First Capital Command gang.

Os crimes do Corinthians Paulista

O autor do artigo, Shimil Umesh, lembra que o Corinthians foi implicado no escândalo de corrupção da FIFA em 2015, com alegações de suborno e propinas envolvendo vários dirigentes de alto escalão.

No entanto, a principal acusação seria envolvimento da agremiação futebolística com o Primeiro Comando da Capital.

É fato que, conforme divulgado pela mídia, existe base para levarmos em consideração a possibilidade de que tais informações sejam verdadeiras.

No entanto, precisamos estar atentos às fontes e à veracidade dos fatos antes de tirarmos conclusões precipitadas.

É preciso investigar a fundo cada uma dessas alegações e obter provas concretas para confirmar ou refutar essas afirmações.

É preciso separar os fatos da ficção para chegar à verdade

No entanto, é verdade que existem casos de indivíduos associados ao clube que foram investigados e condenados por envolvimento com organizações criminosas, incluindo o Primeiro Comando da Capital, como torcedores organizados e até mesmo alguns ex-jogadores.

Alguns casos que receberam ampla cobertura na mídia incluem a prisão de integrantes da torcida organizada Gaviões da Fiel em operações policiais contra o PCC, bem como acusações de que o ex-jogador corintiano Jorge Henrique teria ligações com o grupo criminoso.

No entanto, é importante ressaltar que tais casos não implicam que o clube Corinthians em si tenha algum envolvimento com atividades criminosas ou com o PCC.

PCC e favelas: tudo junto e misturado

As periferias de São Paulo são áreas historicamente marcadas pela pobreza, a desigualdade social e a violência, o nascedouro do time de futebol, e o berço da maioria daqueles que lotam as prisões paulistas.

O time de futebol Corinthians, foi fundado em 1910 no bairro do Bom Retiro, uma região com grande concentração de imigrantes e operários, populações marginalizadas naquele início de século.

Da mesma forma, a facção criminosa PCC 1533 teve origem nas prisões da capital paulista na década de 1990, onde muitos detentos eram oriundos das mesmas periferias que o time Corinthians Paulista.

O Primeiro Comando da Capital se fortaleceu a partir da união de presos que compartilhavam experiências de exclusão e marginalização social, assim como os torcedores do time, que encontravam no Corinthians uma identidade cultural e esportiva que os unia.

Dessa forma, pode-se entender que a associação entre o nome da facção PCC e o time Corinthians se dá principalmente pela origem e pela identidade social compartilhada pelas duas organizações.

Ambas têm suas raízes nas periferias da capital paulista, e seus membros compartilham uma experiência de exclusão e marginalização social que acaba se refletindo em suas respectivas culturas.

Separando o joio do trigo

Por isso é fundamental separar a conduta de indivíduos específicos da imagem e reputação do clube como um todo.

A grande maioria dos torcedores do Corinthians não tem envolvimento com o Primeiro Comando da Capital, e a associação entre os dois grupos é frequentemente exagerada pela mídia e por discursos preconceituosos.

No entanto, alguns estudos antropológicos têm se dedicado a investigar as relações entre torcidas organizadas de futebol e grupos criminosos.

Essas análises mostram que, em alguns casos, há uma sobreposição entre esses dois corpos sociais, com membros da torcida organizada também fazendo parte do grupo criminoso.

Essa sobreposição pode ser explicada por uma série de fatores, incluindo a cultura de lealdade e solidariedade presente em ambas as organizações, bem como a possibilidade de obter ganhos financeiros por meio do envolvimento em atividades criminosas.

Entre cobras e lagartos: o Corinthians Paulista e o Primeiro Comando da Capital

A relação entre torcidas organizadas e grupos criminosos é complexa e varia de acordo com cada contexto.

Nem todas as torcidas organizadas estão envolvidas com atividades criminosas, e nem todos os membros dessas organizações compartilham dos mesmos valores e práticas, no entanto, a maioria é oriunda da mesma fatia social.

