O crime organizado em Itu, um estudo sobre a facção PCC 1533

Durante as eleições presidenciais de 2010 optei por escrever sobre o crime organizado focando no estudo do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Uma noite e uma eleição que não prometia surpresas, assim começou meu estudo sobre o crime organizado e a facção PCC 1533.

Era uma noite escura e quente, como tantas outras que passei em frente a Igreja da Matriz em Itu — quinta-feira, 7 de outubro de 2010.

Foi no plantão daquela noite, enquanto fazia um ponto fixo em local de visibilidade que decidi que escreveria sobre o Primeiro Comando da Capital.

Algo estava diferente, algo estava no ar, mas não sabia exatamente o que era.

Há poucos dias, passamos pelo primeiro turno da eleição presidencial, ficando para o segundo turno Dilma Rousseff e José Serra.

Nada, naquela eleição apontava que passaríamos pelo pesadelo do retorno da extrema direita — os candidatos mais à direita eram nanicos e caricatos.

Beto, o motoqueiro do crime organizado

Foi sob esse céu noturno escuro e quente, como tantos outros que passei em frente à Igreja da Matriz que resolvi mudar meu foco.

Citei a facção pela primeira vez em 2007, mas o PCC só se tornou meu foco a partir daquela noite de quinta-feira de 2010.

O motoqueiro que fazia o tráfico para os usuários do Clube Comerciários naquela noite, era meu velho conhecido.

Beto tinha uns 10 anos quando começou a frequentar minha casa e, certa vez, o retirei do fundo do açude do Itaim, trazendo-o de volta à vida.

Os filósofos, antropólogos, jornalistas, policiais e “cidadãos de bem” discutiam sobre tráfico de drogas, o mundo do crime e políticas de Segurança Pública…

… mas era eu quem conhecia Beto, o motoqueiro da organização criminosa Primeiro Comando da Capital, e não eles.

Noite escura, quente e sem nuvens

O quadro político daquela eleição indicava que a sociedade buscava maneiras de promover Justiça e Segurança Pública através do desenvolvimento de políticas públicas.

Enquanto a sociedade buscava soluções, eu queria conhecer o PCC, para entender melhor a razão pela qual Beto escolheu entrar para a organização criminosa

Achei que negar a importância da facção PCC 1533 na vida e na imaginação do garoto não levaria a lugar nenhum.

O combate frontal e sem conhcimento, ao meu ver, apenas alimentaria uma espiral de vingança entre a sociedade e seus agentes, e mundo do crime.

Mas como enfrentar o PCC? Como mudar uma tradição tão arraigada na sociedade da luta do bem contra o mal?

Perguntas difíceis, a serem respondidas

Conhecer a organização criminosa poderia permitir uma forma de combate que não se baseasse apenas no uso da violência e da brutalidade.

As eleições de 2010 terminaram poucas semanas depois.

Dilma Rousseff venceu, mesmo tendo eu votado em José Serra.

Hoje, ao olhar para trás, noto como aquela noite escura e quente, indicava forte tempestade e poucos notaram.

Nada, naquela eleição apontava que passaríamos pelo pesadelo do retorno da extrema direita — os candidatos mais à direita eram nanicos e caricatos.

Algo estava diferente, algo estava no ar, mas não sabia exatamente o que era.

O que poucos viram, era que Michel Temer, o vice na chapa de Dilma, a vencedora das eleições era o representante da extrema-direita.

Temer trouxe consigo os militares e, poucos anos depois os cidadãos de bem deixavam escorrer sangue pelo canto da boca.

A organização criminosa Primeiro Comando da Capital virou uma multinacional e o mundo não é mais o mesmo.

Foi nesse contexto que escrevi o texto que republico abaixo citando os três personagens que na época eram referência quando o assunto era o Primeiro Comando da Capital aqui em Itu: o promotor de Justiça Luiz Carlos Ormeleze, o investigador de Polícia Moacir Cova e, o advogado Gerciel Gerson de Lima.

