Acontecerá no Centro Cultural da Justiça Federal no Rio de Janeiro no dia 16 de outubro de 2019 das 9h às 19hs o 14º Seminário sobre a criminalidade e o sistema penal brasileiro promovido pelo Instituto Brasileiro de Direito e Criminologia e pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia – ADPF Rio.
Facção PCC 1533: perfil e poder
Dentre os convidados, o pesquisador Ubirajara Chagas Favilla do Instituto Brasileiro de Direito e Criminologia abordará a facção Primeiro Comando da Capital onde traçará o perfil da organização criminosa e seu real poder dentro e fora das muralhas carcerárias.
Se você não se recorda de Ubirajara, me permita lhe refrescar a memória.
Era ele quem cobrava do então governo petista que o crime organizado fosse combatido com respeito aos direitos humanos e às normas jurídicas, mas…
O tempo, assim como o PT, passou e vieram a Lava Jato, Bolsonaro, Dória e Witzel que desdenham dos limites legais impostos sob o argumento do combate a um mal maior, e agora como fica e como essa nova política de abate está influenciando a facção Primeiro Comando da Capital?
O pesquisador colocava mesmo balaio de gato a facção PCC 1533 e as milícias, denominando-as como “organizações criminosas privadas”, que tinha como característica se utilizarem da violência para impor seu poder e domínio, em contraposição aos grupos criminosos políticos e econômicos.
A violência é uma instituição tão natural como a própria vida humana. Decorre do nosso instinto de sobrevivência, sendo o grande motivo para o homem ter dominado a natureza. Mas essa afirmação não pretende trazer glamour à violência.
Talvez no último estágio da existência humana, a evolução definitiva seja exatamente vencer o instinto natural que nos propala a nos destruirmos mutuamente.
Conexão Teresina: uma crônica sobre a atuação do PCC no Piauí
As milícias seriam organizações “privadas” à parte das instituições públicas policiais e militares e dos grupos políticos?
A ligação dos políticos cariocas, incluindo a família Bolsonaro expuseram que a máquina pública sustenta e apoia as milícias, e essa utilizam equipamentos, logística e pessoal pagos pelo Poder Executivo.
Além disso máquina miliciana ainda consegue se financiar através de verbas legislativas, seja através de indicações de parentes e laranjas nos gabinetes, seja através de notas emitidas por empresas por elas controladas.
O Primeiro Comando da Capital no Rio de Janeiro, assim como seu aliado Terceiro Comando Puro (TCP) e o que sobrou dos Amigos dos Amigos (ADA), enfrentam um novo desafio, enfrentar o Estado com seu braço miliciano – será esse um dos pontos a ser abordado por Ubirajara?
desembargadora Ivana David
Resultados e previsão para o futuro
Bolsonaro, Witzel e Dória se elegeram sob a bandeira do combate ao Primeiro Comando da Capital e à outras facções, no entanto as politicas de encarceramento em massa e de impunidade para os crimes cometidos por policiais que prendem e matam crianças e qualquer um lhes pareça suspeitos estarão contribuindo para o enfraquecimento da organização ou, ao contrário, estarão conquistando corpos e corações para alimentar os grupos criminosos?
Esses são apenas alguns dos pontos espinhosos que Ubirajara terá que esclarecer durante o seminário no Rio de Janeiro. Se no passado era simples separar o joio do trigo, hoje o desafio está outro nível, quem participar dos debates verá.
Aposta na troca de conhecimento e experiências
Os organizadores da décima quarta edição do seminário mantiveram o formato das edições anteriores nas quais o debate mediado e a troca de experiências entre participantes, palestrantes, autoridades e pesquisadores, permitiram que pensamentos diversos encontrassem um ambiente fértil para conhecer de forma produtiva suas contraposições, permitindo que cada participante pudesse reavaliar suas próprias convicções.
Conheça os demais palestrantes e os tópicos abordados:
- Combate à corrupção e a atuação da Justiça Federal —Abel Fernandes Gomes
- Criminalidade organizada: características, dinâmica e globalização — Alexandre Abrahão Dias Teixeira
- Criminalidade e violência: tornamos-nos reféns — Benito Quintaninha
- Lavagem de dinheiro, identificação e rastreamento de bens de origem criminosa — Patrícia da Costa de Almeida Alemany
- Milícias: poder, estrutura e expansão — Alcides da Fonseca Neto
- Novas Perspectivas de busca de patrimônios no branqueamento de capitais — Antônio Carlos Beaubrun Júnior
- Violência Doméstica e Feminícidio — Tula Correa de Mello
- Violência: impactos psicológicos e sociais — Fernando Carvalho Derenusson
- Vitimização policial: análise, letalidade e consequências — Fábio da Rocha Bastos Cajueiro
Certificado aos participantes inscritos – Carga atribuída: OAB/RJ
Observando aqui, algumas afirmações não as fiz, até porque não houve nenhuma entrevista sobre o assunto, somente consulta sobre o evento em si. Ubirajara Favilla
Professor,
Agradeço o esclarecimento. De fato, na consulta que lhe fiz o senhor se limitou ao que estava no programa do evento. As afirmações que citei no texto e que o senhor contesta foram retiradas de um artigo de sua autoria para o JusBrasil (creio que linkei no texto), no entanto pode ter sido erro de interpretação minha, melhor reconferir…
https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/148484146/crime-organizado-o-brasil-perdeu-essa-guerra?ref=amp