Executor de Policial Federal Penal do RN é preso nem Curitiba

Em abril de 2017 o policial federal penal Charlie Gama foi morto em Mossoró no Rio Grande do Norte. Passados quatro anos é preso executor que estava em Curitiba no Paraná — a Operação Ebenézer envolveu policiais federais dos dois estados e do Distrito Federal.

Charlie não foi morto no improviso com dois caras chegando em uma moto. Foi tudo planejado pelo Primeiro Comando da Capital, que até infiltrou uma empregada na casa dele para passar as informações. — fonte: site R7

Aluguel de presos como escravos sexuais no Paraná


O amanhã chegou. Bem, na realidade ele forçou a entrada, e eu percebi isso quando ouvi algo que me soou assim: “até 1995 ou 1996, o carcereiro chegava e vendia o preso por, digamos, cinco mil reais para ser escravo sexual.”

Não sei se você conhece o podcast paranaense Salvo Melhor Juízo, de Thiago Hansen, Carolina de Quadros e Gustavo Favini, mas, se não, conheça. Os jovens organizadores e apresentadores “proseiam” sobre questões de direito, cidadania, vida e cultura carcerárias – conversando informalmente transmitem conhecimento profundo.

Há tempos acompanho o trabalho do trio e sempre digo a mim mesmo que “amanhã vou escrever sobre eles aqui”, mas o amanhã não chegava, sempre acontecia algo; por vezes fazia sol, outros dias chovia, e quando não acontecia nem uma coisa nem outra o tempo ficava nublado, então deixava novamente para amanhã.

Essa semana não seria diferente, até que Renato Almeida Freitas Júnior começou a contar como era a situação dentro dos presídios paranaenses, antes e depois do domínio do Primeiro Comando da Capital (PCC 1533). Não deu mais para esperar o amanhã, tinha que ser agora, já, nesse momento, e aqui estou eu.

Renato se aprofundou sobre a realidade carcerária para concluir seu trabalho de mestrado para o Núcleo de Criminologia Crítica e Justiça Restaurativa da UFPR, sob o título: Prisões e Quebradas: O campo em evidência ou A prisão diluída: uma análise das relações entre a prisão e os bairros periféricos de Curitiba.

O trecho que fez finalmente chegar para mim o dia de amanhã começa com Thiago Hansen propondo uma questão pra lá de complexa, algo mais ou menos assim:

“O tópico de hoje é o Mundo Carcerário, […] mas a questão é:

  • O que que acontece dentro das cadeias?
  • O que acontece dentro dos presídios?
  • Qual é o cotidiano das pessoas que estão dentro do sistema prisional?
  • Como é a vida dos indivíduos encarcerados?
  • Os presos acordam e fazem o quê?
  • Quais são os gestos, as linguagens, e as gírias do detentos?
  • Como eles constroem seu próprio mundo?
  • Em uma palavra: qual é a cultura carcerária no Brasil?”

E, entre outra coisas, o Renato Almeida respondeu mais ou menos assim (se quiser saber exatamente como foi vai ter que ouvir o programa):

“Começamos a reparar que o sucateamento, a invisibilidade e o desconhecimento do que ocorre dentro do cárcere, a menos que sejamos clientela dele, é exatamente por ser essa uma política de Estado. E não é acidentalmente mantido assim, é ativamente mantida assim, para dificultar a organização política e as lutas sociais nesse meio. Aí a gente tem verdadeiros códigos, verdadeiras manifestações normativas subterrâneas, que não tem qualquer relação com o que está na lei.

Tem duas respostas, já entrando na discussão sobre o crime organizado dentro da cadeia, se você entra dentro de um presídio onde o controle está com o PCC, pelo menos na capital Curitiba, o tratamento recebido pelo peso é muito diferente daquele que existia antes dele ser hegemônico, o que aconteceu por volta dos anos 90.

Houve um ganho qualitativo. Suponha que uma pessoa branca, estudante universitário, com boa aparência entrasse em um presídio até 1996, antes do PCC assumir no Paraná, o que acontecia era que o agente penitenciário pegava essa pessoa, colocava na triagem, como acontece até hoje, só que antes de levar a pessoa para dentro, ele avisava o preso que tinha mais dinheiro e oferecia, e dizia: ‘eu vendo ele por’, digamos, ‘por cinco mil reais’. Fechado o negócio, a pessoa era levada para a cela de quem pagasse mais, e todo mundo sabia quem era o dono do garoto.

Era uma relação muito louca! O preso que comprou usava do garoto como achasse melhor, geralmente sexualmente, até o novato ficar “bagunçado”, daí ele era vendido para outro preso, e daí como ele estava totalmente zoado era usado como ‘cofre’ (ou ‘garagem’ para esconder drogas ou celulares no ânus quando havia revista nas celas). Era a lei do mais forte.

Depois do PCC isso mudou radicalmente, e é o que faz que tivesse tanta adesão ao grupo. Aqui fora a gente vê pela mídia o processo de demonização, e outros mais inocentes fazem a romantização, o fato é que ninguém de fato sabe o que acontece ou como se comportam os presos. Por que que tem tanta adesão? Por que não foram suprimidos pela massa carcerária?

