Site de notícias, estudos, artigos acadêmicos, fatos, histórias, e estatísticas referentes à facção paulista.
As drogas proibidas pelo Primeiro Comando da Capital
O Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) proíbe o uso do crack dentro dos presídios? O PCC vende crack em suas biqueiras? Qual é a lei do crime para as drogas pesadas?
O Primeiro Comando da Capital (facção PCC 1533) proíbe o uso do crack dentro dos presídios? O PCC vende crack em suas biqueiras? Qual é a lei do crime para as drogas pesadas?
Você já experimentou a cocaína 100% do Comando? Fala sério! Aquela branquinha cujos cristais brilham…
Não quero te falar nada não, mas essa não é a 100% do Comando — se te disseram que é, só lamento.
Faltava oportunidade para vir falar para você sobre essa super droga, de edição limitada e de fabricação e distribuição controlada pelo alto escalão do PCC, mas agora, graças à pesquisadora Iara Flor Richwin Ferreira, vou tratar desse assunto.
Antes de começar, eu vou propor a você um acordo: você posta a fórmula da Coca-Cola e eu posto a fórmula da 100% do Comando.
“… os usuários de crack, apesar de alimentarem o comércio de drogas, são humilhados, escarnecidos e violentados inclusive pelos próprios traficantes, que consideram que os ‘nóias’ atrapalham as dinâmicas dos pontos de venda com seu constante ir e vir, e, principalmente, os classificam moralmente como degradados que perderam o controle sobre o próprio corpo, sobre o próprio consumo, sobre a própria dívida, sobre o próprio caráter”
Iara descreveu com perfeição o que é visto nas ruas.
Nas ruas — especialistas para venda do crack
Não é qualquer biqueira que distribui o crack, e, por algum tempo, o Primeiro Comando da Capital tentou retirar das ruas essas drogas, mas a demanda não pode ser reprimida, então, antes de perder o monopólio, voltou ao mercado.
No entanto, nem todos os comerciantes trabalham no varejo com esse tipo de cliente, mas a aproximadamente a metade dos pontos de venda de drogas no interior e 80% na capital paulista tem o crack entre as opções oferecidas ao consumidor.
Para atender aos usuários de crack, o vendedor tem que ser diferenciado. São: os mais violentos; aqueles que ainda não conquistaram espaço para atender a um público mais selecionado; alguém que está pagando uma dívida — alguns vendem por opção comercial, mas são minoria.
Na capital paulista, nas regiões da classe média como Higienópolis, Itaim Bibi ou Pinheiros, o quilo do crack sai para o varejista a 30 mil Reais o quilo, já na região da Cracolândia no centro é vendido por 45 mil — a razão para essa diferença é que na região central onde são negociados diariamente 12 quilos do produto por dia há muitos usuários, pouca concorrência e pouca presença da polícia.
Nas trancas — nada de crack
Iara continua…
“Também nas cadeias controladas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), é possível observar a estigmatização e depreciação moral em relação ao crack, onde o fim da circulação e consumo dessa droga teve alcance. O que está na base da justificação da ‘extinção’ do crack nessas cadeias, […] relaciona-se ao seu grande potencial de promover a contração de dívidas e desencadear conflitos, mas […] também está estreitamente associada ao limite moral que o crack representa. ‘Degradação’, ‘falta de controle’ e ‘droga que faz o cara roubar a mãe, matar a mãe e tudo mais’ são os argumentos levantados por Marcola…”
A pesquisadora faz um diagnóstico preciso, irretocável, expondo casos de dentro do sistema, mas faço uma correção — se a cadeia é “controlada pelo Primeiro Comando” não há crack em hipótese alguma.
Em determinadas unidades penais, o Primeiro Comando está presente e pode até ser maioria, mas, se existe comércio e consumo de crack, a facção ainda não está no controle da tranca.
Quando eu era criança achava que os usuários de drogas e alcoólatras saiam do Sistema Carcerário limpos, já que com tanta polícia e com tanta muralha não teria jeito de se comprar drogas.
Quando crescemos, aprendemos que as regras impostas pelo Estado de Direito nem sempre são levadas a sério, principalmente nas periferias das grandes cidades e dentro do Sistema Prisional.
Mas nos presídios sob o controle efetivo da facção o crack não entra, pois está proibido no Regimento Interno do Primeiro Comando da Capital, conhecido como Dicionário do PCC, e esse funciona de verdade:
Se você não está dentro do Sistema, e em uma das unidades em que estão autorizadas a entrada da 100% do Comando, só lamento, mas vai morrer sem experimentar.
Vou te contar: nessas unidades, até os ASPENs sabem quando ela chegou, pois a tranca fica agitada e parece que vai virar, mas é só sairem da frente e esperarem a normalidade voltar.
A 100% do Comando — amarela e opaca — é uma super cocaína sem os efeitos colaterais trazidos pelo crack, uma droga especial, de edição limitada e de fabricação e distribuição controlada pelo alto escalão do PCC.
Antes de terminar, retiro o acordo que lhe propus.
Se você postar a fórmula da Coca-Cola, vai ser processado e fica por isso mesmo, mas eu, se postar a fórmula da 100% do Comando, vou ter que responder a um Salve — fala sério! Não é uma troca justa.
Um caso real de um aliado do PCC
O Bonde dos 40 do Maranhão corria a época com os garotos do Primeiro Comando da Capital, e como acontece com a maioria dos aliados, algumas práticas da facção paulista são absorvidas. Ricardo matou seu companheiro de facção que não conseguiu abandonar uso do “loló“, uma droga baseada baseado em clorofórmio e éter e que está na lista negra das facões criminosas.
Obrigado por deixar seu relato, ele é muito importante para que eu possa corrigir erros e rumos. Só serão mantido os comentários argumentativos ou com conteúdo considerado relevante, seja apoiando ou refutando fatos ou ideias do texto. Se considerar importante alterarei o texto original citando o crédito para o comentarista. Cancelar resposta