Primeiro Comando da Capital e a Venezuela — qual a ligação?

Venezuela e o Primeiro Comando da Capital deixaram de pertencer ao mundo real para serem personagens de contos de doutrinação atravéz do medo

Primeiro Comando da Capital e a Venezuela vĂ­timas de uma narrativa produzida

Primeiro Comando da Capital e a Venezuela: realidade e preconceito

O Primeiro Comando da Capital e a Venezuela sĂŁo dois Ă­cones contemporĂąneos do preconceito social latinoamericano.


Prezado Artemiy Semenovskiy,

Escrevo-lhe hoje para expressar minha preocupação com a situação dos imigrantes venezuelanos.

Estes imigrantes refletem, ao meu ver, a mesma realidade de todos os que vivem na periferia de nossa sociedade: das metrĂłpoles Ă s pequenas comunidades.

Assusta-me, no entanto, que alguns estranhem a facilidade como que o Primeiro Comando da Capital tenha tanta facilidade em cooptĂĄ-los.

Como vocĂȘ sabe, as desigualdades sociais e econĂŽmicas sĂŁo as principais causas dessa marginalização e criminalidade.

E esta injustiça Social Ă© uma consequĂȘncia da propriedade privada, que cria uma competição desigual pela riqueza e pelo poder.

Primeiro Comando da Capital e a Venezuela: os outros sĂŁo o problema

Todos olhamos para a Venezuela negando a triste realidade das periferias sociais de nossos prĂłprios paĂ­ses.

Afinal, a Venezuela Ă© um paĂ­s em tese governado por um governo de esquerda, sĂł que…

A organização criminosa Primeiro Comando da Capital nasceu e cresceu em uma nação capitalista líder em desigualdade social: o Brasil.

No entanto, preferimos olhar para alĂ©m de nossas fronteiras, por isso, reproduzo apĂłs minha carta a vocĂȘ o artigo do site Insight Crime.

Desta forma, podemos olhar para além do horizonte, para além de nossas fronteiras e de nossas próprias culpas.

Se olhássemos para os migrantes da região norte e nordeste do Brasil, ou das cidades do interior para as capitais, veríamos o mesmo



 mas olhemos a Venezuela!

Primeiro Comando da Capital e a Venezuela: como reflexo da crise social

O brasileiro Primeiro Comando da Capital, ao lado de outros grupos criminosos como seu aliado venezuelano Tren de Aragua lucram com esta triste crise social.

Para resolver essa situação, seria necessårio que o Estado interviesse garantindo a igualdade de oportunidades e renda para todos os cidadãos, independentemente de sua origem social ou econÎmica.

No entanto, vejo em minha cidade a revolta de amigos e parentes com o governo federal e a CNBB por estarem falando sobre a fome e as desigualdades sociais.

Negamos a realidade mesmo quando salta as muralhas dos presĂ­dios para dominar comunidades inteiras: das metrĂłpoles Ă s pequenas comunidades.

SĂł eliminaremos a criminalidade decorrente da desigualdade econĂŽmica e social enfrentando a realidade que preferimos negar.

Bem, anexo ao final desta, o artigo sobre a situação na Venezuela, afinal, o problema é lå e não aqui.

Com um sincero, forte e leal abraço de seu amigo de longa data, lhe desejo paz, justiça, liberdade, igualdade e união.

Wagner do Site

Livre tradução do artigo do site Insight Crime: Venezuelan Migrants Remain Easy Prey for Organized Crime — include large-scale gangs such as Venezuela’s Tren de Aragua and Brazil’s First Capital Command, which are present in several countries in the region

Imigrantes venezuelanos: presa fĂĄcil para o crime organizado

Um novo relatĂłrio destaca como grupos do crime organizado estĂŁo atacando imigrantes venezuelanos.

Esta que é a maior crise de deslocamento da região estå se transformando em uma lucrativa oportunidade de negócios para as organizaçÔes criminosas.

Mais de 7 milhÔes de venezuelanos foram deslocados de seu país após uma crise econÎmica de longo prazo que foi agravada pela pandemia do COVID-19.

Agora, de acordo com um relatĂłrio da Plataforma de Coordenação InteragĂȘncias para Refugiados e Migrantes na Venezuela, esses migrantes estĂŁo sendo explorados em pelo menos sete paĂ­ses da AmĂ©rica Latina e Caribe: Argentina, BolĂ­via, Brasil, Chile, ColĂŽmbia, Aruba e Curaçao.

Aqui, o InSight Crime analisa as conclusĂ”es do relatĂłrio e analisa os mĂșltiplos perigos que os grupos do crime organizado representam para os imigrantes venezuelanos.

Imigrantes como vĂ­timas do crime organizado

A saĂ­da de migrantes venezuelanos oferece aos grupos criminosos oportunidades constantes.

Segundo o relatório, os migrantes são frequentemente recrutados por grupos criminosos e colocados para trabalhar nos escalÔes mais baixos da organização.

São esses eles que realizam tarefas como a venda de contrabando, sempre nas posiçÔes de baixo nível e com maiores riscos.

Além de tudo, os migrantes em interação com outros criminosos ficam vulneråveis a serem vítimas do tråfico humano.

Apesar de um suprimento abundante de vítimas, grupos criminosos começaram a recrutar migrantes de abrigos humanitårios que abrigam populaçÔes em trùnsito, segundo o relatório.

Uma vez recrutados, os migrantes são forçados a trabalhar em toda a cadeia de abastecimento do narcotråfico.

Os migrantes foram forçados a trabalhar colhendo folha de coca e transportando drogas entre os países de barco ou como mensageiros humanos.

Nas cidades, os migrantes sĂŁo obrigados a vender drogas para poderem sobreviver e pagar os agenciadores a que estĂŁo submetidos.