Essa é a razão do preconceito das elites em relação a esses grupos sociais.

Uma série de fatores explicam esse prejulgamento, incluindo estereótipos negativos associados a torcedores de futebol e a grupos criminosos, bem como a visão elitista de que esses grupos representam uma ameaça à ordem social e aos valores civilizados.

Esta prenoção pode ser vista como uma forma de defesa psicológica utilizada por algumas pessoas, entre elas, Shimil Umesh, para preservar sua autoestima e senso de identidade.

Nesse sentido, a identificação de um grupo como “inferior” pode ser uma maneira de reforçar a crença na superioridade do próprio grupo e, consequentemente, proteger a autoimagem.

A imagem do Corinthians está vinculada à facção PCC

Além disso, a vinculação da imagem da facção PCC com o Corinthians pode ser vista como uma forma de estigmatização.

É uma forma de rotular indivíduos ou grupos com base em características estereotipadas ou negativas, contribuindo para a sua exclusão social e marginalização.

A psicologia social também pode contribuir para a compreensão da dinâmica entre grupos e a formação de identidades coletivas.

A identificação com um grupo pode ser uma fonte de apoio social e emocional, bem como de reconhecimento e pertencimento.

No entanto, quando essa identificação é baseada em estereótipos negativos e comportamentos prejudiciais, pode levar à discriminação e ao preconceito em relação a outros grupos.

A diversidade cultural, o Corinthians Paulista e o Primeiro Comando da Capital

Shimil Umesh, através de seu curto e sem dados comprobatórios, nos permitiu analisar como é importante desafiar estereótipos e preconceitos e promover o respeito às diferenças.

Isso pode envolver a conscientização dos indivíduos sobre seus próprios preconceitos e a valorização da diversidade cultural e social como fonte de enriquecimento e aprendizado.

É importante entender que o autor do texto, Shimil Umesh, não é uma ilha.

Ele é apenas mais um que nada no puro caldo do preconceito social que abunda em tempos onde a extrema-direita nada de braçada.

O autor faz uma análise raza sobre uma questão de grande complexidade e ambiguidade que é a relação entre a periferia, as torcidas organizadas e o PCC.

Nem teve Umesh a capacidade de imaginar as múltiplas perspectivas que existem dentro desses grupos e vislumbrar parte da dinâmica social envolvida.

Afora todas essas considerações, o autor da crítica também deixou de levar em consideração as relações entre esses grupos, Corinthians e facção PCC, e outras instituições sociais, como a polícia, a política, a mídia, e o sistema judicial.

O PCC como fruto de dinâmicas sociais e culturais

As relações entre o Corinthians Paulista e o Primeiro Comando Comando da Capital precisam analisar sob uma abordagem multidisciplinar e multifacetada.

Já o artigo no The Football Lovers não passou da soma de algumas palavras acusatórias cercadas de múltiplas imagens dos brasões dos clubes.

O sociólogo Gabriel Feltran que estuda as dinâmicas sociais e culturais nas periferias das grandes cidades, com foco especial na relação entre a juventude, a violência e as gangues, iria ainda mais longe do que eu, relacionando à esse fenômeno as estruturas políticas, socieis e econômicas do país.

Analisar a questão a partir de uma perspectiva histórica e sociológica mais ampla nos permitiria entender como a relação entre esses elementos se desenvolveu ao longo do tempo e como ela é moldada pelas estruturas que moldam a vida nas periferias.

Acusar o centenário Sport Club Corinthians Paulista sem considerar as dinâmicas internas, valores culturais e normas que governam suas torcidas organizadas e sua a administração do clube, não passa de preconceituoso amadorismo pretensioso.

Pedófilos e a lei do Primeiro Comando da Capital (PCC 1533)

Todo pedófilo é punido com extremo rigor pela organização criminosa Primeiro Comando da Capital. A lei é igual para todos na fação PCC 1533?

A facção PCC 1533 condena a morte pedófilos?

