Matar pode, mas qual o limite?

Que a polícia mata nós sabemos… e aceitamos

Há alguns dias postei aqui um artigo que discute os limites aceitos por nós, a sociedade, sobre policiais que matam impunemente aqueles que eles acreditam ser criminosos: Pena de Morte no Brasil, sim ou não?

Existe um limite mais ou menos bem estabelecido, de maneira informal, mas que tem funcionado, como acontece nos casos de resistência ou de troca de tiros, cuja apuração é simbólica e não há punição dos culpados, mesmo que tenham havido excessos.

Não faltam exemplos disso, como citei na matéria anterior, mas a sociedade não aceita o justiçamento, isto é, após o entrevero, o agente público matar o prisioneiro ou, na falta de provas, assassinar aquele a quem ele atribui um crime.

A onda de matança que atinge os corpos consideráveis “matáveis, pessoas que não vão falar muito por eles, normalmente em bairros mais pobres”, como afirma a tenente-coronel da reserva da PM paraense, Cristiane do Socorro Loureiro

A zona cinza fronteiriça

A morte do PCC José Batista de Souza e seu colega entra justamente nessa zona. Entenda o que aconteceu:

Há alguns dias, criminosos explodiram um caixa eletrônico do Bradesco em Serinhaém, e teriam sido localizados a 150 quilômetros na cidade de Carpina.

A Polícia Militar ainda vai explicar direitinho como é que chegou até eles e quanto foi recuperado do que teria sido roubado desse e de outros assaltos praticados nos estados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Pela abrangência das ações da quadrilha, com certeza muito deverá ser recuperado para seus legítimos donos. Quanto aos assaltantes, um bateu a cabeça e morreu, então não vai poder falar mais nada; outro trocou tiros com a polícia.

Ninguém questionaria a morte do bandido que bateu a cabeça, e isso entra na zona obscura aceita pela sociedade. (Quem somos nós para questionar a decisão do ladrão de pular em um poço?)

O que eles sabiam que não podia ser revelado?

Mas e o caso da ambulância? José Batista de Souza, o criminoso que trocou tiros com a polícia, teria sido ferido na perna esquerda, tórax e braço esquerdo e levado para a Unidade Mista de Carpina para os primeiros socorros. De lá, foi colocado em uma ambulância para ser levado para Recife.

Mas quando uma ambulância com médico, enfermeira e motorista, é perseguida e interceptada na estrada e os assassinos declararam que iam terminar o serviço.

Se José Batista de Souza trocou tiros com a polícia e foi socorrido, ele estava sob custódia. Onde estavam os policiais responsáveis pelo acompanhamento?

Rícard Wagner Rizzi

Recent Posts

Arlequinas abandonadas do Primeiro Comando da Capital (PCC)

Este texto mergulha na realidade das mulheres ligadas ao Primeiro Comando da Capital (facção PCC…

2 meses ago

Baixada Santista: minha carreira no Primeiro Comando da Capital

Este texto narra a trajetória de um jovem da Baixada Santista que, seduzido pela admiração…

2 meses ago

Psicologia Jurídica: Análise do Estatuto da Facção PCC 1533 — 8ª parte

Este trabalho investiga o estatuto do Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) através da…

3 meses ago

Companheira Guānyīn do Primeiro Comando da Capital (PCC)

Este texto narra a vida de Companheira Guānyīn, uma figura misteriosa da facção criminosa Primeiro…

3 meses ago

As mulheres são fundamentais para o PCC 1533

Este artigo examina a posição das mulheres dentro do Primeiro Comando da Capital (facção PCC…

3 meses ago

História da facção PCC 1533 segundo Juan Alberto Martens Molas

Este texto detalha a história da facção PCC 1533, desde sua formação em prisões paulistas…

4 meses ago