Vivemos tempos estranhos, em que se discute se a família do presidente da República encabeça uma organização mafiosa.
Houve um tempo, em tempos, menos estranho, no qual se discutia se o Primeiro Comando da Capital seria organização criminosa, cartel, gangue ou facção.
No entanto, após a prisão de Fabrício Queiroz na chácara de Frederick Wassef, o advogado do Seu Jair, a possibilidade de existir uma organização mafiosa em torno do presidente passou a ser cada vez mais levantada devido aos símbolos que repousavam na lareira.
Leve em consideração três casos:
Se você pensar como eu, acreditará que:
Se você não pensar como eu, acreditará que:
Signos são importantes na investigação policial e na formação de conceitos, mas conhecer a fundo o assunto é sempre melhor do que se ater a símbolos que podem ser mal interpretados.
O professor Roberto Bueno nos presenteia com uma aula magna sobre o que é máfia, e apesar de eu só citar dois breves trechos do artigo, convido você a fazer a leitura do artigo completo, no site do Jornal GGN, ou continue a leitura aqui.
O Primeiro Comando da Capital domina diversos portos brasileiros, controlando o porto de Santos, essencial para seus negócios, e disputando a hegemonia dos portos do Rio de Janeiro com as milícias, que esperam garantir a entrada de armas e receber parte do lucro sobre o tráfico internacional, o qual ainda não domina.
desembargadora Ivana David
Apesar do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro afirmar que os delegados desses locais estavam tendo um bom desempenho no combate ao crime organizado, o que acabou ficando provado, o presidente Jair Bolsonaro exigiu a troca dos delegados responsáveis.
O que nos diz o professor Roberto Bueno sobre os portos:
“A operação de importação de drogas da América do Sul e, especialmente, do Brasil, desde onde operaria rede de tráfico de drogas para os EUA, mas também mantendo ramificações associativas com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e passava pelo envio de contêineres desde os politicamente disputados portos de Paranaguá, o de Santos (cujo controle político é notório) e, nos últimos tempos, o já muito falado porto do Rio de Janeiro, o que leva a suspeitar do vastíssimo interesse de autoridades na região, cuja intervenção no modelo de operações mafiosas é central, servindo de muros de contenção às autoridades tanto quanto elaboradoras de rotas de fuga aos percalços de “outsiders” do esquema criminoso pactuado com segmentos delas.”
Se o PCC é apenas uma “ramificação associada” e se Seu Jair apenas nos causa estranheza pelo seu vastíssimo interesse pelo comando da PF nos portos, nós só podemos ver esses personagens como outsiders, prestadores de serviços, que não podem ser considerados mafiosos.
Não basta pertencer ao mundo do crime para para ser mafioso
O professor Roberto Bueno lembra que numa organização mafiosa, “para manter a sua funcionalidade, há regras inflexíveis. Uma delas, e talvez a principal, é a inadmissibilidade da traição, entendida esta como a publicização dos assuntos internos da organização, e por isto vigora a omertà (lei do silêncio)”.
Se é notória a exigência de Bolsonaro que seus ministros e demais lacaios possuam fidelidade canina, da mesma forma o estatuto da organização criminosa Primeiro Comando da Capital também é firme nesse sentido:
Agora é contigo. Convido você a ler o artigo completo de Roberto Bueno no site do Jornal GGN, analisar cada característica de um e de outro grupo e tirar suas próprias conclusões.
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Eu acho que o país que a gente está vivendo não copeira com as comunidades mais carentes e por isso que as facções tem que ter um jeito de entrar no sistema para acabar com a desigualdade social