O PCC faz segurança terceirizada em São Paulo

Outro dia, descobri que é possível assistir a filmes da Netflix que não são aqueles que os algoritmos escravizantes nos indicam; beleza, então resolvi escolher algum país diferente, para fugir do arroz com feijão cinematográfico, e optei pelos filmes indianos. Legal, assisti Kabali, Sarkar, Raees, entre outros; esses dois últimos me lembraram muito o Brasil, diferente “pero no mucho”.

Lá, e não aqui, existem gangues às quais a população mais pobre vai recorrer quando precisar que a justiça seja feita. É interessante ver que a estrutura geral de regras, costumes e brigas pelo domínio de áreas lá não é muito diferente daqui.

Em todos os filmes, o tráfico está, de certa forma, aliado aos políticos. Ainda bem que isso não acontece aqui, mas em Raees, que se passa na província de Gujarate, existe uma estrutura organizacional que gere os traficantes e, sendo assim, não existem, a princípio, mortes desnecessárias.

Bem, isso acontece lá na Índia, vamos voltar para nosso assunto aqui no Brasil…

O pesquisador Roberto Cordoville Efrem de Lima Filho, em seu trabalho MATA-MATA: reciprocidades constitutivas entre classe, gênero, sexualidade e território, afirma:

“[…] Na Paraíba, inexiste uma organização equiparável ao Primeiro Comando da Capital, o PCC, cujas estratégias de controle de conflitos e do mercado de drogas minimizam contundentemente os números de mortes nas periferias de São Paulo, como Gabriel Feltran demonstrou. […] Em 2002 e 2012, os números de homicídios em João Pessoa cresceram vertiginosamente.
[…]
Práticas de Estado não são excludentes do crime, não necessariamente se antagonizam ao crime. Pelo contrário, participam do crime, compõem a criminalização, negociam ou cumpliciam com o crime. Mais explicitamente em determinados contextos, como aqueles investigados por Gabriel Feltram, o crime produz governo, governo produz crime.”

(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({}); Depois de ler esse trecho final do trabalho de Lima Filho, acho que ele assistiu aos mesmos filmes que eu. Ah! Coloco aqui um gráfico que demonstra a queda do número de homicídios desde o início do período Alckmin. Ei!, isso não é uma afirmação minha, apenas é o que demonstra o gráfico.não sou nem deixo de ser estou mostrando o gráfico.

Dizem alguns que houve um acordo com o Primeiro Comando da Capital para diminuir o número de mortes no estado. Eu não sei se é verdade, mas no vídeo que coloquei no início deste texto é falado sobre a prisão de membros do PCC que executaram um rapaz, pois ele cometeu um assassinato mesmo sabendo que isso é proibido. Cada um que tire suas conclusões, mas o que sei é que Lima Filho tirou a seguinte::

“De acordo com Feltran, a substancial diminuição dos números de homicídios em São Paulo entre os anos de 2006 e 2011 resultou do estabelecimento de um único dispositivo de gestão da violência letal, produzido nas tensões entre políticas estatais e criminais – sendo essas última, sobretudo, as do Primeiro Comando da Capital. Os regimes de governo e crime – distintos e pretensamente autônomos, mas coexistentes – sofreram choques entre si bastante funcionais para ambos: ‘observa-se que deste conflito entre políticas do crime e políticas estatais produz-se uma espécie de ‘terceirização’ da segurança pública, na qual o governo segue sendo o ator central da tomada de decisões e o crime aquele que ordena territórios e grupos específicos nas periferias da cidade”.
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Autor: Ricard Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porém, é que aqui, assim como ninguém sabe que você é um cachorro, não dá para sacar se a pessoa do outro lado é do PCC. Na rede, quase nada do que parece, é. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fã no Facebook pode ser um robô; e, como é o caso da página em questão, um aparente editor de site de facção pode se tratar de Rícard Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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