Os oito, dez, vinte que vieram para cá organizaram uma massa, e hoje tem pelo menos umas dez mil pessoas, dentro e fora do sistema, ligadas ao Primeiro Comando da Capital. O código ético implantado pelo crime organizado é a mudança radical, onde não é aceito nenhum tipo de opressão nos presídios, onde você resguarda o mais pobre e o mais fraco.” (adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});

Erving Goffman e o uso da fé para se livrar do PCC

“A todos que estão em privação de liberdade na Colônia Penal Agroindustrial do Paraná e que direta e indiretamente auxiliaram na Capela Ecumênica da Unidade Penal. Em especial ao responsável pela Capela Ecumênica e assistido da Unidade, por sua coragem, dedicação e parceria. ‘“Pedro’”, você nos apresentou ao ‘“mundo do cárcere’.”

Assim Danilo Henrique Martins, mestre em Geografia pela Universidade Federal do Paraná, agradece àqueles que o auxiliaram com seus depoimentos para que, desta forma, pudesse entender como

Este é o primeiro estudo, de uma série de textos que trarei, sobre a fé dentro da organização criminosa paulista Primeiro Comando da Capital PCC 1533. O trabalho inaugural se chama: “Unidade Prisional como Espaço Total: A Religião na Colônia Penal Agroindustrial do Paraná.”

Chama-me a atenção o método aplicado pelo pesquisador da UFPR, que seguiu o caminho de Erving Goffman e, utilizando-se de conversas informais e atentando-se aos detalhes dos diálogos, pôde testar a franqueza dos entrevistados e observar suas reações. É importante ressaltar que, caso outro método fosse utilizado, esses mesmos detalhes poderiam ter passado batidos.

(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({}); Danilo, valendo-se da técnica goffmaniana, entrevistou um ex-PCC chamado Paulo, que, no passado, foi um dos líderes da facção. Nessa ocasião, o entrevistado estava como mensageiro da “Palavra de Deus” oficiando o culto, explicando versículos bíblicos, e testemunhando:

“Tava muito frio e fui levar para a ala dois colchão. Tinha dois rapazes lá deitado. Deus segurou eu lá. Não pude deixar de falar que a prática deles estava levando eles para o inferno. Não tava ali para julgar. Eu disse: A verdade vos libertará. Creia na Palavra. Quer ver mudança em sua vida, creia na Palavra. Quer ser discípulo para morar no céu, creia na Palavra. Mas, quem morrer em Cristo será salvo.” (Irmão Paulo, 23 de Setembro de 2016).

“Aleluia! Glória a Deus!”, maravilha, a fé move montanhas e transforma membro de facção em pastor… Mas será mesmo? Outro interno, Vinícius Luiz, explicou que algumas pessoas só abraçam a fé como uma forma de fugir de algo dentro da prisão ou se refugiarem, Seu colega Elio, também interno, completa:

“Tem muita gente que se esconde na religião, por causa do castigo que tá preso, tipo um ‘213’, o que comete estupro. Aqui tem bastante. Tem gente que se esconde, pois sabe que é intocável. Tem bastante gente que sai das facções e que tá na igreja por causa disso. O que aconteceu: o irmão do PCC, ele pede para saí e para isso tem que parar com o crime, vai para a Igreja onde não é cobrado, o abandono da facção no caso. Também tem muitos que é para não ter que pagar dívida de droga. Tem muitos que é falta da família e encontrar um refúgio nos irmãos da igreja que são afetivos.” (19 de Novembro de 2016)”

A qual conclusão Danilo chegou depois de tantas entrevistas? Leia o trabalho dele e descubra por si mesmo.
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Preso no Paraná Wanderlei Benites, o Bilu do PCC.

O cara é considerado o cara pela polícia do Paraná.

Segundo o Tribuna do Paraná, o delegado Rodrigo Brown atribui a Wanderlei Benites, conhecido como Bilu, parte da organização da fuga de dezenas de presos ligados ao Primeiro Comando da Capital da Penitenciária Estadual de Segurança Máxima de Piraquara – PEP 1. O Major Cesar do BOPE elogiou a ação da equipe de resgate declarando:

“Eles vieram para o arrebatamento bem preparados, vieram com armas de grosso calibre, com grande potencial ofensivo. Com os quatro capturados haviam três fuzis 762, duas pistolas 9mm, e dois coletes balísticos. Eles vieram preparados para a guerra mesmo.”

A Operação Alexandria que foi organizada para desarticular as organizações criminosas do Paraná tentou por mais de um ano localizar Bilu sem sucesso. Ele só foi localizado no bairro curitibano de Parolin após uma outra operação feita para descobrir os organizadores e participantes da fuga da PEP 1.

(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({}); Ele é tido também como o responsável pelas ações da chamada “gangue da marcha-ré” que tem agido em Curitiba.

Bilu além dos novos processos já tem passagem por associação criminosa,homicídios e latrocínio, entre outros artigos.

O mesmo delegado que esteve à frente da operação que o prendeu na noite desta quarta-feira dia 1ª de fevereiro já o havia preso no passado quando ele foi reconhecido por testemunhas como sendo o autor de um latrocínio no bairro curitibano de Água Verde. Curiosamente apenas a Avenida Presidente Kennedy separa o bairro onde ele cometeu o assassinato do local onde foi preso mais de um ano depois.

Em 2014 a Polícia Civil do Paraná em sua página oficial garantiu que a prisão de Wanderlei e outros 22 membros da organização criminosa teria desestruturado a organização criminosa naquele estado. Bem, após a fuga do PEP 1 articulada pelo mesmo Wanderlei ficou claro que o Primeiro Comando da Capital continua ativo e forte por lá. (adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});

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