Termino o texto dizendo que nos próximos meses, baseado no trabalho dos três, farei artigos sobre a organização criminosa, no entanto, já se passaram 12 anos e continuo eu aqui, escrevendo sobre o Primeiro Comando da Capital.

Um estudo sobre o crime organizado em Itu

A análise profunda em Segurança Pública não é algo que está ao alcance de qualquer um.

O mundo do crime organizado é assunto de pauta em jornais, academias, órgãos de segurança, botecos e pontos de ônibus.

Cada um explana convicções mas, poucos estudam profundamente com prazer visceral e enfrentando os perigos de pesquisa de campo.

Do mesmo modo que um policial sente orgulho de suas ações nas ruas e se compraz com os perigos que enfrenta e fazem sua adrenalina explodir, o estudioso orgulha-se de sua atividade espiritual cuja função é a de discernir — mesmo que na maior parte do tempo, seu estudo seja trivial e sem graça em que põe o seu talento em jogo.

o sucesso de um estudioso É a paixão pelo tema

Uma forte perspicácia tem que fazer parte do espírito de quem estuda o tema da organização criminosa Primeiro Comando da Capital.

Alguns podem até confundir a dedicação pelo tema com algo de caráter sobrenatural ou criminoso, mas não, é apenas resultado do espírito dedicado e do método de estudo.

Por isso, os personagens que aqui apresentarei, nada tem de supernatural ou fantástico, mas apenas refletem seu comprometimento com os resultados de seus estudos, seja o representante do Ministério Público, o investigador policial ou o advogado de defesa.

Um jogador de xadrez, por melhor que seja, pode analisar cautelosamente uma partida ou sua próxima jogada, não sendo necessário para isso realmente intuição ou coragem.

Se a vida do enxadrista e a de seus familiares não correm risco, aqueles que se estudam o crime organizado, se colocam constantemente em risco.

Três nomes: Ormeleze, Cova e Gerciel

Alguns nomes se destacam em Itu quando o assunto é crime organizado (especificamente a facção PCC 1533).

São homens cujas mentes engenhosas e analíticas, colocam em xeque a organização criminosa.

Investigador da Polícia Civil Moacir Cova

Moacir Cova prendeu os principais líderes da organização criminosa da cidade de Itu.

Ele é o policial mais conhecido no meio criminoso – existindo constantemente planos para seu extermínio.

Promotor de Justiça Dr. Luiz Carlos Ormeleze

É o nome mais pesquisado dentro desta plataforma, sendo que as buscas sempre partem das áreas onde estão baseadas as lideranças do tráfico nos presídios.

Sua dedicação em conseguir a condenação no Tribunal do Júri é lendária.

Dr. Gerciel Gerson de Lima.

Este por sua vez se destaca pela defesa feita a diversos acusados por tráfico, roubo e participação em organização criminosa.

Seu trabalho como advogado é reconhecido dentro e fora dos presídios, e não foram poucas vezes que presenciei outros defensores buscando seu auxílio para questões específicas sobre o Primeiro Comando da Capital.

O que os três tem em comum é o reconhecimento de seus feitos por uns, e a falta de compreensão por outros.

Não acredito em anjos ou demônios.

Todos os três são profissionais do mais alto nível, e que se destacam pela paixão que nutrem pela execução de um trabalho meticuloso e bem elaborado.

É sobre o trabalho destes três profissionais que basearei minhas pesquisas para este site nos próximos meses enquanto explorarei o tema Primeiro Comando da Capital.

Autor: Ricard Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porém, é que aqui, assim como ninguém sabe que você é um cachorro, não dá para sacar se a pessoa do outro lado é do PCC. Na rede, quase nada do que parece, é. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fã no Facebook pode ser um robô; e, como é o caso da página em questão, um aparente editor de site de facção pode se tratar de Rícard Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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