A prisão do irmão Preto em 2008.

Eles são eles, nós somos nós. A verdade é algo deve existir entre o branco e o preto, pois existem vários tons de cinza, não existem? Então como ver a verdade entre o que dizemos e o que eles dizem?

A justiça feita pelo sistema abomina aquilo em que nós acreditamos. O paraíso apregoado por aqueles que fazem as leis é contra tudo o que acreditamos desde que nos conhecemos por gente, onde está então o branco, o preto e principalmente o cinza?

Mas se queremos crer que existem tons de cinza temos que acreditar que não existam: o certo ou o errado; e a verdade ou a mentira. Então como conciliar…

Os policiais declararam que lá chegaram depois que várias ligações anônimas que foram feitas para o Disque Denúncia da Polícia Militar, mas nós acreditamos que aqueles policiais queriam mesmo era incriminar Júlio César, o Preto, e por isso criaram toda aquela situação.

Eles disseram que Júlio César quando viu a viatura da polícia foi para dentro do portão de sua casa e se recusou a sair,segurando na grade e lutando, mas nós acreditamos que ele já estava dentro de casa e enquanto tentava destrancar o portão para atender o pedido, os PMs forçaram o portão botando-o abaixo.

Eles disseram que Júlio César atiçou seu cão da raça pitbull contra eles, mas nós acreditamos que aquele cachorrinho é doce e que até brincou com os policiais.
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Enfim, não acreditamos no que declararam os policiais que naquele dia 30 de julho de 2008 invadiram a casa de Preto na Vila São José e alegaram que encontraram naquele local trinta gramas de maconha e sessenta e sete porções de crack.

Acreditamos sim que tudo foi como Júlio César declarou:

Ele havia acabado de chegar de seu trabalho quando em frente ao portão de sua casa uma viatura da Polícia Militar com um menor no seu corró, e que o garoto de fato fazia suas correrias em uma biqueira localizada ali na esquina de sua casa, mas ele nada tinha a ver com isso. Quando foi abrir o portão os policiais forçaram-no e este veio a cair e machucar um policial. Por sinal os policiais estavam era com perseguição com o menor que já tinha sido pego naquela semana.

Os policiais foram claros e unânimes e disseram que toda a droga estava dentro da casa de Preto, mas ele nega e explicou à Juíza Drª. Andrea Ribeiro Borges que na realidade é que a casa em que ele mora dá fundos para com a que o garoto que estava com os policiais morava, e lá de fato era uma biqueira, e foi de lá que os policiais tiraram a tal droga. Júlio até disse para que o menor assumir tudo, mas qual o quê.

A verdade de uns é tão diferente da verdade de outros, então fica muito difícil de saber onde de fato ela está, mas os policiais tinham um trunfo: a coerência de suas declarações.

Júlio César também tinha dois trunfos e jogou-os: ele estava conversando na frente de sua casa com Alexandre que lhe vendia roupas trazidas da região do Brás em São Paulo; e também o menor que foi preso ali na esquina.

Preto e Branco – onde estarão os tons de cinza?

Alexandre que era uma das esperanças de Júlio César acabou mais prejudicando que ajudando, pois declarou que estavam fora no momento da abordagem dos policiais, diferentemente do que seu cliente tinha dito, também disse que os policiais queriam entrar na casa e Júlio se negou a deixar… ops, falhou de novo. A outra esperança da defesa de Júlio César era o tal menor que teria sido preso, mas ninguém o viu e ninguém sabe quem é o tal garoto.

A juíza então não teve dúvida, condenou Júlio César a mais de dez anos de prisão por tráfico, resistência e lesão corporal. Ela não acreditou ao contrário de nós nas palavras de Júlio César, mas convenhamos que a história contada por ele estava um pouco difícil de acreditar.

Mas será que não foi puro preconceito contra Júlio César que fez com que aquela juíza não levasse em consideração outras alternativas para a declaração dos policiais? Eles são eles, nós somos nós. A verdade é algo deve existir entre o branco e o preto, pois existem vários tons de cinza, não existem? Então como ver a verdade entre o que dizemos e o que eles dizem?

Será que não era verdade que as drogas estavam na casa localizada no fundo de sua residência e que Júlio César é quem passava as drogas por cima do muro para abastecer aquela biqueira? O Alexandre tinha dez reais no bolso, e o preço da parada é dez reais, pode ser que… Bem… deixa para lá, afinal estas teorias não o ajudariam muito.

Talvez seja melhor não procurar os tons de cinza, deixa o mundo continuar preto e branco, afinal aqui é Brasil e apesar de condenado a dez anos, não se passaram mais que quatro e ele já está livre, e olha que haviam outras condenações em outros processos.

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Autor: Ricard Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porém, é que aqui, assim como ninguém sabe que você é um cachorro, não dá para sacar se a pessoa do outro lado é do PCC. Na rede, quase nada do que parece, é. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fã no Facebook pode ser um robô; e, como é o caso da página em questão, um aparente editor de site de facção pode se tratar de Rícard Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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