O que diria meu pai e Getúlio Vargas sobre a pedofilia no mundo do crime?

Meu pai repetia direto a frase: “a lei, ora a lei!”.

Não sei se ele sabia que essa frase era de ninguém menos que o político gaúcho.

Getúlio Vargas pronunciou a famosa expressão “Lei! Ora, a Lei!”, querendo dizer que apenas o cidadão comum está sujeito a sofrer as penalidades da lei, enquanto a própria legislação concede imunidades e benefícios a parlamentares e a outras classes privilegiadas.

Talaricos na lei do crime do PCC

A lei brasileira é branda com homens que pegam mulheres de outros homens, mas a lei de Deus (Bíblia) e a da facção PCC, não.

Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera.

Levítico 20:10

1. Ato de Talarico:
Quando o envolvido tenta induzir a companheira de outro e não é correspondido, usa de meios como, mensagens, ligações, ou gestos.
Punição: exclusão sem retorno, fica a cobrança a critério do prejudicado e é analisado pela Sintonia.

Dicionário da Facção 1533 – Regimento Disciplinar

Tanto pela lei mosaica quanto pela lei do crime o homem poderia ser morto pelo adultério ou talaricagem — afinal é a lei.

No entanto, outro dia, contei aqui a história do talarico que se tornou o Sintonía depois que matou o homem que iria denunciá-lo.

“A lei, ora a lei!”, diria meu pai. “A lei, ora a lei!”, diria Getúlio Vargas.

Hoje trago algo na mesma linha. A nossa profunda hipocrisia.

Pedófilos na lei do crime do PCC

Todos aqui concordamos, e se alguém não concordar é melhor guardar para si e dizer que concorda, que a pedofilia é um crime bárbaro.

Quando eu era garoto, me lembro de um pai que saiu matar um cara que, segundo ele, teria mantido relações com sua filha menor.

A garota tinha 20 anos, mas a legislação de então emancipava o homem aos 18 anos e a mulher aos 21 anos.

Vai ter leitor me chamando de dinossauro!

Não houve sequer um para tentar demover o homem desta empreitada, afinal ela era de menor.

Eu conhecia a todos ali e sabia que nenhum deles, inclusive o pai indignado, deixaria de pegar qualquer garota que pudesse.

A piada na época era falar com cara de sério:

Não saio com mulheres com menos de 35!

Para depois abrir um sorriso — todos sabiam que se referiam a 35 quilos.

Hoje a legislação mudou e é bem complexa.

Conheci um empresário que ficou preso por anos por ter saído com uma menina de 13 que ele realmente amava de paixão.

Acompanhei um outro caso onde o irmão do PCC que saiu na primeira audiência, mesmo tendo sido pego pela polícia na cama com uma menina de 13 anos e admitindo na Justiça que ficava direto com ela por diversão.

A juíza dos dois casos foi a mesma. A diferença é que o advogado do irmão provou que ela já saíra com outros homens.

No entanto, se nossa lei é dúbia, e a lei de Deus não fala uma linha sequer de pegar menor, parece que o Todo Poderoso não liga para isso, mas lei do crime é severa:

6 Item:
O comando não admite entre seus integrantes, estupradores, pedófilos, caguetas, aqueles que extorquem, invejam, e caluniam, e os que não respeitam a ética do crime.

Estatuto do PCC 1533

No entanto, apesar de previsto no Estatuto que dá as normas gerais, no Dicionário, assim como na lei mosaica não existe previsão.

Qual a idade mínima para o sexo consentido?

Por vezes me questionam sobre qual é a idade aceita pela facção para que uma garota possa ter relacionamento com um adulto.

Outro dia perguntei para um irmão de responsa que me respondeu na lata que a idade é 16 anos.

Então tá… só que sei que ele mantém relações constantes com garotas de 15, se não menos!

Lembram do caso do “Cria do 15 que assume assassinato que não cometeu”?

Nela conto o caso do armeiro do PCC foi morto poque teria estuprado uma menor de 15 anos?

