Assalto no Residencial Rio Araguaia deixa um morto.

Sou de família humilde, mas que sempre valorizou a qualidade dos produtos. Minha avó era costureira no Padre Bento aqui em Itu, e minha mãe assim como ela sempre exaltaram a qualidade dos produtos da marca “Mundial”: tesouras e facas.  Disto eu nunca vou esquecer.

Aquela garota também jamais esquecerá aquela faca da marca “Mundial” de cabo plástico amarelo, cuja lâmina de vinte centímetros ora foi encostada em sua barriga, ora foi esfregada em seu rosto por aquele jovem branco e magro, de camiseta listrada verde e branco, e calça jeans.

Os olhos daquela garota que tinha feito quinze anos a apenas alguns meses não tinham sido feitos para verem aquilo, assim como sua carne não estava pronta para sofrer o que pretendiam fazer com ela. Mas naquele momento só queriam saber do dinheiro.

Isso aconteceu no Residencial Rio Araguaia em fevereiro de 2011, quando logo depois do almoço dois rapazes bateram na casa em que mora com seus pais e onde fica uma transportadora. Eles queriam a grana que sabiam que estava lá, mas ela não disse aonde.

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Quem estava com a faca era Lucas que continuava a aterrorizar a garota enquanto seu comparsa, Nivaldo, procurava o dinheiro. A garota horas depois reconhece Nivaldo por uma foto que lhe foi apresentada no DP pela PM. Ele estava morto.

Lucas foi reconhecido pessoalmente pela garota. Dele ela jamais vai esquecer. Segundo o seu pai que na hora do assalto estava na cidade vizinha de Salto trabalhando, e quando chegou encontrou a ela e a mãe chorando muito. Ela jamais será a mesma depois daquele dia.

O trauma que Lucas causou feriu fundo sua mente, muito mais que aquela Mundial poderia ter feito com o seu corpo: muitas noites acordava no meio da noite gritando, sem conseguir dormir e teve que procurar ajuda de um psicólogo para poder voltar a sua vida normal.

Nivaldo, Jeguinho como é conhecido, também não vai esquecer aquela garota. Ele a amarrou no corrimão antes de fugir com seu comparsa. Mas ela não ficou a espera que a Justiça viesse em um cavalo branco para salvá-la. Ela sabia que tinha que fazer algo e não ficou parada.

Agindo com inteligência e força se livrou das amarras assim que os homens deixaram a residência. Se a Justiça não vinha até ela por graça divina ela é que não ficaria parada, acionou a Polícia Militar dando detalhes das roupas que os dois estavam vestindo e foi para a rua.

As viaturas chegaram e pouco tempo depois a informação. Nivaldo trocou tiros com a polícia e veio a falecer, Jeguinho estava preso. No dia seguinte o dinheiro roubado foi devolvido pela polícia à vítima, mas nunca mais aquela garota terá de volta a paz que tinha antes daquele dia.

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Autor: Ricard Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porém, é que aqui, assim como ninguém sabe que você é um cachorro, não dá para sacar se a pessoa do outro lado é do PCC. Na rede, quase nada do que parece, é. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fã no Facebook pode ser um robô; e, como é o caso da página em questão, um aparente editor de site de facção pode se tratar de Rícard Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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