Garoto é preso ao trocar um cheque no banco.

Ninguém até hoje conseguiu me demover da certeza que o Destino é um ente real. Não consegui eu por minha vez provar a ninguém a sua existência, mas o sinto e atrevo-me a dizer que por vezes penso lhe tocar a face.

Alex pegou aquele cheque e nem olhou duas vezes para o emitente, era apenas mais um entre tantos que já havia recebido, e para dizer a verdade já tinha pego como pagamento toda espécie de coisas, afinal ninguém gostava de lhe ficar devendo.

A Guarda Civil Municipal de Itu foi acionada para comparecer até a agência do UNIBANCO da avenida Tiradentes na Vila Nova: tentavam sacar um cheque produto de furto. Por lá, o eletricista sorocabano Diego explicava que só estava ali a pedido de um amigo para que recebesse o cheque, e nada mais.

Diego convence ao GCM Walter que poderia leva-los ao verdadeiro dono do cheque, e que tudo não passaria de um ledo engano. Acompanha então aos guardas municipais até uma casa na Rua Miguel Arcanjo Dutra no Parque Industrial, faltavam apenas quinze minutos para o meio-dia, mas a hora do almoço seria a menor das preocupações para aqueles que lá estavam naquele doze de agosto de 2009.

O guarda municipal conta que chamou por Alex do portão, ao que apareceram três rapazes a porta da casa, a uma distância de uns oito metros do portão. Vendo os guardas, não vieram abrir de imediato, o GCM Surian observa pelo vão do portão que eles jogam alguns objetos para cima do telhado, daí os três voltam para dentro da casa e só depois Alex volta para abrir o portão.

Fundada suspeita seria uma maneira sutil de descrever a impressão dada pelos rapazes aos guarda municipais, que mesmo antes de entrar na casa algemam um adolescente que estava ao lado da janela. O garoto dirá depois na Justiça:

Eu e Diego só fomos até lá para pegar o controle remoto do vídeo game. Diego foi trocar o cheque a pedido de Alex e eu o vi pesando e embalando a droga, mas nem cheguei perto, fiquei esperando a volta de Diego do lado de fora da casa. Quando os guardas chegaram com Diego, me algemaram por que eu estava parado perto de uma janela onde haviam algumas paradas.

Alex Luis talvez venha a se lembrar de quem lhe passou o maldito cheque, mas com absoluta certeza não se esquecerá do dia em que a casa caiu. Segundo seu irmão, André Luis, sua dívida com os traficantes era de R$ 3.000,00, e como ajudante de caminhão não conseguiria pagar, por isso é que aceitou fazer aquele serviço. Alex disse ao guarda municipal Surian, que pagou em São Paulo R$ 29.000,00 por toda aquela droga, mas na delegacia declarou que lá pagou R$ 2.000,00.

O fato é que os guardas civis acharam 104 porções de cocaína, sacola branca com mais 406,86 gramas, uma pequena quantidade de maconha, material para embalar, triturar e pesar entorpecentes, além de diversos aparelhos eletro-eletrônicos. Tudo indicando encaminhado ao delegado do 1º DP de Itu, Dr. Antônio Carlos Padilha, que achou por bem manter a disposição da Justiça além de Alex e do adolescente, Everson Luis de Almeida que havia cedido o imóvel para Alex também caiu nessa.

Drª. Liliane Gazzola Faus no entanto atenta para a falta de provas que existe neste caso. Pergunta ela: “Quais as provas que existem nos autos que caracterizam as incidências penais contidas na denúncia?” Ela mesma responde: “Não existem provas!”

Que atos teriam sido praticados de fato por Alex? Ninguém nega que as drogas de fato lá estavam, e ele as assumiu. Mas na Justiça ele irá dizer que era apenas para seu consumo, e para tal a quantidade não importa. Então, exatamente o que de fato temos como prova de que Alex praticou algum ato ligado ao trafico de drogas?

Alex é um trabalhador de carteira assinada pela PROFICENTER Terceirização, faltavam dois dias para completar dois meses na firma quando foi preso, além disso ainda ajudava seu tio Odair no caminhão. Caberá agora à Drª. Andrea Ribeiro Borges, juíza da 1ª Vara Criminal de Itu, a decisão se este trabalhador tinha ou não um terceiro emprego: traficante.

Algumas pessoas hão de dizer que aquele cheque é quem meteu Alex em tal enrascada, mas eu acredito que na verdade o Destino não faz nada ao acaso, o faz às vezes por diversão, e assiste a tudo como se ele nada tivesse a ver com isso.

Autor: Ricard Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porém, é que aqui, assim como ninguém sabe que você é um cachorro, não dá para sacar se a pessoa do outro lado é do PCC. Na rede, quase nada do que parece, é. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fã no Facebook pode ser um robô; e, como é o caso da página em questão, um aparente editor de site de facção pode se tratar de Rícard Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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