A segurança pública em nosso país sofreu profundas mudanças:
- intervenção federal no Rio de Janeiro enfraquecendo a facção criminosa Comando Vermelho (CV); e
- a morte e a prisão das principais lideranças da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC 1533).
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Uma nova realidade sem o Comando Vermelho (CV)
Quem sabe esse será o golpe mortal que aniquilará quem corre pelo lado errado do lado errado da vida? Mas não, não será assim.
O artigo de Alfredo Moreira Ávila Neto e seus colegas, O Gerenciamento de Crise em Rebeliões no Sistema Penitenciário Brasileiro, publicado na Revista Eletrônica Direito e Conhecimento, do Cesmac, Faculdade do Agreste de Arapiraca, me lembrou algo que não pode ser esquecido:
O Comando Vermelho foi fundado em 1979 — no ano que vem fará seu 40º aniversário — e, como o Primeiro Comando da Capital e o Quilombo dos Palmares, sobreviverão ao tempo independentemente do que você, eu, os militares e Celso Rocha de Barros venhamos a acreditar.
O artigo afirma que o CV e o PCC dominam 90% do sistema carcerário brasileiro, e as forças de ocupação federal estão atuando nas ruas, sem tocar no cerne das organizações, protegidas pelas muralhas dos presídios.
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“Até depois da última gota de sangue! Tudo 3!”
Há alguns meses fui convidado a comparecer na delegacia para dar explicações a respeito deste site, e a pessoa que me inquiria não se conformava quando eu reafirmava que o Primeiro Comando da Capital jamais seria eliminado.
Ana Luiza Almeida Ferro também afirmou que crime organizado no Brasil não será eliminado, mas ao contrário de mim, ela generalizou, e eu dei nome aos bois.
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Ana Luiza afirma: o PCC somos eu e você
Se você duvida, então é só dar uma olhada na obra El cincuentenario de los Pactos Internacionales de Derechos Humanos de la ONU — além do valor das ideias, a composição do texto é primorosa:
Sendo assim, o PCC está em cada paulista, assim como as facções menores, como o CV, estão na alma de suas comunidades. A visão de Ana Luiza me pareceu muito dura, um soco em nossa autoimagem e autoestima, mas concordo com ela.
Como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital poderiam ser abalados por ações policiais ou militares nas ruas se, como nos lembra o artigo publicado na revista do Cesmac, as facções estão dentro do Sistema Prisional e, como nos conta Ana Luiza, dentro de cada um de nós?
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Entender o problema é o primeiro passo.
O que eu tentei aquele dia dizer na delegacia, e o que Ana Luiza disse com primazia, foi que não adiantam apenas mudanças na política de segurança pública em nosso país, com intervenção militar e a morte e a prisão de lideranças das organizações criminosas — é preciso que tomemos consciência desse tal weltzschmerz citado por Yuri.
Assim, abandonaremos nossas ilusões — e deixaremos de tentar matar o que é imortal e poderemos nos concentrar em dominá-lo e mantê-lo sob controle, começando por nossas atitudes e pensamentos.
A intervenção federal ou as GLOs são a solução?
O Rio de Janeiro não foi o único lugar onde o governo federal tentou atuar diretamente no combate ao crime organizado e a maior prova que o uso da lei de Garantia da Lei e da Ordem não é solução para esse problema.
Capitão de Fragata Sérgio Souza Sá
“Já devo ter mencionado isso aqui, sou um otimista.”