Só que o tal armeiro foi o único naquela festa de PCCs e políticos que não manteve relações sexuais com ela!

“A lei, ora a lei!”, diria meu pai. “A lei, ora a lei!”, diria Getúlio Vargas.

Eu e a maioria de meus leitores, se revolta com a hipocrisia do “Povo de Deus”, dos “Patriotas” e da “Família de Bem”, mas…

… será que realmente somos tão melhores que eles?

Uma história que eu não devia ter esquecido

A história que publico hoje foi originalmente postada em 10 de abril de 2012.

Eu nem teria me lembrado dela se João Erik e “Vinny do 11” não tivessem me instigado a escrever essa semana sobre o papel das mulheres do mundo do crime e do Primeiro Comando da Capital.

Eu vi a garota dessa história algumas vezes, e sempre ela me deixou uma forte impressão.

Seu cabelo era cortado com máquina 2 ou 3, tanto que achei por algum tempo que se tratava um menino.

Bonitinha, pele clara, olhos sempre atentos e tristes.

Não sei o que aqueles olhos transmitiam, mas nunca vi uma garota como ela.

A lei para a menina

Como repararão, todos ali sabiam e a própria garota admitia que mantinha relações sexuais com os homens daquela casa.

Como repararão, todos ignoraram essa informação: PCCs, policiais e a Justiça.

Ninguém levou em consideração o relacionamento sexual dela com os adultos da casa para isso, afinal…

“A lei, ora a lei!”, diria meu pai. “A lei, ora a lei!”, diria Getúlio Vargas.

a lei para o menino

No texto, também cito um garoto de 13 anos, que também conheci. Parecia bem esperto, com sua cara e jeito de classe média.

Ele foi adotado, por assim dizer, pelo traficante que cuidava muito bem do garoto.

Não pensem besteiras!

O traficane aproveitava aquela sua cara de garoto inocente, gente boa, para mandar buscar de ônibus a droga na mochila em Campinas.

Um dia, o moleque, afinal era um moleque…

…cortou o cabelo escrevendo em baixo relevo: 157 de um lado e 33 do outro.

Na época, o 33 era o código penal para o tráfico.

Na primeira viagem foi abordado pela polícia e perdeu todos os tijolos de drogas.

Anos depois, em um torneio de skate no Aparecida, encontro com este garoto novamente, mas agora já de maior.

Estava cercado de garotos e todos estavam incomodando o evento.

Fui falar direto com ele que sabia que era o líder do grupinho.

Um dos que estava com ele, querendo impressionar, falou com ar de superioridade e orgulho:

Se não sabe que ele é irmão?

Respondi na lata:

Se é irmão devia estar no culto e não aqui!

Acho que até hoje os carinhas estão na dúvida se eu sabia que tipo de “irmão” ele era! O que eu sei é que deu certo!

Mina responsa, respeitada pelos manos de Itu

Os olheiros ficam na esquina e comunicam-se através de celulares, sinais e assobios. Ficam em um bar próximo…

O tal bar, era o trailer Tico e Teco Lanches, localizado na Avenida Caetano Ruggieri em frente ao Supermercado Alvorada.

A casa onde ocorria o comércio de drogas que caiu no Disque Denúncia era a residência de Aparecida, no Bairro Jardim São José.

Várias viaturas da Polícia Militar de São Paulo participam do cerco.

Lá chegando os policiais avistaram dois rapazes no portão da casa, os quais foram abordados e revistados, eram: Denis e Júlio.

Denis estava com dez reais e nada de ilegal consigo. Segundo ele estava lá para dar uns beijinhos em uma garota novinha que morava naquela casa.

Aquela menina tinha doze anos de idade e era uma saltense muito bonita e simpática.

Ela mesma contou aos policiais que “faz coisas” com os homens que conhece na “rua da Bica Dágua” para comprar drogas.

Seu nome é conhecido e respeitado pelos nóias da região, e de fato estava na casa, levada para a delegacia, seu pai foi chamado.

