A transferência do líder do PCC para o RDD.

Tio Zenão tentou me ensinar autocontrole e firmeza.

Segundo ele, antes de chegar a qualquer conclusão eu deveria ver o fato de maneira imparcial, pois as emoções deturpariam meu julgamento, aceitando que todas as pessoas são iguais e devem ser assim tratadas, e que não permitisse sob nenhum pretexto outra atitude se não essa. Isso foi fácil de entender e concordar, principalmente se sou eu que pleiteio o direito a igualdade.

Todos concordamos que as todas as pessoas são iguais!!!
Sério? Será mesmo?

A decisão da transferência da Penitenciaria II de Presidente Venceslau de Francisco Tiago Augusto Bobo, conhecido no PCC como Cérebro, para um presídio que esteja sob o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) foi tomada após ele planejar via celular uma espetacular fuga que contava inclusive carros blindados ─ não era novidade que ele fazia uso de celulares de dentro do presídio, aliás, não só ele como parte da massa carcerária.

O fato desse líder do Primeiro Comando da Capital estar sofrendo uma punição acima do que a pena que lhe foi imposta pela Justiça com base em nossa legislação no entanto não parece que estar incomodando a ninguém.

Todos concordamos que as todas as pessoas são iguais!!!
Sério? Será mesmo?

O que está ocorrendo em nosso país e está ilustrado nesse caso é preocupante, pois deixa claro que a situação de insegurança está nos fazendo pensar e agir dentro dos padrões mais primitivos, onde lutamos por nossa sobrevivência independente do direito alheio.

O Estado a guisa de garantir a liberdade de livre expressão de pensamento permitiu que parte de nossa sociedade tenha sido criada e influenciada pela ideologia dos guetos que claramente aponta como solução para os jovens a vida marginal quando idealiza a vida bandida.

Assim sendo, a sociedade através de seu governo eleito apóia e por vezes incentiva as manifestações culturais que endeusam a criminalidade, e depois a sociedade através de seu governo eleito apóia e por vezes incentiva a repressão acima das leis que a sociedade através de seu governo eleito apoiou e por vezes incentivou a aprovação no Legislativo.

Gamil Föppel El Hireche de certo não conheceu Zenão pessoalmente, mas concordou com ele, e uma frase dele se encaixaria perfeitamente nesse caso do Cérebro: “As pessoas têm medo: medo dos crimes que verdadeiramente ocorrem, medo dos fatos que jamais ocorreram. Este medo, … , é visceralmente ligado ao apelo feito pela mídia em relação à violência.

Zenão de Cítio tentou me ensinar autocontrole e firmeza, mas convenhamos, é melhor torcer para que Cérebro seja transferido e todos os ladrões sejam mortos em conflito com a polícia, afinal isso é muito mais fácil do que tentar proibir a cultura do gueto ou mudar nosso cabedal de leis.

“O RDD foi criado com o intuito de versar sobre as organizações criminosas nas prisões, uma vez que estas não foram abordadas mediante instrumentos que de fato coibissem sua existência, mas, todavia, por ferramentas que intensificaram a violência estatal, agravando a indeterminação entre segurança e disciplina que as políticas penitenciárias têm sido detentoras. Por conseguinte, não conquistou-se, de fato, o declínio das organizações criminosas mediante o instituto referido, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), por exemplo. Tem-se atingido, todavia, a sua expansão, bem como a concretização da tese de que a violência institucional é um instrumento relevante no que se refere à gênese e fortalecimento destas facções criminosas.” Danler Garcia Silva

Autor: Ricard Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porém, é que aqui, assim como ninguém sabe que você é um cachorro, não dá para sacar se a pessoa do outro lado é do PCC. Na rede, quase nada do que parece, é. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fã no Facebook pode ser um robô; e, como é o caso da página em questão, um aparente editor de site de facção pode se tratar de Rícard Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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