Ninguém põe a mão em mim!

Ao retornar da missa da Igreja do Bom Jesus ou do tradicional Bar do Alemão, o cidadão que deixou seu automóvel estacionado na Praça do Bom Jesus por vezes não encontra seu veículo.

O esquema utilizado pelos criminosos é simples: o olheiro fica sentado na praça ou em um veículo próximo e quando o carro escolhido chega informa ao comparsa que chega, abre, entra no veículo e leva-o em menos de dois minutos. Se surpreendido pelo retorno inesperado do proprietário, cabe ao olheiro avisar e ajudar na fuga, seja intimidando ou atrasando a ação do infeliz proprietário.

A Polícia Militar passou a abordar a pessoas que estivessem por aquele local de forma a inibir este tipo de crime, e foi assim que Tiago Lins entrou em nossa história, pois ele resolveu lutar pelos seus direitos.

Com a frase “Ninguém põe a mão em mim!“, o servente Tiago Lins da cidade de Itu recebeu os policiais militares que o abordaram na Praça da Independência e uma simples atividade de rotina virou dois processos judiciais e horas de delegacia.
Segundo Tiago, ele estava estacionado com seu Peugeot preto aguardando sua esposa, quando teria notado uma viatura da polícia, e percebendo que seria abordado, desceu do carro e apresentou os documentos aos policiais. Estes, sem mais nem menos, mandaram-no ficar de costas e com as mãos para trás. Calmamente, Tiago questionou os policiais, lembrando-lhes os seus direitos como cidadão. Rapidamente foi dominado, algemado e conduzido à delegacia.

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Uma testemunha que mora em frente ao local tem outra versão: os policiais estavam passando pelo local quando pararam e deram ordens para que o cidadão descesse do carro, mas este se recusou a sair do veículo, dizendo que não era bandido e que no máximo os policiais poderiam ver o documento e na mão dele. Os agentes da segurança pública, ainda segundo esta testemunha, teriam tentado convencê-lo a colaborar, explicando que a abordagem estava sendo feita dentro de uma operação policial, e que tudo acabaria rapidamente, insistido na colaboração do condutor. Só depois de muito custo, este aceitou sair do veículo, mas ainda assim não permitiu que os policiais fizessem a revista pessoal ou veicular. Os policiais alertaram que deveria ele seguir o procedimento para sua segurança e a deles próprios, mas não tiveram sucesso. Como Tiago estava já com animo alterado, algemaram-no e conduziram-no até a Delegacia de Polícia.
Tiago responde agora a um processo por desobediência, que ainda não foi julgado. Mas a ação que este abriu contra o Estado já foi considerada improcedente pelo juiz da 2ª Vara Civil de Itu, Dr. Cássio Henrique Dolce de Faria. Este magistrado considerou que a princípio o uso da algema neste caso teria sido abusivo, mas ressalta que os policiais e testemunhas foram coerentes no descrever a ação policial, e “justificam a contento o uso de algemas para a contenção do autor e para o cumprimento da ordem de prisão por desobediência“. Além disso, contradizendo sua própria versão perante a autoridade judicial, Tiago declarou: “não colaborei com a abordagem policial, porque não concordo com os métodos utilizados; pois não sou ladrão e não permiti que fosse submetido á revista pessoal e além do mais vocês policiais trabalham de maneira errada“.
Com isso Tiago Lins, foi condenado a pagar mil reais pelo custo do processo, mas como é beneficiário da justiça gratuita…

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Autor: Ricard Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porém, é que aqui, assim como ninguém sabe que você é um cachorro, não dá para sacar se a pessoa do outro lado é do PCC. Na rede, quase nada do que parece, é. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fã no Facebook pode ser um robô; e, como é o caso da página em questão, um aparente editor de site de facção pode se tratar de Rícard Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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