‘Ndrangheta e o PCC 1533 — correntes de alianças

‘Ndrangheta e o PCC não são apenas organizações criminosas, mas cernes de federações que incluem vários grupos e facções criminosas.

Mapa mundi do tráfico internacional de drogas tendo ao fundo o símbolo da facção PCC Primeiro Comando da Capital.

‘Ndrangheta e o PCC — fabricantes de alianças

A ‘Ndrangheta e o PCC (Primeiro Comando da Capital) são duas organizações criminosas com origens e pensamento muito distintos.

Além das diferenças das culturas organizacionais e de suas bases, tem origens em países diferentes e operando em continentes diferentes.

A ‘Ndrangheta é uma organização criminosa com sede na região italiana da Calábria, enquanto o PCC fica na região sudeste do Brasil.

Embora as duas organizações sejam distintas e operem em diferentes partes do mundo, elas estabeleceram conexões e colaborações em atividades criminosas, como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

A parceria entre a ‘Ndrangheta e do PCC nos últimos anos levou toneladas de cocaína da América do Sul para a Europa.

‘Ndrangueta e PCC como federação de criminosos

Além disso, ambas as organizações são consideradas entre as maiores e mais poderosas do mundo, o que sugere que, mesmo sem estabelecer uma conexão direta, podem ter influência mútua indireta em atividades criminosas em todo o mundo.

A Agência Latinapress destaca o leque de alianças da organização mafiosa ‘Ndrangheta na América Latina, o que lembra muito o método de aliciamento de aliados da facção PCC:

Nos últimos anos, a ‘Ndrangheta esteve ligada a vários grupos criminosos na América Latina, disse Sergi.

Entre eles estão o grupo paramilitar colombiano Los Urabeños, mais conhecido como Clã do Golfo, facção Primeiro Comando da Capital Brasileira (PCC), e também grupos criminosos como os cartéis de Cali e Medellín, Los Zetas do México e as Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia (FARC).

Ndrangheta mit zahlreichen kriminellen Gruppen in Lateinamerika in Verbindung gebracht worden. Dazu gehören die des brasilianischen Ersten Hauptstadtkommandos (PCC)

‘Ndrangheta e o PCC, a aliança criminosa internacional que inunda a Europa com cocaína

Yuri Neves e Monica Betancur → InSight Crime – Investigation and Analysis of Organized Crime

As recentes capturas de dois membros da ‘Ndrangheta, em São Paulo, revelaram mais uma vez a proximidade entre a máfia italiana e o PCC brasileiro, dois dos grupos criminosos mais poderosos do mundo.

Em 8 de julho, a Polícia Federal do Brasil prendeu Nicola e Patrick Assisi em São Paulo por suspeita de tráfico de drogas.

Nicola Assis é supostamente o principal contato da ‘Ndrangheta na América do Sul e trabalhou com o grupo brasileiro Primeiro Comando da Capital (PCC) para introduzir a cocaína na Europa, segundo pesquisa publicada no jornal Expresso.

Os corretores da máfia são tão poderosos que lidam diretamente com o PCC. Traficando da Colômbia, da Bolívia e do Peru, passando pelo Paraguai como rota de trânsito.

Zully Rolón, ministro da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai

Unir para crescer no mundo do crime

A parceria entre as duas organizações criminosas possibilitou que a ‘Ndrangheta passasse a hegemonia do tráfico de drogas da América para a Europa com o dominando 80% do fluxo. — Última Hora

Essas prisões não são mais do que os mais recentes indícios de que os dois grupos coordenam de perto suas atividades de tráfico de drogas.

Uma investigação policial constatou que o chefe do clã Pelle de la ‘Ndrangheta, Domenico Pelle, viajou a São Paulo pelo menos duas vezes entre 2016 e 2017.

Durante esse período, acredita-se que ele tenha se encontrado com Gilberto Aparecido dos Santos, também conhecido como Fuminho, o mão direita do líder preso do PCC Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola.

Fuminho foi durante anos, um dos criminosos mais procurados no Brasil e acredita-se que coordena as remessas internacionais de cocaína da Bolívia para o PCC.

O Marcola era homicida, sequestrador, roubava banco, não tinha nada a ver com a facção, mas é um homem articulado.

E quando ele foi levado para o presídio de Tremembé [no interior de SP] começa a conversar com os últimos presos políticos no sistema prisional e aprende com eles sobre como estruturar o tráfico, a gerenciar como uma empresa, ao mesmo tempo em que vende internamente para os detentos a ideia de uma irmandade revolucionária.

desembargadora Ivana David

As apreensões como ferramenta de pesquisa

Enquanto isso, no primeiro semestre de 2019, as apreensões de drogas no Brasil aumentaram mais de 90%.

Grande parte dessa cocaína se dirigia para a Europa, onde a ‘Ndrangheta controla as rotas de tráfego em grande parte do continente.

Sobre um fundo azul o símbolo das duas organizações criminosas: Primeiro Comando da Capital e 'Ndrangheta

Análise da organização InSight Crime:

Uma união de conveniência entre a ‘Ndrangheta e o PCC para contrabandear narcóticos do Brasil para a Europa foi consumada.