O homem compareceu à delegacia, mas negou-se a retirá-la, pois ela se recusa a obedecer e foge.

Quando o delegado avisou que ele responderia por abandono de incapaz, ele respondeu:

Prefiro responder na Justiça que ficar com essa pestinha em casa.

Alguns frequentadores da casa que abrigava a garota

Todos os que frequentam aquela casa no Bairro Jardim São José são usuários de algum tipo de droga.

Érica, viciada em crack e que frequenta o local há oito anos e que faz companhia para a menina:

… íamos lá para o uso comunitário de entorpecentes e tomar cerveja.

Edson, confirma e conta que não mais usava drogas mas…

…meu filho está com uma espécie de câncer maligno na cabeça… como ouvi dizer que na casa vende drogas, eu vim só para conferir.

Era no portão desta casa que Denis e Júlio estavam sendo revistados.

Com Júlio foram encontrados 59 Reais e uma pedra de crack, o que por si só não configura o tráfico, mas o fato de Denis estar com os dez reais em uma mão e estar segurando uma pedra de crack na outra, foi considerados pelos policiais indícios suficientes que ele estava recebendo a grana e entregando a pedra.

E assim, nossa nina de responsa é presa pela primeira vez

Enquanto ocorria a prisão, uma garota apareceu na porta da casa, e vendo a polícia, voltou correndo para dentro.

No quarto havia duas mulheres com 32 porções de crack embaladas individualmente e 20 ampolas de cocaína.

Posteriormente, espalhados pela casa foram encontrados diversos cachimbos improvisados para uso de drogas e duas porções de maconha, e na edícula no fundo da casa havia duas balanças e dois pacotes de amido de milho utilizados para “batizar” os entorpecentes.

Uma das mulheres era a dona da casa, Aparecida, mãe de Júlio, que havia saído da prisão há apenas meses e segundo ele só estava ali de passagem.

A menina e o tráfico

A menina trabalhava como mula no tráfico.

Júlio, o filho da dona da casa, já havia sido condenado dez anos antes por usar um garoto também de 13 anos em um esquema de tráfico semelhante.

Sua advogada, no entanto, diz que todos os indícios indicam que o tráfico era feito apenas pela garota e pela mulher, e que Júlio…

…estava apenas no local errado e na hora errada, e que ele jamais se associou ao tráfico de drogas.

Drª. Camila de Campos

No fim, mãe e filho ficam em segurança atrás das grades, e a menina foi levada pela mãe, que no dia seguinte me procurou para dizer que a garota fugiu assim que chegou em casa.

Esta foi a última vez que ouvi falar da “Mina responsa, respeitada pelos manos de Itu”.

A Marcola de Saias, a Guerreira do Acre e a cultura sexista do PCC

A Guerreira do Acre: como a mulher conquistou seu lugar na sociedade, e hoje tem o direito de morrer e apodrecer nas prisões como os homens.

A Mulher guerreira, Marcola de Saias, não é a primeira e não será a última

João Erik e Vinny do 11, vamos falar sobre a guerreira do Acre e a tal Marcola de Saias.

Ambos me procuraram essa madrugada para que eu comentasse sobre aquela mulher.

Ela ganhou as capas dos jornais de todo o país e lhes garanto, encontrei referência a ela em várias partes do mundo.

Suliane Abitabile Arantes, a Elektra, a Intocável, a Assombrada, a Kitana, a Mariana, e por fim e mais importante, a Marcola de Saias.

PCC ‘untouchable’ woman did trafficking accounting and registration of new members in the faction
Mujer ‘intocable’ del PCC hizo contabilidad de trata y registro de nuevos integrantes en la facción

Já devem ter notado que sou metódico e fujo das grandes manchetes sobre a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533).

É uma tentação e rende views repercutir os assuntos do dia, mas eu prefiro as notícias marginais, os detalhes que passam despercebidos do público.

