Chamar o Guarda de "Viado" custa 150 reais.

Quando disseram àqueles guardas civis municipais que iriam atender a mais um caso de desinteligência que ocorria pelos lados da Avenida Paz Universal, os homens foram preparados para tudo, ou quase…

O itabiense GCM Gilmar e o careaçuense GCM Almeida chegaram ao local e de pronto tiveram que partir para o socorro dos feridos. Menos mal, em geral a Guarda Municipal tem primeiro que colocar a casa em ordem para só depois socorrer os feridos, estava fácil de mais, não podia ser só isso.

Briga de bêbados, sempre briga de bêbados. Seria até difícil entender o porquê do governo municipal não declara a lei seca como outras comunas já o fizeram se não pela conveniência política, afinal não se pode tirar o circo da plebe. Dar realmente educação e cultura custa caro e não dá para meter a mão no dinheiro, circo é mais barato.

Os homens da guarnição acompanham Daniel Vinícius da Silva, um dos feridos até o PAM da Vila Martins, para receber os primeiros socorros. Também é levado um rapaz que se declarou amigo da vítima, o Ricardo Júlio Ferraz, um jovem que como os outros estava bêbado e assim cheio de coragem etílica.

Aquela noite para Ricardo só deverá terminar dentro de alguns dias, pois foi condenado a pagar R$ 150,00 de multa por uma única palavra dita aquela noite: viado!!! Dr. Hélio Villaça Furukawa, condenou-o a pagar no dia de hoje, 10 de julho de 2010, este valor à GAPISI (Grupo de Apoio, Prevenção e Informação ao Soropositivo de Itu).

A briga já havia terminado, todos estavam esperando apenas a liberação médica do colega para conduzir-lo de volta ao aconchego do lar, quando Ricardo, num rompante de sabedoria declarou: “Hoje é minha mãe que chora, amanhã será a dele!!!” Ameaça gratuita e até agora não entendi bem a quem foi dirigida, mas talvez nem ele soubesse.

Também já havia passado por um dos guardas que ajudaram no socorro, parado e declarado: “Não vou com a sua cara!!!” Procurou, procurou até que achou. Num momento de inspiração shakespeariana virou para um dos policiais e disse: viado!!! Bastou isso para que o jovem corajoso fosse convidado a voltar para dentro da viatura e passasse mais alguns agradáveis momentos conversando com o Dr. Antônio Carlos Padilha, delegado de polícia do 4º distrito policial de Itu.

A mãe de Ricardo talvez tenha estranhado naquela noite a falta de um filho tão preocupado consigo aquela noite, talvez a única na qual ele optou por ir se embriagar no meio dos amigos e arranjar briga em bar, mas talvez já esteja acostumada com isso e tenha uma idéia de onde errou.

Tenha fé senhora mãe do Ricardo, cujo nome prefiro não citar aqui, que enxugará dos teus olhos toda lágrima, não haverá mais pranto, nem clamor, nem dor. Pena senhora mãe do Ricardo, que até que se cumpra esta palavra que está em Apocalipse 21:4, a senhora tenha ver teu nome usado por um filho que deveria estar ao seu lado e não em um bar buscando levar dor à uma mãe, a sua própria ou a de outros.

Aguardei ansioso durante todo o processo ouvir a voz de Ricardo, sua versão, sua defesa. Mas preferiu o silêncio, diante do delegado, do advogado, e do juiz. Um direito seu, escolher a hora de falar, escolhendo as palavras com cuidado dentro de seu piscoso vocabulário, tipo viado, por exemplo.

Quando disseram àqueles guardas civis municipais que iriam atender a mais um caso de desinteligência que ocorria pelos lados da Avenida Paz Universal, os homens foram preparados quase tudo, menos para isso.

Autor: Ricard Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porém, é que aqui, assim como ninguém sabe que você é um cachorro, não dá para sacar se a pessoa do outro lado é do PCC. Na rede, quase nada do que parece, é. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fã no Facebook pode ser um robô; e, como é o caso da página em questão, um aparente editor de site de facção pode se tratar de Rícard Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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