Cada grupo controla um ponto no fluxo de cocaína, o que não representa risco para a contraparte.

Nos últimos anos, o PCC tem trabalhado para dominar redes de entrada ilegal e centros de transporte no Brasil e nos países vizinhos.

Essa extensa rede de logística transformou-os no principal aliado criminoso de organizações estrangeiras que procuram tirar cocaína do Brasil.

Por seu turno, o ‘Ndrangheta tem controle do movimento de cocaína para os consumidores no continente europeu.

O caso do Aeroporto de Guarulhos

Um dos esquemas, tinha como base as esteiras do Terminal do Aeroporto de Guarulhos:

…as bolsas seguiam pelas esteiras rolantes até a área restrita, onde funcionários aliciados pelo Primeiro Comando da Capital recebiam dos comparsas as fotos com as imagens das malas recheadas com drogas, e as embarcavam para Portugal, França e Holanda, na Europa, e também para Johannesburgo, na África do Sul.

A expansão do PCC inclui incursões na Bolívia, onde o grupo pode comprar cocaína diretamente dos produtores daquele país, segundo a Americas Quarterly.

Desvendando a rota

Fontes policiais no Brasil, falando sob condição de anonimato, disseram à InSight Crime que Fuminho está desempenhando um papel crucial na presença do PCC na Bolívia.

Então, a cocaína é transferida para o Paraguai, um destino importante para mercadorias ilegais sob cujo controle o PCC travou uma dura batalha .

Do Paraguai, o grupo direciona a cocaína para cidades brasileiras de fronteira, como Ponta Porã e Foz do Iguaçu, segundo uma investigação do UOL.

No entanto, fontes consultadas pela InSight Crime revelaram que Foz do Iguaçu foi em grande parte substituída por outros cruzamentos, especialmente pequenos atrelados entre Ponta Porã, no estado do Mato Grosso do Sul, e Guaíra, no estado do Paraná, onde há menos segurança. .

O caso do Porto de Santos

A droga é então transferida para o interior do país e, finalmente, para o porto de Santos (22,7 toneladas de cocaína apreendidas em 2018), Paranaguá (4,3 toneladas) e Itajaí (0,46 toneladas) no sudeste do Brasil.

O porto de Santos é um dos maiores centros portuários de toda a América Latina e um importante canal de narcóticos para a Europa.

Em 2019, cerca de metade das apreensões de drogas foram realizadas neste porto, onde o PCC controla o fluxo de narcóticos.

Nenhum outro grupo criminoso no Brasil conseguiu uma rede logística que cubra toda a região, o que permite ao grupo controlar o movimento e a venda de cocaína para organizações estrangeiras, como a ‘Ndrangheta.

Os italianos na coordenação internacional

A máfia italiana opera no Brasil desde pelo menos os anos oitenta, segundo a Polícia Europeia.

Naquela década, o clã Morabito de ‘Ndrangheta, dirigido por Giuseppe Morabito, coordenava as remessas de drogas de São Paulo para a cidade italiana de Milão.

O jurista Walter Fanganiello Maierovitch em seu livro “Máfia, poder e antimáfia: um olhar pessoal sobre uma longa e sangrenta história”, relaciona o poder do Estado, da política e da economia em meio à atuação da máfia italiana e como esse modelo influenciou as organizações pré-mafiosas da América Latina, como a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) e as milícias.

“Acho que elas são piores do que as facções. No caso da facção fica muito claro quem é o bandido e quem o mocinho, a milícia transita entre o Estado e o crime, o que é bem pior.”

desembargadora Ivana David

Uma extensa cadeia criminosa

Agora, o grupo tem cúmplices em toda a Europa, com a capacidade de descarregar drogas em portos de importância crucial, como Antuérpia, Hamburgo e Roterdã.

Quando os carregamentos chegam, o ‘Ndrangheta trabalha com traficantes italianos , que transportam os narcóticos para uma distribuição mais ampla em toda a Europa.

Embora ambos os grupos tenham outras fontes de renda, esse canal transnacional desempenhou um papel importante no sucesso e expansão de cada um dos grupos.

O crescimento exponencial do PCC

Documentos apreendidos pelas autoridades em 2018 mostraram que a renda anual dos grupos poderia chegar a US$ 200 milhões.

Os documentos também revelaram que as afiliadas do grupo em todo o Brasil e outros países se multiplicaram, passando de pouco mais de 3.000 em 2014 para mais de 20.000 em 2018.

Ter um fluxo contínuo de cocaína do Brasil também tem sido crucial para a ‘Ndrangheta.

O grupo pode controlar até 80% de toda a cocaína que entra na Europa, a principal fonte dos enormes ganhos criminosos do grupo, estimados em US$ 60 bilhões por ano, comparável ao PIB da Croácia ou da Bulgária, segundo a CNN.

Autor: Ricard Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porém, é que aqui, assim como ninguém sabe que você é um cachorro, não dá para sacar se a pessoa do outro lado é do PCC. Na rede, quase nada do que parece, é. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fã no Facebook pode ser um robô; e, como é o caso da página em questão, um aparente editor de site de facção pode se tratar de Rícard Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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