Não me anima escrever sobre “Marcola de Saias” do dia. Sim! Pois é! Ela é a terceira que foi assim citada neste site desde que publico sobre o PCC em 2007!

O sexista Primeiro Comando da Capital

Estou prestes a compartilhar com vocês uma história real de horror que resgatei de uma mulher, guerreira da facção criminosa PCC 1533, realmente forte.

Esta história ilustra bem a mudança cultural a que vocês se referem, e que vocês acreditam estar ocorrendo.

Sei que será difícil de digerir, mas creio que é importante que vocês estejam cientes de que não é o caminho que está sendo seguido.

Vocês, assim como a maioria de nós, refletem no outro suas próprias expectativas, que por vezes vão de encontro à cultura do outro.

Não precisamos olhar no horizonte para ver isso, basta observarmos no nosso grupo de Zap: quantas mulheres há e a diferença do perfil dos homens.

O Primeiro Comando da Capital é um grupo sexista e não existe tendência de mudar essa realidade, existem sim, exceções.

A Guerreira do Acre e a Marcola de Saias são exceções à regra

A história que vou contar é a da Guerreira do Acre.

Não é a primeira história desse tipo e certamente não será a última, mas creio que é um exemplo da culturareal do PCC, que difere de nosso imaginário.

Ela lutou por sua família de sangue e pela Família 1533, acabou sendo perseguida e, em certo momento, nunca mais tive notícias dela.

Admirei a coragem dessa mulher que, possivelmente, nunca saberei se conseguiu sobreviver.

O Primeiro Comando da Capital na época era outro

A facção PCC 1533 investia pesado em ajuda aos guerreiros por mais isolados que estivessem.

Eu, na época, participava de diversos grupos de WhatsApp de “responsa” da facção, e de lá assisti a diversas “movimentações de tropas e armas”.

Foi assim para fortalecer os Amigos dos Amigos (ADA) no Rio de Janeiro, os Guardiões do Estado (GDE) no Ceará, e a Guerreira do Acre.

Hoje vemos a organização criminosa deixando crias para trás isoladas em diversos recantos do país para se focar no lucro seguro.

Esse meu comentário não deve ser entendido como uma crítica, mas como fruto de uma análise dos fatos, e posso estar errado.

Mudança na cultura do Primeiro Comando da Capital

Mas, ao contrário do que vocês possam pensar, a mudança que esperam vai de encontro à cultura da organização da facção paulista 1533.

Hamilton Pozo, com quem tive aula na faculdade, afirmava que uma mudança cultural em uma organização ou sociedade precisaria de 50 anos para se consolidar.

Não é fácil mudar a mentalidade de um grupo social, especialmente quando ela está enraizada em uma cultura que valoriza mais a sexualidade do que o lucro e os direitos humanos.

O imaginário do mundo do crime gira em torno da sexualização tanto do homem quanto da mulher, tornando o estereótipo como regra.

Vocês dois presenciaram ontem, no nosso grupo de Zap uma demonstração no caso do homem que queria contratar alguém para matar a própria mulher.

Sexo, armas e drogas

Nos próximos dias, atendendo a vocês, abordarei aqui no site a questão da sexualidade na facção Primeiro Comando da Capital.

Independente do que pensemos, eu, vocês ou um “cria do 15” do norte de Roraima, nós devemos continuar lutando por aquilo que acreditamos.

Assim como a Guerreira do Acre que lutou por sua causa, que lutou por sua família de sangue, que lutou pela Família 1533.

É isso que nos faz crescer e evoluir como seres humanos. Espero que essa história os inspire a continuar lutando e a não desistir de seus ideais.

o texto a seguir foi publicado neste site em 28 de janeiro de 2018 e na época eu utilizava base acadêmica para meus textos

A acadêmica de Roraima e a guerreira do PCC do Acre

É possível levar a sério um artigo acadêmico sobre a violência e a criminalidade urbana em um estado que é só selva?

E se eu disser ainda que foi escrito por uma mulher?