As redes de contrabando humano na América Latina lucraram e se expandiram com a alta demanda por seus serviços na Venezuela.

Esses grupos oferecem “pacotes” que incluem viagens da Venezuela para o Chile ou Argentina e depois para a Colîmbia, Equador, Peru, Bolívia e Brasil.

Os pacotes também incluem hospedagem, transporte e contrabando por rotas perigosas que cruzam as fronteiras nacionais.

algo como os pacotes pagos por brasileiros para entrarem nos EUA, JapĂŁo e Europa e que, por vezes, acabam em morte e escravidĂŁo sexual

Imigrantes como vĂ­timas do trĂĄfico humano

Essas zonas também são åreas ativas para redes de tråfico humano, que sequestram migrantes.

Imigrantes venezuelanos foram considerados vítimas de tråfico humano em pelo menos 11 outros países, tanto na América Latina quanto em outros lugares.

Como migrantes não autorizados, as vítimas são incapazes de relatar sua situação ou buscar ajuda, aumentando ainda mais sua precariedade.

A maioria das vítimas do tråfico humano para fins de exploração sexual são mulheres e meninas.

Elas sĂŁo recrutadas predominantemente por meio de redes sociais e falsas ofertas de emprego para trabalhar em residĂȘncias particulares, restaurantes ou como cabeleireiros.

Assim que as mulheres chegam ao país de destino, os criminosos pegam seus documentos e as obrigam a prestar serviços sexuais para “pagar” pelo transporte e acomodação.

Algumas vĂ­timas sĂŁo entregues a grupos como o Tren de Aragua, que as exploram ainda mais.

Os migrantes tambĂ©m sĂŁo vĂ­timas da exploração do trabalho na indĂșstria agrĂ­cola, em trabalhos como colheita, construção e trabalho domĂ©stico em paĂ­ses como Brasil, Aruba e Curaçao.

Imigrantes: quem lucra com a miséria?

Muitos tipos de grupos criminosos lucram com a exploração de migrantes, desde redes transnacionais até clãs locais, segundo o relatório.

Entre os grupos identificados estĂŁo o ExĂ©rcito de Libertação Nacional (EjĂ©rcito de LiberaciĂłn Nacional – ELN), e grupos dissidentes das Forças Armadas RevolucionĂĄrias da ColĂŽmbia (Farc).

Além destes, organizaçÔes criminosas como o Tren de Aragua da Venezuela e o Primeiro Comando da Capital do Brasil.

O relatório revela também a presença de clãs familiares e gangues criminosas menores, algumas de origem venezuelana, e outras da Bolívia, Argentina, Chile e ColÎmbia.

Enquanto a maioria desses grupos simplesmente aproveita as rotas migratĂłrias que passam por seu territĂłrio, a pandemia do COVID-19 atuou como um catalisador para o crescimento de grupos criminosos associados ao contrabando de migrantes e ao trĂĄfico de pessoas, incluindo o jĂĄ mencionado Tren de Aragua, que tem expandido para outros paĂ­ses.

Ainda nĂŁo se conseguiu estabelecer uma definição sobre terrorismo internacional por convenção nas NaçÔes Unidas. Conceito elĂĄstico, em que caberia atĂ© o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho, Ă© pugnado pelos EUA. Caso vingasse, qualquer movimento separatista armado seria dado como terrorista…

Imigrantes como vĂ­timas da violĂȘncia: uma estratĂ©gia comum

Os migrantes recrutados e explorados por grupos do crime organizado estĂŁo expostos a nĂ­veis angustiantes de violĂȘncia, ameaças, desaparecimento forçado e homicĂ­dio.

Segundo o relatório, os migrantes venezuelanos são vítimas frequentes de desaparecimentos forçados, sendo as regiÔes fronteiriças pontos específicos de perigo.

Os traficantes de seres humanos muitas vezes levam as vĂ­timas por rotas perigosas e frequentemente as abandonam.

Alguns desaparecimentos ocorrem em regiĂ”es onde grupos armados lutam pelo controle do territĂłrio, outros em contextos de violĂȘncia sexual.

O tråfico humano é uma das principais causas de desaparecimento de migrantes, seja como vítimas de exploração laboral em bares em Aruba e Curaçao, ou em åreas de mineração da Bolívia e do Brasil.

Migrantes recrutados por gangues criminosas também correm o risco de serem mortos em confrontos com outras gangues.

Cerca de 1.000 venezuelanos foram assassinados na ColĂŽmbia em 2022, segundo dados preliminares do Instituto Nacional de Medicina Legal e CiĂȘncias Forenses da ColĂŽmbia.

Mortes violentas ligadas a disputas de tråfico de drogas também ocorreram no Brasil, de acordo com o relatório.

E migrantes cujo status os impede de usar o sistema bancĂĄrio formal foram vĂ­timas de ameaças, violĂȘncia fĂ­sica ou sequestro por agiotas na Argentina, BolĂ­via, Brasil e ColĂŽmbia.

Livre tradução do artigo do site Insight Crime: Venezuelan Migrants Remain Easy Prey for Organized Crime — include large-scale gangs such as Venezuela’s Tren de Aragua and Brazil’s First Capital Command, which are present in several countries in the region

Autor: Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porĂ©m, Ă© que aqui, assim como ninguĂ©m sabe que vocĂȘ Ă© um cachorro, nĂŁo dĂĄ para sacar se a pessoa do outro lado Ă© do PCC. Na rede, quase nada do que parece, Ă©. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fĂŁ no Facebook pode ser um robĂŽ; e, como Ă© o caso da pĂĄgina em questĂŁo, um aparente editor de site de facção pode se tratar de RĂ­card Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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