Moto falha e ladrão é preso em beco em Itu.

Ele não merecia isso. Está certo que aquele rapaz não era flor que se cheirasse, mas aquelas três mulheres estavam exagerando, insistia a Drª. Gisele Luizon Carlos Cera tentando convencer o juiz da 2ª. Vara Crime da Comarca de Itu.

Mércio Vinícius, ajudante de carpinteiro e pai de uma criancinha de apenas três meses, estava agora atrás das grades esperando a sentença do Dr. Hélio Villaça Furukawa. Dependendo da decisão do juiz, só voltaria ao seu lar dentro de quatro anos. Muito tempo na vida de uma criança, muito tempo na vida de qualquer um.

Tudo por culpa daquela moto. Se ela tivesse pegado na primeira nada disso teria acontecido. Aquela Honda-CG 2001 verde com placa de Sorocaba estava em nome de Paulo, mas de fato pertencia a ele, e funcionava direitinho, mas naquele dia teve que falhar. Coisas do Diabo, que ajuda a fazer e não a esconder.

As três mulheres citadas pela Drª. Gisele eram a dona de uma loja, e suas duas vendedoras. Graças a elas, a moto e a um beco sem saída os planos de Mércio foram água abaixo.
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A loja fica no simpático Vila Roma Brasileira, em Itu. O bairro mais parece uma pequena cidade: pequeno centro comercial, Cidade das Crianças, e uma boa estrutura pública. Um bom lugar para se viver e trabalhar, mas naquele dia, recebeu a loja a visita de um jovem pardo, magro, um pouco baixo, vestindo uma bermuda de nylon azul, uma jaqueta de moletom cinza e com um capacete preto.

Foi logo depois do almoço daquela quinta-feira dia 02 de abril que uma delas viu aquele homem entrando na loja sem tirar o capacete e com a mão sob a blusa insinuando estar armado. Pediu o dinheiro do caixa e quando ela colocou-o sobre o balcão, ele levou apenas as notas, deixando as moedas. Ao sair o rapaz teve dificuldades para ligar a moto, o que deu a ela tempo de ver a placa e as vestes e falar para a colega, que já estava ligando para a polícia.

A rápida ação das três permitiu que uma viatura da Polícia Militar que estava na Avenida Caetano Rugieri trombasse com aquela moto. O condutor tentou dar pinote nos soldados Aragão e Boaratti, no entanto acabou entrando na Rua Orlando Bost, um beco sem saída na Vila São José – para todos, inclusive para Mércio, que lá foi preso.

Se Silvana reconheceu a moto, Dayane afirmou que eram aquelas as vestimentas, e com isso o Dr. José Moreira Barbosa Netto, delegado do 2º. Distrito Policial de Itu resolveu manter preso Mércio e deixar a decisão por conta do Juiz de Direito.

Drª. Gisele, defensora do rapaz, gastava agora seus argumentos com o juiz: lembrou a ele que a testemunha no começo dizia que só sabia que o rapaz era moreno, e só depois veio cheia de detalhes; chamou a atenção para o fato de que a palavra da vítima deve ser vista com ressalvas, visto que muitas vezes julga estar certa, mas inconscientemente desvirtua os fatos e mesmo tentando ser honesta, falseia a verdade, “embora de boa fé”; e principalmente repete a frase de uma das testemunhas – “Ele não ameaçou em momento algum”.

O juiz por fim decidiu que só o fato de haver ele simulado estar armado já caracterizou o roubo e a forte ameaça. Há pouco, Mércio conseguiu livramento condicional por outro roubo, saiu do presídio, fez um filho e mas agora voltará para o sistema prisional para puxar duas penas, esta última por mais quatro anos. (adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});

Autor: Ricard Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porém, é que aqui, assim como ninguém sabe que você é um cachorro, não dá para sacar se a pessoa do outro lado é do PCC. Na rede, quase nada do que parece, é. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fã no Facebook pode ser um robô; e, como é o caso da página em questão, um aparente editor de site de facção pode se tratar de Rícard Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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