O PCC como uma falácia de falsa analogia, ou não
Concordarei inteiramente contigo quando você pensar que eu cheirei uma carreira da 100% do Comando ao afirmar que o Primeiro Comando da Capital é fruto do positivismo de Auguste Comte e John Stuart Mill
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Em minha defesa peço que você credite a culpa à Carlos Eduardo Peixoto Massoco, autor do livro “Os Primeiros Anos do Cemitério Municipal de Itu: retratos de um passado glorioso” [1884-1900], que completou as informações que…
O padre Vieira Franco Hiansen me apresentou em sua obra “A organização eclesiástica no sul de Minas (1890-1925): o papel essencial dos representantes pontifícos”, e tendo em mente esses dois pontos de vista antagônicos que…
Ao ler a tese “Vinganças, guerras e retaliações: Um estudo sobre o conteúdo moral dos homicídios de caráter retaliatório nas periferias de Belo Horizonte”, de Rafael Lacerda Silveira Rocha, cheguei a fantasiosa conclusão que a culpa é dos positivistas.
Paix, Justice, Liberté, Egalité et Union! (PJLIU) — bradam da bastilha os revoltosos de hoje.
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O PCC como uma falácia de generalização excessiva, ou não
A sociedade, como descreveu Padre Hiansen, estava sendo construída conforme a tradição lusitana, tendo a Igreja Romana como base de sua sustentação ― os padres exerciam o controle social em nome do Estado e dos senhores de terras.
No final do século XIX, a elite brasileira importou do ideal da revolução francesa a ojeriza pelo catolicismo ― Fora com os padrecos! Foi o desmanche do sistema de controle social português, como me explicou Carlos Eduardo.
Ao chutar a Igreja Católica da equação social, a elite cultural e econômica desmontou a estrutura que intermediava as relações entre os diversos grupos sociais e os interesses econômicos, amortizando os conflitos.
Rafael menciona em sua pesquisa uma dúzia de vezes a participação de pastores evangélicos na intermediação de conflitos entre facciosos, mas nenhuma participação de padres ou leigos.
A liderança exercida historicamente pelo Clero romano foi substituída por grupos de interesses pontuais. Os positivistas acreditavam que o populacho se agregaria em partidos políticos organizados, mas não foi o que ocorreu.
Fora com os padrecos! Vida longa aos líderes do PCC! — gritam os faccionários hoje.
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O PCC como uma falácia de círculo vicioso, ou não
Seja no século XIX ou no XXI, intelectuais acreditavam e acreditam que as consequências práticas seriam as previstas nas teorias desenvolvidas nos gabinetes das Casas Grandes e dos palacetes, ou dos condomínios e praças de alimentação dos shoppings.
Os intelectuais positivistas novecentistas não poderiam prever que o populacho iria migrar do catolicismo para as igrejas evangélicas ― apostaram que ele buscaria a luz da ciência iluminista.
Os intelectuais positivistas contemporâneos podem prever que os criminosos irão migrar do Primeiro Comando da Capital para as violentas gangues ― no entanto, Lincoln Gakiya e seus colegas do MP-SP desmontando a estrutura do PCC apostam que os criminosos buscarão abrigo sob a luz da Lei e da Ordem.
“O PCC nasceu porque o sistema político deixou muitas pessoas em estado de abandono, então elas tiveram que criar alguma solução, e hoje é uma organização tão grande que, se você tentar eliminá-lo, você criará uma enorme quantidade de violência.” — Graham Denyer Willis
O sociólogo Cesar Barreira mostra que sem o PCC organizado, hoje, teríamos grupos cada vez mais violentos e desorganizados: GDE é facção criminosa nova, atrai adolescentes e tem crueldade como marca.
Fora com os padrecos da liderança do PCC! — gritam os positivistas hoje.
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O PCC como ator de uma falácia de argumento autoritário, ou não
“A cultura brasileira, ‘formada’ de ideias transplantadas da Europa, não só ajudou os positivistas a redefinir uma identidade coletiva, como diz Murilo de Carvalho, mas ajudou a forjar a identidade nacional que até então não havia.”
Com esse trecho da obra de Carlos Eduardo posso afirmar que o PCC é fruto do positivismo de Auguste Comte e John Stuart Mill, mas como poderemos prever o futuro como fizeram no passado os positivistas novecentistas?
Não precisamos fazê-lo. O diplomata João Paulo Soares Alsina Júnior já o fez por nós.
João Paulo é doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília, com ampla experiência na área de Ciência Política Internacional, e um dos principais estudiosos sobre a interface entre política externa e política de defesa no Brasil.
Entre tantas publicações do mais alto nível destaco o primoroso livro Ensaios de grande estratégia brasileira. Nele, João Paulo mostra como nosso cotidiano se insere dentro de um sistema internacional de segurança e equilíbrio estratégico entre as grandes potências.
Vinte anos de trabalho e estudo no Itamaraty e no Ministério da Defesa permitiram a ele nos mostrar onde terminará essa trilha que estamos seguindo há dois séculos, e que nos deixará três escolhas daqui outros vinte anos.
João Paulo cita que a desarticulação política e social causada pelo Primeiro Comando da Capital impedirá que daqui duas décadas o Brasil possa se aliar aos Estados Unidos da América devido à utilização de suas forças armadas para o combate à facção.
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A civilização judaico-cristã estará por conta do PCC em risco, ou não
A ascensão da China como potência mundial deverá assumir a liderança do Eixo Asiático, ao qual deverá se aliar a Rússia e demais países daquela região. João Paulo faz uma análise metódica do desenvolvimento desse leque de influência econômico-militar.
Os americanos, hoje, se preocupam muito mais com seus problemas internos, como as mortes por acidentes de trânsito e a gripe, do que com atentados e com os problemas de política internacional, abrindo espaço para as articulações chinesas.
A Europa, eterna guardiã de nossas raízes culturais, chegará no final de duas décadas sob forte influência das comunidades africanas e asiáticas, formadas principalmente por muçulmanos, que conquistarão a chefia dos governos e das assembleias.
Isolado, os Estados Unidos da América só poderiam se contrapor à investida cultural, econômica e militar com o apoio das nações amigas do continente, capitaneadas pelo Brasil. João Paulo explica direitinho, passo a passo, como se daria isso.
No entanto, a incapacidade do governo brasileiro não permitirá o controle do tráfico de drogas e da criminalidade, que extrapolará as fronteiras e se espalhará pelos outros países latino-americanos, deixando os Estados Unidos isolados na defesa de nossa matriz cultural.
Os positivistas brasileiros, ao destruírem a estrutura centralizada católica, permitiram o crescimento das igrejas evangélicas e colocaram em risco a própria cultura baseada na lógica e no conhecimento.
Martinho Luthero na véspera de sua morte, tomou em sua mão um giz e escreveu na parede, “em vida fui tua peste, morto, serei tua morte” referindo-se ao Primeiro Comando da Capital, ou não.