Este é o caso de Retratos da Violência Urbana e da Criminalidade em Boa Vista — Roraima: A capital mais setentrional do Brasil, de Janaine Voltolini de Oliveira.

Nossa! Me senti agora como Monteiro Lobato!

Você já leu o livro Éramos Seis, de Maria José Dupré?

Quem prefaciou a obra foi ninguém menos que Monteiro Lobato, ícone de nossa literatura e responsável por parte da formação cultural de nossa nação.

Nesse prefácio, Lobato não teve vergonha em contar que recebeu de seu editor o original do livro de Dupré que narrava a vida de uma mulher e de seus filhos, desde nasceram até a fase adulta, e ele inicialmente se recusou a ler a obra, pois tinha sido escrita por uma mulher e a premissa era ridícula.

Monteiro Lobato, eu e nossa misoginia

Após muita insistência do editor, Monteiro Lobato, acabou lendo e se apaixonando pelo trabalho da autora (assim como eu).

Janaine não é Dupré e eu muito menos sou Lobato, mas Dupré não podia prever que Lobato não iria querer lê-la por ser mulher, e Lobato não poderia prever que em cinquenta anos sua obra quase seria proibida por ser sexista e racista.

Assim como Janaine não poderia prever que um leitor se referiria ao seu trabalho dessa forma:

E se eu disser ainda que foi escrito por uma mulher?

A violência e o empoderamento da mulher

O artigo publicado na Revista de Ciências Sociais da UNESP faz uma avaliação do quadro de violência em Roraima e analisa seus números, apresentando as possíveis causas e soluções para o problema.

É um bom resumo do que acontece por lá e um facilitador para quem quer fazer uma análise rápida, mas não profunda, da situação do estado.

A questão da mulher me chamou a atenção assim que peguei o trabalho de Janaine — pensei em criar uma cota para a produção masculina nesse site, pois quase todos os trabalhos que fiz no último mês foram produzidos por mulheres ou cujo assunto eram as mulheres dentro da hierarquia do PCC.

Não acredito no acaso, e muito menos duvido dele.

A pesquisadora demonstra no artigo o aumento brutal do número de mulheres assassinadas — o Mapa da Violência 2015 denunciou o aumento de 500% da quantidade de homicídios de mulheres em Roraima em relação aos anos de 2003 a 2013.

Os números são o resultado do aumento da presença das mulheres, que estão dominando cada vez mais todas as áreas.

Uma escreve e outra derrama sangue

Quando Janaine escreveu o artigo, não poderia prever que trouxesse, a um de seus leitores, a lembrança de maneira tão viva de uma irmã ou companheira do PCC, que teve seu áudio viralizado um pouco antes dos ataques ocorridos no início de agosto de 2017 em Rio Branco:

Aqui o bagulho tá feio mesmo. Eu sou do Acre, só que os irmãos não estão muito unidos não. Mataram meus companheiros lá.

Até perder meu filho já perdi.

Tudo por causa dessa guerra. Agora os irmãos tem que tomar atitude aí.

Tem Irmão encurralado aí. Tem que ajudar Irmão.

Guerreira do Acre

Na voz, uma mulher, fiel de sangue ao Primeiro Comando da Capital, e seu pedido de apoio que mobilizou soldados e recursos da facção de diversas partes do Brasil.

A situação que estava quente, ferveu, sendo necessária uma operação de guerra envolvendo o governo estadual e federal para conter a situação.

A mulher conquistando o direito de matar e morrer

Monteiro Lobato teria que se conformar: a mulher conquistou seu lugar na sociedade, e hoje elas já escrevem tanto quanto os homens sobre a questão criminal, e com o incremento em torno de 1,5% ao mês do número de integrantes femininas nas facções.

Dentro de cinco anos elas possivelmente já estarão em pé de igualdade com os homens.

Eu não vou esperar tanto tempo para parabenizar as mulheres que conquistaram o direito de morrer como se fossem homem. Mary Wollstonecraft e Nísia Floresta devem estar muito satisfeitas com as conquistas das mulheres neste século.

