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Os bandinetes, o irmão Cabuloso, e a profª. Tuvel.

“Tenho medo de me anunciar como membro do PCC, quero gritar que sou da facção, mas tem um problema: não faço parte do Primeiro Comando da Capital PCC.”

O irmão Cabuloso perdeu a paciência no grupo de whatsapp da facção. Para ele, é preciso diferenciar quem é ladrão de verdade de quem é “bandinete: bandido da internet”.

Quem nasceu depois de 1990 tem a facção criminosa paulista como modelo de organização. Ficar indiferente a ela é quase impossível: ou se ama ou se odeia, como qualquer outra paixão.

Apaixonar pelo Primeiro Comando é fácil, defender suas causas é louvável, assim como criticar e combater seus atos. Paixão é tudo de bom, e a adrenalina de ser da vida louca é o máximo da rebeldia, uma forma de ganhar status social.

Os criminosos não aceitam a opção dos garotos, que querem entrar nas fileiras do Primeiro Comando pela porta dos fundos. E são reconhecidos pelo cheiro, de longe, e são utilizados pelos integrantes da facção apenas como inocentes úteis, sendo descartados na primeira oportunidade — já viu gato brincando com rato antes de matar? É mais ou menos assim.

Os “cidadãos de bem” não aceitam a opção dos garotos que querem se desviar do caminho da lei e da ordem para se juntar ao mundo do crime. Eles são vistos como rebeldes da classe média, mimados, revoltadinhos, e protegidos pelos pais e por uma sociedade muito liberal.

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Aí chegamos à questão levantada pela professora e filosofa Rebecca Tuvel no seu artigo “In Defense of Transracialism” para a revista “Hypatia”. Até onde podemos aceitar a opção pela mudança de sua faixa social, sexual, religiosa, etc.

Tuvel lembra que nossa sociedade obriga todos, por lei, a aceitar que, por exemplo, uma pessoa que nasceu com pênis seja considerada e tratada como mulher se assim ela o desejar, algo impensável para as gerações passadas.

Qual é a sua faixa natural?

Ela cita o caso de Rachel Dolezal ativista americana apaixonada pela causa dos direitos dos afrodescendentes, que foi desmascarada, pois não era de fato negra. Filha de pais brancos, Dolezal, após a repercussão, foi condenada pela comunidade negra e pelos seus pares brancos.

As pessoas são, geralmente,  indiferentes a alguém que não seja de seu meio e deseje pertencer ao Primeiro Comando da Capital; mas a não alguém de sua família, de sua vizinhança, ou entre seus amigos. No passado isso também acontecia com as questões de raça, religião, sexo.

Desculpe, a casa caiu e você nem viu.

Seu filho, branco e da classe média, quer ser preto e pertencer ao Primeiro Comando da Capital. Sua “sorte” é que os pretos e o PCC ainda não os aceitam como iguais, mas fique sabendo que isso está mudando.

Para ir para a obra: Rebecca Tuvel.
Para ir para as obras que se referem a: Rachel Dolezal

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Ricard Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porém, é que aqui, assim como ninguém sabe que você é um cachorro, não dá para sacar se a pessoa do outro lado é do PCC. Na rede, quase nada do que parece, é. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fã no Facebook pode ser um robô; e, como é o caso da página em questão, um aparente editor de site de facção pode se tratar de Rícard Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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  • Esse site é foda! essencial para quem sempre quis intender mais, mas não teve oportunidade de conviver com membros, em todas questões a atenção tem que ser dada aos dois lados da moeda, isso é ser justo! A visão tampada em certo ponto da situação faz com que talvez a situação fica muito duvidosa, não pode se deixar levar por caminhas fúteis sobre internet, internet é distração a nossa realidade é outra, hoje em dia talvez com a chagada desse site muitos possam ler e entender mais sobre a organização e ajudar mais ela até mesmo sem fazer parte, por um lado é ruim que muitos possam ver tbm até mesmo inimigos, mas muitos não sabe a realidade das pessoa, disposição sem inteligencia é "cavalo doido" nem sempre funciona, mas visando tbm que disposição é necessário aos membros sim, pois se tiver ao alcance e a caminhada não for cumprida é falta de atenção e comprometimento com os outros membros as vezes a falta de instrução por falta de membros ao redor fez que com a pessoa não seguisse o mandamento ao pé da letra por falta de saber como é, devido a ausência de muitos que se encontrar no sofrimento, mesmo assim não deixaram falha! O elo da corrente tem que ser mantido firme visando sempre também o tempo que pode ser nosso pior inimigo ou melhor amigo, pois ele pode ser generoso e também pode ser ruim, cada caso um cado! E a cada dia muitos morrem e muitos nasce independe do futuro que sera trilhado, o amanha só pertence a Deus um forte e leal! 016

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