Não estávamos discutindo teoricamente coisas que ouvimos dizer, estávamos lá próximos àquelas pessoas que eram alvo de nossas elucubrações filosóficas. Arriscaria dizer que todas elas eram esforçadas trabalhadoras e ao mesmo tempo criminosas.
Se vivêssemos nos anos de chumbo, um período onde o desenvolvimento econômico andava par e passo às horrendas trevas que envolviam as ações policiais, algumas delas, talvez, estariam mortas ou desaparecidas, e com certeza teriam apanhado muito.
Mas este tempo passou e hoje impera a razão; encontramos facilmente o que nos parece a verdade, e ousamos dizê-lo, mesmo sabendo que esta possível verdade não seja mais que um erro ao qual fomos levados – em geral por inocência ou por benevolência.
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O farturense Adriane dos Santos Martins é lubrificador na empresa Siadrex e tem uma renda de aproximadamente R$ 1.300,00, muito acima da média salarial do estado mais rico da União, e muito distante da faixa de miserabilidade. Então por quê foi preso?
O mourãoense Alex de Almeida Paiva é inspetor de qualidade da empresa Filaqua Laser e tem uma renda de R$ 1.600,00. Dr. Gerciel Gerson de Lima acompanhou-o em frente ao juiz de direito Dr. Hélio Villaça Furukawa. Mas por quê ele foi preso?
Ana Lúcia dos Santos foi presa também pelas mesmas razões e assim como os já citados aqui, nunca tinha passado por uma situação daquelas: estar trabalhando, ser presa e tratada como uma criminosa. Não foi humilhada ou maltratada, mas foi detida.
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Giovana de Campos Cosciansti é uma exceção, estava assim como os outros trabalhando, mas já respondeu por desacato e anteriormente pelo mesmo crime que estava sendo presa juntamente com os outros: pirataria – CDs e DVDs falsificados.
Todos eles foram pegos na Feira do Rolo da Avenida da Paz Universal na Cidade Nova ou nas imediações, durante a Operação de Combate à Pirataria da Guarda Civil Municipal de Itu, em conjunto com os fiscais de renda do município.
Dr. Hélio Furukawa, assim como alguns colegas seus de magistratura entendem que a pirataria não é de fato uma ação criminosa – é um fenômeno social. A situação de miserabilidade do povo brasileiro levou a criação deste mercado informal.
De um lado estariam pessoas que precisariam desta renda para sobreviver, e de outro, milhões de pessoas que não teriam acesso à cultura devido aos altos preços cobrados pelas empresas fonográficas e as grandes multinacionais de entretenimento.
Quando começamos a discutir sobre este assunto, vendo aquelas pessoas lá, no 4º Distrito policial de Itu, aguardando para depor diante da autoridade policial Drª. Ana Maria Gonçales Sola, tínhamos visões opostas, eu e Rodrigo.
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Por meu lado seguia a linha de raciocínio defendida pela Drª. Mariane Monteiro Schimd que luta pelo fim deste mercado que desestimula a criação e os produtores, que investem esforços, dinheiro e muito trabalho para depois verem-se vilipendiados.
Rodrigo Domingos Sevandija por sua vez defendia que o pequeno mercado informal não prejudicava de fato as grandes empresas e os artistas, na realidade suprem uma necessidade de mercado que não poderia ser atendido pelo sistema formal.
Encerrada a operação, o GCM Délcio, o GCM Devanir, o GCM Eudes, Rodrigo e eu trocarmos opiniões por algum tempo sobre esta questão que já foi objeto de disputa durante muitas décadas, e que continuará sendo pelo menos por mais tantas.
Rodrigo e eu chegamos em acordo que aquilo não era problema nosso, se fôssemos chamados a atender este tipo de ocorrência, conduziríamos para a delegacia e delegados, advogados e juízes é que se virassem com suas filosofias e seus movimentos sociais. (adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});