Há alguns anos, ainda antes da onda da Lava Jato, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado GAECO caçava políticos corruptos.
Aqui em Itu, havia um em especial que estava passando apertado, eram visitas semanais ao prédio do MP e o cerco fechava a cada dia — todo o dia alguém me ligava para saber se ele já estava preso.
Mas o esquema desse político era maior e envolvia muito mais interesses do que a Promotoria de Justiça podia imaginar.
Isso foi antes do Partido dos Trabalhadores PT no poder, que quase não interferia no MP (tanto que caiu), e foi antes de Bolsonaro, que não se avexa de ameaçar e trocar o comando e as regras de investigação.
Era um tempo onde se articulava com arte e inteligência.
Certo dia, veio a notícia de que o GAECO, pelo grande trabalho que estava fazendo e por seu poder de investigação passaria a investigar o Primeiro Comando da Capital.
Na hora publiquei um texto afirmando que essa foi uma manobra para tirar o foco dos políticos e…. dito e feito, o MP está aí, correndo atrás do rabo e secando gelo até enquanto políticos fazem a festa.
Aquele político que estava com a corda no pescoço não foi mais visto no MP-SP e hoje é um dos líderes do governo Bolsonaro no Congresso Nacional.
Até o ano passado, a Política Federal e o GAECO-SP estavam batendo recordes de apreensões de drogas e desbaratamento de esquemas internacionais no Porto de Santos.
Paulo Maiurino, o novo diretor-geral da Polícia Federal, é primo e ex-assessor do ex-deputado federal Marcelo Squassoni, do Republicanos — preso pela PF em 2019, numa investigação sobre desvios em contratos milionários no porto de Santos, informa Luiz Vassallo na Crusoé
Desde que Bolsonaro chegou a presidência, diversos delegados da Polícia Federal que atuavam nos portos e em regiões dominadas pelo crime organizado foram trocados por razões que a razão desconhece.
O GAECO não mais caça políticos, a Polícia Federal está nas mãos dos políticos e o Primeiro Comando da Capital é a cortina de fumaça para garantir notícias nos jornais e paz a classe política.
Sai do comando do GAECO do Mato Grosso do Sul a promotora de Justiça Cristiane Mourão Leal dos Santos sua colega Ana Lara Camargo de Castro, mais uma mudança para que nada mude.