O circo, a política e a segurança pública em Itu.

Todos os dias fico em frente à tv durante o jornal. Vejo os descalabros cometidos pelo crime organizado: jovens traficando e matando impunemente; e políticos extorquindo e colocando pacotes de dinheiro no bolso. A cada nova eleição, eu como todos os demais acredito e fico atônito por um tempo: analisando propostas, acompanhando gráficos coloridos e ouvindo músicas empolgantes cujo efeito tem duração certa. Depois esquecemos de tudo e seguimos em frente, até o próximo espetáculo. Qual será o político flagrado? Que traficante será preso? Um espetáculo, um circo, do qual eu não participo. Apenas fico assistindo a tv, pois neste show não há espaço para palhaço, só para fumaça e espelhos…

É assim que me sinto ao ler a tese do Dr. Gerciel Gerson de Lima e vejo assim organização criminosa chamada PCC – Primeiro Comando da Capital como um coadjuvante deste grande espetáculo pirotécnico. Aceito o convite feito no texto pelo Dr. Gerciel e permito acompanhá-lo pelo universo criminológico, onde não existem propostas, gráficos coloridos e cuja musica tem um efeito negro e prolongado.
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O advogado vincula o antigo dito popular que diz que a prisão é feita para Preto, Pobre e Puta, os conhecidos três P’s, com outro que sofre igual preconceito por parte da sociedade: Penitenciária, Prisioneiro e Pena.
O circo passou, o show terminou e será que algum de nós acredita de fato que o sistema penitenciário vai mudar seu rumo histórico de profundo descaso e omissão por parte do Estado, ou consolidará ainda mais as “escolas ou faculdades do crime”? Segundo o Dr. Gerciel a problemática que envolve o sistema prisional brasileiro só tende a se agravar, o que é ele demonstra com argumentos e com números.
Apesar de todos os anos a polícia mostrar gráficos coloridos em seus balanços, é clara a situação precária da falta de investimento em prevenção. Aqui em Itu a Secretaria de Segurança do município, assim como o governo estadual o faz, prefere investir parte de sua verba em ações de força cujo resultado chegará certamente às manchetes dos jornais, abandonando as antigas políticas de patrulhamento preventivo e bases comunitárias: haviam quatro bases comunitárias da Guarda Municipal (chamadas sub-sedes) colocadas nos bairros mais problemáticos da cidade, hoje não resta nenhuma, há apenas uma viatura fazendo o patrulhamento comunitário (centro comercial da Vila Nova).

Sendo assim, por uma questão de interesse político – quanto pior melhor – nossos governantes optaram pela repressão em detrimento da prevenção. Dr. Gerciel em seu trabalho estuda a diminuição do Estado social e ressalta: “havendo criticas em qualquer iniciativa de formar-se uma rede de proteção social, promovendo alterações nas legislações que regulam o setor com clara influência de legislações internacionais, voltadas à “criminalização da pobreza” e ao encarceramento em massa.”

O douto advogado criminalista que escreveu aquela tese pondera que o “investimento no social, com raras exceções, nunca foi prioridade por parte de nossos governantes, sendo abordada geralmente quando do discurso em campanhas que visam angariar votos para a ocupação de cargos nos poderes Legislativo e Executivo”. Ele diz ainda que não vai tratar deste assunto, mas eu, palhaço que sou, não agüento e começo a sentir falta do meu remédio: do circo que me mantêm livre deste problema, assistindo minha tv, como se tudo estivesse acontecendo num mundo distante.
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Os dois trechos em marrom deste texto foram baseados no conto :
“A Porta” de Mauro Siqueira publicado no site “O Bule”.

– as opiniões pessoais são exclusivamente de do proprietário deste blog –

Parte deste texto foi baseado em um trecho da Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP, do Dr. Gerciel Gerson de Lima, sob orientação da Professora Doutora Ana Lúcia Sabadell da Silva do Núcleo de Estudos de Direitos Fundamentais e da Cidadania em 2009 – SISTEMA PRISIONAL PAULISTA E ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS: A PROBLEMÁTICA DO PCC – PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL.

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Autor: Wagner Rizzi

O problema do mundo online, porém, é que aqui, assim como ninguém sabe que você é um cachorro, não dá para sacar se a pessoa do outro lado é do PCC. Na rede, quase nada do que parece, é. Uma senhorinha indefesa pode ser combatente de scammers; seu fã no Facebook pode ser um robô; e, como é o caso da página em questão, um aparente editor de site de facção pode se tratar de Rícard Wagner Rizzi... (site motherboard.vice.com)

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