Vídeo da execução de uma integrante do Bonde dos 13 do Acre (B13)

Como me matar? Matador de aluguel da facção PCC 1533!

Como me matar? Talvez contratar um matador de aluguel do Primeiro Comando da Capital! Se chegou a essa conclusão, esse texto é para você!

Como me matar? — o PCC seria a solução mais segura?

Há alguns anos, publiquei um artigo sobre um site que oferecia contratos de matadores de aluguel on-line

Na época, demonstrei que o tal site era formado, não por matadores do PCC, mas por golpistas que usavam o nome da facção.

Nunca matariam nenhum inimigo ou desafeto, assim como não resolveriam a questão de quem se perguntava: Como me matar!

Golpe simples. Era como tirar doce de uma criança.

Acreditanto estar em contato direto com matadores de aluguel da poderosa organização criminosa Primeiro Comando da Capital

O contratante acertava pelo site quem deveria morrer e cobravam algum valor para deslocamento para investigar o alvo.

Enquanto isso, coletavam dados do interessado e da vítima, cobrando pequenos valores referente às campanas.

Quando o contratente dava conta que o serviço não seria feito e ameaçava desistir, os tais matadores passavam a extorquir o cliente.

Afirmavam que denunciariam à polícia e à pessoa que seria a vítima do homicídio encaminhando os prints das conversas.

Se a pessoa começava a pagar o suborno, ficava na mão da quadrilha até tirarem a última gota de sangue.

Como me matar> um pedido de ajuda

Encomendando a própria morte

Para resolver a questão, de “como me matar?”, o grupo agia de outra forma, a quadrilha chegava com toda a empatia.

Eram gentis e se aproximavam, mas no final o final era o mesmo: sequestro e extorsão.

Quando fiz a denúncia, os tais matadores de aluguel me procuraram, ameaçando de morte, afinal, eram matadores profissionais!

Pois é. Ainda estou aqui e o tal site não existe mais.

O tempo se passou, no entanto, todos os dias recebo mensagem de alguém que quer contratar um matador de aluguel através desse site.

E não se passa uma semana sem que eu receba um pedido de alguém querendo pagar para ter sua própria vida tirada.

Fico profundamente entristecido ao receber esses pedidos de pessoas que procuram contratar seus próprios assassinatos.

É uma tragédia que alguém sinta que a única opção para escapar da dor e do sofrimento é tirar a própria vida.

Quanto mais, em uma situação já tão difícil, ainda sofrer extorsão.

Me procurando para contratar sua própria morte

Como você deve saber, eu tenho experiência em atuar em casos complexos, mas a questão do suicídio é uma das mais difíceis que enfrento.

É uma situação delicada e desafiadora que requer cuidado, compaixão e uma compreensão profunda das causas e consequências do suicídio.

Eu sei que muitas vezes as pessoas que procuram contratar seus próprios assassinatos estão passando por momentos de profunda tristeza, depressão e desesperança.

O Primeiro Comando da Capital é formado por criminosos de todos os tipos. Existem os que aceitariam e cumpririam o contrato e os que apenas extorquiriam o contratante.

Não contrate matador de aluguel pela internet

Quando me procuram no WhatsApp do site, informo que a pessoa que busca contratar alguém pela internet cairá fatalmente em um golpe e aconselho a procurar o Centro de Valorização da Vida.

Por fim, gostaria de alertar as pessoas que resolveram a procuram contratar seus próprios assassinatos pela internet que desistam desse perigoso caminho.

Infelizmente, há muitos golpes sendo perpetrados por pessoas inescrupulosas que se aproveitam do desespero das pessoas para ganhar dinheiro.

Não caia nessa armadilha e, em vez disso, busque ajuda de uma fonte confiável.

Com todo o meu coração, espero que aqueles que estão enfrentando momentos difíceis encontrem força e esperança para superar seus desafios.

Lembre-se de que você não está só e que há sempre pessoas que se importam e querem ajudar.

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